terça-feira, abril 24, 2012

Atropelamento

O quero quero está quieto.E o pardal castanho não sente a perda.




O pardalito vê apenas as penas do pombo glutão voarem.



O goal do gato ,avoante na boca vermelha de festa do negro gato .



Mas havia um felino no meio da rua , no meio da rua havia...



depois um tapete de pele e tripas sob as rodas da caixa de aço



animal faminto de intestinos de insanidade humana.



Estropiado à margem do rio de vorazes luzes e velozes rugidos,



o cão ganindo, presta homenagem ao seu fiel adversário que faria lustros



naquela mau humorada manhã.Não sobrou nada para comer.



O frio fedia chuva de água empoçada da urbe pálida e moribunda.



O rato saltitava olhos de urina até deixar-se cair numa boca de lobo.



cidade selva dos grandes e pequenos animais de almas limpas ou sebosas



mas todos filhos de adeuses.









Wilson Roberto Nogueira

Na pele do poema queima a razão


sua ração de incêndio como asas aladas

fazendo sombra ao rubro vidro fosco

da liberdade .Cada pena que cai

das asas do poema marca um ponto final

de sangue na areia da palavra

Saudade.



Wilson Roberto Nogueira

domingo, abril 15, 2012

Karma é uma arma do destino, cabe saber se a munição é de festim.

O sonho salta sobre a vida que corre ,enquanto a queda aguarda .

Wilson Roberto Nogueira

sábado, abril 14, 2012

quinta-feira, abril 12, 2012

O amor alado da dona marejada de lágrimas cantando melodias de sereia.

Navego na nau do lamentoso pensamento de ti
Ceras a vedar ouvidos não pôdeis entrar.
Amarrado por cordas qual aço ao mastro da ambição
braços de vã vontade castrada de naufrago na fenda da bela consorte
a minha morte.

A bela morte a transar em parcelas ou na explosão a procela
Qual o sentido da vida ? Tal não é a pergunta que ora lasso de misérias
Musas filoflanantes falsas sândias opiam prazeres enquanto mastigam
corações, veias e sensações.Prazeres devora culta traça livros de estórias .
Vigores fumados tragando liberdades agora ausentes.

Preso no barco cujo leme não domino.
Apenas a nau dos insensatos navegando no vazio da névoa
desta vida de recifes famintos de escombros e saboreando
melodias de sereias a deleitar de mala suerte os condenados
a voar sem ter asas nas nuvens do ácido oceano do desencanto.

Wilson Roberto Nogueira
O que sinto não é o sopro da alma de mim fugindo
no silêncio exausto diante do rugido
da vida em seu devir de promessa irrealizada.
Faina de um Sisífo cego no hesitante ruminar
na fronteira de um primeiro caminhar
de pés feitos de ossos de sonhos em pó .Fertilizada
morgue de sóis exangues de chamas a alumiar
de sombras o fogo fantasma parindo
sobras cinzentas de amanheceres sonhados
morejando sal sob capotes celestes.

Wilson Roberto Nogueira

domingo, abril 08, 2012

Cruz das almas solitárias ceiam sonhos
sabres ceifam a fome de viver
bebendo a gota de vinho da última videira,
que balança antes da tempestade de aço
bebem no beijo das palavras os cordeiros sob a sombra
dos lobos a carne tenra trinchando hóstias
trincando dores ouvindo Wagner
Ardem cedros por testemunhas
e oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue
enquanto a criança chora à sombra da chama
clamando à Morte que vaga sem saber por onde começar.

Wilson Roberto Nogueira
A lava da memória em chamas liquidas ocultam-se em pétrea desmemória
na nova rocha ainda quente guarda do invivido o vento do quase acontecido
na nuvem do deja- vu a água ardente que perverte o sonho em um beco sem resposta.
Os passos pesados sobre o espírito afundam na areia do cadáver insepulto de sombras
insilenciadas.

Wilson Roberto Nogueira
Cruz das almas solitários sabres que ceiam sonhos na fome de viver.
Sorvendo gota à gota de vinho da derradeira videira no ósculo da última flor.
Balança a árvore antes frondosa da vida hoje pálido osso da memória
onde se refugiam cordeiros do rugido da tempestade de lobos e da síderea miséria
que corta fundo a raiz da esperança.
O aço devorando a carne tenra da terra trinchando hóstias de pó e palavras
Trincando dores ouvindo Wagner cavalgando valquírias a procura de ouros
no fim de falsos arco-íris .Ardem cedros por testemunhas cobrindo em sombras raquíticas
proles dejetadas de úteros abandonados.
Oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue enquanto ouve-se um choro fantasma a sombra da chama
clamando a morte que vaga ébria e exausta de tanto ceifar.

Wilson Roberto Nogueira