quarta-feira, dezembro 24, 2008

Homenagem ao Madeira e ao Túllio

Aos Loucos Lúcidos
A obrigação maldita da poesia cortesã, é oferecer buqueres de flores de plástico com perfume parisiense à burguesia sevada de sopa dourada, para receber a última gota da champanhe com gosto de rôlha,mas com rótulo de grife e zeros a acompanhar o valor venal da bajulação. Não confundir com a poesia, gestada na verdade íntima da alma a qual explode ,espalhando as lavas sobre os verdes vinhedos do vale.A mesma força que cobre de cinzas as uvas finas é a mesma que fertiliza seu útero. Espíritos livres;sombras diáfanas de pedras a superar eras. Apreciaremos o néctar de suas vindimas na alma destas cepas raras,que superam as ondas de poeira dos modismos, pois não são sopradas pelo mercado das vaidades e da liminar estreiteza dos luminares dourados dos salões.
Wilson Roberto Nogueira

Olhar Vítreo

Olho dentro do olho de Kalimisos
e não encontro mais o brilho da chama.
Olho e vejo no olho de Kalimisos
a imansidão negra do precipício.

Onde estará aquela criança que sorria
o sorriso da alma no olhar?
Que nadava nas águas de um amor pura chama?

Águas secaram chamas se apagaram.
Sal e fumaça, um eco de um corpo
sem vísceras, sem viço, sem vida.

Estará viva na vida que a violentou?

Restos rasgados de um olhar de penumbra
num cântico de mortalha,
espírito partido do olhar estilhaçado,
cacos de vida.

Amor para quê, qual a razão?

Não existe razão ou significado
Dor compartilhada,
comer da mesma solidão,
lamber as cicatrizes sem nojo.
Ver no outro olhar uma lagoa
refletindo o vidro opaco de sua existência.

Nada, um imenso nada,
vidro na água invisível de si.

Olho dentro do precipício e não a vejo.

Não adianta tatear na escuridão de seu olhar
qualquer sinal de Kalimisos.

Wilson R. Nogueira
Nasceu uma flor num favo de fel
beijada pelo sol virou mel
que à noite, quando a viu,
sentiu as cores de seu doce perfume
e a comeu.


No útero da noite,
estrelas sonham crianças negras correndo;
e seus sorrisos iluminam as trevas.


Voavam esperanças
como plumas na tempestade
sobre rubros rios em fúria.


Wilson Roberto Nogueira
Sentou-se à mesa com seus cães
e eles, sequer latiram tão alto naquele inverno.
Morderam-no.

Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, dezembro 23, 2008

Cultura não é Mercadoria

Na sociedade capitalista desencantada, onde tudo é transformado em mercadoria com preço estandardizado, onde através de mensagens subliminares, incitando ao entorpecido ouvinte ou telespectador a consumir por consumir, onde pela insistência de uma receita ‘consagrada’, um best-seller ou uma canção que “emplacou”, e por isso tem sido tocada nas rádios de forma totalizante, sufocando a emergência de novos ritmos, por serem novos e não possuírem apelos de mercado a cultura torna-se medíocre, empobrecendo ouvires e olhares.
Tudo atende aos imperativos mercadológicos, se insere no sistema, é parte de uma ideologia a qual é impercebida por uma platéia idiotizada, que se submete a ilusão da novela, perde o referencial reflexivo de sua condição de oprimida, transformando-se em uma massa disforme de pão moldada pelo padeiro da indústria cultural.
Tal condição se manifesta ao inviabilizar movimentos,que não atendem aos imperativos de valoração mercadológica das ‘commodities’ culturais contra àqueles os quais defendem a cultura como patrimônio intangível, alma de um povo sua identidade,não de meros consumidores , mas parte da nação à qual se identificam em sua conjuntura espacial de destino,na leitura plural de suas manifestações.
É dado relevante a cooptação por parte dos mecanismos de mercado daqueles agentes contestadores do ‘status quo’ os quais são absorvidos oferecendo restrito espaço de manifestação, de visibilidade de sua mensagem, castrando e domesticando sua palavra e práxis.
Como deve ser fabricado e quem fabricará o espelho da suposta identidade, isso de fato é substantivo para a elite intelectual globalizada, da ‘world music ‘ e de maneira geral do que vem a ser’ típico’ do Brasil. O meio transformou-se em mensagem, a arte, heméticamente apreciada pelos meios cultivados ou aquilo que explode no coração da massa na base da raça como traço de uma civilização tropical e miscigenada, pluriétnica, a qual parcela bem-nascida começa a não torcer tanto o nariz. Quem definirá o que é cultura, o Estado ou o Mercado, construir o edifício da consciência crítica ou trangenizar cultura com entretenimento, idéia contrabandeada no riso ou dormindo em meio ao bombardeio de imagens.
A abertura para o diálogo com os sotaques e temperos brasileiros e latino-americanos, enfim o banquete onde o alimento é oferecido ou cai adicto ou ainda nossa dieta básica com o veneno da ideologia no sabor insosso de uma “junk food “.
Precisar lutar com fundas e pedras contra tanques, uma atividade artesanal contra uma indústria e fetiche que determina padrões não apenas às esfarrapadas periferias do planeta, também na Europa, impõe cotasà discriminação e sobretudo a monumental assimetria em protesto contra o “dumping” , que se valendo dos argumentos mercadológicos transnacionais precisam salvaguardar a produção local e o multi-lateralismo cultural nessa guerra por hegemonia, onde mitos e folclore ao invés de vir se amalgamar a substância local termina por anular a expressão da voz nativa.
A visibilidade da alma de um povo trazendo o reflexo da própria imagem , vínculo entre o povo e usa história seu destino comum como nação singular.
O dirigismo estatal pode levar tanto a criação de uma imagem deformada e panfletária, quanto a partir da discussão da identidade formar o nacional a partir da polifonia multi-cultural e não na moldura de um neo-realismo socialista ou a falsificação teatral fascista, mas é fundamental preparar o caldo de cultura necessário para que a massa saia do torpor diante de uma linguajem alienígena, bela mas em sua maioria plana de substância.
Que o estado tome partido de seu povo e não do poder, do governo, levar ao povo a “Kultur “ livrando-o da barbárie.
A reflexão e a busca da sofisticação cognitiva a partir da ânsia por responder as inquietações que surgem a cada nova descoberta, a cada página virada do cérebro ao ler, assistir uma peça ou película;escutar a melodia nos tornam mais distantes dos cães e das amebas.
Entretenimento e relaxamento, remédio necessário mas em doses cavalares redunda em veneno.Tanta gente com AVC cognitivo por ser bombardeada do acordar ao dormir ,até quando pensamos estar nos "informamos "através dos telejornais ,estamos apenas sendo telespectadores de um 'show' de notícias editadas por interesses comerciais .
Quando lemos encartes culturais o que de fato estamos diante é de uma campanha publicitária de uma editora que pertence a um grupo empresarial que detém outros veículos midiáticos. É um dado da realidade, a palavra encarquilhada "sistema"e blá, blá,...é pedra se perpetuando.A sobrevalorização da aparência sobre a essência, para conferir uma embalagem na mensagem epidérmica é eficaz ,embora deturpe e enfraqueça o alimento do espírito(a cultura ),entendido como a "massa-cinzenta" adiposada. A luz que se insinua entre as trevas é a opacidade intuiotiva, ou a saturação do espetáculo por parte da massa , o que se verifica no índice de vendas dos jornais e revistas , o que leva os patrocinadores e financeiras a por mais brindes em oferta.
A função do intelectual é de varrer mitos e por 'mãos à obra ' junto à sociedade ,participando das discussões candentes ,de fundo, da urbe .Cidadão.E não estar confortavelmente se encastelando, subindo ao topo da montanha para escapar do Tsunami da esfacelada e animalizada sociedade. A revolução burguesa que desaguou no desencantamento do mundo,retirou a cultura dos palácios e catedrais da veneração dos demiurgos e dos eupatridas para o comum das gentes .
O que assistimos hoje é o retorno farsesco ao escapismo opiácio espiritual contra as luzes que se mostraram em tal grau de explosões de tecnologia, claridade e drama termonuclear, que pulverizou a certeza no determinismo libertador da ciência e da relevância da cultura como patrimônio de uma Nação (Mercado?).
Nação? Cidadãos ou consumidores?
Sem identidade com seu passado indiferentes ao seu futuro;gado ruminando num presente perpétuo sua ânsia por necessidades supérfluas que abarrotem sua existência de 'sem-vidas' e 'sem rostos'. A nata está podre e pobre de conteúdo por se dobrar à mercadolatria midiocrática, cultura não é uma commoditie, a utopia reside no povo onde brota a alma da cultura.

Wilson Roberto Nogueira

sudores

A criança corre. Boca, mãos e pés sujos de terra. Olhos prêtos de animal perdido. Corre por sobre poças onde bebe uma cadela despelada. O sol queima mas a pele esturricada não sente o calor que açoita com amor. Cai de joelhos o dia, orando pelos olvidados neste deserto à margem do lixo.

O homem feito bicho à disputar com urubus restos de um gambá, ou algo parecido agasalhado com o verde fosforecente de frenéticas varejeiras e uma tonta môsca azul que jamais picara alguém de sorte.

Faltara o olho Salgado, olho mágico na porta daquela mansão ao ar livre de verbo e verve.

Wilson Roberto Nogueira
Minha irmã perdeu o filho de dois anos
e não consigo dizer nada para ela.

Não que o meu coração esteja engasgado,

talvez dormindo,
talvez...morto.

Wilson Roberto Nogueira

Visibilidade Zero

"Quando a viu seminua
à luz da lâmpada de 60
velas Gritou:
"Chega de realidade!"
Os homens não podem suportar muita realidade.
Os poetas,
nem mesmo a pouca,
que o amor lhes oferece."

Háris Vlavlianos.
Voa como um pássaro
o bravo peixe sonhador
penas que brilham ao sol,
como cristais simples escamas.
Simples delírio de um deus
pensando pescar nos olhos frios do peixe
as estrelas ocultas do mar.

O peixe de tanto fugir da fome do golfinho,
vôou, vôou tanto que esqueceu que era um peixe.

Em Kagoshima um fotógrafo sequestrou a alma do movimento.
Um peixe nadando no ar.

Wilson Roberto Nogueira

Angelus


Museu do Louvre (Paris 1859 )
"...uma agonia de anjos violentados por diabos,entre a vermelhidão cruenta das labaredas do inferno. "

Aluísio de Azevedo."O Cortiço".

sexta-feira, dezembro 19, 2008

O que é que existe de humano em nós ?
é o lobo que uiva nas entranhas de nossa caverna comum.
Múrmurios da noite
temperos de sangue.

Wilson Roberto Nogueira

Passarela dos 90

O osso incomoda
é a moda
ela está morta ?
não
está só
cabide de ilusão
só desfilando
no desfiladeiro
de seu olhar
um mero cabide humano.

Wilson Roberto Nogueira
ócio
um vazio
em pleno cio
silêncio
silencio



Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, dezembro 17, 2008

a nuvem chora alegria
ao ver bem-te- vi
saudando a alegre guria.

Wilson Roberto Nogueira
A agulha risca o disco, corre a corrida enfarpelada, faixa por feixe enquanto a música do tempo não para. Em cada ferida endoidecida na epiderme da palavra, uma nova canção jogada fora da estrada descaminhada de alados fiapos perdidos, libertos, para onde? Fogem do faminto horizonte, horrível, multifronte a agulha amputa a melodia, sub verte o sentimento na desatinação do desalinho. Ela olha o olho do espelho, espera na luz, a menina brilhar enquanto a radiola insiste em desafiar a agulha que risca na carreira, o mel do dia . Ela olha no olho do espelho que a lê menina nos sonhos da garoa, o vidro chora ou é a garoa lá fora? A agulha não tem nada ver com isso, risca uma nova canção. Ela não ouve mais, o coração dormiu; miou o gato e, partiu . Wilson Roberto Nogueira
As palavras, babando de tanto serem solicitadas, caem exaustas em bôcas tortas e ocultas por densa névoa, vomitam adubo para outras vozes paridas de sementes gritando em vadias lavas por mais, mais calor!

Wilson Roberto Nogueira
Eu corria atrás de uma estória e ela, corria de mim; quando a alcançei, mordeu-me; e o sangue da idéia escorreu. Não lavei jamais. Agora ninguém chega perto de mim. Livre enfim!

Wilson Roberto Nogueira Jr

terça-feira, dezembro 16, 2008

Minha pequena, perdoe-me essa deslembrança-Precária ponte enevoada sem corrimão;na desrazão da trilha cega; cego ou medroso não me ponho a caminhar nessas tábuas soltas, quebradas e de podres pisares, não me precipito a caminhar, mesmo havendo em seus olhos tanta luz e tanto calor que me bastariam para chegar a ti .Entretanto estaco, como uma estátua de sal ao lembrar por segundos o que o fogo dos céus é capaz de fazer com uma cidade de pecados.
Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Eucorria atrás de uma estória e ela,corria de mim,quando a allcançei , mordeu-me e o sangue da idéia escorreu.Não lavei jamais.Agora ninguém chega perto de mim..Enfim livre!
Wilson Roberto Nogueira Jr

terça-feira, dezembro 09, 2008

Chat Noir


segunda-feira, dezembro 08, 2008

Estou longe da praia
quando ela fala
sinto a brisa do mar.
Wilson Nogueira
Ele corria atrás de uma estória
e ela corria dele pelo temor de
suas sensíveis letras serem
espancadas e sua doce língua
ser violentada.

 Wilson Roberto Nogueira
nasceu uma flor num favo de fél
beijada pelo sol virou mel
que a noite quando a viu
sentiu as cores de seu doce perfume
e a comeu.
no útero da noite estrelas sonham
crianças negras correndo
e seus sorrisos iluminavam as trevas
voavam esperanças como plumas na tempestade
sobre rubros rios em fúria...

Wilson Roberto Nogueira
As palavras, babando de tanto serem solicitadas, caem exaustas em bôcas tortas e ocultas por densa névoa, vomitam adubo para outras vozes paridas de sementes gritando em vadias lavas por mais,mais calor!

Wilson Roberto Nogueira

A ´´Ultima Consorte

A vida dera-lhe tantos socos , que o tapete de pele de sua face
mal servia de testemunha à sua história.
As ruínas não passavam de um monturo onde pele e dentes
desertavam da pálidez; a própria face fugia de si , afogava-se
nos poços negros de olhos sem espelho.
O sentimento não mais escorria, escorria apenas a baba bovina
no hálito de catacumba . Não mais a provar o néctar na seda úmida de uns lábios de mulher.
A carne já não lhe dizia, silenciara a espera dos passos balbuciantes da companheira; deitado e a incaroavel por mais uma noite lhe negara a visita.
Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, dezembro 02, 2008

Wilson Roberto Nogueira na BPP


Cuspindo fogo,
enfado de feras
na voz cimitarreante de pretéritas eras
Silvam serpentes nos olhares dementes
Ela corou, tocada pelo coro das almas condenadas .
Deu um sorriso só, amostra de Paraíso, e comeu;
dádiva oferecida pela serpe pensativante.
Wilson Roberto Nogueira

Vida placebo

Tu compras a roupas dos gostos dos outros.
A tua persona é manufatura coletiva.
Bebo a bebida ou a bebida me bebe o fígado?
Fumo ou a fumaça fuma-me os pulmões?
Embriagado na ilusão da imagem distorcida,
perdida na fumaça do prazer fugaz - Quem tu és diante do espelho?
máscara de cêra da sociedade seletiva. Civilização do disfarce
Pasteurizada estória insípida água sensata do senso comum
de mentiras repetidas paridas de bom-senso burguês.
Feliz fumaça da urbe insolente indolentemente deitada em suas certezas
doente de dogmas amassados pão-velho.
Pro pobre não tem não Só o sermão neoliberal Burguês
bebido pela bebida dos dias cinzas
Feliz pastando na mediocridade
civilização em coma
fumando a fumaça dos escapamentos e expulsando fumantes
assassinos
Feliz espelho das ilusões onde repousam todas as máscaras.

Wilson Roberto Nogueira
Um general em geral não tem mandato para prender a realidade.
Ele não pode mandar prender e arrebentar. A Sombra do tráfico
tem corpo e se agiganta crescendo em meio ao vácuo...
Ou não.

Wilson Roberto Nogueira

Enumeração de um dia qualquer

Acordar. Sol da manhã. A luz que a tudo escurece. Pássaros cantam e voam. Sombras contra o céu. Levanta, tomar banho. Voltar ao útero-banheira. Não! Água que queima de tão gelada. Vida realidade. A vida é um bloco de gelo. Tapa na cara. Acorda ! Tapa na bunda. Nascimento é dor. Um tapa na cara. "Ô cara", acorda ! Ser adulto é estar só. Da manhã o sol extrai esperança. Essa é sua herança divina. A rotina rói o dia. Mais um dia!Bom dia! Quanta irônia oculta na nuvem. Mais um dia cheirando a café e o tempero das "calles" caladas invadindo o oco do estômago de eca quente, vapor urbano,ruas sonolentas de zumbis como fios de fumaça de velas a se apagar. A urbe se espreguiça despertando os trapos onde dormem seus resíduos. Vagam com o vento folhas secas sopradas, fogem para longe. Enquanto correm, dançam com o vento tresloucas. O rato corre o rato foge Gabiru come do lixo cobre o rosto, a cara o resto, rasteja para longe o condenado. As células da cidade também tumorizam e morrem. A cidade desperta e estica seus tentáculos gesticula e revivenas suas veias corre feerica insaciedade, faminta por sangue, dinheiro e vida famaluz efêmera, descartáveis personas,zonas luminosas, luzes foscas, calientes fossas ;Pantagruélica devora vida, mastiga sonhos e vomita exclusão.O bêbado cai e dorme de morrer em parcelas . Para que a pressa? A cidade ainda respira oculta na fumaça.
Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, dezembro 01, 2008


Bom, a serpe também sorri, rio de lâmina, navalha lambida. Sorri a serpente demente, tateando com a pele num lânguido apêlo. Dor, Sorri rumorejando a tatear com a pele lustrosa e lisa, gelada de sentimento, lamento lancinante. Oh olhar ausente,sinuosa e sensual serpente,serpente de suposto veneno.
Wilson Roberto Nogueira

domingo, novembro 30, 2008


sexta-feira, novembro 28, 2008

Minha irmã perdeu o filho de quatro anos e, não consigo dizer nada para ela;
O meu coração não está engasgado.Talvez dormindo ou , morreu.
Não está em julgamento a ausência de sentimento, essa máscara de grosso pano
que não me deixa respirar. Não consigo ver a luz das pessoas. Nada leio em seus rostos;sequer na lousa da minha irmã. Mas prossigo assim mesmo como um bêbado na escuridão , espero. Bem da verdade não ligo se causa dano o oco da minha alma .
Mas por que o silêncio da madrugada me dilacera o ouvido?
Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, novembro 27, 2008

Ouves veladas súplicas América Profunda

Um cântico vindo da alma da noite
entre árvores de frutos negros e templos
em viva chama
iluminando a escuridão como cruzes
incendiadas de ódios
sombras de serpentes entre o algodão
no coração sangrando do Velho Sul.

A esperança tinha um sonho
que fora abortado por um tiro medonho
o sol despontou do pesadêlo(?)
da luta entre irmãos
enfim sangue negro,branco são
de uma única raça
a Humana.

Áquela luz de esperança nos céus da América
será de um cometa , estrela cadente no decadente
céu da intolerância.

Ameaças rugem das vísceras da América Profunda .

Dezenas de americanos proibidos de sonhar
o American Dream do American Way of live.
Outros milhões embaixo do tapete das prisões
vivendo o pesadêlo enquanto o Capitalismo de Apadrinhados
e seus frutos doces de trilhões de dólares
alimentam cada vez menos bôcas .

Enquanto a América
se arremessa em aventuras militaristas
que sugam a seiva de sua falida economia
Que aliéns sustentem pagando as irresponsabilidades.
A guerra é um negócio;um empreendimento terceirizado
privatizado de Estados-Corporações corsárias.

A bandeira moral da América é exportada na boca de seus canhões
nas bombas que debulham as cidades estrangeiras
é a força dos seus torturadores em seu campo de concentração
A superioridade moral da civilização ocidental está cristalizada nos
corações e mentes de todos os povos do esgoto imundo.Ops
do Terceiro Mundo.

A liberdade imposta pelos coturnos das tropas de ocupação
A sede de sangue ,a ganância ,a vileza...

Change América
Now!

Será que um filho do stablishment renegará aos seus?
Progressista ou "Liberal " o discurso derrubará os muros
dos sólidos interesses do Petróleo, do Complexo militar indústrial, de Wall-Street?

Change America !


Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, novembro 25, 2008

25 de novembro
Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres.

Uma em cada três mulheres é alvo de violência na sua vida.

veja o video:
Do Estigma à sobrevivência
Andréa Motta

Na penumbra da cidade
brilho de lantejoulas
seios desnudos
lábios pintados de carmim
no corpo lanhado
tatuadas as marcas do desamor
Escoriações
hematomas
carne rasgada
alma amargurada
Nos desvios do tempo
Delitos, impunidade e dor,
violência doméstica
violência urbana
Nas esquinas um olhar
de menina amedrontada
não há lágrimas nem sorrisos.
Só um silencioso pedido de socorro
entre sonhos adormecidos.
No jogo da sobrevivência,
Sombras escamoteiam o medo.
No desenho da calçada
Rostos anônimos
gigolôs, prostitutas
sofismam pelos cruzamentos
escandalizando crentes
Loucas sombras funambulescas
na solitude noturna
conspiram versos desencantados
num pacto com o diabo
Mas o tempo, tal qual um sopro,
leva sem remorsos
o silêncio da noite, as escoriações
os hematomas, as mãos vazias
a dança do neon..
Na cauda do vento, a fantasia
por um instante,
insinua-se nos olhares castigados
suavizando-os.
Não importa
onde pouse o olhar
não importa
a identidade
nem o coração partido
Não importa
a desventura
nem as portas fechadas.
A alvorada traz a denúncia,
Incitando à liberdade!
quando cada um segue o seu destino.
Responder

sábado, novembro 22, 2008

Trechos traçados pela troça da traça nas pulverizadas folhas do saber ;
dentro da estante daquele que nunca leu :na taça dos sonhos despidos de explosões e calmarias
nas vivas vozes dos poetas mortos à copular celulose ,o apelo silêncioso ,leia, ate a tua reflexão de traça.

Wilson Roberto Nogueira
médicos ocos
ocres lacres
crepitam cretinos
in-sipidos sapientes
insalubres breus
in-out nos olhos teus.

Wilson R. N
Palavras
sons
-cores cafres
calavam no core
Lauras várias
sons odores
larvas palavras
ávaras lavas
fragrantes de fogo
palavras laboram
larvas.
hervas-daninhas
Palavras
sons de heresias

surdas.

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, novembro 21, 2008

Diálogo ao Pé da Cova

Com mêdo do quê? Viver para sofrer ganhar com a perda da dor de alguém. Quêm? Viver é morrer um pouco todos os dias .Para que a pressa? Se é a solução, a poção mágica caindo caindo na goela, lá, é Estar Junto! Melhor sem ela. Quem? A Morte ,a última consorte. Com sorte, ela não me queira! Só mesmo diante do túmulo de algum suicida sem sorte. Sortilégios chovam na campa ao alvorecer ! Lençol sobre a planície negra.

Wilson Nogueira
O sopro de sensualidade
sopra para longe a solidão
uma breve brisa
do teu perfume insere na lembrança
a melodia do mar. Amor de maré,
amor sem esperar
vida à deriva nas planícies do luar.

No teu olar outros mundos
Ama de esfinge à dançar
no fio da lâmina.
O sopro no último alento
além do sofrimento
sofrer é tão banal quanto amar;
morrer e ressussitar ,é sónho ou
é pesadêlo,dor de cotovelo

Hormônios anarquistas , sejam racionais,
mantenham a ordem e obedeçam ao cérebro !

Amor é só um sôpro em chamas à iluminar efemérides do coração.

Confundir Amor e paixão
é deixar cair a alça do caixão
Quem morreu primeiro?
O pão nosso sólido de sal moura doce
serenata serena.

Bombom é bom se for de chocolate e tapeia.

Wilson Roberto Nogueira

Annette Pietrovna

Tanto te apraz
o gozo de outrem
ou o cadáver
vidrado em ti.
Wilson Roberto Nogueira
Dor
a vida te
desperta
a serpente
em alerta .
Wilson Roberto Nogueira
Só o suor salva
na saliva
o teu sabor
rosado.
Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, novembro 18, 2008

Na gota de lágrima
o brilho do sorriso
um pequeno sol
na lagoa mínima.

Wilson Roberto Nogueira

Inseto Âmbar

DOR NO VENTRE ÂMBAR
MOSQUITO SONHA QUE É PEDRA
SONHO SONÂMBULO
PARTÍCULA DE ETERNIDADE
INSETO ÉTER A PICAR AS ERAS

ELE ZUMBE A BULINAR O SONO
QUE FOGE E SE PERDE
PERDE-SE NA PEDRA
PEDREIRA PEDRARIA
DE CASCALHOS EM CASCATASSS
SONO QUER SONHAR
QUE NA MORTE VIVE OUTRA ALMA
NO COÁGULO DA IDÉIA
MAS O SANGUE DO SONO
O INSETO SUGA

OS MOSQUITOS SÃO ETERNOS
ETERNAS LABAREDAS DE FEBRE
NAS SELVAS DO TEMPO.

WILSON ROBERTO NOGUEIRA

O Bodum

O bode entrou na sala ,comeu a cadeira e espalhou bodum.Quem o colocou lá ninguém sabe, mas todos aplaudiram aquele que o retirou e emprestou dinheiro para comprar outra cadeira. O povo feliz,em débito, sorriu agradecido o acontecido. Acabou em buchada de bode. E o coronel foi o primeiro a comer o bode de sua criação. Mesa farta e seu gado mugindo feliz... foi reeleito!

Wilson Roberto Nogueira
Poesia é poeira soprada
pela brisa
de um sorriso da alma
filosofia de folhas
incendiadas ao sabor
de incensos nas ruínas
da terra .

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, novembro 14, 2008

Na véspera da minha morte
bebi a vida
sedento
-Em cada gota
flamejante da tua palavra
-colheita de mandrágora.

Wilson Roberto Nogueira
Na geada do teu sentimento
granizos vertendo
de luas imensas
prateando luzes sem calor
gotículas de ácido furando
o agasalho do amor.
Wilson Roberto Nogueira

Hospedagem

Ele não era poeta mas a sua alma era a morada, a caverna onde espíritos vadios se hospedavam de quando em vêz. Soprava um vento cortante a navalhar a linguagem A traduzir signos de tempestades ou era apenas a fúria da loucura represada na carcaça da caveira de ossos trêmulos pelo frio curitibano. Onde até as pedras cantam estórias de calçadões assassínos e famintas bocas-de-lobo engolidoras de pacatos pedestres. Ainda que distraídos ,venceremos .
As touradas nos bailes da morte com as mortalhas de aço dos autos embriagados de álcool e gozoza morgue onde cantam os poetas tortos "sem musas nem deuses" mas também sem adeuses só olás de lama meta física.
Wilson Roberto Nogueira
Ela mudava de cores como um dia de verão, era quente de manhã até o sol ausente, permanecendo leve como uma brisa marítima e o seu sorriso sorria das manhãs de inverno. Manhãs de inverno paridas de lembranças- sementes de chamas, asas saudando o céu cinza - carvão à germinar diamantes. Tempo, vaga lembrança do sonho, das sombras saudosas do sol que se despe da chuva gelada .O calor dela lança um olor à lembrança da pele. Leves são os ventos das tempestades do coração.

Wilson Roberto Nogueira

Papel de Pária

As mordidas dos ratos lembram o sufoco das celas.
A noite abre a janela para a paz.
Uma garota entra á procura de sexo.
Um resto humano rouba um bagulho
nada te moe tanto
quanto as mordidas dos ratos a te lembrar
de tomar um teco.
(Voltaria para meu Sertão
um dia...
pensei que seria...
de avião. )
Esse dia
está entre as nuvens em meio aos tiros
e aos clarões das batidas de RAP do meu coração.
(Lá longe ouço um carro de boi...
FUI.
a vida não mais me pertence.

{Viaduto Ludge. Catador dorme em uma fresta , na divisória de cimento que separa duas vias} Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, novembro 13, 2008

A Dança das Bruxas

Chuva de facas finas,
O samurai abriu uma fenda flamejante
no espírito com facas Guinzo,
Um jato de sangue a cada lambida
do aço das críticas. O olor nauseabundo
do ente etéreo,
fumegando podre,

E logo ali, as bruxas dançando
no Sabath em torno da fogueira,
voaram alto contra a lua
e as trevas,
se povoaram com suas gargalhadas.
Voaram,

voaram sobre o Monte Calvo,
o fogo-fátuo do falso fantasma.

Vida enfim,
vida Ranascendo enfim,
renascendo.

Com o beijo frio de adeus da lua,
um ciclo se finou.

É preciso morrer

para que a partir dela,

da morte,

a vida

ressurja.

Kolodycz Blur
Suspira o vento
velando a lágrima
que mareja a lagoa.

Solar de uma mirada
enluarando o espelho
da alma.

Nadam pupilas,
procurando no fundo,
tesouros de oceanos
na concha
de um caramujo.

Wilson Roberto Nogueira
Nas cicatrizes do velho muro
lamentações do mundo inteiro
Entre as pedras a lágrima da rocha
chora
pelo humano húmus .

Orvalho de chuva ácida
ou limo _Que importa!
Se as portas
cerradas só deixam a nú
a epiderme da pedra
e ruidosas ruínas
peregrinas...

Wilson Roberto Nogueira
Pilhas de livros
sabor de cinzas
piras sativas
pirâmides de celulose e couro
foguedo de fogo-fátuo
jogo no fogo das vaidades
fogueira magnífica
dança sabática no Monte Calvo
vento tocando violino
para as cinzas das horas negras
bailarem.

Wilson Roberto Nogueira

pedra drama matriz

Dentro
daquela palavra ígnea
uma lava gerada na dor
a devor ar de incêndios
a lava do verbo.

Wilson Roberto Nogueira
A nuca de uma jovem a taça de seus ouvidos, o contorno de suas costas - o fogo do olhar daquele que a degusta cerimonioso. Arde seu íntimo na lente do olhar - fogo intenso, o gesto da mão a encobrir a pele ruborizada, a água do corpo a ferver hormônios. Volta-se o olhar da jovem com um sorriso. Estou morto no paraíso - um ósculo febril e abre-se a porta do inferno - da dor que vivifica.

Wilson Roberto Nogueira

cisco

Só um susto
um cisco
soprado
voando livre
pelo prado.
Arde a liberdade
efêmera
no céu infindo
a olhar
esperando
a quem o grão
de pó travará
contato.

Wilson Roberto Nogueira
Teu corpo de porcelana polida
excede em valor, todo o engenho
e toda a arte.

Arde aguardando brilhar
ora velada em seda
a queimar ao sol.

Teme partir-se
mas
como anseia saciar.

Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, novembro 06, 2008

Sombra eterna por que me persegue?
Sou pequeno diante de ti! Meu pai!
superado na morte; livre!

Tarde piaste!

Wilson Roberto Nogueira
O ritmo é o silêncio.
O silêncio é a música
da alma se pensando
até se ouvir na voz
enviezada da linguagem

Wilson Roberto Nogueira
O grito de crianças faz muros desabarem?
Jazem sonhos na Bíblia da esperança
Voam folhas até sangrarem nas farpas de aço.
Não levem
A mal...
Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, novembro 05, 2008

Refugee Camps of Benako,Tanzânia 1994


Memória do cadáver

Uma busca desemfreada rumo a lugar algum.Assim começa o inicio do fim.Na esperança do dia finar assassinando qualquer luz.Pulando escuridões como quem salta carniças.

Pressa...pressa e os minutos a escorrer ,pingando sangue do nariz;olhos secos.Nada dói tanto quanto o tédio.Os urros do silêncio das pastosas horas diante da caixa de vozes estéreis e imagens nulas a sugar o sumo do cérebro,fazendo brotar, verdes sinistros apodrecimentos na lente entorpecida da memória . Acorrentado à gravidade da cama,serena sepultura que chama para o sono sem sonhos ,um cálice de morte sabor de miséria e derrota.

"Cirenes soam lá fora!"

"É só a polícia."

"Tiros!"

"É só mais um assassinato".

Nada tem valor para ser guardado para quem não é ninguém.Pelo menos os vermes e as baratas discordam.Presume-se.Um prato saboroso na sepultura,madeira podre sem ser de lei.também,nunca obedecera a norma nenhuma, a nenhuma ética.Só a etílica.Bom,não precisou de formol.

(Está exposto no Museu Schadenfreudeutsch de Arte Moderna,plastificado por algum artista pós-moderno da pós-arte ou pós-qualquer coisa.O rosto e as entranhas. A propósito o ingresso custa 30 Euros,serve uma romena )

Wilson Roberto Nogueira

Chuns

Nefélito nefelibata
sem a bata,nú !
Não me bata
Talvez eu goze
ou não?
enxergue-se anão!
Tem quem goste!
O poste do João?
Sei não,...sei não
Só no Ceilão o suor é doce se você é amaro.
Surrupiando do sol a luz para cegar as trevas dos anzóis dos teus faróis
olhos espectrais atrás de nuvens nuas
vestes das almas vestais
Mas só um cadáver sem a bata.
Pode bater
ninguém vai entrar.

Suspira o sono da televisão solitária
Só um sexo em tecnicolor
sob os reclames da touca :
" sono leve,ela vela por você"
Ele não era poeta mas a sua alma era a morada,
a caverna ,onde espíritos vadios se hospedavam-De quando em vez.
Só soprava um vento cor tante a navalhar a língua pajem a traduzir signos de tempestades ou era o eco das eras na fúria represada da loucura a cara carcaça sã da caverna da caveira.
Wilson Roberto Nogueira
Não me puxe para dentro da tua vida engolindo-me com a tua boca de cadela louca para depois enterrar o osso e depois esquecer em alguma campa, em outra cama por aí outra sombra
Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, outubro 30, 2008


Vou levando
mas não na valsa
que nesta dança
a vida
me pisou no pé.

Wilson Roberto Nogueira
Uma foto que fala ao coração das trevas
na face oculta por um brilho opaco
diante de um espelho partido onde
escorre a tinta sangüinea do pesadêlo.
O vento bate à porta que reage rangendo
maldições só por instantes
tossindo crepitam corvos em carvalhos sêcos.
Outra foto que fala ao coração das trevas,
na névoa da manhã sombras asombram
assanhando sonhos de insandecidos bruxuleios
caminham casais entre as lápides.
Só o sonho de uma foto que se incendeia
furando a mortalha de estrelas.
A efêmera fogueira que copula com a esperança
num poema que sangra no silente cio.
Wilson Roberto Nogueira

O Sonho da Sombra

A vovózinha SuIen, com pano na cabeça e avental amarrado à cintura, a cortar a carninha para a netinha, e Su-Lin, a pequenina pequinesa - comensais da mesma tijela trincada. No ano novo Su-Lin foi para o prato e a netinha - pro mercado ver se levantava, com suas lágrimas, alguma gôtas de oiro para a querida vovó na calçada da esquina da Adaga Cega - onde conseguiu enfim, ótimo preço!
Wilson Roberto Nogueira

Sobras

Na textura do percaminho
veias assinam o teu caminhar
a viagem sanguinea arde
mas não é uma demi-morta o viajar
é transplantar o hálito doutra alma
no amar dançando na incerteza .

Wilson Roberto Nogueira
Passara os dias em penúmbra ,
quando saía ,
torcia sombras
garroteando o pescoço da verdade
sentindo a carne pulsar
ferver até..

sobrou apenas pedaço de barro
de um vaso barato quebrado
na escrita de uma sombra rasa.

Wilson Roberto Nogueira
Um pássaro catando lágrimas
do vento
beija num canto solitário
o encanto de viver.
No resto do dia
alimenta-se da fantasia
daquela criança
que mesmo de barriga vazia
sorria para as nuvens
a imaginar carruagens e anjos
Enquanto em volta de sí
as sombras
se banqueteiam nas ruínas.

Wilson Roberto Nogueira
Você,
que sozinho sonha
multidões,
reflexos dos olhares
ocultos
sob as pálpebras
do esquecimento.
Aqui jaz
uma abantesma
que assombra-te,
mas te desperta
sussurrando...
Wilson Roberto Nogueira
Fecha a janela e se encapsúla nela
e perde-se no espaço
enevôa-se a mente ela
está em segunda.

Diga a sí numa segunda sem feira
nem samba no coração.

Wilson Roberto Nogueira

Semeador de Sementes de Serpentes

Só estando louco pôde o Tirano olhar para as entranhas dos seus crimes. Mesmo assim, insano assassino, beija a bela filha papai atencioso. Não fuma outra fumaça, que aquela emanada do carvão de suas vítimas , não bebe outra bebida que o sangue de sua vingança. Ao olhar para dentro de sí ,encontrou as trevas quentes de sua íntima felicidade.

A Guerra a gargalhar ,a miséria mãe da Fome a bajular da Guerra a dádiva O ouro negro, o poder a opressão a oração ao bom Deus do democrático e abençoado direito de matar e oprimir em seu Nome.

Um brinde à insanidade dos governos e seus opositores e a gente simples que recolhe seus pedaços.
Wilson Roberto Nogueira

the soldier drinks (1912)


quarta-feira, outubro 29, 2008

Cortei a corda.Botei minha Verdade no papel

Cortei a corda. Botei minha Verdade no papel.

Quando nasce como todas, qualquer pessoa,
Vem ligada a alguém, para ter cortado o cordão,
Deveria na seqüência privilegiada, sentir-se livre,
Para a nada ou coisa alguma, nunca mais se prender.

Mas há uma voz muda que na consciência ecoa,
Fazendo que em grupo seja ouvido o bordão,
"Sem direito a vida, a liberdade se prive",
E em tempo de vivência, aprisione o Ser.

Existem pessoas que inventam umbigos outros,
E se dão a enfrentamentos que nada trazem,
Espelham-se em imagens que pensam tê-las,
Sentindo o frio ..., delicioso, e sem ler as entrelinhas.

Pensam prazeres, mas vivem ilusão atroz,
Assim seguem ..., e para mudar nada fazem,
E ao invés de alçarem-se livre, às estrelas,
Rumo ao chão, sentem-se pequenininhas.

Pois o ser que quando se sabe livre ..., voa,
Só fica preso pelo humano, como marionetes,
Amarradas sem vida, mas com movimentos,
E quando volta a lida, é para o mundo caduco.

Pois aquele grito mudo, no ouvido ainda ecoa,
E ficam as pessoas secas de lágrimas como se inertes,
Em medos e máscaras que não mostram sentimentos,
Ajudando o semelhante, a permanecer maluco.

Assim essas pessoas mantenhem-se a nada incorporadas,
Pensam-se almas unidas no fundo dos abismos,
Excluem-se depois de cada coisa que foi usada,

E permanecem assim para sempre, gêmeas do nada.


Corte a corda ..., e ponha a sua verdade no papel.

Olinto Simões

terça-feira, outubro 21, 2008

merde

É de uma velhicidade
velha cidade feliz
entre os vales
entre os olhares
ao sabor dos cafés
mesmo sem cafunés
seus carinhos na vaidade
irradiam de luz o rosto da atriz.
Wilson Roberto Nogueira
http://blog.uncovering.org
A agulha risca o disco,
corre a corrida enfarpelada,
faixa por feiche enquanto a
música do tempo não para.
Em cada ferida endoidecida
na epiderme da palavra
uma nova canção jogada fora
da estrada descaminhada
alados fiapos perdidos
libertos para onde ?
fogem do faminto horizonte
horrível multifronte
a agulha amputa a melodia
sub verte o sentimento na desatinação
do desalinho
Ela olha o olho do espelho espera na luz
a menina brilhar enquanto a radiola insiste
em desafiar a agulha que risca na carreira o mel do dia
Ela olha no olho do espelho que a lê menina nos sonhos
da garoa ,o vidro chora ou é a garoa la fora.
a agulha não tem nada ver com isso risca uma nova canção
Ela não ouve mais o coração dormiu
miou o gato e partiu .
Wilson Roberto Nogueira
ê
http://www.dw-world.de

quarta-feira, outubro 15, 2008

semente de tocaia

Passava a piaçava na rubra terra escaldante
assentando o chão sobre a palavra da palavra
cerrada
dentro do grito da semente ausente centelha
naquele paredão deitado no árido mar do sertão
uma cova rasa calada no anônimato
Uma flechada de fogo perfurou o pulmão
da escrava condição parelha
a moeda mordida ,ouro de tolo
da dignidade exigida
o Cão no papo amarelo descansando à sombra
a espera da vassoura parar de varrer o pó
do pó da terra o pó humano aD'us
o pó sobre o pó do jarro quebrado a sonhar
que o dinheiro é liberdade e o povo não é gado
nem aqui nem na cidade
com os cobres o cobertor é quente no inferno.
Wilson Roberto Nogueira

trilhando sobre ramos
llorando sob páramos
sorvendo luares em gotas
de prata
lascas de metal a rasgar
a carne barata
nadando nonada
vazio de Ser
éter...
Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, outubro 10, 2008

domovoi

A criança olha para dentro do fogo
que dança no crepitar da lenha,
e se vê ela própria a dançar
de mãos dadas com as chamas do imaginar.
Ela sorri enquanto atira
para animar o baile das labaredas
mais mirrados gravetos.
Mas a festa acabou
quando
a mãe a agarrou
e para longe da lareira
a levou.Protegendo-a
dos diabos ocultos nos fogos dos lares
habitantes das lareiras e fogueiras
esperando por uma mãozinha de criança pro jantar.
A mãe se persignou e diante do Sagrado Ícone orou.
Lá fora o vento cantava uma melodia para a alcatéia
sonhar que estava saciada de sua milenar fome.
Mais uma noite sob o cobertor cinza.
Wilson Roberto Nogueira
Antes de ver
Haver sonhado
Antes de ter
Saber ter caminhado
na busca do ser.
Ver antes mais além
entre as sombras brancas
na neve escura a cura
para a cegueira
entre tantas
fogueiras fritando no silêncio
a fria chama dos holofotes.
Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, outubro 08, 2008

Traças e Lagartixas

Não encontrei a camiseta listrada, as traças se prenderam nela. Elas se amarram em listras. Vivem à margem e a espreita. São muito cultas e tímidas, não gostam de luzes fugazes. A vida delas é breve, então para que tantas luzes?

Embora elas amem as palavras, as devoram, como umas "alfacinhas" , qual lisboetas da Alfama.

As pessoas só se ocupam delas quando encontram caminhos indesejáveis e "buracos negros " naquele livro tão precioso. Viva os e-books e notebooks ! ? Existem formigas que apreciam o "tempero " dos conduítes e chips.

Quanto aos meus bolsos...

Há muito tempo que elas comeram o fundo dos meus bolsos. Bom, eu nunca tive fundos para depositar, mesmo no raso dos bolsilhos.

Famintas essas leitoras de Flaubert, as vezes flertando com Dostoievsky.Elas não recusam as saborosas letras imortais.Gostavam de nanquim agora qualquer tinta fast-food made in China está servindo.

Naftalina!? Não! Sou contra toda forma de genocídio,não mato uma mosca,quanto mais uma aplicada traça burocrata. Ela só quer um papel,um pano ou uma célula morta,Não é muito.

Até a visita da lagartixa. Agora os passos, os traços da traça estão mudos. Nenhum mistério novo na página do romance, nenhum caminho de ausências nos panos e nos papéis. A fome ficou ágrafa.

A lagartixa fica ali, com sua presença verde mas quando precisa e lhe apetece fica da cor da parede,principalmente quando namora,mas na maior parte do tempo,fica lá no teto,muda, lagarteando perto da lâmpada dando uma de "João Sem- Braço" para comer uma incauta mariposa.Olha para baixo curiosa com as humanas insanidades do escrivinhador, agora sem suas fiéis leitoras, as traças, assassinadas pela sanha insaciável da nova moradora, a qual não lê mas filosofa num estilo... meio zen... meio existencialista,uma observadora do cotidiano...
Wilson Roberto Nogueira

view of toledo (c1597)


Deitado no divã divaguei
e no meio da travessia do
delírio cai em mim.
esmagado gozei gazes de
páprika
Cadente como um cometa
riscando arrisquei
o céu prenunciando no prepúcio
da decadência
a ejaculaçõa precoce da abundancia
inútil da esperança
O desespero das asas que perderam os braços
E só os lençóis soluçando viúvas tão tenras
na areia doce de suas pêras.
Para escrever mnha estória na sêda de seu corpo
não logrei legar sequer uma letra sem rasgá-la
na fibra mais delicada de seu perfume.
Wilson Roberto Nogueira

the shootings of may third1808


http://www3.hi.is/~gylfason/painting.htm

encontro de perdidos

A bala insandecida procura um coração generoso de ,uma alma perdida.

Um risco traçando na noite até o ponto final sob o olhar de prata.A única testemunha a lua,
silenciosa amante,velando a última chama no hálito do último beijo.Não há vagas no necrotério-só valas a céu aberto-,mesmo morto continua um sem-teto; aguarda-se que encontre condução,contudo a mercadoria espera.Não tem valor.Não tem fígado,não tem rins,coração imenso-tudo devorado."Caíra a casa " do malandro ( ?) (desde sempre).E quem o encontrou na última esquina do último bar: uma bela bala perdida de uma máquina gringa da mão de um "soldado"de dez anos que atirou para impressionar uma gostosa "cachorra" .

Chove em fim batizando de cachaça e cocaína o esgoto da Babilonia.

Wilson Roberto Nogueira

Berlin street scene (1930)


quinta-feira, outubro 02, 2008

Voce

eu que por pouco não sou transparente
apesar de minha solidez aflitiva
filho de todas as razias
eu que por mais um pouco seria invisível

que saio de casa para entrar no mundo
que enxergo, como henrika,
peixes nas poças de chuva

eu que sou um franciscano brutal
que alimento os pombos com parafusos
um relógio onde o tempo se estraga
que nunca superei as drogas
que não venci aquela paixão
que não posso ver uma mesa de cartas

eu que como papel entre
tragos de tinta
que tenho a chave para as praças da cidade

eu que bebo com os cavalos as águas estigiais
que oxido a lua de urina
que construí escadas que vão dar no teto – como
madame winchester –
que inventei janelas inacessíveis
construí mansardas sem alicerces
na mudança meus fantasmas
e uma mitologia de cães cegos

eu que sou esta florescência de miasmas
cuja alegria é uma careta
cujo sangue é de auroras
cujos ossos são de tijolos e a alma
de querosene

meu sonho será apodrecer
exalando música

eu que guardo uma gaivota na traquéia
que tenho cabelos no coração
e rins de diamante

que saio pelas ruas, charanga de calúnias
que vadio as estrelas
que desconfio dos poderes sobrenaturais
da linguagem
e ainda assim digo, grito desesperadamente as coisas
como arrastado por um desacampamento
de ciganos, como se uma guerra (ou uma saudade)
começasse por minha causa
como se um mágico tirasse moedas de minha
boca e as esferográficas guardassem a velha
herança das navalhas ruins,
como se houvesse fios de alta-tensão
entre nossos corpos

eu que vivo o precário vaudeville dos instantes
que aprendi a dar cambalhotas
com os bobos
de shakespeare e os retardados
cujo bom-senso é o estopim da combustão
cujo reino é uma cratera
cuja coroa é o nariz
do palhaço, e o assassinato um ressuscitar-se

eu que sou, às 4:00 da manhã,
a única janela acesa que me intoxico de deus
que perdi a identidade, o ônibus, a graça
e os sisos e o bilhete premiado
e o fio de ariadne,
a lembrança do inferno e do paraíso

e volto para casa sangrando
como quem assobiasse

eu que faço parelhas aos afogados
que sempre quis ser o poeta de tróia
o poeta da boca-de-fumo, o poeta de porta-de-cadeia
o poeta dos obituários, o poeta oficial das alvoradas,
o poeta oficial da vila hauer
e que, ao fim, não sou poeta oficial
nem de mim mesmo

eu que toco trombone
dentro de uma piscina vazia
eu que tenho queimaduras de terceiro grau
por dentro que cato os rebotalhos da cultura materialista
e reciclo
do jeito que dá e não dá
e junco de esperança
todos os impedimentos

eu, exilado do país infinito
que manipulo venenos, que enlouqueço sozinho
um ser fronteiriço
entre azul e precipício
e subo a montanha
como um profeta que engoliu a língua

eu que escovo os dentes
com chuva e maçarico

eu, meu corpo
que tenho a espessura da vida
e o peso exato de minha morte

eu
coluna de fumaça
espelho quando mente
ferragem retorcida
rosto em branco, sem traços (como um edifício ou um anjo
transitório)
minha cara inconfundível

uma palavra
(r
el
âm
pa
g
o) que não acaba nunca


Rodrigo Madeira
Suspira o vento
velando a lágrima
que mareja a lagoa
Solar de uma mirada
enluarando o espelho
da alma
nadam pupilas
procurando no fundo
tesouros de oceanos
na concha de um caramujo.
Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, outubro 01, 2008

celeste em tarde nascer

sequestrei o sol do teu sorriso,
o escondi e dele me alimentei

quando voltei para sugar
silêncioso, mais do teu calor

encontrei tua alma
com um sorriso sem dentes.

um estreito riacho sem pedras
preciosas

seus olhos, azulescência pura,
eram agora o fundo de um lago

sem o soul da sereia que dançava
em ti.sequestrei o sol da sua alma

agora escravo
vago condenado

assassino da tua luz.

Wilson Roberto Nogueira

O Guardião das Horas

Não sou feito de aço,
eu enferrujo, por isso evito ventos fortes
lágrimas à toa.
Como da primeira vez.
Pareço feito de areia,
então escorreguei por entre seus dedos.
Mas foi a última vez.

Sou um bandido alado, impreciso,
roubo a substância do abstrato.
Me comunico em
panfletos colados nos postes, cartazes nos tapumes,
muros piccahdos, estampas de camiseta,
adesivo de carro.
Tenho apenas cincosentidos,
todos voltados para a contra-mão,
e mesmo assim reconheceria a sua voz até no inferno.

Eu viajei vezes e vezes por você
sempre um segundo atrasado
leve, leve, leve e esperei...
as 7 voltas nas muralhas de Jericó
os 3 dias pela ressureição
os cem anos de guerra e solidão
os nove meses no ventre da tua mãe
mas somente aprendi as leis do tempo
quando li as linhas da tua mão.

A poesia não espera pela inspiração
o amor não espera amadurecer
a dor não espera o perdão
a fome não espera a sede
a vida não espera o fim do expediente
o sol nunca espera pela lua
e eu não espero mais por você.

Luiz Belmiro Teixeira

Menção honrosa prêmio Helena kolody de Poesia 2007

quarta-feira, setembro 24, 2008

Dentro da frigideira
um olho pálido olha
o olho e pia pingos
de lágrima acebolada na pía.

Wilson Roberto nogueira

Nas beiras da banalidade

Nas beiras da banalidade gente
que morre espancada faz parte
da paisagem da cidade
A miséria é equipamento cultural
da selva do turismo social e sexual.
A beira do abismo a fera pára
mostra os dentes do desespero
e a mortalha encobre os escombros
dos vultos que votam
dos vultos que vagam ganindo de fome
à mendigar dignidade em orações encharcadas
nas escadas dos templos.
A fé é um artigo muito caro
porque todos procuram
nas lojinhas das Igrejas onde o Cristo foi despejado.
Ele não atendia aos requisitos do Deus Mercado.
Wilson Roberto Nogueira

depois da tempestade

Ela deu um pito no pato que pateara o tablado,espalhando aquela areiazinha de ração na grama do galinheiro.

O galo galhofeiro cacarejou até ficar gago ,cantou a coroca Candoca-um galho feio que de susto ,pipocara ovo aflito .Que dormirá na frigideira.

Enquanto a nuvem fria ,parideira de tempestades ,postada como beldade ,esperava o galanteio da noite...

Na manhã seguinte o galo não cantou.

Contudo galinhas patos,gansos e pintinhos estavam livres,nem sinal de insumos das fábricas humanas os quais jaziam sob os escombros da Casagrande.

Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, setembro 17, 2008

Ele era um banana para com as supostamigas
mas shootava o rosto do cão caído ou cadela
na esparrela de morder o próprio rabo bobinava
cinderela seja por um incêndio na ruela
naquela mesma rota rasgada
afogada em papel de arroz
com feijão comia e a vida miava num só saravá.
Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, setembro 12, 2008

No espelho enevoado
fantasmas dançam o
último baile .
Wilson Roberto Nogueira
Nas pernas da poltrona
a cabeça de um leão
sonha reinados ilustres
olhando lustres de cristal.
Wilson Roberto Nogueira
Foi atrás dela mesmo estando em Santa
Catarina e não sendo santa
tossiu milagres de sangue.
Wilson Roberto Nogueira
Saiu do coma
como /
comendo esperança
acordou e correu
roeu a corda
e caiu na vida.
Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, setembro 11, 2008

The Pillars of Society (1926)


Feras verazes

Na busca da verdade os caminhos de muita luz cegam as passadas,escondem as encruzilhadas.As certezas colocam cangas na reflexão.Os senhores absolutos da verdade escondem o rosto na máscara envernizada velando as pustulas do vício no porejar retórico da emoção acorrentada a mistificação do poder.

O útero gerador da rocha. o dogma soterrando almas enquanto cascalha hinos de louvor e salvação .Onde está o Verbo?não nas pálavras dos palácios construídos sobre os ossos dos cordeiros devorados.De toda verdade manifestada na fé dos poderosos sopradas ao vento apagaram o fogo da liberdade e do amor,restando os chacais do ódio ,o rancor e a fome devorando de doenças os escombros que se abandonam nas calçadas.

O sal da terra o tempêro mais forte da verdade espalhado sob os quatro cantos da escuridão hurram maldiçõesà beira do abismo enquanto chacais tomam sopas de ouro no palácio das luzes.

Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, setembro 10, 2008

die Tänzerin (1916-1918)


Chuva de primavera
roupas apodrecem no varal
com saudades do sol.
Wilson Roberto Nogueira
Chuva de primavera
roupas apodrecem no varal
um pardal bica os ganchos.
Wilson Roberto Nogueira

sábado, setembro 06, 2008

"A felicidade não é um ideal da razão e sim da imaginação . "
Kant

quinta-feira, agosto 28, 2008

quarta-feira, agosto 27, 2008

Na praça uma prece
pensa e logo esquece

Na lagoa de sangue
lágrimas de gente à toa.

A praça sangra na noite nua
quando desperta sonha que é uma vítima nua

Uma virgem no vitral da igreja apedrejada

Andrajos cobrem as almas na prece da praça

Em cada pedra um drama aliviado na lama
uma moeda mordida na vida sem guarida.

dorme e voa para longe acorda do sonho parida
de luz á brilhar na fonte na fronte da água
pensa o menino descalço sonhando em 'sê dotô'
água
água na praça é esperança de graça
a noite uma moeda por uma graça

na praça

uma praça...


Wilson Roberto Nogueira

Um urso urra na noite
Uma pata no mel
ferroando a fome
mendigando sem alarde
Volver a mirada
"Aonde está a minha amada ?"
O inverno desaba na alma
é hora de sepultar a fome
e dormir a última noite...
Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, agosto 22, 2008

poverty


Käthe Kollwitz

quarta-feira, agosto 20, 2008

"Que outros jactem das páginas que escreveram.
A mim me orgulham as que tenho lido . "
Jorge luis Borges

neve negra

Queima o clamor no pulmão ,ferve no coração a chama, chovem punhais penetrando na prole da revolta e solta o Sol da esperança.

Das correntes de elos quais tentáculos de feras - pesadêlos de todas as eras, as guerras a fome e a miséria. Queima o clamor no pulmão, uma pluma de sonho no incêndio da razão, incêndio na Floresta Negra a expulsar lôbos em metálico desespero, a invadir aldeias, feras famintas ,almas perdidas na lama a perscrutar na treva a semente da luz.

Ferve no coração a chama ,chama negra borbulhando borboletas de fogo ,chama a voz do bater de asas de sêda da borboleta á queimar da seiva ácida no pulmão de ramos finos da selva da tua alma ,fumaça densa vela a tua cidadela em ruidosas ruínas no luto de tantas guerras.

Teus olhos crepitam fome de justiça diante da soberba miséria .

Voa alto o falcão com os olhos famintos pelo vale perdido dos sonhos órfãos.

Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, agosto 19, 2008

Sombras da Paz

Uma gota de sonho sonda com o olho da alma
a fechadura do baú de ossos.
Sus-piram pesadêlos
a pensar no ato de atentar ,
de ator-doar ab utres.
Por um trís tropeçam segredos nos penha ascos.
Em baixo choram bosques denegras árvores
onde um dia sorriu uma aldeia.
Sonham os fantasmas com os parques;
rolam como bolas de football nos pés das crianças.

Uma gôta de sonho desperta no olar obliquo do gato preto,
única testemunha do Ceifeiro.

Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, agosto 13, 2008

"É preferível o maçarico,até quando não tem razão,do que uma pilha de aspones a abrir todas as portas '
Clóvis Rossi.jornalista. Folha de São Paulo.24081997

quarta-feira, julho 30, 2008

Poesia é o silêncio
sangrando no cio
é o osso do ócio
é o grito do silêncio
é a sirene do espírito
em suma
é o sumo do nada
daquele que aprendeu
a nadar
nas turbulentas
marés da lua.
Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, julho 29, 2008

Um galho

esturricado.

No sol inclemente

um etíope.

Wilson Roberto Nogueira

cadafalso

Cadafalso
em cada falso falar
em cada olhar
que cala ao gritar
enquanto
no coração
estica a corda ao pescoço
de quem ouve com
as taças de cristal plenas de água pura.
a corda cortando e
abrindo sob os pés
o fosso do poço ao já cadáver
da amizade.
Wilson Roberto Nogueira
Lágrimas de cristais japoneses...

a dor
de uma lâmina cenográfica;

fake

canastrando. "Acredite...se quiser"

Crocodilo que ri chorando,

no olho morto
a lágrima sem significado.

Na bocarra

uma bela perna !

Wilson Roberto Nogueira

Baraticidio

Diante da beleza da flor
e de sua fragrância
uma barata
sartreando surtos
de eloquência existencial,
mediocritava atrás de
doces
podres migalhas de
barnabé oculto nas opacas lentes
sob espessas antenas
- sombras lanceiras.
Caminhava a cambalear sonhos
-meio azêdos
na torturante travessia
do cimento escaldante
de sua ex-histérica existência.
Wilson Nogueira

quarta-feira, julho 23, 2008

Ecoa na semente um buraco na mente
eclode desafios em desaforos desarvorados
nos fõros da alma afora fiando dores
desatinos
envolvendo indóceis sementes na relva revolta
tentando tatear o tempo no oco da prenha rocha
a dar a luz ás trevas do silêncio.
Wilson Roberto Nogueira

vitelinho

Uma mulher caminha para um canto de uma loja e deita um pacote de papelão, destes de pão.
Será oferta de algum alimento para esses panos de carne viva e sangrando deseranças? Um momento de alívio ao sofrimento tão banal ,que clama nas vísceras. Fome primal de viver... não de esperar a morte bater sem tanta dor e haja a "maldita" ou o pó do capeta. Que desdita...
Não, ela está lá, furtiva...vergonha por ser cristã caridosa? Alimentando mendigos...esses trapos imundos que a alta burguesia quer varrer para longe, construir muros, cobrar pedágio e até pagar para vê-los em outro zoológico de horrores.
Ela não, está alí, vêes ?
Não! Não é pão ou resto de comida. É um bebê recém-nascido.
Largou. Saiu. Em meio ao sangue chorava rubro mas fraquinho.
Uma cadela sem pedigree chegou, cheirou, lambeu limpando o sangue e, enrodilhada ao pacotinho humano, aqueceu-o uivando baixinho, até ser chutada e, quanto ao vitelinho, o mendigo levou para algum lugar...
Wilson Roberto Nogueira

fanatismo

Qual é o totem da tua tribo onde rende tributos,
débitos demandando dádivas debitando desejos
nas imagens projetadas jato de hedonia
a percorrer de lírios nas mal ditas preces ocultas?
Sem meditar, tiraniza em nome da liberdade
liberticida!
O teu totem tolo é a vaidade parida;
dilacerando continentes de Édens ocultos,
Cains caídos em desgraça,
vidas sobrepostas de almas, assassinas e vítimas
bebendo da víndima da religião,
partido da fé da exclusão,
da negação do Cristo ou de Alá,
vão semeando as campas
usando o nome dEle em vão.
Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, julho 16, 2008

"A esfera da poesia não está fora do mundo, nem é fantasia irreal de um cérebro de poeta; a poesia quer ser justamente o contrário, a expressão sem rebuço da verdade e , para isso, terá fatalmente que despir as falsas vestes da pretensa realidade do homem culto. "
Nietzche.

terça-feira, julho 08, 2008

Materiais de Construção

"Fumaça e cinza e búzios e pedaços de ferro. A fumaça
de minha aldeia incendiada e do esqueleto de meu irmão,
um só grito, "Socorro ! "dentro dos búzios; e por fim, da
âncora de um barco naufragado, o ferro velho. Com isso
reconstruírei. "
Zakythinós
[De O pássaro mau, Tò Kakò Poulì ,1958 ]
Paes,José Paulo.in : Poesia Moderna da Grecia
Grave ?

Nada... !

Era só um sopro...

Que soprou para longe
o pó da vida.

Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, junho 26, 2008

Retrato de escritor

Insolúvel na água quente e na fria;
nas de furar a pedra ou nas langues;
nas águas lavadeiras; até nos alcoois
que dissolvem o desdém mais diamante.
Insolúvel: por muito o dissolvente;
igual, nas gotas de um pranto ao lado,
e nas águas do banho que o submerge,
em beatidude, e de que emerge ingasto.
Solúvel: em toda tinta de escrever,
o mais simples de seus dissolventes;
primeiramente, na da caneta tinteiro
com que ele se escreve dele , sempre
(manuscrito, até em carta se abranda,
em pedra-sabão, seu diamante primo);
Solúvel, mais: na da fita da máquina
onde mais tarde ele se passa a limpo
o que ele se escreveu da dor indonésia
lida no Rio, num telegrama do Egito
(dactiloscrito, já se acaramela muito
seu diamante em pessoa, pré-escrito ).
Solúvel, todo : na tinta, embora sólida,
da rotativa mandando seu auto-escrito
(impresso, e tanto em livro-cisterna
ou jornal-rio, seu diamante é líquido ).
João Cabral de Melo Neto
in. "Educação pela Pedra ".

sexta-feira, junho 20, 2008

Natureza

Verde alvorecer do dia
Alegria burbulhante
contagiante natureza de
amor gigante.
amostra trabalhosa de
engenho e arte delirante.
Amostra grátis de Paraíso Perdido
aqui caído.
Regalo divino ao homem decaído
que faz do precioso presente mero agente
intermediário entre sua ambição e presente
predatismo descabido.

Árvores sangrando
lançando
um lamento enquanto desabam.
Clareiras na mata metastase no pulmão verde.
extinção de saberes ainda por conhecer
Densa neblina de restos de vidas cegan o alvorecer
A idosa árvore testemunha o último massacre
não haverá mais o que lamentar não mais existirá
Riquezas e progresso ocultos sob o pó das matas.
Gafanhotos saltam de florestas em florestas devorando madeira
abrindo clarões aleijando a biodiversidade mas plantando cidades.
Armazenando capital e extendendo o lençol da monocultura.
Alimentando o gado que alimenta o mundo e trazem divisas
Por mais que dividam opiniões tem lá suas imediatas razões.
O bolso exige.
A visão de quem só vê uma árvore de cada vez não a floresta inteira.
Não haverá mais nada desta maneira.
Crescimento insustentável.
Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, junho 19, 2008

Campo de refugiados palestinos em Shatila


Photo by : Leonardo Schiocchet

sexta-feira, junho 13, 2008

Um jardim de baionetas
raízes de metal do fúzil
expressão da guerra
serenas sobre os corpos
dos guerreiros que repousam
à sombra das copas de seus capacetes.
as baionetas cantaram tanto e tão alto
que calaram num silêncio de mármore
baionetas que semearam bravas sementes
brotaram estéreis interesses
nos protegidos prateados palácios da paz.
voam vozes no vasto silêncio.
Wilson Roberto Nogueira
Hi Sh'ie
é meio sem jeito
mas mesmo sem saber direito
é um embaixador sem defeito.
Pândego panda
prêto e branco
olhos imensos de esperança
aguarda sem pressa sua feliz herança
Paz e prosperidade !
saúde e Felicidade !
Campai !!!
Wilson Roberto Nogueira
O som da chuva lá fora limpa a janela
o calor dentro da casa faz suar a janela
o suor da alma aquece o sal das lágrimas.
Wilson Roberto Nogueira
O som alto da tele visão
conversa com o silêncio
ricocheteando na pele
das paredes surdas
enquanto correntes
pesam sobre a cama
que morde
faminta
mais uns nacos de vida.
Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, junho 09, 2008

Olho o avêsso de ti
tim tim
copos quebrados
brilham nos olhos seus.
Wilson Roberto Nogueira
O sol nasce no sorriso
da cerejeira em flor.
Wilson Roberto Nogueira
Calor fora da estação
perdera o trem
aprumou-se a flor
sorrindo ao sol.
Wilson Roberto Nogueira
Ipês apressados
deixam Toledo
roxa.
Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, maio 30, 2008

Dia de luz e poesia






Dia de luz e poesia - por Izabel Rosa


Em alguns dias estou bege. É apenas um tom pastel e me colore inteira. Cor de lua, de claridade, de dia nublado. Cor de sentimento. Reveste também a poesia. Está em tudo e nem todos a percebem.

Num desses momentos, descobri o poeta português Eugenio de Andrade e seus versos tocantes. Li, e reli. Bêbada de poesia, a alma descobriu-se calada, tocada, ferida. Ser flutuante busquei o grande Mário Quintana e seu cotidiano lírico.

Na mesma janela, meu olhar se fez outro.

O pássaro balança na calha, depois voa e equilibra o som no arame estendido. Treme o corpo inteiro no trinado longo. Entrega-se à música. Transforma-se em assobio e meu olhar o perde.

Ganho um presente. A ave dirige-se à vidraça da casa vizinha e faz uma festa de canções e vôos curtos para a sua própria imagem. Às vezes simula um ataque. Toma distância e se aproxima veloz a fim de intimidar o adversário. Noutras o ritual é de acasalamento. Lânguido e lento, fica no parapeito mirando aquele ser tão familiar e tão inatingível.

Penso em mim e na minha imagem. Às vezes ela é familiar, muito próxima e reflete meu ser inteiro. Mas, vê-la assim exposta deixa-me fragilizada. Assusta-me a sensibilidade às claras e acoberto as chagas. A postura é de ataque. Aliso as penas, alço vôo, mostro uma imagem como o mundo quer. Preparada para a batalha, disposta a usar todas as armas, vencer todas as lutas.

Encontro uns olhos negros fitando-me atônitos. É meu cão. Parece querer desvendar meu silêncio. Por que estou triste se a vida é tão simples? Ah! os animais. Que sabem eles das angústias da alma humana? Que sabemos nós da sua placidez sem alma?

Então surge um verso. Dorido. Dor de parto. Urgente, rasga a carne. Surpreende-me a imagem nascida. É tão inquieta a idéia. Moldada em ínfimo instante. Explode completa, resolvida. Não reconheço sua origem. Filha ilegítima, não a concebi. Brotou espontânea, como semente que o vento trouxe e germinou no vão da calçada.

Emendo as tramas do pensamento. O pássaro, o canto, os olhos do animal. Nada define o início da rede que se tornou poesia. Ignoro o elo que se rompeu e a libertou do calabouço. É minha a dor resultante. Espasmos contraindo o rosto e salgando a boca com lágrima e silêncio. Olho-a enternecida, qual a mãe a afagar os cabelos da filha que agora é sua. É o primeiro carinho recebido por ela. Alinho os versos, substituo um verbo. Leio e releio. Não estou certa de sua beleza. Não me convenço de que esteja acabada e pronta. Descreio da verdade oriental de Gibran: “os filhos são flechas para o mundo”. Escondo-a na gaveta. Protejo-a das críticas dos sábios - metáforas demais. E da franqueza dos leigos - Poesia?

Aguardo outro dia em que lua esteja bege. Talvez a revise e a salve da pecha de filha adotiva. Ou então, num matricídio convicto, a destinarei ao limbo. Verso morto na cesta de papéis.


Izabel Rosa. Curitiba - PR
izabelrc1@yahoo.com.br



O Joaquim escafedeu-se de si para escapar domonstro que urrava em sua barriga, como se fora umrugido ecoando na caverna,ele procurou se alimentar dopão da amizade mas acabou comendo a mão de quem oalimentava,acabou na companhia de fantasmas que vagamno éter com frases curtas de almas rarefeitas.Apodreceu diante do ordinateur,pedaço de carne envoltopor moscas,nenhuma azul .
Wilson Roberto Nogueira
O caminhante com seus passos
tropeça em suas próprias pegadas ,
se perde e perde-se nas sendas,
nas clareiras enganosas da floresta ,
a qual pensou transpor.
Segue intuindo o caminho na confiança cega de um rio;
mais uns metros dentro da escuridão seca,
secando a esperança de sair dali.
Dorme na madrugada eterna
nem um pio de coruja ou uivar de lobos,
nada além do silêncio.
Está morto,
o vazio onde ele permanece na escuridão.
Será o inferno ou ele estará no sonho de alguém,
estará ele sonhando ?
Caindo,caindo a queda sem fim,
escuridão,
onde estará,
um eco seco na garganta,
angustias,
uma súplica ao sorriso da sorte
de encontrar enfim o fundo,
o fim,
que seja agora
mas apenas a vertigem eterna dos condenados,
pesadelo,
qual é a saída,
e sair do que,
do vazio.
-Você já acordou com a sensação de se esta caindo?
fugindo do inferno de existir,
voando por cima de si olhando a carcaça apodrecer.
Wilson Roberto Nogueira

Kronos devora suas próprias sementes

Piraí do Sul,Paraná,21052005.

Resgatando lembranças nas brasas acesas,
ocultas em cada pranto um lamento de lava,
lavando a alma,
marejando marés,
lacrimejando ácido ondulante em ondas de fogo,
liquido remorso morrendo em replay na memória.
Oração de murmúrios,
algaravia de dores,
cristais de pontas adamantinas no olhar vítreo.
Morto de tão vivo.
Saltando na nuvem o pensamento ,
vivendo éter eterno na mente,
eternamente na moldura de mármore da lembrança.

Sonhos pesando olhos carregados,
filmes mudos em slowmotion
que a argamassa desfaz,
a cada golpe ,
uma estocada no tijolo da finitude
A flor plantada na carne inerte ,
A carne des-mobiliada da alma.
Cada quadro ou livro,
baú ou arquivo
morto.
Pó etéreo vagando diluído em dezenas de páginas,
que a memória da vida escreveu.
Em cada palavra a imagem em carne e sonho.

Pesadelos são ausências lacunas,
des-conexão sem a eletricidade de músicas do passado,
sem explosões ou maremotos,
calor ou frio,
a dor da perda a morte real
acompanha a ausência do não compartilhado.
A memória é a fonte da vida eterna,
alma imorredoura,
argamassa vedando os tijolos sepulta

Na solidão apenas o esquecimento.
Esquecimento é suicídio,
É assassinato.
Quem lembra sempre não estará só de quem foi,
Sem jamais ter ido,
Lavando o rosto da memória na Lagoa.
Água do tempo que afoga no passado para fazer nascer
O presente.
Afoga no ventre o fogo de um novo renascer.

Wilson Roberto Nogueira.

sexta-feira, maio 09, 2008

Só o son sonha
com a fúria
Só o son sonado
dança com a tempestade
fúria sem idade
efêmera força do invisível.

Incrível velocidade
descabelando cidades.

Levando moedas nos olhos.

Sem mêdo dança a gaivota
à milhas e milhas de distância.

Quem avisou da visita da destruição?
Intuição?
Não
Deus assoviou assoviou
e a ave vôou vôou !

Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, maio 05, 2008

Nasceu uma ruga no rosto da verdade
vaidosa fez plástica e virou uma mentira
uma linda mentira !
A verdade fere o espelho
pode até trincá-lo de lembranças...
Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, março 04, 2008

Férias famintas

As férias passaram
tão faminto estava
que elas passaram
sobre mim e eu assim
nem estava em mim.

As férias tão feericas
passaram tão rápidas
as harpias na rapina
sobre a ravina
na mansidão bovina.

elas passarão eu passarinho
comida de gavião.

As férias passaram tão rápidas
que sequer senti a mordida
perdi o naco do braço
que ainda balança na memória
sequer senti a mordaz mordida
nem sonhei acordado com a Morgue

Quer saber sei que sequer senti
só a manifestação do sangue
e a dor da sua voraz insaciedade.

Wilson Roberto Nogueira