sábado, janeiro 28, 2012

"O carnaval é
um povo inteiro
de inconsciente
escancarado
durante três dias
e quatro noites "

Antonio Callado (1917-1997)

terça-feira, janeiro 24, 2012

Arqueja no espelho da memória um animal ferido que lambe asperamente suas cicatrizes,
a dor lateja na lembrança e derrama quente seu rubramor que encontra morada na
mordida de vidamante no horizonte que cobre-se de Noite nesse espelho- nuvem,
que é a memória a qual insiste em trovoar velhas discussões acerca do vivido e do sonhado.
Acordar no disfarce da manhã a surgir outra embora sendo a mesma. Rotina que rói o a tela da memória e esquece de apagar as dores ,sinais de novas tempestades
mesmo quando o sol esqueceu de dormir.



Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, janeiro 23, 2012

sábado, janeiro 21, 2012

No diálogo do ódio a gramática do sangue

é o único abraço de entendimento dos suicidas,

irmãos na morte e na dor.Vocês querem a

morte à desonra, o orgulho será a lembrança

herdada as suas gerações.É uma escolha ?

Não .Uma maldição.

Wilson Roberto Nogueira


quarta-feira, janeiro 11, 2012

Quem sabe fazer amor não faz a guerra
fazer amor é amar tanto que de tanto amar foge o sexo.
Quem não sabe fazer sexo faz a guerra
e guerra no sexo poder mesmo que não possa
não tendo valor violenta e quanto mais fraco mais forte aparenta.
Faz guerra ama odiar o amor pois só ama a guerra.

O sexo vira arma de destruição em massa
morde a alma arranca-a e a mata para além da morte
Faz parir o ódio ao coração doce da inocência
a criança viva embora viva é natimorta
Estupro é a arma mais vil da guerra
Substância mais refinada do ódio.

Quem sabe fazer amor não faz a guerra
faz sexo embala na meia morte mas não mata
sexo não é estupro
estupro é a arma da impotência
dos mais fortes sendo fracos
fazendo do homem seu próprio esgoto.

Wilson Roberto Nogueira
Luda gostava de arrancar os pêlos das costas de Dima.
Era o máximo de intimidade do casal
depois que o espermatozóide ficou cego e perneta num acidente de trabalho.

Wilson Roberto Nogueira
Depois mais dois lustros quase arrebentaram sua cachola
com o peso da desesperança Dima finalmente fez Milóshka gozar!
Foi num coletivo.O corpo dela tremia todinho, em ondas!Depois
soube era malária.

Wilson Roberto Nogueira
Dima jogava búlico com o olho de vidro do translúcido
Zóiosinho no arenoso jardim da desinfância.

Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Quando o silêncio só se ouvia ,uma face de fronte a outra se esquecia
na voz muda da exclamação fechada pesando chuva de tijolos.
Vazio amedrontador disparando suores das trêmulas vontades.
Ora qual carinho de uma voz conhecida cobrindo o sentimento como alento
do sorriso a beijar a luz do olhar com a palavra amor voando
para longe um afeto.
Suicídio tolo a inanição que a vontade confere a quem muito deseja
vontade sem braços  chama a queimar sem dar sinal de vida
até que vida não mais haja.
O Silêncio torna-se noite em meio ao abismo e as palavras sombras que se ocultam nos rochedos.
Tocaia de lobos adagas prateadas na escuridão fantasma da covardia
Palavra proscrita que derrama o fogo nas entranhas até ecoar no vazio das luzes que vagam
ocultas em rochas que cobrem as covas de amanheceres de Sol.
Era só tocar-lhe o rosto que o rosto falaria às mãos que tocarias nas cordas do coração .
Resta uma taça meio vazia meio morta como um vinho que vinagrou

e as

Cinzas nesse papel que voava sem jamais conhecer asas.

Wilson Roberto Nogueira

sábado, janeiro 07, 2012

o silêncio vai raspando a pele  até cortar a veia do sentimento
o sangue verte irrigando  o sofrimento 
que germina novas luas 
de plácidos rostos em lagoas puras.

Jogo o anzol e só espero o prateado brotar peixe
faminto  não sinto dores nem o clamor da fome
não vejo a lua me olhando triste no fundo do lago
só o peixe  essa moeda da minha angústia.

palavras são foices ou seda, lã ou adaga
em mim elas saem como desespero de peixes
numa lagoa a secar no olhar de prata da lua
O sorriso placido do silêncio é uma adaga

um sorriso que corta sem saber
corta o ar da gota prateada que se fez peixe
e não sabe por que seu mundo está a secar.
talvez ele já não saiba mais amar.


Wilson Roberto Nogueira