quarta-feira, junho 26, 2013


A mão pesada do Estado  desce sobre o lombo da multidão.
Basta de escravidão!Do silêncio e da resignação.
O brado se espraia pelas veias abertas do Brasil,
enquanto o Estado pensa com os músculos atrofiados da violência
pseudo legitimada que explode sua desrazão instrumental nos olhos da nação
a qual, longe de se estar cega se vê e vê que perdera tudo
até as correntes da alienação
entre a dor e a fumaça sua mirada atinge o céu sem estrelas da Pátria enlutada
que encarcerou no desalento as forças vivas da revolta ,
agora asas sobram nos pés da história desses heróis anônimos
que fazem tremer palácios e rachar as máscaras do poder.
As casas de tolerância dessas falidas democracias (auto)representativas
que chafurda  na impunidade imoral de prerrogativas
que estupram a igualdade e a liberdade e os ideais de democracia
utopia esmagada pela ideologia, pura demagogia
Aqueles roedores do bem público não mais passarão impunes
mas continuarão a não pegar ônibus,a não levar seus filhos às sucateadas  escolas públicas e a não morrerem nos corredores dos  hospitais públicos.
Seus corações não batem ao ritmo das angústias do povo.
Serão suicidas ao imaginar que seus mandatos realmente pertencem aos seus
clubes de interesses privados que insistimos em chamar de partidos ?
Partidos , qual parte da sociedade representam além de suas conveniências?
Seus mandatos são o aval de confiança daqueles que inundam as ruas de
indignação e revolta que por ora é pacifica
Hoje são gotas na multidão  amanhã poderão afogar a democracia plutocrática.

Wilson Roberto Nogueira.

Atravessando como punhal  a manifestação  entre cartazes, bandeiras de indignação e esperança.Uma sombra indiferente como metal imune ao sabor da carne viva que se espalha na cicatriz aberta da cidade.O sangue não está mais nas bandeiras , está no coração da multidão.
.Caminha sem pisar nas pegadas anônimas da cidadania .Fantasma das eras no amálgama do presente perpétuo mimetizado na escuridão do eterno vir-a-ser, não persegue a luz das promessas e não sente a dor das privações; sem ossos ,sem vértebra entre os vãos da história que explode nas palavras espalhando estilhaços de revolta que escrevem no aço da história o ator sem rosto da revolução , Nós O Povo. A marcha do povo parindo  um novo Brasil,a sociedade se ergue diante do Estado  e se põe a caminhar .

Wilson Roberto Nogueira

Bandeiras rasgadas das mesmas cores desbotadas jogadas pelas calçadas, pisadas pela multidão.Palavras de ordem sentidas na carne , nos ossos , na alma  sem a máscara  do discurso que paira sobre o refugo dos corredores abandonados da cidadania calcinada.
Renasce no peito o coração da utopia um Brasil do povo, pelo povo e para o povo chutando a indiferença daqueles parasitas que diante do povo saem pela porta dos fundos da pátria que nunca será mátria.
A pátria é o látego do pai feitor abençoado por Deus sob esse esplêndido e cúmplice céu sem fronteiras;a voz das ruas qual mar caudaloso,sangue se espalhando pelas artérias da nação inundando o Estado ausente de Cidadania.O Povo não se curvará jamais.

Wilson Roberto Nogueira

A uma guapa de olhos de condor e coração de montanha


não reparo a roupa e sim o corpo. 
se o corpo brilhar é porque tem alma.

em ritmo de um tango extraviado numa ruela sem lua.

a última consorte com olhos de noite eterna
bailar num fio suspenso entre o sonho e o pesadelo 
sem rede a resgatar um novo amanhã

seco e sem raízes  ,madeira podre sou
e imereço a chama do teu coração.

respirei as cinzas dessa cidade e fiquei com as cicatrizes dos seus becos.
uma noite para se sentir num único beijo o sabor de um coração desertor.

um coração que deserta do corpo e se perde num beijo, 
deixando vazio de vontade própria a alma do apaixonado,
escravo do sabor de uma perfídia.um tanguero desprovido
de bandoneon em rotas palavras de amor espalhado
entre uma e outra promessa nos contornos dos lábios de una argentina.
de prata e prata valia quedei-me sem elas. um farol de felicidade em letras tristes

fala meu Sol,amo a ti mais que as palavras a essa portenha que me levou as pratas
 e os ouros dos meus dias.

Wilson Roberto Nogueira



a catarata oculta-se na névoa
ribombando trovoadas de água.
Wilson Roberto Nogueira

a capivara solitária diante da lagoa que um dia foi parque.
chuvas julianas de Curitiba.
Wilson Roberto Nogueira

Casas de raízes trêmulas perdem-se no pântano
enquanto sorrisos choram promessas
que custam sal e suor do trabalho que prende
ao triturador de horizontes das carcaças sem rostos,
sem carne, sem sangue.
Wilson Roberto Nogueira

a solidão é sócia  sólida e leal, cúmplice dos crimes abissais contra a tentativa de se alçar voo os sonhos ideais.

Wilson Roberto Nogueira

A face, o corpo e a alma soterrada sob a pedra  do drama e da comédia nas entranhas da madrugada, sangram súplicas  ao revelar a alma do abismo  que habita em nós.
Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, junho 17, 2013



O homem é um animal a racionalizar o irracional.Predador de si,
consome o Ser por um Ideal que em metástase devora a mente
antes do vírus da consciência se instalar.Embriagado de ilusões, 
segue a poeira doirada das imagens das caixas de sonhos
no templo dos símbolos das glórias vãs e das verdades fáceis
a quem quiser comprá-las. As luzes se dissipam
e todos vêem na ausência das cores a soma de todas as possibilidades
abortadas, plantadas na alva e fria morgue .
Os rubros desejos da angustiada utopia envilecem em ideologias carcomidas
em pedras pontudas atiradas na vidraça opaca da democracia.Ideologia 
seu valor de face é a rota máscara da ilusão.
Quanto custa o sonho ? Liberdade voa nas palavras 
sem poder pousar na verdade.

Wilson Roberto Nogueira



Os rubros anseios da utopia
envileceram em ideologias 
que podem ser pagas
em dez prestações sem juros.

Se você ainda prestar
para o Trabalho libertador 
de sua Auschwitz particular.

Wilson Roberto Nogueira

Ao sabor do abismo.





Nós parimos nossos próprios fantasmas que passam a ser as sombras
de nossas angústias e frustrações a cobrir qualquer centelha de sonho
e esperança em nós mesmos.
O corpo de nossa vontade torna-se cadáver ansiado por abutres que pairam e pousam em nossa sorte.
Sombras que crocitam na noite dançando sobre nossos escombros

Wilson Roberto Nogueira

sábado, junho 01, 2013


"Eu escrevo porque vou morrer." (João Gilberto Noll)

aquela pessoa morria um pouco a cada grão de dia.
Quando a noite chegava  não esperava anoitecer,
anoitecia e sem cerimônia a noite encontrava  no despejo do dia seu lamento
e voava  livre na escuridão do desejo a angústia.
a noite não cedia um copo de luz naquela  casa sem janelas a aninhar nas vísceras a escuridão
Limpava o rosto pálido e enfim no desvalor a morte achando-se desprezada
garimpava no chumbo dos entardeceres a bala para se suicidar.

Wilson Roberto Nogueira