sábado, outubro 28, 2017

À espera


Voou para longe minha procura
no mapa da rua do desengano

uma viela serpenteava de lama
meus passos

caminhavam por outras datas
memória dos pés no meu destino

Ele é um amigo ou  agora amigo não é?

Nós partilhamos um pouco.
A competitividade em  tudo.

Ele escolheu a estrada principal.
Eu  as vielas da periferia.

Sentado à minha toca,
 a viver nas sombras as

 as restantes  luzes da noite.

A noite é quente como um cobertor
que me transborda

Um veneno que vai paralisando e
libertando do mar devorador da angústia

Por que é que estáis com  agulhas?
Para saber, 


à espera do caixão.

Toda a minha vida foi vingança.

Por orgulho. Ele é surdo e mudo.




Fácil de se  ir uma última vez , inocente



Não para ninguém.

Não para ninguém.


Wilson Roberto Nogueira
Plum Bum !caí  na cama para ouvir  a ópera dos pobres cimentar meus ouvidos .
Fábrica de pálidos sonhos  labutando servitudes podres cinzelando as nuvens  dos
pingos de meus ossos ao vento.

Wilson Roberto Nogueira
As pessoas continuam vivas enquanto guardadas na  alma da memória
residência de corredores onde tramam neurônios fantasmas da estória

Wilson Roberto Nogueira
vou mandar a ti um naco de mim, está um pouco passado com um olor queijo
não é de chulé e sim suor de alma seca sal da vida que transborda num beijo
de adeus  no coração empolvilho de pólvora seca que nunca explodiu desejo
uma rajada de vida que metralhou os dias e sepultou sonhos na vazia arca
do barco à deriva em direção ao naufrágio destino  que abarca
a deslembrança insone da última queda no assoalho do abismo .

Wilson Roberto Nogueira
O céu está multicolorido roxo, laranja e azul e chove cheiro de orvalho nas praças calvas;
nas ruas ensopadas ao molho de lama , atolam sapatos sedentos de ar sob os quais
anfóteros  humanóides de baguete e queijo armados enfrentam o trovoar de suas entranhas.


Wilson Roberto Nogueira
Sorrisos de cinzas ocultas
punhaladas silentes na alma
cinzentas avenidas do pensamento
sob o lençol de brancas pérolas
punhal na alma sobre a lápide

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, outubro 27, 2017

significados

inércia sombria__________Depressão
Um grou pescava peixes que piscavam dentro do grou que engasgava de sonhos à  sangue frio.

enquanto a vida desertava do seu alimento o grou voava de vida sobre o charco.

deixando o olho do tempo fritar  sangrando água salgada e areia.

Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, outubro 26, 2017

Esses períodos de silêncio sangram  gotas de angústia
na ampulheta do destino os sonhos viram pó
.

Wilson Roberto Nogueira
Palavra de poeta - Cabo Verde e Angola
Denira Rozario
Bertrand Brasil

Inércia Sombria

Caiu o credo de crer em qualquer credo azêdo de fé por fiar , afiando a faca de pastores no altar do holocausto.
O cordeiro espera ser salvo em meio a salmos ditos por lobos cinzentos sedentos , babando o sangue de inocentes  crentes órfãos do Pai despejado dos templos vendilhões , imundos de ouro e do sangue seco do desespero.
Os falsos profetas ocos de alma  filhos de proveta do novo século vagam no vazio transbordante do milênio.


Wilson Roberto Nogueira
Morrer é fácil só estancar no meio da autopista e zás , a incaroável chega de auto à toda.
Viver é mais difícil ter que seguir trilhando a pedregosa via desta lida que nos assalta a
esperança a cada traiçoeira esquina de tortuosas dúvidas.
Pedreiras, abismos e pseudatalhos , perigos e dor na rota íngreme.É o que nos aguarda.
Subir e descer morros com pedras nas costas , quando pensamos descansar , ve-mo-nos presos em nossa letargia,com abutres a devorar  nossas entranhas . É o que nos espera.
Ela nos ensina com o chicote que parar é morrer sem ter morrido.
Existência zumbi ,de fracasso e decepção. Sangram as costas estóicas
Avançamos sob a tênue Utopia de anêmica esperança.O sangue que escorre se torna doce e a dor, a dor já não se sente.Ensina na lida do viver a vida é dura  mas recompensa , basta  ter olhos para ver .
Uma cama de mármore que nos liberta do conforto ; germina a têmpera e a fibra para vencer e ser recompensado através do  germe à terra fértil  brotando .
A escuridão baixa e nenhum auto na carroçavel a aldeia dorme com fome de prantos hoje.


Wilson Roberto Nogueira
Conversas cruzadas deram a luz  e ninguém assumiu o rebento do engano.


Wilson Roberto Nogueira
A bota nada até encontrar refúgio dentro do cação e voltar a ver o sol, só depois de libertado pelo arpão que abriu um olho no couro do peixe , que acabara refestelado no prato do chinês . E a bota
comendo o pé de um sem teto norueguês , o único do reino.

Wilson Roberto Nogueira
caiu o  credo de crer em qualquer credo
 azedou a fé de falsos pés de Louva-adeuses

por fiar na faca do desverbo de falsos pastores
tosquia de ovelhas no altar dos favores
ao Deus dinheiro.

Wilson Roberto Nogueira
Um velho cigano andava preocupado com o futuro de seu filho.
Com uma moeda de ouro em uma das mãos e uma rabeca em outra  ,estendeu ambas ao filho .
Pensou caso escolha a moeda será um ladrão  acorrentado na ilusão ,ou se outra uma alma sem fronteiras .
O pivete mais do que ligeiro pegou ambas.
O velho com suor seco da alma escorrendo pelo coração que transbordava  todo o sangue, disse:
"Será um Músico ! Será como o seu pai um zíngaro ! "
"mas___________________Pobre...))

Wilson Roberto Nogueira
nada sobra da salobra memória da ex   tória.

Wilson Roberto Nogueira
Um passo solitário
uma pegada na calcinada calçada
passagem de uma escrita enigmática
de quem escreve o próprio caminho
ao caminhar o próprio verbo
o próprio caminho.

Wilson Roberto Nogueira
surtos silenciosos inundam as luzes da  cidade

Wilson Roberto Nogueira

Boite Kiss


sob o carvão de corpos as caixas pretas
presas do destino  pedras em desatino esmagam pulmões
libertando vozes em agonia no humo anonimo da noite.
acorrentadas à voracidade da precificação da ética
caem mortos os sonhos no útero assassinado da dignidade
As adagas da agonia rasgam o coração da boate
As paredes guardam prantos assinados com o sangue do desviver
As vísceras  da  impunidade sovam os poderosos da cidade.

Wilson Roberto Nogueira



As folhas caem em silêncio enquanto outras bailam entre as chamas no céu.
nenhuma relva respira o orvalho da manhã .
no aço das espadas partidas dos corações
as ruínas das memórias ao léu.
Calam as baionetas no sorriso farpado das crianças de olhos de abismo.
Pedaços de pano cobrem uma história.


Wilson Roberto Nogueira

privatizaram a alma colocando preço no pensamento,
compraram consciências
etiquetaram personas mascarando pessoas.
Peças de carne no açougue das ilusões
alimentando as vanalidades das potestades
de pés de barro.

Wilson Roberto Nogueira