sábado, janeiro 25, 2014

terça-feira, janeiro 21, 2014





domingo, janeiro 19, 2014

Valeu viver mais um dia

Na calçada caminhavam duas grávidas uma a conduzir um carrinho de bebe , outra carregando uma criança .O sol mordia-lhes de cansaço até que elas encontraram um burguês vestindo roupas surradas aparentando estarem enlutadas de tanto desmazelo; segurava uma pasta e um guarda chuva desconfiado dos humores bipolares do clima curiovano. A mulher que conduzia o carrinho pediu um dinheiro para que pudessem se alimentar, ela contou que veio de Ponta Fina  e não tinha um vintém sequer .Como era conterrâneo o polaco não pestanejou e deu uma onça que certamente se fartou com a fome das duas mais as crias.

Passou um quarteirão e o interiorano seguia arrastando sua corcunda  e sua gravides de três meses de cerveja sob o bafo da manhã ,manhã que se perdera do Rio de Janeiro e tropicou por essas quebradas.Ao contrário de outros dias já falecidos na memória (visitas do Alemão nefando !)caminhava feliz pois acredita-se Deus oportunizara o cidadão a estar limpando de impurezas o dinheiro que amealhava na corrida de pangarés.Tão alheio que ao cruzar a canaleta do expresso quase desviveu se espalhando no asfalto ondeado mas naquele zaz o anjo da guarda mostrou ser fura grave.

Ali mais adiante uma casal de carrinheiros passava ao largo; ele o cavalo vapor conduzia a carroça que era um Empire State de caixas papelão e outros que-tais recicláveis .A senhora de olhos verdes que eram tão brancos que parece ter engolido todas as cores numa luz intensa de força e fé andava na calçada a cada passeio mais pergaminosa de tanta estória largada.Mais nós abrimos a conversação falando das modernidades em termos de carrinho de lixo,digo de bens reaproveitáveis .Os pneus de borracha, a estrutura mais leve, tudo pensando na capacidade de se acumularem mais valia.Exploração arretada.O valor da força de trabalho , sempre subvalorizada caindo no bolso de quem dá de comer as hemorróidas .É o polaco era comuna .

A mulher pediu umas moedas para inteirar o dinheiro para que pudessem comprar comida.Não tendo mais papel moeda aceitaram ir até um posto de gasolina onde a loja de conveniência possuía um terminal bancário.Lá chegando encontraram algumas caixas de papelão estocadas as quais puderam pegar.Ela disse que esperaria enquanto o cidadão sacava do caixa o sagui ou mico leão um macaco desses .fez e entregou para ela que se derramou em desejos de bem aventuranças ao caipora, digo caipira..

O burguês ridículo que tropeçara na bondade, sentira-se mais leve andando de galochas nas calçadas de poças ocultas nas pedras mal colocadas da cidade,a qual esqueceu seu charme cinza de seus urbanóides escondidos em seus guarda chuvas cortando o ar a facadas.O polaco velho guardou sóis em seu coração no sorriso daquelas gentes simples.

Valeu viver mais um dia.

Wilson Roberto Nogueira

o Fim de Don Pepino Pancetta

Ele não enxergava mesmo antes de perder a visão depois daquela chave de coxas que ela deu.Acabou virando ração para a faminta boceta que devorou seus últimos cobres ;em troca sempre ficou à fresca tal a sombra que suas guampas proporcionavam.Limparia sua honra com sangue se ela tivesse , pra que sangue se ela descarecia pois não tinha coração.Acabou desvivendo mergulhando a cara num prato de sopa.

Wilson Roberto Nogueira
acenderam dois pequeninos sóis que iluminaram o rosto da criança.
guardada  naquele  cinzento depósito à espera de uma porta entreaberta no coração
de alguém .Como quem escolhe um pet para chamar de seu ,abrem os dentes
como correntes os pais postiços .Ela grita enforcada entre suas jóias sua genuína emoção.
"Enfim é meu "Uma semana se passara e  enquanto o carro rodava ela continuava dizendo e continuava saindo sons de amores de plástico descartável .


Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, janeiro 13, 2014


Na calçada a cama aguardada
dama que cobre de carinhos de
prostituta embriagada
olhos brilhantes que feneceram
jazem gerações de lágrimas em
secos céus sem nuvens
teto do meu lar na boca da noite.
Wilson Roberto Nogueira


um cachorro que sonda a sombra com o focinho
na esperança de um carinho.


Wilson Roberto Nogueira

Níver das Diretas em Curita


sábado, janeiro 11, 2014

Quando  apenas se  lê a Bíblia (ou a Torah ou o Corão) sem estar se  ali sua alma ,quem faz companhia a você nesse teatro, é o Cão.De pessoas que abrem a Bíblia e a deixam ali ,bem aberta para que todos os vejam (o livro sagrado e sua estátua de carne e osso ). Também  não falta aos cultos e quando sai  do templo não enxerga , não vê e  não sente nada além de aversão ao mendigo.Pode  muito bem voltar a ler, rezar...Tu sombra de uma estrela que não existe mais, sua alma.

Wilson Roberto Nogueira


Sou obrigado a dizer obrigado ,
não 
então digo obrigado
pela obrigação de ser grato
essa sim a gratidão 
é minha obrigação
moral .E estou sincera e
francamente na obrigação
do meu obrigado ser irmão
do Estar Grato.

Wilson Roberto Nogueira

domingo, janeiro 05, 2014

comi um naco de névoa e minhalma nela se perdeu
procurei um ruído e no silêncio a encontrei desnuda
dançando sobre o menorah.

Wilson Roberto Nogueira
fantasmas flutuam pálidos na meia da luz
cortina de sonhos na janela da alma.
pisca o vento murmurando antigas orações
coração do tempo bate aflito pulsão de morte
temperando a vida parindo da ferida uma semente de sangue.
Bate a porta e a morte desejada escapa  deixando queimada
a morada da vida num beijo de aço e pus .
Na guerra a arma de destruição duradoura é o estupro.
No rosto da inocência a culpa eterna de ter nascido
a herança queimando na espinha a cada olhar
o silêncio estalando como um chicote
Passos na escuridão e no trovão uma bota no rosto
pegadas sonâmbulas na neve
velhos fantasmas da guerra
Ruínas de igrejas,mesquitas, sinagogas
Tantas casas vazias onde está o Senhor !!


Wilson Roberto Nogueira
Revestida de cinza e brancas rotas vestes
voam plácidos no abismo olhos de luz negra.
Cinzas voam livres e velhas prisões famintas
agora são ossos morada de flores.
flores de pétalas doces .
Janelas em prantos esperam horizontes
cicatrizes costuradas no aço arames são caminhos
veias da liberdade.Bebe a paz no elmo caído da guerra.
Todos nossos ossos secos ao sol são brancos.



Wilson Roberto Nogueira
Entre u'a novela e outra.Pausa para o comercial telejornal.no mercado do entretenimento a noticia é show.mercadoria embalada a ouro de tolos alimentando de pedras de luz a angustia de mergulhar no vazio;alugando o tempo à névoa densa da ideologia onde a reflexão não encontra os próprios pés e segue informa(ta)da,fidelizada manada de consumidores tocada pelos apelos do carisma  do olho luminoso da tele-visão, do galã e da mocinha.O IBOPE atesta a audiência da hipnótica força do dogma do verossímil travestido de verdade, na máscara do sorriso fácil ou da calculada expressão de seriedade .Seguimos contudo a desligar a caixa de ilusões e procuramos aquela edição do Hommo Viddens de Giuseppe Sartori e caímos a larga na Sociedade do espetáculo mais uma vez .


Wilson Roberto Nogueira