segunda-feira, novembro 26, 2012

Haiti

Séria miséria herança que reluz em seus grilhões.
presa na luz de seus olhos a chama zumbi de sua esperança.

A liberdade perfurada de baionetas cedeu aos falcões.

Só a poeira corre sob o sol gingando sujeira e sangue
onde crocitam  corvos da fome bicando as vísceras das crianças órfãs
vendidas à quilo em pelourinhos improvisados nas vielas.Made in Haiti
Fígado, rins, baço, sangue...

A alma  em oferenda está trancada em agonia enterrada viva no esquecimento.

Navegam corpos à deriva afundando em terras distantes

entre tubarões

só ossos a oferecer .

 Reluz a esperança naîf nas pinturas da imaginação
sóis germinam nos corações e se levantam mais uma vez corpos outrora mortos
Miragem sorridente de alvos dentes de marfim

Um novo Haiti nas favelas de Cité Soleil.

Um Terremoto
Um furacão
País protegido pela ONU ,  Protegido dos Deuses (?)

Uma jangada perdida no Mar do Caribe.

Wilson Roberto Nogueira



terça-feira, novembro 13, 2012

O copo que sangra
traga o suor da alma
no último sorriso do
anoitecer.

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, novembro 09, 2012


O preço de morar numa grande metrópole mais violenta que Ciudad Juárez no México, país que vive em guerra aberta contra os cartéis. O assassinato de policiais por sicários (como na Colômbia dos anos 80 e 90)de moto e as retaliações por parte das milícias . A ação da Rota respondendo as ordens do Alckmim de procurar restaurar a  autoridade do Estado frente a esses bandos e ao pcc.ameaçam não só as vitimas de ônibus incendiados e policiais mortos e suas famílias enlutadas mas a continuação de um círculo vicioso que triturará o resto de civilidade de uma cidade cornucopiosa em cultura e devoradora da cidadania , ceifadora de humanidade e respeito ao próximo.Prevalece a justiça de Marlboro, atire primeiro pergunte depois , tire do outro o que puder antes que tirem de vc, o individualismo do cão come cão não deve ou deveria prevalecer. A cidade como um organismo vivo também nasce, vive e morre em cada célula que a compõem em metástases silenciosas. Torço por São Paulo como pelo meu país de nascimento. Não sucumbirá porque somos brasileiros de sangue de todo o mundo somos o calding pot realizado e São Paulo é a expressão desse cosmo verde amarelo.

Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, novembro 05, 2012

Fausto

Murnau
O que é feito é desfeito,o que é amado desamado
Desprovendo de alma ,desprevinido de sentimento
sem lamentar pela lama do percurso.Intercurso em queda abismal
abismo solar,dissipação a tocar o diapasão dos nervos do segredo;
nenhum dólar sem dôlo a desvelar o valor da etiqueta na pele  ou na cicatriz
que beija a meretriz com a língua flamejante de detritos dos escombros dos homens.
A boca que um dia foram asas de borboleta agora é a vala comum dos desenganos
onde cacos escrevem partituras de ódio na pulsão de morte na ponta das espadas.

Wilson Roberto Nogueira
Na fumaça fuma pirraça flaturando flores
sangrando amores a singrar selvas de dores
vazias barrigas .asias. ânsias no vazio eterno
do teu éter saciado da naúsea de tua angústia
um trago de prazer por um pouco de cinzas
devoro a voz da tua essência de flor na fina
lâmina êfemera do mais profundo gozo dilacerante
gozo errante que semeia a sua pele de gelo e morte
te lambe de fogo tua  alma no gelo do olhar que te prende
nas correntes  sidéreas do desejo.
saúdo com sal e pão o suor escravo das tuas horas
nas evolentes fragrancias dos teus desmaios .


embaçadas janelas da alma
um luar nublado de dúvidas.

Wilson Roberto Nogueira

Fausto

Murnau
A filosofia dá intestinos à escrita ou em desatinos
desossam na cripta a palavra precisa ?
 Embaçada janela da alma onde  
encontro o tropeço na pedra do erro
jogada a esmo  na palavra viva que sangra .
 O olhar que seco não dança mais.
sem pernas , sem asas nos pés da palavra
 voam correntes .Dentes devoram
os intestinos dos sonhos nas nuvens de sangue
brotam punhais
folhas de entardeceres sobre o arame farpado
dorme a esperança .

Wilson Roberto Nogueira

visitante das lixeiras.

Um visitante soturno chegou para conferir  saborosas sobras nesta noite .
manjar prateado de estrelas ao som irrequieto de temperos vivos. O
guaxinin aquecera sua angústia de ar sólido que cantou em seus labirintos.
Petrificado diante da lâmpada acesa a acompanhar o trottoir das mariposas
que deixavam cair  grânulos de sua desvida vaporisada na garganta da escuridão.
olhos vermelhos traçavam trilhas de espanto na madrugada; aos saltos, cobriu-se de luar.

Wilson Roberto Nogueira