quarta-feira, maio 10, 2006

Passos

Em cada pedra
Um drama
manchado de paixão
a história apátrida
de uma semente Palestina
gerada de um ventre que secou.
Wilson Roberto Nogueira
Lembranças

-Vamos dançar um tango, minha princesa?!
-Vamos! Preciso levar minha dentadura ou posso deixá-la no copo?
Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, maio 08, 2006

A Urbe bestial de Leite Venoso
Curita culta puta e bela sereia,
como é doce beber do seu leite
e morrer em seu mar ,em caridosa cornucópia
de devaneios de prosperidade.
Rameira em suas ramagens preparo meu chá,
pena que são sonhos ,sonhos perdidos nas esquinas
escuras dos bairros ,que o teu pesadêlo caften conhece
e semeia meias -entradas às meias-vidas das não-pessoas
que ora perâmbulam zumbis entre muros de palácios e
nuvens de poder .
Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, maio 02, 2006

Aquele Quim arrastava-se nos seus vinte e cinco anos de relva,
pedras e limo,mas mantinha a fachada de sua morada
em perfeita máscara de palácio.
Com o desaparecimento ou transmutação,transubstânciação
da sua veneranda matriarca macróbia,
a partilha de seus restos tornara-se butim de abutres guerreiros,
tão transfigurados em intestinos
como que espelhos do insosso Quim.
Wilson Roberto Nogueira
Cada gota de orvalho
velando no vazio o pranto da noite
que passou
a maçã do rosto,
uma mordida de desgosto
maçã de pura dor.
Tomando o sumo,
mascando o vazio
zumbindo o som
amargozo do teu frêmito
no riscar de giz na louça.
Lembrança de uma saudade
naquele beijo de damasco.
Wilson Roberto Nogueira
Língua da Floresta

A floresta fala com a voz das folhas
Enquanto os peixes pescam
Cadáveres de Curumins.
Wilson Roberto Nogueira