quarta-feira, agosto 28, 2013


sábado, agosto 24, 2013

mau humor


quer morder a sombra mas ela não tem carne
quer correr o cão para pegar o próprio rabo
a partir da sombra deste no chão.
Só mesmo depois de dar-lhe a si próprio
aquela dentada ,que percebe ser parte dele mesmo
aquela sombra atrás de si
mau humor só prejudica o maumorado.
Mourejando a dar sorrisos de cimitarras 
cortam numa mordida si próprio.
Só a sombra sabe na solidão velar
a escuridão do coração .

Wilson Roberto Nogueira

domingo, agosto 18, 2013

Só o que sobrou do sonho é essa sombra no teu olhar
o pesadelo trêmulo no teu caminhar dançarino de demônio risonho
à buscar por algo que a razão não alcança
passos de letras incertas qual chuva de prateados gafanhotos
a afastar garotas abreviadas de sonhos proletários re-mortos
de renascinzas vidas em cada  assassinado ideal de pés de barro na sina
da utopia fênix e a cada revida mais fraco o voo sob o horizonte

Só o que sobrou do sonho é essa sombra no teu olhar
Em cada sonho aliviado de vida brota uma pedra a mirar
a carcaça do abismo no teu olhar é a alma que desaprendeu a dançar
tua seda sua sem amar rasgada com o sabor do sal e do mar
és contudo alva pedra da razão que engoliu as cores do coração.

Wilson Roberto Nogueira

 .

sábado, agosto 17, 2013

cai um pingo de tinta e a palavra emudece de mistério.
na íris da ideia a palavra certa assassina os relâmpagos

Wilson Roberto Nogueira
Cumpre o rito sumário à sombra de uma vida
frutos podres dando cor a relva a esperar madurar nuvens.
Um grito ordinário de dilacerado pano
suspende no cadafalso a morna vida
entranhada de ruínas sob a névoa
vai a arrastar-se subindo cega seu destino
nobre corda para tal mister
dar ao dia a escuridão
vai descalça sobre pregos soltos sondar
o passado beijando amores não nascidos
vai se afogando de vida prenha de pregos
nesses segundos de farpas sídereas
no sorriso da amada
sol efêmero quer eterno que sorri
da noite íntima a cobrir-lhe a eviscerante esperança.


Wilson Roberto Nogueira
não lamenta
não olha para trás
não para
segue avante
voa na voragem
da noite desenha
as curvas das faces da alma
perfis de foice e lua
sua a lembrança moribunda
caminhando nas pegadas das ruas
serpes de luzes traiçoeiras dos autos
último estalo estrondo e silêncio.

Wilson Roberto Nogueira