domingo, maio 26, 2013

O casaco da memória dá abrigo a restos manjares de ratos.
nos bolsos dos sonhos sobrou um níquel, nada além.
A manhã de sol enganador, só a umidade cortante da razão
cravando adagas de cicatrizes, sorrindo soda e ácido.
abre a porta na manhã fria e não existe uma foice sequer.
Resta resgatar dos escombros algum barro novo a espera
de um sol trôpego e desavisado que dê alguma consistência
ao barro que teima ser pedra quando é só pó.

Wilson Roberto Nogueira.

domingo, maio 19, 2013


o silêncio vai raspando a pele até cortar a veia do sentimento
o sangue verte irrigando o sofrimento
que germina novas luas
de plácidos rostos em lagoas puras.
Jogo o anzol e só espero o prateado brotar peixe
faminto não sinto dores nem o clamor da fome
não vejo a lua me olhando triste no fundo do lago
só o peixe essa moeda da minha angústia.
palavras são foices ou seda, lã ou adaga
em mim elas saem como desespero de peixes
numa lagoa a secar no olhar de prata da lua
O sorriso plácido do silêncio é uma adaga
um sorriso que corta sem saber
corta o ar da gota prateada que se fez peixe
e não sabe por que seu mundo está a secar.
talvez ele já não saiba mais amar.

Wilson Roberto Nogueira