Mostrando postagens com marcador Wilson Roberto Nogueira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Wilson Roberto Nogueira. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, agosto 20, 2020

O som na sombra parindo teias sobre os escombros
Como a lama pegajosa de um lamento 
Rasga um tiro  a camisa da escuridão 
Garante a liberdade de trilhar o incerto 
nas ruelas selvagens da desrazão 
sob a poça rubra de néctar humano 
bebem os cães vadios da intolerância e do preconceito. 

Wilson Roberto Nogueira 

quarta-feira, novembro 06, 2019


Queirais, desejais acima do que vos pertence a própria existência,
 viver em função de cortejar eternamente vossa felicidade,
 que eternamente ela não tenha feliz idade,
muito menos luz vida própria, sem vós ela inexiste
Se dissolvida de vossa vida ,divorciada de feridas  neste desditoso chiste
Acossado  e condenado vais seguindo a existir acorrentado na existência
Sem plenamente viver a vida amante fogosa da duração ordinária da vida
Partis na glacial existência sem o aquecer entre os seios da vida
Sem saber se o sabor é amargo ou doce ferida
Insipida , inodora e incolor cruel sina maldita
Tu pensas logo existes , mas existir somente te enlouqueces
Pensais portanto e sabeis o quanto sofreis por saberes
Saber que a vida não é só um passar de dias aguardando
O nascimento eminente da morte.

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, dezembro 14, 2018

O pleito



As eleições servem como uma prova de fogo para os políticos , todos correm  em busca de votos, porque o que está em jogo é o poder e uma rendosa profissão com pouco trabalho.
Nesta época , o matreiro raposa velha usa de mil artifícios para convencer a galinha , que não vai entrar no galinheiro para  comer os pintinhos, ovos e galinhas. O demagogo mente com tal convicção que o dono do galinheiro abre as portas do galinheiro para a raposa se locupletar.
Alçado ao poder pelos votos dos iludidos, compradas pelos sofismas e pela embalagem, os políticos começam a trabalhar em proveito de seus bolsos e apadrinhados
O povo que espere acordado o dia em que promessas plantadas em campanha eleitoral deem como frutos, resultados satisfatórios aos cidadãos de menor poder aquisitivo que mantem o pais funcionando e são o sal da terra.
Existem homens públicos como também mulheres publicas competentes , que não fazem somente conchavos, não são venalmente corruptos ou simplesmente velhacos , as maçãs podres que conhecemos são muitas, mas elas estão lá porque os elegemos, mantendo-os ‘ad infinitum ‘ por nossa própria irresponsabilidade como eleitores.
Tantos casos de podridão lançados aos nossos olhos pela imprensa , tantos políticos de almas civis pútridas nos fazem crer ,ou melhor descrer dos nossos (supostos ) representantes , cobrem a nós de vergonha com as decisões fabricadas nas vísceras  de um sistema em ruínas .Aqueles alçados ao poder acabam tornando cumplices suas futuras vitimas , para isso entorpecem  e envenenam  a ética e a moral de um povo, com a miséria e a ignorância que fazem fermentar na massa o molde que bem entendem .
O povo diante deste abominável quadro  deixam de conferir , de dar aval através do voto o poder para legitimar a continuidade desta exploração , deste saque  que massacra a ideia de um governo do povo pelo povo. Ao não votar acabam permitindo que outros escolham , pessoas que exercem com plenitude sua animalidade politica.
Inquirir o candidato sobre sua plataforma de governo, pesquisar a vida pregressa do politico para a esmagadora maioria do povo brasileiro, cada dia mais despossuído é arar no deserto na esperança de uma super safra.
Sabemos da existência  de alguns honestos políticos , cada vez mais escassos , estarão extintos ?

Wilson Roberto Nogueira .Em meados dos anos 2000.

quarta-feira, maio 23, 2018


Pego um livro e leio nas bordas outras vidas  ,
em letras ora miúdas como mexilhão no coral ,
ora  octopode  oculto na tinta de seu corpo evaporado na fuga
e me pergunto se velhos fantasmas
transaram no silêncio dos sonhos ;
outras vozes em mares revoltos ou na calmaria,
onde barcos pensam
outros destinos em outros mundos,  portos a conhecer.
Veias  em alva pele, macia ou já amarelada, não importa ;
continentes ocultos que lançam sombras luminosas
na orla da praia das sensações .
Uma simples leitura mergulha em mares profundos,
onde em cada nível, novas leituras são possíveis.
Quando o fôlego não deserta para deixar ao sol,
nosso cadáver naufrago.

Wilson Roberto Nogueira


a alma não ocultara a si diante do opaco espelho das opiniões
o caráter delineara mera sombra no empoeirado espelho
pálida vida velada de luares invernais sobre ruínas que prometiam sonhos
alicerces de nuvens
vidros partidos de janelas que não vêem o branco dos olhos dos dias
parindo da dilacerada visão cores onde apenas bruxuleiam fantasmas
janela aberta ao deserto nos olhos do abismo.

Wilson Roberto Nogueira


A cada dia, caía-lhe sobre os ombros pesados casacos de agonia
tão pesados, que os passos das horas eram grilhões a apunhalar
as veias da vontade de ser livre enfim .
Assim provava o sabor de saber-se vivo.

Wilson Roberto Nogueira



Alguns compenetrados, outros vagando pelos quadrantes da sala a consumir o tempo em lenta lenta agonia ou olvidando por completo os insondáveis caminhos das matérias .Outras personas a paisagem do teatro interpretando?Interpretando saberes e seriedades; outras profissionais catando códigos na busca por peneirar pedras preciosas de algum edital.Mais adiante zanzam a procura do que desconhecem, apenas flanando nas veias expostas de cidades imaginárias .Naquele canto alí , a natureza morta dos gestuais de sapiência dos abancados."Oito horas a Biblioteca fechará suas portas . "Os livros ficaram presos e dentro deles leitores fantasmas.Essa catedral não recebe sem tetos e suas correntes de pedras.

Wilson Roberto Nogueira.2009/19/09


tateia o tempo o coração da memória
com espinhos a escrever uma nova estória.

Wilson Roberto Nogueira


Naquele café esfumaçado bebia a si próprio , a cada gole ,enquanto o tempo passava .Impreciso caminhar."Que horas 'serão' , será noite ou dia ?Não importava mais, sua juventude se fechara e só restara uma lâmina de luz cortando os pés da porta.

Chegou em sua sórdida morada embora não tenha lembrança de haver caminhado até lá .Pôs-se a descamar-se de suas roupas e a medida que se aliviava delas , não encontrava sinal de si.A sombra que o perseguia , perseguia o sobretudo que ora o cobre de seu derradeiro inverno .

Agora entre o pó e as teias de seu quarto tornara-se o vulto translúcido de seu trincado espelho.

Wilson Roberto Nogueira


cada frase franze a testa do verbo abrindo sulcos
cicatriz do tempo a germinar rosas entre as pedras.

Wilson Roberto Nogueira


Ler no braço toda uma história - as placas de gordura , as pelancas, as casquinhas do ressecamento; tudo marcado pelas vírgulas das cicatrizes;cada letra com o devido pingo de sarna.Um pergaminho de deterioração, degeneração a espera do ponto Final.

O olhar perdia-se no opaco enredo de u'a estória de desenganos.

Wilson Roberto Nogueira

Comprara livros .Lia ?Eram vidas que o mantinham em pé.De si só vidas dos outros.Pensamentos-velas e idéias âncoras munição para o espírito.Até o jogarem no arquivo morto da repartição.

Wilson Roberto Nogueira


É assim mesmo, a foto vai se apagando ou vamos dia a dia passando a borracha, virando a página...Viver é conviver ,fazer vínculos caso contrário é só existir. Se penso já tenho companhia. Embora seja tal um porre de vodka de fundo de quintal. O rato só aproximava-se da luz de suas lembranças para melhor conduzir as letras em suas fracas patas sujas de tinta e mesmo assim conseguia produzir um modesto verso que lhe agasalhava de sombras e sonhos.

Wilson Roberto Nogueira


só o que sobrou do sonho
é essa sombra no teu olhar
o pesadelo trêmulo no teu caminhar
é o vacilar dançarino do demônio risonho
a busca por algo invisível que a razão não alcança
são os passos incertos dessa dança.
letras incertas qual chuva de prateados
gafanhotos
afastam chateados garotos abreviados
de sonhos de proletária vida
a morte renasce em cada sonho que assassina
essa é sua sina.
a sombra no teu olhar
é a alma que desaprendeu a dançar.
tua seda sua sem amar
o mar te convida mas
mas não há mais nada
nada sobrou do sonho
na razão do teu amar.

Wilson Roberto Nogueira
2009


Cumpre o rito
sumário
a soma de uma vida
um grito ordinário
numa cópia rasgada
de Munch.

Wilson Roberto Nogueira
2009


Cai um pingo de tinta
e a palavra se cobre
de mistério.

Nada tema com o trema
não trema com a reforma
da Língua
Ela é carne viva
e não é só portuguesa
brasileira
afrolusobrasilofona
deixem morrer de fome
os cães de pedra da tradição
tais jazem no chão.

só o sombra sabe
onde desabrolhou
feliz Deisi.
Está deisiando olor alí
aqui agora acola
lelé legal
tri humus do humor.

Wilson Roberto Nogueira


Não lamenta

Não olha para trás

Não para

segue avante
Atrás caminha a Noite
a desenhar as curvas da alma.

A lembrança moribunda
seguir-te-á a serpe até o anoitecer
dos teus olhos.

Wilson Roberto Nogueira
2009


Noventa novenas para a névoa em forma de sombra
sobras de uma vida que dançava na tempestade
sonhando ser água pura fervendo no asfalto
marcas do silêncio no caminhar maldito da memória.
reza a estória que o fantasma sem nome alimentava-se
da fome, da guerra e da peste.
Faminto de fome não passou
da guerra bebeu todo o sangue
a peste sua assinatura nas crianças que não nasceram.
O espectro do esqueleto imortal perseguia a bruxa,
a macróbia camponesa pelos campos radioativos e rios
que suplicavam água para viver.
Voraz silêncio depois da chuva de metal
semeando campas em aldeias- lápides
só o fogo iluminando a lua ausente ao entardecer.

Wilson Roberto Nogueira
2009


deves deixar de ter as entranhas expostas
no açougue

falar em voz baixa para que meu coração
apenas seja ouvido pelas vísceras.

O coração é a luz intensa que dita os passos
da razão
É a luz que encobre as pedras dos ocasos
é a ração
diária de sangue que a vida cobra
daquele gauche que por hora veste
a armadura da razão

Wilson Roberto Nogueira


Entre u'a novela e outra.Pausa para o comercial telejornal.no mercado do entretenimento a noticia é show.mercadoria embalada a ouro de tolos alimentando de pedras de luz a angustia de mergulhar no vazio;alugando o tempo à névoa densa da ideologia onde a reflexão não encontra os próprios pés e segue informa(ta)da,fidelizada manada de consumidores tocada pelos apelos do carisma do olho luminoso da tele-visão, do galã e da mocinha.O IBOPE atesta a audiência da hipnótica força do dogma do verossímil travestido de verdade, na máscara do sorriso fácil ou da calculada expressão de seriedade .Seguimos contudo a desligar a caixa de ilusões e procuramos aquela edição do Hommo Videns de Giuseppe Sartori e caímos a larga na Sociedade do espetáculo mais uma vez .
Wilson Roberto Nogueira