terça-feira, agosto 30, 2011

Acordo quando anoiteço
só para ver o sol morrer.
mais uma vez.
Corto as cordas que me prendem
a canção do viver.
Levo comigo as cinzas dos meus dias.

"O sexo foi maravilhoso primo,mas não pense querido que vou sair com você para ser vista com um mero professorzinho".Ele  introduz a língua nas vísceras dela,sentindo seu doce ácido. levanta-se , uma vez vestido à porta,sorri.Pega do bolso uma moeda e joga na cama onde ela estava ainda nua e belissima.Sai sem bater.Ela é que queria espancá-lo .Matá-lo.Arremessou  tudo o que podia mas ele não estava mais lá.Horas sob a água a queimavam.

Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, agosto 23, 2011

A poesia alvejou o corvo com um sorriso


e ele deixou cair um coco em minha testa.

Seja à direita ou a esquerda sempre ventará a minha frente .



Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, agosto 12, 2011

segunda-feira, agosto 08, 2011

Vodka e Voda, dois amores

Vodka cria um outro que sou eu
tira a tampa de quem penso ser
restando o fogo invisível de quem não sei
Uma garrafa fazendo as vezes de vela
enquanto tomo água como quem bebe hidromel
meu caso com a água é antigo sou dela
mais da metade do meu ser
porque queimar-me numa paixão
por uma vadia que me tropeça diante da vida?
A vódka tira-me mais do que me dá.
Só entendo sua companhia para lembrar meus entes mortos.
Um brinde a vida !

Wilson Roberto Nogueira.

P.S (voda em russo é água )

domingo, agosto 07, 2011

A minha noite se aproxima e a morte começa a querer algo mais sério comigo do que apenas um flerte. Não me sinto poeta ,nem torto ou direito sou apenas andarilho das palavras, tropego bebendo quem sou para algum bueiro ,seja gaveta dos meus escritos ou no eter da infovia. Eu mais minhas contingencias, ideologias e todas as roupas mais , embora prefira andar como vim ao mundo, procuro encontrar a nudes da alma essa afogou-se sob o calor de tantas roupas que encrustadas tornaram-se couraçãs do burgues metido a comunista de cujo espelho embassado me vejo.

Wilson Roberto Nogueira

sábado, agosto 06, 2011

Na Serra os padres alimentam lobos em pratos de porcelana. No átrio da casa de Deus o lobo come da carne .Bate o sino, é o lobo da pele castanha- amarelada com os ouvidos em pé e cauda branca felpuda que despede-se perdendo-se na floresta do sonho.O Guará também é cordeiro de Deus !

Wilson Roberto Nogueira
Arqueja no espelho da memória um animal ferido que lambe asperamente suas cicatrizes,
a dor lateja na lembrança e derrama quente seu rubro amor que encontra morada,
mordida de vida amante do horizonte que cobre-se de Noite nesse espelho- nuvem,
que é a memória a qual  insiste em trovoar velhas discussões acerca do vivido e do sonhado.
Acordar no disfarce da manhã a surgir outra embora sendo a mesma. Rotina que rói a morada
da memória e esquece de apagar as dores ,sinais de novas tempestades, mesmo quando o sol esqueceu de dormir.

Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, agosto 02, 2011

Parque Barigui

Florianopolis

A prostituta está mais vestida quando nua.
cada peça é um disfarce de uma estória
cor carmim de sangue e gritos
sonhos são armas que se escondem
em cada cicatriz.
As cores procuram a luz no teatro
só encontram moedas frias em camas sujas
Ela não está ali
está pulando amarelinha em algum labirinto
bem longe do pai e dos homens.

Wilson Roberto Nogueira.

Barra do Saí.SC

As lágrimas esperam o riso escondido fugir.
O homonimo visitou outro enterro,seu caixão era como o botão que faltara
em sua vida. Fechou o paletó assim mesmo. Só.Quis visitar ,mesmo estando morto;
no engano do motorista  ,a despedida da viúva alegre.E que uva !Pronto acabou , chegou o morto
que aguardavam aquela familia de latifundiários e aquele primo esquisito, atléticano e comunista!

Chove velhas canções na ventania daquela cortina espessa de água e prantos de cera derretida.
Dorme a manhã e eu aqui dentro dessa caixa de sapato.Que usurários!
Viuvinha doce vem  beijar a cerâmica da minha casca enquanto eu belisco aquele traseiro!
Acho que vou ficar por aqui mesmo, inté !

Wilson Roberto Nogueira
Partidocracia
parindo circos
almas de aluguel.

Wilson Roberto Nogueira

Floripa

segunda-feira, agosto 01, 2011

Flâneur de uma cidade sem úbere agonizando de agruras para ontem.

Matem minha vontade de morrer nesta cidade de pó e carniça.
Em toda praça sorri banguela a desdita miséria
untada de lodo e urina de ratos sob as bençãos da geada mortalhando gelada dança .
sorve meta merda na alma dissolvida nas vísceras do pesadelo empedrado no fogo .
gosma de vida que se arrasta de precipício em precipício de vertigens no inferno
saboreando a morte tateando desespero lambendo a laje da vida que foge.
Passo impassível sem moedas a dar nem cumprimento a paisagem horrenda da urbe.
cobertores sobre peles podres sob ossos quebradiços , baratas .
No submundo da humana voracidade mais um careca icinera de ódio mais um subumano desengano.
Cruzes são caras de mais , covas rasas secas de Deus plantam mais um horizonte que não brotou.

"A manhã tem mais". "Prefiro a televisão ,o locutor é um artista " "Escorre sangue em cada letra que vomita de sua fala vulturina " "Um acidente de carro... " Amanhã estarei ocupado fala o Diabo, assistirei a matinê ao lado de Nero massacre de cristãos


Wilson Roberto Nogueira
Faltara o samba flertando dor com esperança


e a lâmina cega do blues cortando a encruzilhada

da alma bebada de olho no precípicio que brada:

“A morte será sua herança” . Cobiça-te desde criança

Quando descia o morro rindo da bala que traçava o céu

Rasgando a noite calando no peito do dia mais uma colheita de desenganos.

Faltara o samba que bateu em retirada quando a luz que dançava nos olhos teus

Quedaram nos seus passos o silencio da tua esperança.

Sonha o céu mais estrelas dos anjos nascidos das bastardas balas perdidas.

Enquanto marejada de ácido corre fantasma a alma do blues

Queimando as cordas dos meus nervos que cantam

O silêncio das crianças que clamam por socorro

na encruzilhada dançam o samba com o blues

numa só alma negra e profunda.

Ecoando escravidão ,dignidade e luta.

E ainda nas vielas da canção sonhando paz , amor e união.

Wilson Roberto Nogueira