terça-feira, outubro 30, 2007

Revolução fantasma

Tantas pessoas morrem
eu vi
Tantas
tontas mortes
enterradas
na ampulheta
da história.
Demora a sangrar
as cicatrizes da memória
nos cortes profundos
da escória que não escolhe
a morte mas a morte a escolhe.
Enterrada sob rochas do esquecimento
o piso rubro dos monumentos.
camponeses e proletários
lumpem
caminham em sombras cobrindo
o velho fantasma...
Pode demorar a sangrar
as cicatrizes da lembrança
única tua herança
pó ao vento ferindo os olhos das feras.
Uma pedra na laje rachada.
Corte no tecido do teu trajar.
Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, outubro 24, 2007

Nas calçadas pipocam luzes a cada golpe de suor das nuvens;
Várias fendas abrem-se na alma da pele
a cada toque de lágrima sidérea.
A chuva -um lamento misturado ao barro e ao cimento
da urbe bêbada sarjeta da modernidade.
O novo século oculto sob densa fumaça ainda respira
o cadáver do insepulto corpo do século XX
o qual vaga a procurar as ruínas de suas lembranças
mais caras ,entre gotas de esperança as quais teimam
em cair dos céus.
A cada passo .tropeça nas pedras da dúvida e do mêdo,
agigantam-se fantasmas do passado que adquiriram a carne de aço
dos corpos nas cinzentas paisagens urbanas
paisagens da humanidade estéril transacionada merca doria nas Bolsas
do valor sem face nos caminhos invisíveis das vozes sem espírito ou morada.
Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, outubro 19, 2007

Muro da Palestina
No meio da rua um Muro
no meio do caminho uma familia
uma caminhando para um lado
outra para outro
O véu ígneo tocado pelas mãos saudosas
de irmãs órfãs
A pele do asfalto o sol da manhã
a caminhada é longa
e as feridas da memoria não cicatrizam.
Cada uma tocando a face fria da intolerância
na esperança que um sorriso-uma fenda de felicidade
restitua a dignidade a todo um povo.
Wilson Roberto Nogueira