terça-feira, julho 13, 2010

Metamorfoses do Pranto

Sempre estivera no olho do furacão a procura do centro vital da destruição, daquela energia feroz que coroava o silêncio com os espinhos da perda e da consternação.

Uma resposta breve à escuridão ; quando de um ovo pombalino nasce um falcão, da lagarta a um peçonhento lagarto enquanto as pombas são servidas em pratos de sopa e as borboletas morrem cozidas ao sol.
Só saía a noite; não tolerava as gentes imundas e o vozerio simiesco das ruas à luz de uma sífilizada ancestral chamada civilização-Anjo decaído da luz nuclear da ocidental arrogancia.
Nas ruas cegas por cicatrizes lia-se à sombra das letras o fascismo do consumismo sem idéias e Glória ao Pai ! sem ismos nem idéias nem ideais, só as sobras dos carnavais onde Pierrôs e Columbinas assaltam e se prostituem para os turistas pedófilos sem culpa no lado de baixo do equador.
A noite voava de bar em bar bebendo pesadelos atrás de algum sonho assanhado chamado amor, o qual sempre lhe custara os cobres de que não dispunha.Solidário com as baratas do bar, jamais as assassinava, mesmo quando elas nadavam no prato de feijão do seu pf; tirava com a colher e as guardava numa manjedoura de guardanapos.
Caía de ébria a manhã de beber o tempo morno daquelas vidas que se arrastavam no vinagre.Um hollmops com cachaça e saía tropeçando no seu próprio caminhar até chegar ao seu gueto no quarto da pensão onde dava licença à morte oferecer sua amostra grátis de sono sem sonhos, remédio vulturino para as chagas da alma.
Acordava depois de visitar os pesadelos de Kafka e acabar em alguma sarjeta de Gaza procurando gaze para algum bebê ferido por algum estilhaço; despertara ali, um enfermeiro de alma enferma que buscara salvação salvando condenados nos campos de refúgiados outrora guerrilheiro do Hamas que ao invés de explodir a si levando consigo inocentes tentava agarrar da morte vidas quase ausentes de almas também inocentes.
Ora era só um urubu israelense que um dia sonhara ser a pomba da paz até ver com os próprios olhos o rosto do martírio a velar seu sol numa rubra noite eclipsando esperanças num tiro em meio a praça.
Não. Ele preferiu acordar , levantar e seguir adiante tomando seu Irish-Coffe com Donnut’s, escrevendo colunas no obscuro jornal sem leitores como qualquer Simpson Silva.

Wilson Roberto Nogueira

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