Nasci tragado pela vida
desde então venho deixando
cair minhas cinzas
de efêmera trilha
que o tempo transubstanciará
em esquecimento.
Wilson Roberto Nogueira
sábado, julho 31, 2010
Atravessa a calçada e, num passo apressado, a preço do tempo ,sufoca no garrote invisível da angústia. Corre e quase tropeça , esvai-se a vontade louca num banho de água gelada e suja, some a consciência e urra no tiro da noite. Silencio. Paz. Mais um morto. Nada. Mais uma bala perdida. de onde ,ninguém sabe e alguém quer saber. A vida segue.Antes ele do que eu!Será?
A vida dera-lhe tantos socos , que o tapete de pele de sua face mal servia de testemunha à sua história.
As ruínas não passavam de um monturo onde pele e dentesdesertavam da palidez; a própria face fugia de si ,afogava-se nos poços negros de olhos sem espelho.
O sentimento não mais escorria, escorria apenas a baba bovina no hálito de catacumba . Não mais a provar o néctar na seda úmida de uns lábios de mulher
A carne já não lhe dizia, silenciara a espera dos passos balbuciantes da companheira; deitado e a incaroavel por mais uma noite lhe negara a visita.
sexta-feira, julho 30, 2010
A risada dela rodava no desespero de Ser feliz.
A noite não caía, desabava chumbo grosso
engessava a vontade de sair
Cobria de sorrisos ocultos
o dourado dos dias
uma lembrança agonia
a cada rede a noite vinha
ébria de meias deslembranças
uma noite leitosa que se anuncia
no beco,na viela ou na guria
ou no sorriso dela ao sair do bordel
O céu era um lençol rasgado de um quarto sujo
ali ao lado
no lodo grudado na alma do sorriso de ouro
nas quebradas
a costela partida num adeus .
Wilson Roberto Nogueira
A noite não caía, desabava chumbo grosso
engessava a vontade de sair
Cobria de sorrisos ocultos
o dourado dos dias
uma lembrança agonia
a cada rede a noite vinha
ébria de meias deslembranças
uma noite leitosa que se anuncia
no beco,na viela ou na guria
ou no sorriso dela ao sair do bordel
O céu era um lençol rasgado de um quarto sujo
ali ao lado
no lodo grudado na alma do sorriso de ouro
nas quebradas
a costela partida num adeus .
Wilson Roberto Nogueira
Urubu
pairou quieto sobre a breve vida e bebeu com os olhos de anoitecer
aquela breve chama fenecer
pousou e esperou respeitando o tempo daquela tenra alma se despedir da casca.
Agora sim ,cuidadoso ;chegara o momento de limpar.
Aguarda uma esperança ,que um pouco daquela alma criança,
fique perto do seu coração a rir e leve de si ,peso de sua função.
Wilson Roberto Nogueira
aquela breve chama fenecer
pousou e esperou respeitando o tempo daquela tenra alma se despedir da casca.
Agora sim ,cuidadoso ;chegara o momento de limpar.
Aguarda uma esperança ,que um pouco daquela alma criança,
fique perto do seu coração a rir e leve de si ,peso de sua função.
Wilson Roberto Nogueira
quinta-feira, julho 29, 2010
Muro de seda
O olhar perscruta a intimidade da fechadura e devassa uma imagem.
Uma miragem de um mirar míope.Percorre o não ser contido na idéia,
jogando luz opaca na silhueta sílfede da mentira.Volta para o quarto e
se masturba com a imagem. Sua esposa retorna para o quarto e a cama,
fica plena de vazio.
Wilson Roberto Nogueira
A jovem mãe teve a vida apostrofada ao dar a luz a quem só queria ficar na escuridão;aquela larvinha preferia o conforto das quentes trevas às frias
e barulhentas claridades.Lalá instintivamente fervilhava em vomitar em alguma
privada pública aquele trocinho ,que afugentaria seu ganha pão.Aquela larva voraz a agasalhou de sangue e a cobriu de um frio gostoso que expulsou suas terríveis dores.
Finalmente apaziguada, dormia na sordidez tranquila ,ao lado de sua cria não nascida.
Na companhia dos corvos só as cinzas choraram
lágrimas secas.
O vento sopra pro vazio sombras de não existências.
Wilson Roberto Nogueira
chuva seca antes de cair
molha de tortura a esperança;
quadro trincado no chão
jarra de poeira e teia sobre a mesa.
criança arranha o chão procurando o que comer
os intestinos a devoram com carinho
devagar o cão caminha e lambe sua última gota de suor seco.
A procissão semeia preces no silêncio estéril.
Enquanto na cama o desespero engendra nova criança.
Wilson Roberto Nogueira
molha de tortura a esperança;
quadro trincado no chão
jarra de poeira e teia sobre a mesa.
criança arranha o chão procurando o que comer
os intestinos a devoram com carinho
devagar o cão caminha e lambe sua última gota de suor seco.
A procissão semeia preces no silêncio estéril.
Enquanto na cama o desespero engendra nova criança.
Wilson Roberto Nogueira
Reverbera o verbo liquida alma da pedra deambulando os caminhos sonhados do lago,
gaguejando borbulhas ,afunda sem dramas nem damas sonhando ,nem dores sentindo ,nem alegrias; pedras sentem o vazio só no sonho das nuvens, pedra disfarce do granizo ,gotejante tecido do vento ,véu do dia em tempestade dorme a revolta do lago.Lá no fundo,lá no fundo no fundo ainda resta uma esperança de pescaria.
A pedra afunda sem perceber,sem querer,sem amar,sem sofrer.Só o Sol por vir sonha Poder fantasma falar ,dar a pedra o calor de sentir.
Sou pedralápide apócrifa num lago deserto.
Wilson Roberto Nogueira
quarta-feira, julho 28, 2010
Como era verde o meu val canta o bardo orvalho
com olhos de nuvem.O vale que é fuligem na noite eterna
nas crateras das minas até as copas das chaminés
espirando as vísceras das eras nas florestas de pedras
e pó
dos pulmões das crianças-flores tísicas germinando nas campas.
Vasto céu nú de estrelas,imenso mar sem ilhas.
Wilson Roberto Nogueira
com olhos de nuvem.O vale que é fuligem na noite eterna
nas crateras das minas até as copas das chaminés
espirando as vísceras das eras nas florestas de pedras
e pó
dos pulmões das crianças-flores tísicas germinando nas campas.
Vasto céu nú de estrelas,imenso mar sem ilhas.
Wilson Roberto Nogueira
Mosca flâneur
As moscas dançam, saboreando doces podres; os pombos jogam futebol com migalhas de pão-de-queijo Toca o realejo da memória do aposentado, que chora ao olhar a luz dos olhos da neta sorrirem ,enquanto as moças transam salvando dores de senhores nas quilhas de naúfraga dama da noite à mariposear suicidios de luz e chamas no cachimbo; cérebros viram cinzas arquivos voando em pó na ventania ,o pó voa na ventania e nada resta daquele livro comido pelas traças, só a fumaça ,a fumaça fantasma bruxuleando na dança do efêmero coito com o vento ,respira seu último vício de vida,vida mesmo através das vidraças partidas, de cacos de dores de fragmentos de olhares de uma môsca consumidora de insumos de dores de múltiplos fedores em cada prato de pranto, restos no pûs dos dias, voa vadia a môsca urbana, urfausta cidadã, dançando no tédio da manhã.
Wilson Roberto Nogueira
Zumbem as mensageiras da morte,levando consigo a mortalha do silêncio.
Noite sem sonhos sono eterno.A luz da lua lamacenta a escorrer grudenta
como um relógio de Gaudí.Os números das horas escaparam para o longinquo nada
oceano negro mastigando a lâmina vítrea da opaca vida que deserta na explosão borbulhante de lembranças.
Vida
Zumbem as mensageiras da morte,levando consigo a mortalha do silêncio.
Noite sem sonhos sono eterno.A luz da lua lamacenta a escorrer grudenta
como um relógio de Gaudí.Os números das horas escaparam para o longinquo nada
oceano negro mastigando a lâmina vítrea da opaca Vida .Bóia distante num mar de condenados
sem forças para perseguí-la a nado deixa-se levar
lavando-se enfim.
Wilson Roberto Nogueira
Araucária-100807
Noite sem sonhos sono eterno.A luz da lua lamacenta a escorrer grudenta
como um relógio de Gaudí.Os números das horas escaparam para o longinquo nada
oceano negro mastigando a lâmina vítrea da opaca vida que deserta na explosão borbulhante de lembranças.
Vida
Zumbem as mensageiras da morte,levando consigo a mortalha do silêncio.
Noite sem sonhos sono eterno.A luz da lua lamacenta a escorrer grudenta
como um relógio de Gaudí.Os números das horas escaparam para o longinquo nada
oceano negro mastigando a lâmina vítrea da opaca Vida .Bóia distante num mar de condenados
sem forças para perseguí-la a nado deixa-se levar
lavando-se enfim.
Wilson Roberto Nogueira
Araucária-100807
segunda-feira, julho 26, 2010
Um oceano insone de imenso vazio,o grão de pó flutua em sua epiderme de liquida danação.
O coração pesa em desalento com a opressão do mar amargo engolidor de sóis e estrelas.
Traduzindo na língua ácida encarquilhadas maldições,levantando vagas de fantasmas;
de ensurdecedoras correntes de silêncio e angústias.Surdos pedidos de socorro de corações náufragos; corações de condenadas miradas sem luz, sem um farol.As anciãs feridas frias emergindo do sentimento movediço são a única e inesperada jangada ,aleijada de esperança .Néspera da fruta flutuando do nada,
são a única e inesperada jangada aleijada de esperança néspera da fruta flutuando do nada ; jangada aleijada -Perda da perna da alma,das suas entranhas e da alma mesma ,o seu coração que se imaginara imortal. Envelhece na esperança inesperada ,esperança de pedra,esperança que se recria em ígnea vontade ,mais uma ferida,mas uma jangada desejada.
Wilson Roberto Nogueira
A consciência largou -a na cama, saiu antes de vê-la acordar e sorrir-lhe ou soltar um pum gracioso ;(ela também liberta flatos silenciosos ou não). Caminhou até o banheiro e entrou em contacto consigo próprio ,uma experiência mística lhe invadiu até o supremo...Alívio! Como o gozo na juventude era tão desprovido de dor e esforço!... as guerras arrancaram-lhe as forças ,mas a tempestade ainda acaricia as lembranças ,sua alma ainda não desertara...ainda.
Wilson Roberto Nogueira
O ar respirado doía dor antiga,
a medida em que a noite mordia
a casa em dores gemia.Rangendo
resmungava no calor de suas entranhas
suava fantasmas; à procurar portas para bater
onde o vento não vem visitar
só a voz ao longe na laje gélida do Além
Portas que se afastam corredores que correm
Espelhos a mirar nos olhos outras almas a bailar
Sonhos soluçam pesadelos entre os labirintos do jardim
Ao longe crocitam corvos sob pálidas bétulas
A todos os hospedes zela o prateado dorido olhar da lua
no olho do faminto lobo sob o lençol da tua cama .
Wilson Roberto Nogueira
a medida em que a noite mordia
a casa em dores gemia.Rangendo
resmungava no calor de suas entranhas
suava fantasmas; à procurar portas para bater
onde o vento não vem visitar
só a voz ao longe na laje gélida do Além
Portas que se afastam corredores que correm
Espelhos a mirar nos olhos outras almas a bailar
Sonhos soluçam pesadelos entre os labirintos do jardim
Ao longe crocitam corvos sob pálidas bétulas
A todos os hospedes zela o prateado dorido olhar da lua
no olho do faminto lobo sob o lençol da tua cama .
Wilson Roberto Nogueira
Sol sem luz
Godofredo guarda em seu quarto jornais."Para pesquisas " diz ; e lá vai ele dando novas camadas às colunas de celulose; tais quais células de seu próprio corpo.Muitas já mortas,alimentam multidões de ácaros e banqueteiam tímidas e famélicas traças.
Tropeça nos próprios pés a procura de um chinelo,que lhe escapara .Desaba na cadeira a qual solta contido gemido.Diante da escrivaninha pálida ,por descuido estende página amarelada de fotos e fartos fatos deformados .Lê os testemunhos do roto espírito da época e solta um arroto enquanto polemiza consigo próprio a impropriedade do estilo e da falta de arte no manuseio da palavra,se insurgia mais contra a forma do que com o conteúdo,já é lugar comum de terra exangue falar sobre: "a sofisticação da técnica mutualizada com a anemia espiritual ".Vociferava enquanto a voz era devorada pelo fogo da falta de fôlego.
Voa uma mariposa negra contra a luz fria da lâmpada,tonta ela tenta se queimar mas não consegue..."Que paixão ! "Liga o rádio para ouvir Wagner e pocotó, pocotó.Pega um copo,desses de molho pronto e,tenta acuar a incauta voadora;caçador experiente,depois de algumas horas ,consegue e a prende no invólucro,depositando-a na escuridão das esquinas.
Volta para o quarto,encontra outro copo ,perdido num canto da escrivaninha; ali ao lado do Paraíso Perdido.Entorna e queima as vísceras.Lá pelas tantas,tonto, resolve sair sondando sonhos a procura de pesadelos e, só encontra mariposas,uma delas fora,imagina ele ,sua esposa posando nua no fundo do copo de seus olhos incendiados.
Parou no meio da rua ,sem notar que estancara;estava a delirar, procurando no caleidoscópio o que aquela figura multifacetada da memória lhe gritava.
Tal qual uma buzina de Scania.E as cores e, as cores.Todas as cores do mundo numa única e infinda planície negra.
Wilson Roberto Nogueira
Cobertores que encobrem fraquezas cobrando franquezas
em fracas carnes quentes,moles e passadas
Passado de glórias que já não ascendem labaredas
em vermelhas faces voltadas para dentro de ventres
estéreis em chamas diante da contundente palidez do fracasso
germinando espinhos em fetos moribundos do Ego sepultando a si
sob os cobertores de décadas de encasulamento matrimonial.
Wilson Roberto Nogueira
Farol negro
A moça olhava no fundo do poço dos olhos do estimado (supliciando aos seus próprios ) e suplicava-lhe para que não deixa-se de sempre estar junto ao seu ser amado; o compadre o qual a estilhaçara a alma."Não o abandone"ela dizia.
Foi atender a alguma carniça esturricada que teimava viver à base de amealhar pedras para sua sepultura.Como era consciencioso...zeloso pela amizade e sob os ditames da jura àquela flor do deserto.Continuou a ser o lastro conquanto o dealler persistia vazando o visco da alma sobre o pó humano que cobria a sarjeta a qual o inundava de asco.
Para se preservar o ar denso que ainda restara em seus alvéolos ,afastara-se,rompendo as correntes do juramento que cortava sua veia.
Quando retornou,não respirou mais nenhum fétido olor em sua memória,o seu olhar abandonara qualquer luz a dar sinal a seus fantasmas.
Wilson Roberto Nogueira
A criança corre.Boca,mãos e pés sujos de terra.olhos prêtos de animal perdido.Corre por sobre poças onde bebe uma cadela despelada .O sol queima mas a pele esturricada não sente o calor que açoita com amor.Cai de joelhos o dia,orando pelos olvidados neste deserto à margem do lixo.
O homem feito bicho à disputar com urubus restos de um gambá ,ou algo parecido agasalhado com o verde fosforecente de frenéticas varejeiras e uma tonta môsca azul que jamais picara alguem de sorte.
Faltara o olho Salgado,olho mágico na porta daquela mansão ao ar livre de verbo e verve.
Wilson Roberto Nogueira
A pomba olha para sí no olhar do corvo que procura na escuridão do olhar da alva ave o vento para suas asas sujas. Freedom ou só a salvação. Sem áquela sinistra sombra do espantalho que arde na sua imaginação. O peso do pesadêlo é a Fome em meio ao milharal, tudo tornado biocombustível .Raios , e eu cá sem minhas tortilhas, sem poder emigrar ,trabalhar .Me salvar.
Que Viva México ...!!
Wilson Roberto Nogueira
Que Viva México ...!!
Wilson Roberto Nogueira
Desci da boléia
dessa idéia.
Nada mais embolorado Ser
vagar sentado em si
sofrendo a perder
galvanizando entardeceres
couro imprestável
para outros amanhãs
vida minuto a minuto
cicuta cutucando a puta
com descartáveis explosões
de não-seres sem vergonhas
venais risonhas sombras
brasas ardentes pelos
sonhos de cacos partidos na garganta.
Wilson Roberto Nogueira
dessa idéia.
Nada mais embolorado Ser
vagar sentado em si
sofrendo a perder
galvanizando entardeceres
couro imprestável
para outros amanhãs
vida minuto a minuto
cicuta cutucando a puta
com descartáveis explosões
de não-seres sem vergonhas
venais risonhas sombras
brasas ardentes pelos
sonhos de cacos partidos na garganta.
Wilson Roberto Nogueira
Teias empoeiradas
No canto de um sótão o quadro coberto por um pano sujo.Labirinto de vidro onde gerações ; entre opacos espelhos trincados de lembranças ludibriadas pelas pinceladas da memória carregam cores de conveniência do coração ou do fígado,teias de aranha e pó como que a representar fino tecido no qual roedores se cobrem.
Da poeira dos dias se nutriam e em pó se convertiam após abrirem passagem na madeira de um velho baú, aconchegante mansão onde descobriram a mais fina cultura européia: livros; as imagens das fotos sequestradoras da alma do tempo- a memória, a qual voracinada até as entranhas dos novos moradores encontrou enfim ,nos pampas infindáveis do esquecimento sepultura.
Em tal continente ,onde ocultadas por sedas do passado o olho intemporal do quadro testemunhava o calor dos séculos no coração do porão ainda pulsava no sangue daquela casa : os espoucares da rebeldia na madeira que em lento prazer o sol sentia ou nas vilanias de gatos a assassinarem crias,ratos a canibalizarem filhotes na carestia.Assim eram com os Homens que lá habitaram,nas maldições silenciosas das paredes ainda que corressem crianças e se entrelassasem amantes.
Hoje o testemunho mudo de um crime no assassinato de uma época de luz e riqueza,onde os herdeiros de tantos cadáveres deitados pela história.O Sótão , a única parte inteira de tal intestina estória de uma aristocrática mansão da Belle Epoque.O tempo soprava o pó do que restara só a moldura dourada atrás da lámina de cristal os elegantes abantesmas ainda se imaginam a dançar no grande salão na eterna primavera de 1914.
Da poeira dos dias se nutriam e em pó se convertiam após abrirem passagem na madeira de um velho baú, aconchegante mansão onde descobriram a mais fina cultura européia: livros; as imagens das fotos sequestradoras da alma do tempo- a memória, a qual voracinada até as entranhas dos novos moradores encontrou enfim ,nos pampas infindáveis do esquecimento sepultura.
Em tal continente ,onde ocultadas por sedas do passado o olho intemporal do quadro testemunhava o calor dos séculos no coração do porão ainda pulsava no sangue daquela casa : os espoucares da rebeldia na madeira que em lento prazer o sol sentia ou nas vilanias de gatos a assassinarem crias,ratos a canibalizarem filhotes na carestia.Assim eram com os Homens que lá habitaram,nas maldições silenciosas das paredes ainda que corressem crianças e se entrelassasem amantes.
Hoje o testemunho mudo de um crime no assassinato de uma época de luz e riqueza,onde os herdeiros de tantos cadáveres deitados pela história.O Sótão , a única parte inteira de tal intestina estória de uma aristocrática mansão da Belle Epoque.O tempo soprava o pó do que restara só a moldura dourada atrás da lámina de cristal os elegantes abantesmas ainda se imaginam a dançar no grande salão na eterna primavera de 1914.
Pele de pétala dourada beijada pelos lábios do sol
exala olor que grava na lembrança singular dor
Profundo mistério de sereia fantasma
olhos verdes de mar caribenho.
Lâmina fria que queima o coração.
Uma presença de sangue sobre a neve,
como um discreto sorriso da paixão.
Ora é só mais um duelo por uma folha de seda
vagando na voga do vento.Não é tempo pra lamento.
Todo pranto é vão pra folha ou pro vento.
Torpor o casamento morte em vida.
fogo breve a paixão morte de tanta vida.
Wilson Roberto Nogueira
exala olor que grava na lembrança singular dor
Profundo mistério de sereia fantasma
olhos verdes de mar caribenho.
Lâmina fria que queima o coração.
Uma presença de sangue sobre a neve,
como um discreto sorriso da paixão.
Ora é só mais um duelo por uma folha de seda
vagando na voga do vento.Não é tempo pra lamento.
Todo pranto é vão pra folha ou pro vento.
Torpor o casamento morte em vida.
fogo breve a paixão morte de tanta vida.
Wilson Roberto Nogueira
domingo, julho 25, 2010
Caminhava no pátio da pensão como quem numa Casbah, atento aos meandros do labirinto rumo ao Soukh das almas. Lembrava nas roupas estendidas nos varais em frente aos olhos dos alojamentos-cavernas, onde as sombras repousam, as cores transpirancias da alma vogam voyeur do passado no gueto, onde as vozes adquirem sombras, corpos de cinzas e ossos pilastras, as vozes alimentam a angústia e concedem à felicidade um preço de preciosa jóia como àquela que brilhava nos olhos de Rivka.
Brilho que se perdia na lama do caminho.
Wilson Roberto Nogueira
Brilho que se perdia na lama do caminho.
Wilson Roberto Nogueira
A garotinha sentada na areia argilosa da praia ria de um marisco que se apressava a enterrar-se, fugindo para dentro de um minúsculo círculo. A maré crescia e a inundava de uma água quente depois de bater-lhe como se quisesse acordá-la; a pequena se põe de pé a espera da areia da praia que ganha vida e, conivente com a maré a conduz para dentro do Mar, para o fundo, o fundo. Mesmo parada ela quase caíra naquela correria da maré. Ela rira. Até cair num buraco oculto sob as águas escuras. Seus pais, comiam frango frio com farofa e cerveja quente; suas banhas a lagarteavam a gargalhar ao sol.Sol que se recusava a se mostrar caloroso.Aquela praia cinzenta acabou chovendo na lembrança entardecida.
Wilson Roberto Nogueira
sábado, julho 24, 2010
Resposta ao Fantasma Prussiano
O caminho da paz é o armamento de última geração...
a última...
"A Guerra forja o caráter de um povo !"
Se ainda houver na morada de carne e nervos o aço do espírito
e não só restar a espada servindo de lápide ao guerreiro sem nome.
Wilson Roberto Nogueira
a última...
"A Guerra forja o caráter de um povo !"
Se ainda houver na morada de carne e nervos o aço do espírito
e não só restar a espada servindo de lápide ao guerreiro sem nome.
Wilson Roberto Nogueira
Crisântemo
Sem temor
beija a tempestade
com amor.
O sol pode até arder
mas não o faz sofrer.
Num vaso faz sombra
sob o túmulo.
Wilson Roberto Nogueira
beija a tempestade
com amor.
O sol pode até arder
mas não o faz sofrer.
Num vaso faz sombra
sob o túmulo.
Wilson Roberto Nogueira
Bunda
Palavra de origem africana
incandescendo de indecências
exalando essências proibidas
em relvas singulares.
Como dentadas em jugulares espessas
de sanguíneos desejos qual chama
se libertando em ânforas.
Canções de violas e violões,violinos
Bundas das negras, das européias das orientais
sobretudo das brasileiras
as tais brasas empinadas de volúpias
e gingadas formosas
flores
gráceis gazelas que saltam labaredas de desejos
em seus remolejos de inocência sacana de transas secretas.
vozes de cuja linguajem os talhes proclamam
Paraíso de brasílicas delícias
catarinenses, gaúchas, cariocas
e cada uma com seus temperos.
Deus salve ...
a bunda das brasileiras !
Mas só a bunda requebra na mente ciclope
incapaz de degustar vales e enseadas,
montanhas e cumes da privilegiada geografia
brasileira
provar das essências veladas, reveladas e desveladas
nas dores e ungüentos daqueles imensos olhos eneblinados...
Wilson Roberto Nogueira
1997
incandescendo de indecências
exalando essências proibidas
em relvas singulares.
Como dentadas em jugulares espessas
de sanguíneos desejos qual chama
se libertando em ânforas.
Canções de violas e violões,violinos
Bundas das negras, das européias das orientais
sobretudo das brasileiras
as tais brasas empinadas de volúpias
e gingadas formosas
flores
gráceis gazelas que saltam labaredas de desejos
em seus remolejos de inocência sacana de transas secretas.
vozes de cuja linguajem os talhes proclamam
Paraíso de brasílicas delícias
catarinenses, gaúchas, cariocas
e cada uma com seus temperos.
Deus salve ...
a bunda das brasileiras !
Mas só a bunda requebra na mente ciclope
incapaz de degustar vales e enseadas,
montanhas e cumes da privilegiada geografia
brasileira
provar das essências veladas, reveladas e desveladas
nas dores e ungüentos daqueles imensos olhos eneblinados...
Wilson Roberto Nogueira
1997
Arrozal do sonho
Uma vez parado percorro caminhos no silêncio do vazio.
Quando em movimento,estático refém das imagens
barulhentas das paisagens.
Sigo trilhas sem deixar rasas ou profundas pegadas
no caminhar cúmplice da etérea poeira das horas.
Sorvo o silêncio e na solidão
copo transbordante
me afogo no afago das nuvens.
Vapor de vida contida na gota de orvalho
a tarde de sol sepultou a lágrima
mar de sal sob o sol.
Gaivotas cortam o céu que sonha
chuva de verão.
O tempo povoa o vazio preenchendo a existência.
Isso é o tédio ou é o arroz brotando do Saquê?
Wilson Roberto Nogueira
Quando em movimento,estático refém das imagens
barulhentas das paisagens.
Sigo trilhas sem deixar rasas ou profundas pegadas
no caminhar cúmplice da etérea poeira das horas.
Sorvo o silêncio e na solidão
copo transbordante
me afogo no afago das nuvens.
Vapor de vida contida na gota de orvalho
a tarde de sol sepultou a lágrima
mar de sal sob o sol.
Gaivotas cortam o céu que sonha
chuva de verão.
O tempo povoa o vazio preenchendo a existência.
Isso é o tédio ou é o arroz brotando do Saquê?
Wilson Roberto Nogueira
Nasceu prematuro.De um acidente de paixão adolecente.Um mêcanico filho de nortistas ousou entrar no recinto íntimo da princesinha estrábica e profunda; profundamente solitária.
Para afastar aquela negra mancha no caminho do vasto dourado horizonte não tardara o PatriArca a pagar e apagar régiamente à vergonha com o insulto da propriedade extorsiva.No silêncio da suposta submissão afrontando o afastamento ; e todo o sangue do sentimento com o veneno da humilhação.Para alimentar de ódio o vento em temporal, para longe levar a possibilidade de retorno.
Não era nada , por que nada sobrara , só a alma da mulher que arrastava os restos de suas vestes em meio a outras almas zumbis; trancafiadas em pesados pesadêlos durante lustros ocultos no pó toda a beleza.(O lustre ? ) Não era de cristais, sempre chamado de vidro até que convencida alma se pertir em fôscos cacos miudos.
Quanto a prole defecada, longe de ser o "Bebê Johnson s" ariano; restara 'aquilo' : um sagüizinho que nascera faltando com o débito de ter morrido, fatura com a qual lhe será cobrada em cada palavra carinhosa de ácido tão cristalino tal qual a mais pura água.
O esperma inválido conseguira a proeza de criar tal criatura que teimava em abandonar-se no mar do crescimento,amadurecendo entre cactos e hera sob a sombra da esperança, uma nuvem para encobrir o sol de sua existência.
Encontrou uma caverna entre os livros os quais revelaram o centro incandescente de espíritos imortais, que assim como ele,passaram por entre abismos sem jamais ansiarem serem engolidos pela sedutora inexistência das cores que a queda eterna patrocina.
Mas o miquinho crescera e se tornara um gorila, a presença constante da Ausência não era mais um fantasma, agora na carcaça de um cadáver um casco,uma cousa pousada sob o caixão.A lágrima não encontrou na memória do afeto a chama necessária, era apenas pote de barro trincado dentro do caixão.
Os passos pesados como toras de carvalho socando a terra como trovão, sempre deram o preciso compasso à caminhada dura do enjeitado, pária que de palha trançou os liames de aço para enfrentar sua maturação androgenica; caminhadas duras entre pedras e percalços quando não se tem os requisitos exigidos pela Seleção Natural.A viril fortaleza foi forjada no fogo,suplantando a dúvida pelo texte da vida, nas ruas e no constante desafio na família apostrofada.
Nadou, nadou na medida em que se afogara de encontrar a morada de toda sua angústia de viver e, morrer de tanto embriagar-se de vida no aconchego da sua última morada,sua esposa.
Contudo quando ela esteve em "estado interessante " o gorila encontrou de alugar um quartinho na vizinhança.Mas sua 'santa mãezinha' ,mãe de sua semente, sacra igreja de sua Aliança Divina com o Criador a partir da qual era perversão incestuosa coitear mesmo que "fazendo amor" e não o fisiológico alpinismo;ter relações poderia ferir o feto.(Assim acreditava !).
Bom,nasceu aquela fábriquinha de cocô, gorduchinho!Demorou para abrir os olhos e quando abriu,a natureza tinha rasgado.
Saiu na noite para comprar charutos e jamais voltou; foi encontrado no alto de uma igreja abandonada tocando um violino imaginário.Vôou como um condor para outra vida entre partidos vidros ou cacos de cristal.
Wilson Roberto Nogueira jr
quinta-feira, julho 22, 2010
É a cidade decantada pela alma do poeta,
assentando grãos de vidas em breves chuvas
de areias no vasto rosto do mar da existência ,
onde peixes da memória
flutuam suspenços no céu límpido do experienciado.
Saciando de quando em vez a fantasia pescadora
do olhar.
O pescador morreu mas os peixes,
os peixes continuam lá para alguma gaivota,
distraída ou faminta voar até lá.
O mar desejou e esperou
e esperou
esperou
es...
a Gaivota não passou
não passou.
O Mar acabou por se afogar de tanto beber
e os peixes evolaram no sonho das algas solitárias.
Wilson Roberto Nogueira
assentando grãos de vidas em breves chuvas
de areias no vasto rosto do mar da existência ,
onde peixes da memória
flutuam suspenços no céu límpido do experienciado.
Saciando de quando em vez a fantasia pescadora
do olhar.
O pescador morreu mas os peixes,
os peixes continuam lá para alguma gaivota,
distraída ou faminta voar até lá.
O mar desejou e esperou
e esperou
esperou
es...
a Gaivota não passou
não passou.
O Mar acabou por se afogar de tanto beber
e os peixes evolaram no sonho das algas solitárias.
Wilson Roberto Nogueira
quarta-feira, julho 21, 2010
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