terça-feira, agosto 31, 2010

Poeira nos olhos


cegueira passageira acordando a visão.

livrando por instantes dos antolhos das imagens.

Grito ferindo as pedras brilhantes velando o vidro

das aparências nos cristais das sensações sutis da alma.

Pausa para ouvir o silêncio.Breve pó dos dias.

Wilson Roberto Nogueira
O que sobra ?

A sombra.
era só um graveto...
pensando ser árvore.

Wilson Roberto Nogueira
A guerra agarra a garganta como gárgula,


devora a paz e volta para o alto das catedrais,

onde espreita imóvel para em outras trevas

na távola dos desenganos novos banquetes provar.


Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, agosto 30, 2010

Cidade Vigiada

http://www.fotoclubef508.wordpress.com/
Querer falar

Saber calar

querer saber



saber caminhar


sem nunca chegar



pés mudos



pegadas gritam


onde o eco se perde



procurando estrelas



voar.


Preso na terra

garrote das eras

breves sonhos

sondam o espaço

enquanto afunda

afunda na água morna


vida morna

já não mais vida.


livre enfim...


Wilson Roberto Nogueira
A vida é um presságio


cobra ágio

da alma que nela não mergulha.

A vida é uma agulha cujo olho um lago olha.

Cega a lua vida que bebe de si o fel .



Wilson Roberto Nogueira
Rondam a casa sombras bravias

E o vento tentando entrar para se aquecer
nos ossos trêmulos do velho a conversar
com a posteridade ofertada pelo vulto de negro
Viver na lembrança dos netos se deixar
se deixar levar pelas sombras bravias
sombras a puxar o último trenó.
Lobos descarnados sobre a neve.

Morreu
na lembrança dos netos quando o sol brilhava em seu rosto.
Há muitos anos sonhava pelo calor da última neve dos seus invernos
Foi brindado enfim...



Wilson Roberto Nogueira
Só uma gaivota voando só

sonhava
viajava ao sabor salgado
do mar azul.
Peixes prateados
espelho do sol a alimentar
de luz as asas do pensamento.



Wilson Roberto Nogueira
: Algumas tribos são de paz outras não,mas é um interessante zoológico
: na volta escultar os mano mandar falar naturalmente de assaltos e tóxicos é hilário os atendentes do tubo também tem lá seus recados; sem contar as prostitutas, travecos e ...
conheci uma trabalhadora de 16 anos ,casada e com uma filhinha
a urbe pulsa suas dores na madrugada e não tem tempo para sangrar
vive no fio da idéia de viver e só
mas que o pessoal da noite é sem noção em sua maioria, embora contraditoriamente sejam trabalhadores e outros do que o pessoal da manhã
Só o sombra sabe... a sombra que se oculta em nós- sai dos nossos olhos e absorve a noite dos nossos dias; nunca vi noite tão bela do que a lua sorridente dos olhos daquela jovem mãe proletária e fortaleza em seu frágil corpo de criança abreviada
Mas uma boa parte da madrugada é alma sebosa,é só folgar e plá não é?
É só decifrar o signo da violência, uns represam e administram outros transbordam e àqueles que simplesmente morrem; morrer é tão banal quanto a letra de um convite torto
ver com os olhos de quem viu estampados na miséria comum, da sarjeta .



Wilson Roberto Nogueira
Aquela pedra bebeu o grito na escrita da história,

calada, continua cúmplice do homem
desde o proto humano a esmagar o crânio do irmão.
Estará lá quando os viajantes das estrelas forem metamorfoseados em pó de estrelas.
Pois somos só memória do Sol, um cisco fóssil que ainda brilha no sonho das luzes dos olhos teus.



Wilson Roberto Nogueira

sábado, agosto 28, 2010

Caminhadas

Quando se envelhece devemos retomar da memória do coração, imagens do que poderia ter sido e, a partir da pele do que foi ,extrair um pouco de sobre-vida ao que nos torna humanos.seres passionais com sonhos de luz.


Embora isso leve a uma rua escura e sem saída; onde o açoite da tempestade seja uma carícia possível.

Silva não tem esse problema.Vai ao Bataclã e não se importa em ter que pagar por isso.Que traste envilecido!Caso ele se importasse...é apenas medíocre.

Olha as árvores e se vê enforcado em seus galhos aos quais poderiam ter nascido novas folhas, mas folhas são batidas para longe

com o vento...então tudo volta ao nada e os ventos sopram novas folhas para perto de alguém ou sobre os restos de outras folhas.



Wilson Roberto Nogueira

Alforria canina

Está ali como sempre, veja... o cão guardando o mendigo que, de tão bêbado foi dar uma visitinha à comadre de preto. Fica-se por lá; saco de baratas. E o cão ali, rosnando para quem chega-se muito perto daquele que, ao acordar, como gratidão lhe chutaria ou lhe jogaria algum pedregulho. Aquele fidelíssimo protetor não sabia que seu dono, várias vezes sonhara que preparava um ensopado com sua carne. Nesses dias ele parava de chutá-lo e dava-lhe as melhores partes dos restos que encontrava no aterro. Até que um dia foi beber água do riozinho moribundo e teve um troço, não deve ter sido a água de cor de uísque envelhecido doze anos e com gosto de puta que não pode se aposentar. Todas as suas pústulas acordaram em prantos pútridos. Caiu babando sabão Omo ou sabe-se lá o quê. E o cão depois de tantos anos chegou-se a ele, levantou com esforço uma das patas e irrigou o rosto do dono.




Wilson Roberto Nogueira



Desfile Sertanejo.

Salvador . Bahia. 1950

sexta-feira, agosto 27, 2010

twittar


facebook


orkut


tantas teias


que eu não consigo te chegar


te abraço no éter


eterna invisibilidade

teu cheiro


tua pele



imagem congelada



sonho dourado da memória



carcere da juventude



nossas faces não envelhecerão num beijo.



só essa janela de luzes



única esperança



embora fria.



Quer dois olhos fritos ?




Wilson Roberto Nogueira
Dentro dessas grades repousam em turbilhão, vinte e cinco anos de perguntas que jamais serão respondidas nos olhares que emudeceram. Calabouço de sonhos que morreram á mingua.

Lá vem a irmã da minha mãe oferecer-me um pão duro e o meu tio um sonoro "passa-fora cachaceiro" !Sai junto com um lençol espesso de chuva para me cobrir de esquecimento.


Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, agosto 25, 2010

Russalki

Só a mente derruba ou levanta


só a vida tira a vida

a morte a coloca no lugar

do recomeço

tudo flui.

Está chovendo lá fora

na árvore uma forca

o passado reclama

o vento bate e as folhas...

assim é...

práticos somos...

condenados a sermos amigos.



Wilson Roberto Nogueira

The Man With The Movie Camera (1929)

Agora eu aguardo a água;sentir sede queima.

Mata a minha sede Senhor...ou me mata.

Abre o céu para beber Severino.

Lá chegando encontrou ninguém,

só uma sede que era tal qual tocha

avoante em seu peito de pedra.



Wilson Roberto Nogueira

Poeira

Numa praça de madrugada,garoa e temperatura abaixo de zero]


-Tio, tem um teto pra eu pousar, só hoje, por favor...!

-...desculpe ,estou atrasado, saia da frente.

[Pressa(?)]

Chega o 'atarefado' burguês no cubículo onde morava.O Sol pela estreita janela não entrava, só os muros da oficina puderam testemunhar o seu último sopro, a soprar poeira e ali ficou ,ficou.Ninguém reclamou seu cadáver só do seu mal-cheiro.

Nem ele sabia que havia morrido meses antes, aos poucos a cada dia de pressa e sordidez.



Wilson Roberto Nogueira

Burocrata

O burocrata enfia a janela no jornal


enquanto abaixa a cabeça na fila.

O poder pára para olhar e, imóvel pesa

e prega sua imagem

e escala a escada de ossos e sonhos.

sob sua sola só a sujeira e pós

pós sonhos

pós pegadas

pós cegas jornadas...



Wilson Roberto Nogueira

domingo, agosto 22, 2010

Roberto Alagna sings "E Lucevan Le Stelle"

O maior inimigo da minha felicidade sou eu mesmo.

Por mais que eu lute para escapar de seu jugo
não consigo e fujo Para,como um covarde, esconder-me
temo não poder vencer aquilo que no espírito arde a areia da vida.
corro procurando abrigo numa toca e a vida de tocaia fere-me , me deixa sem guarida
acabado e aterrorizado na poeira que me sufoca corro e por mais que eu corra permaneço . Assistindo a paisagem se alterar até o negror sugar o céu.
Descem na garganta pequenas pedras pesadas rasgando de luz o inferno da dor; soterrando o coração e envergando a espinha. Lâminas cortam o céu da boca que calada sangra; temendo gritar , uivam no silêncio à prateada lua a luzir tanto ,que chega a cegar.
Levanto tanto e de tanto caminhar caio e sinto, na lama ,que apodreço.
Padeço não mais . Acho que mereço. Sonho que despreza o pesadelo agora na calma que arvora.
Não mais sinto medo. Não mais sinto apreço
o preço que paguei não foi pouco: Que chamem a mim de louco
Louvo a prece do louva-"adeus" a minha cabeça está lá ,nos braços dela
alegre donzela.

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, agosto 20, 2010

Breve beijo jogado noutro beijo


jogo de línguas acariciando jóias

de carne e sumo de almas em desespero

de desistir do desatino de viver

no verso de vidro da solidão.



Lá fora a multidão de olhos mudos



chovendo silêncios

de adagas



Wilson Roberto Nogueira
Eles esperam no escroto o esperma por mais uma chance de chegar



e depois dormir.dormir na esfera enxame de chamas.

correr como fios na escaldante correnteza até o sol.

Sonhar com o mar intenso e profundo

morrer

e por fim germinar.

Germinar para povoar de nervos , sangue e alma

esperança de sonho tornado cosmo de carne e estrelas.

Wilson Roberto Nogueira
Tapete de águas


no varal das nuvens

Estalam os passos

Wilson Roberto Nogueira
Tu compras a roupas dos gostos dos outros.


A tua persona é manufatura coletiva. Bebo

a bebida ou a bebida me bebe o fígado?

Fumo ou a fumaça fuma-me os pulmões?

Embriagado na ilusão da imagem distorcida,

perdida na fumaça do prazer fugaz

- Quem tu és diante do espelho?

máscara de cêra da sociedade seletiva.

Civilização do disfarce

Pasteurizada estória insípida

água sensata do senso comum de mentiras repetidas

 paridas de bom-senso burguês.


Feliz fumaça da urbe insolente

indolentemente deitada em suas certezas


doente de dogmas amassados

pão-velho. Pro pobre não tem não

Só o sermão neoliberal Burguês

bebido pela bebida dos dias cinzas

Feliz pastando na mediocridade

civilização em coma

fumando a fumaça dos escapamentos

e expulsando fumantes assassinos

Feliz espelho das ilusões onde repousam

todas as máscaras.

Wilson Roberto Nogueira
Como um fantasma vaga na epiderme da poesia ,a qual é a própria alma sem fronteiras.


Vaga na tapeçaria de nervos da urbe como um halo úmido a treva a diluir cores no vazio

invisível investida no metal embaçando os olhos das moradas , sondando no silêncio o grito



a espalhar nas ausências credos mudos em outras almas que saltam dos ossos


Como um fantasma vaga na epiderme da poesia oculto no esgoto

logo ali alimentando o lixo que escorre quente no canto apodrecido das bocas de lobo

das bocas de fumo

das bocas desdentadas em carne ainda viva.



Wilson Roberto Nogueira
Sonhou com teu sonho comprado à um real.


Azedaram juntos ao acordar no sonho

a nata dos dias nos azedos amanheceres.

Nos olhares o recheio da alma aguardava

mais uma noite para provar outros sabores

em sonhos desejados, doces, e sempre amaros amores

amargos tornavam a morder o paladar

a espera da dádiva um beijo no olhar

sobrou o licor da saliva

no crepúsculo dos pardais

dançaram as moscas

sobre o sabor de seus dias.

Wilson Roberto Nogueira jr
Os olhos dela grávidos de amor.


Ele cego.

Fez parirem só as sombras,

Uma morte vívida por

muitos e muitos muros de secas folhas.

Wilson Roberto Nogueira

Maria Candelária

quarta-feira, agosto 18, 2010

A vida ávida dama ,cobriu-se de nudez sem ser notada e se desfez


sem drama dentro dele



dentro dele cresceu grama.



uma sepultura de si andando por aí sem lápide e sem história.



rosto sem memória que fala cicatrizes de outros.



Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, agosto 16, 2010

O verde sorvido


O véu pluvio na face

a lembrança da vida acordando na manhã

Os ossos sonolentos

O corpo entorpecido se arrepia

Estalam,rangem, vibram se iluminam

de frio

Os lábios irrigados com a água que escorre

do nariz em carne viva.

Inverno tu chegastes,seja bem vindo!

Mas uma alma veranizada é sempre Solícida.

Wilson Roberto Nogueira
Ente etéreo flanando na névoa


estou fantasma de mim

o vento a vida me leva

as vezes sou eu que a sopra

para longe...

"Como era verde o meu vale "

Nada

como a cova que se abre

às nossas passadas

ditando o destino do nosso

derradeiro suspirar

Nada como a anciandade...

Wilson Roberto Nogueira

domingo, agosto 15, 2010

O pombo desaprendeu o valor de voar


aprendeu na prisão do homem a caminhar

ruminando correntes

caminhando com as garras enraizadas entre as pedras.

Perderam as asas os pássaros,

pássaros solitários

arremedos do homem sem sonhos,

sem sombras sem sal sem sol,

só caminhantes do perpétuo presente,

tateando cegos alguma semente

de vida e de sonho, de utopia

para mastigar e defecar

nas camisas negras das sombras

humanas

Wilson Roberto Nogueira
O que é o amor?


"É um morando no outro !"

...como trypanossoma- cruzi!?

trepa mas soma.

Some!



Suga

consome com o sumo da vida



partícula de infinito em explosões

em tremores de vida

provando no cálice o hidromel da morte

uma mordida do desejo cega.



a vontade pluma plana na tempestade-guia

até o nada e a escuridão

Mas enquanto dança a folha perde-se no infinito

depois fumaça que se dissipa no firmamento

lembrança,sonho , mito,movimento



a sombra do tripas-nos-somos.



Wilson Roberto Nogueira
O disco como ele era pensado não  existe mais.


O cisco caindo na seda é pesado .

Prensado entre o ontem e o hoje observo impotente o amanhã


sonho com uma manhã de sol e só vejo cinzas sendo sopradas

pela canção na velha radiola do meu coração.

Sarsa ardendo a aguardar a voz divina

e no silêncio D'us blasfema ...


Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, agosto 13, 2010

No acidente fumaça já se vê.
ilha-se o desvivente numa colheita de olhos sedentos

Sorve a tinta que a retina tirou do coração da imagem
memória viva num zaz
Jaz no devir de outras lembranças.Sonhos, não mais.
Qual era o sabor da vida?
vida em conta gotas:sem língua,sem garganta e sem boca
vida num copo,num plástico vida na veia,elástico
Velha vida jovem
Uma vida para uma vida
dormir
sonhar
amar

não mais

A vida grita e passam por ela sem ouvir
A vida é tão banal que ninguém a vive.


Um urro prata celerando no asfalto desgarrou o sorriso do dia

um dia vagando  por aí.

Vida, onde você está ?

Ela me deu um beijo com a sua saliva de néctar e foi embora.

Wilson Roberto Nogueira
Comi um pedaço de névoa


e minha alma dentro dela

perdeu-se .

Wilson Roberto Nogueira
Uma cicatriz na coxa;


dois dedos roxos impressos no braço.

Um amasso..."beijo não...só lá..."

depois,depois a aproximação e a fuga,

gesto incontido de asco escondido.

"Levo-te à porta ".

Wilson Roberto Nogueira
Quanto mais ela fingia que não era com ela,


mais e mais a carapuça chamava ,em vermelho rubro,

a atenção.Depois de torcer a sombra ,até deixá-la exangue,

ela saiu pálida ,qual fresco cadáver que ainda não azulescera

de humildade.Pronta para outra tortura.Babando do mesmo fel.

(Presumo que ela chupava a última gota de sua cicatriz.)

eterna princesa meretriz.

Nada como a tenra carne desta carneirinha !



O lobo com tanta fome afogou-se com a lã.



Wilson Roberto Nogueira
Banheiro da escola


crianças brincam fazendo sexo

para a camerazinha do celular

de outra cria da esperança

caiu na rede

caiu na vida.

Wilson Roberto Nogueira

Venezuela

segunda-feira, agosto 09, 2010

O mármore namora a morte


no espelho a sorte.

o mar morde

no olho do tubarão o último acorde.

Wilson Roberto Nogueira
Só o suor da alma no sal da última lágrima


só o sol se pondo no último olhar amante

u'a gota de silêncio na concha douvir sedento

no último aDeus.Estampidos na noite

o beijo do sangue na carta que aguarda

o último pulsar da Aurora.

Neva lá fora tão pura quanto u'a jura

damor eterno.

O sol nos olhos verão nalma no inverno da vida

Correm lobos na estepe.Sem destino,na fúria da fome

O desespero da vida.Agora na ágora deserta não mais

a dor só a paz e os intermináveis discursos do silêncio

aplaudida pela noite eterna.

enquanto o raquitico lobo-guará caça moscas no cerrado!


Wilson Roberto Nogueira

domingo, agosto 08, 2010

Rosa e seu algodão doce


rosa

doce Rosa

no olor do olhar o sabor

amor de açucar

no suor da flor.

Wilson Roberto Nogueira
Voltar para o útero da noite


entrando no maior número

de mulheres possível

para fugir do frio de existir



como um peixe perdido no lago



gozando o calor de viver amor

por breve brisa de fogo

O último suspiro do dragão

na lagoa da serenidade



Em volta a floresta de árvores negras

marcham e o Sol é vencido

restam a alva pedra dos ossos

mobiliando o piso das águas

sedentas por companhia.



Wilson Roberto Nogueira
Uma imagem como algodão doce


saboreando a boca de quem a devora

Árvore desarvorando anoiteceres

promessas de prazeres postos à mesa

catavento da memória

pó ao vento

tosse o esquecimento.

Wilson Nogueira

sexta-feira, agosto 06, 2010

Depois de beber o ponche o gato bamboleante pulou,caiu de lado e dormiu ronronando alto,e acordando meio grogue,miava para alguma múmia imaginária ou o seu próprio relexo nos restos da jarra que quebrara.Não lembrara de mais nada,nem de si quando lhe jogaram água gelada.Bom,somente que Anúbis lhe fora visitar e tossira manta de pontiagudos vidrinhos que iam lhe rasgando a pele.Foi arrancado da nuvem doce e morna .acordou para ocultar-se atrás de uma ou duas de suas vidas.DORmiu,dormiu até sobrarem apenas ratos por companhia.Deve ter sonhado,ele não sabe mais a diferença entre humanos e roedores,traumatizado ficou com raiva e não sabe onde e se quer encontrar remédio.

Wilson Roberto Nogueira
Sobre a sua sombra semeio flores


sob a sua sombra germinarão sonhos

perfumando de subversão os teus pesados elos

soltos libertarão luzes que são só suas.

Wilson Roberto Nogueira
Tomei café e o sono se fez fumaça

no sabor do sonho brotam flores de fogo

que uma vez tornadas cinzas vesparam

a voar nas asas da fúria .



Inalei a última fumaça da fantasia que me fumou

acordei com aquela asia de vida vibrada no verbo da fome

mentecapta da dor roída pelo amor ensombreado de por quês.



Wilson Roberto Nogueira

Chove cinzas na escuridão

Cheguei em hora cega

não adiantaram-me a bengala nem o cão guia de um sorriso.

Me fervem o suor da alma em salineo sentimento

Flutuam fantasmas nos espelhos da face

seguem nadando sonhos em nuvens velozes.



Wilson Roberto Nogueira
Uma tempestade negra cobriu as fotos


os olhos da memória perderam a luz

sem farol só restaram o testemunho dos naufrágios



Os sonhos perambulam tropegos com os braços estendidos

procurando algum ponto futuro e são sugados

pelo buraco da fechadura para outra dimensão

a UtOpia

Pena que os esqueletos não tenham pés

e os corações a chama.



a tempestade passa

a vida passa como uma uva seca

mas ainda guarda o sabor

mas aonde estarão as bocas



só restaram os lobos que vagam famintos.



Wilson Roberto Nogueira
Virou as páginas do jornal e as palavras fugiram de vergonha


Restou o oco no olho da verdade.


O que é a verdade?

Não é verde nem amadurece

cede em desespero a semente estéril

trangênico verbo de verba verde

fermentando na bolsa de valores

virtuais valores na ganancia devoradores.

A notícia embustida na página venal

não é nada é só commoditie

mercadoria prostituída.

Verdade cada uma tem a sua

e vale quanto pesa estando vestida ou nua

todas cabem dentro do bolso da empresa.

sob as mãos dos patrocinadores.

ligo no telejornal e constato

no rosto dos escultores da opinião

pública a privada sem o papel-higienico.

Entretenimento na notícia e corta pro comercial !

O cérebro ocupado por púrpurina e fumaça

Enquanto as balas zunem a procura da luz da verdade

está lá fora nas calçadas da cidade

no silêncio calcinado da utopia.

Wilson Roberto Nogueira

Franjas da cidade

Franjas da cidade nos becos da cidade luz


Franjas crespas da cidade crepitam revoltas dos despossuídos

filhos rejeitados jogados nas poças de pûs beijados pelas luzes do Humanismo

e cegados por suas promessas de sonhos germinadoras de pesadêlos .


O passado  volta para assombrar o presente na sombra da fumaça


o presente na sombra da árvore negra da desgraça



águia imensa agarrando a esperança

a fé feroz criança só no útero do ódio recebe amor

na boca dos morteiros ou na água dos bueiros.

A guerra é o noso pão de todo dia.



Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, agosto 05, 2010

Grato por essa saudade que me fez companhia na conversa

só para beber na presença o cristal da lembrança
Na fé que sempre fosse assim, mas a pedra está aí
para nos fazer valor a carícia da areia.



Wilson Roberto Nogueira
A carga com a qual se projetava diante de si

surrava-lhe o rosto e,
mal dava-lhe a oportunidade de aproveitar a queda.
Quando se defrontava ali,

bifronte se esquivava
era o seu rosto no espelho velho
de outro rosto
que não suportava.

Enquanto voava sem asas ao precipício
levava consigo a cabeça do outro
que de si o inverso se projetara.


Wilson Roberto Nogueira
Romaria de velas
Bençãos de sebo
Fumaça de espíritos
Eucaristia
Rezas sobem o morro
Ave-Marias
Morto velado
Velas
Chamas belas
Rogai por vós
Mortos
Vida eterna
Caixão desce-alma se eleva
Carcaça vazia
Cemitério em Festa
Caveiras dançam sob a lua.

Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, agosto 04, 2010

Esperava, e esperava uma pizza enquanto ela,jazia ao lado de um motoboy,antes da ambulância, a polícia chegou e antes dela, a pizza já estava mocada .


Wilson Roberto Nogueira
Procuro e me perco ,


enrolado nas etéreas teias

tateio o vazio.

Nado na saliva ácida da aranha

teias tecem meu destino

enquanto faleço,durmo

hibernal memória de mim me esqueço

até sonhar ser o sol ;

luz e por fim,

pleno de escuridão,

embranqueço .



Wilson Roberto Nogueira
Por que devemos aprender a viver


morrendo um pouco a cada dia ?

A vida vaza da vasilha de barro

até virar veias de água salobra

a qual a mirada tornou miragem .



Wilson Roberto Nogueira
Aparentava tanta indignação com a confissão de Elizavieta de que simulava orgasmos ,que a gargalhar a cólera lhe sorria plena de satisfação por sabê-la tão inapta atriz.
Que o punhal daquela língua não cortava ,ela contudo desvairada ,pensava que trinchava-lhe
qualquer vigor à outra .Ele ,ser indigesto ,obrigou-a a comê-lo ,perfurando- a até o vazio onde aquela florzinha ácida silenciara os gritos e as lágrimas que a queimavam e consumiam a luz e o calor de seus dias.
Mas como ela ansiava ser tragada,mesmo sendo guardada no cinzeiro junto de outras.



Wilson Roberto Nogueira
Roupas penduradas no varal dançam nas madrugadas

Arbustos em seus galhos tocam a retina das janelas

Sonhos cegos ganham luzes nas madrugadas

Melodias de chamas nas trevas tremem de frio

nos olhos de água doce da menina Sol que do céu lê

a letra das estrelas no bolso de seus segredos rubros

Olhos atentos nadando nos lençóis.

Mares de amores chovem pétalas de chamas doces de dores

assinando confissões ágrafas de vozes-veias à cortar a pele mais fina

no beijo mais profundo.



Wilson Roberto Nogueira
Quimera mourejar sem guarida

Danação parida de esperanças
Ilusão de crianças curtidas
crescidas
crepitando sonhos só
sonho só vira ferida

é a vida...



Wilson Roberto Nogueira

Cinzas de Ossos

Na esquina a moça pede:


-Tens Brasa?

Só Cinzas pro teu cinzeiro.

Garoa fina moldando na camiseta o contorno dos seios.
Só um fio de eletricidade sanguínea .Curto-circuito.
Branco.lábios intumescem sem bailado.Um sorriso de lado.
Um adeus.
Ela entra numa caixa de aço e morre mais um pouco.Tragada.
fumaça na noite.


Wilson Roberto Nogueira
Policiais militares ocupam o Morro do Borel, na Tijuca, na Zona Norte do Rio, dando início à implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade

terça-feira, agosto 03, 2010

O olho que tudo vê nada enxerga


quebra galhos afinal tudo tão escuro
folhas fantasmas sopradas ao longe.


Wilson Roberto Nogueira
Acordar. Sol da manhã -a luz à cegar.

Pássaros cantam e voam. Sombras bravias
contra o céu.
Levantar, tomar banho voltar à placenta
ao útero liquido da banheira. Não! Água gelada-
vida. Realidade gelo queimando a bunda.
Nascimento é dor, dor é vida tapa na cara
da manhã. O Sol traz esperança; essa é sua herança.
Mais um dia ao lado da minha vadia!
Bom dia, mais um dia cheirando...a café
e o tempero das ruas da cidade invadindo o oco
do meu estômago de "eca", quente vapor urbano.
Ruas sonolentas se zumbis caminhantes. A
cidade desperta ressuscitando trapos humanos.Vagam
com o vento folhas secas sopradas, correm para longe.
O rato corre o rato foge, gabiru come do lixo e cobre o rosto.
O rosto sem rosto. Cara. A cara , o resto rasteja para longe,vaga.
A Urbe desperta e estica seus tentáculos, gesticula e Vive.
Nas suas veias corre feérica fome por sangue, dinheiro e vida
devora vida, e, sonhos mastiga e vomita exclusão.
O ébrio despenca, apaga de morrer em parcelas - para que a pressa?!
Pressa de ônibus e carros disputando caminhos às formigas,
sem espaços nas calçadas, abandonadas ou dominadas por cadeiras,
lojas, restaurantes e cavernas - templos do consumo e do voyeurismo.
O comércio abre suas mandíbulas na vitrine
cinema de cachorro no açougue
na loja cinema de párias,
com os cérebros sendo devorados de ilusões
e ódios besuntados de desespero.
O começo do caos: a polícia prende e o juíz solta na sombra
enquanto a polícia quando solta o faz ás claras.
A escuridão desce o pano e só o preto é preso e espancado e o
pobre cara de contínuo apanha irmanado da vida e do guarda
que também está mocado na Favela.
A vida que engendra o sistema expele, elimina ainda mais imunda
de despossuídos em procissão celebrando o cadáver do próximo ídolo de ouro
O mercado de almas mortas nos olhos das crianças
furando o fígado das senhoras, cortando a garganta dos bem-nascidos
por uma griffe, estourando em seus olhos.
Onipresentes símbolos de opressão cegando como deuses
Onipresentes facas do vício a retalhar-lhes as almas vagando
fantasmas em meio tonto de tanto neon e ouro
Compre ,Ter é ser, ter é Poder. Posses acima de Tudo.
Ser cidadão é ser consumidor. Compre,Compre,...com o quê
Com o veneno de qual droga?
A faca da fome corta o meu pensamento
turvando as frases do meu caminhar.
Na frente do templo Deus está á venda para quem puder pagar.
Por suas palavras de fogo do inferno ao Demônio do desespero.
As putas em arrobas envelheciam lutando para fugirem de sí ao Sol
de seus delírios.
Todos nós somos mercadorias não somente nossa força de trabalho,
nosso ócio inclusive, é escravo desta caixa germinadora de legumes humanos,
geladeira urbana de leites pasteurizados.
Noite na urbe iluminando de trevas o espírito do sobrevivente.

Wilson Roberto Nogueira
O desespero não espera,

lacera a pele da alma
que derrapa,
que cai,
que quica.

GoooL!!

Wilson Roberto Nogueira
Todos crêem que a luz chega ao fundo e lá, repousando a água cristalina e pura... vêem a solidez das pedras ...o cuidado, a beleza do poço. Mas a hera sufocou a verdade numa fina fumaça de veneno morno, da água "pura" só restara a lembrança envolta na embalagem dourada do mito .
Da água pura só restara o sonho perdido na escuridão... água empoçada em perpétuo cio com a treva alimenta as lacraias e as baratas nas vísceras da memória dos morcegos que enxergam longe embora cegos.

Wilson Roberto Nogueira
No meio da madrugada um caminhante tropeça no cansaço e o abdome protesta almoços pretéritos. Agora é a hora da vingança e o mastigar das entranhas ,tem seu tétrico princípio. Qual pedinte foragido da opressiva necessidade -bate a porta e implora por um W.C salvador e ouve do Hitler de plantão ,um sonoro NÃO! vociferante negativa dos infernos que o condena a humilhante condição. As pegadas tornam-se pastosas. Eis um taxi, mas é tarde...demais.

Wilson Roberto Nogueira
A borboleta beijava o banco da praça


as folhas ao redor bailavam


enquanto pardais faziam graça.

Uma empada apodrecida saudosa

saudosa chorava


pela boca que a abandonou.

Preso em seus andrajos

mendigo pregado pela desdita

sonhava liberdade infinda

voando como um rei

um urubu rei.

As borboletas se acercavam

perfumando seus sonhos

num lindo túmulo ao ar livre

As borboletas beijava o banco das praça

colorindo os sonhos do pesadelo

cavando no seu ouvido

com a pazinha de seus piados

os passarinhos enchiam de música

a escuridão.

Até a defesa pública chegar

ou em cinzas se transformar.

Wilson Roberto Nogueira
Buraco de pálida mirada

drama ou cilada na cidade
de sonhos de papel de arroz.

Wilson Roberto Nogueira
Sombras abraçam a manhã
No fundo do copo porejam pesadelos
na alegria alucinada do sangue alegoria
de incêndios cercam a razão e pouco a pouco
a cobrem com a copa das árvores do bosque negro.
Mais um gole golpeando a alma
a assassinar estrelas sob o firmamento pastoso da
dês-memória.

Wilson Roberto Nogueira

ladram os ladrões de amanheceres.

Com a faca nas mãos, ajoelhada sobre as pedras ela arrancava,desde a raiz as ervas-daninhas.Uma senhora de setenta anos.Por horas,pedra por pedra,prosseguia enquanto seus olhos corriam entre os girassóis.
Pedras que calçavam o acesso a sua casa ,construída por seu marido e também por suas mãos,mãos de camponesa,de imigrante;a rainha da casa com seu lenço à cabeça a guisa de coroa.
Enquanto o príncipe descia duas quadras antes de chegar na casa para,que seus colegas de escola não o "obrigassem" a mentir ,dizer que aquela senhora era "sua criada".
O céu estava rubro e "a ética dos intestinos " cobrava a taxa dos saborosos pastelões e cucas da "vovozinha".Naqueles domínios olhava por sobre os ombros ,no espelho das máscaras entre os vapores dourados da estufa da classe dos bem nascidos,o qual aquela senhora dos olhos de criança jamais do campo saíra.
A noite descera com seus sortilégios.Hora de dormir,hora de orar,ao pé da cama;com toda leveza de uma alma que desertara de seu corpo, o menino repetia as palavras que sangravam de tanta fé na trôpega pronúncia daquela imigrante sua avó.
Recebeu com um sorriso mecânico o beijo da boa velhinha,dormiu,quando acordou,despertou daquela nuvem o deserto da sua vida ,o mármore diante daquela laje que lhe servia ,naquela noite,de leito e a seu lado a olhá-lo como um irmão um cão zarolho.

Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, agosto 02, 2010

Caiu o pano
quebrou a perna
de tanto sucesso
ficou tonto
ficou cego
viciado nas luzes
transformou-se em pó
pensando ser purpurina
soprado para longe
foi beijar as estrelas

es ta te lou se.


Wilson Roberto Nogueira
as velas velando o sono dos mares em calmaria

No beijo do vento correm paridas
saindo para deitar rede ao mar
Explodem cardumes no peso da felicidade.
Um dia de pescaria.


Wilson Roberto Nogueira
O sonho acompanha sorrindo ,

o brilho dos olhos da menina ;
aconchegado naquela pétala que voa.
Borboleta não
mariposa.
Mosca amanteigada
refletindo o arco-íris
que repousa na lembrança de menina
perdida em flocos doces de neve
doçura que irriga alvura
com seus sonhos
seus olhos fitam a imensidão do silêncio.

Um zumbido e o silêncio
sonha a menina
Ela dança
na fumaça da bala.



Wilson Roberto Nogueira
Sorrisos de cinzas ocultas
punhaladas silentes
na alma
cinzentas avenidas
do pensamento
sob o lençol
de brancas pérolas.


Wilson Roberto Nogueira
Um gole de cólera
cai o copo
evapora na alma.

Wilson Roberto Nogueira
Em cada canto do quarto pequenos casulos de pó azulado

na pele decrepta respira bolhas de tinta que laceram em nova cor.

O quarto arde estórias nos passos pretos gravados nas lápides insones do chão
caminhos tortos tomam conta desta caixa de pandora onde uma mulher chora

diante de um gato que ri com os olhos.

Wilson Roberto Nogueira
Origami no Bonzai

da Araucária queimada
Cinzas gestando diamantes.



Wilson Roberto Nogueira
O mar morde o mote

tenebroso do remorso
no remanso do acorde
sibiloso do bote
do banzo a marejar a morte
no fundo negro
do mar que ama a sorte.



Wilson Roberto Nogueira
Dentro daquelas dançantes chamas frenéticas vejo o sorriso louco de outras eras .Ao som somatizante da tragédia anunciada e patrocinada,a animada animalada com a morte lucra.

alucinada com as gentes sem nome calcinadas sem ouro nos sobrenomes, todos pó que o vento sopra para longe.

As cinzas não votam.

Wilson Roberto Nogueira
O quero-quero está quieto
O pardal castanho não sente a perda do canto do quero-quero
O pardal vê apenas as penas do pombo voarem
Um gol do gato antes de ser atropelado
-Tapete de pêlos pretos.
Estropiado o cão gane de dor
não sobrara nada para comer

só o protesto da barriga



Wilson Roberto Nogueira

Schadenfreude

Schadenfreude chá de fronha? gargalhar com a piada da vida . Com os panos rotos ruídos pelos ratos em nossa tumba. Olhar a janela e beijar a lembrança da herança legada pela caveira passageira, Sentadita ao seu lado ,enxugando o suor da cabeleira. Rir enfim da desgraça dos outros ,enquanto o trem não descarrilha ou o bafo da bela mortalha não te suga a seiva rubra .

O fogo sopra em outra direção mas vai que muda de opinião!

Wilson Roberto Nogueira

Pétrio pássaro

Dentro daquela palavra ígnea

uma lava gerada na dor
a devorar de incêndios
a lavra da palavra.
lavrador do pensamento
na tinta rubra do sentimento
na trilha da escrita caminhava
e a cada pedra no caminho
voava um passarinho
na lágrima da letra
uma pena da asa
dentro daquela palavra ignea
respirava o coração de um poeta.
Wilson Roberto Nogueira
Embora me tivesse dito
me ditava desconfiado
fiando teias na cachola.

Wilson Roberto Nogueira
Fecha a janela e se encapsula nela e perde-se no espaço em nervos ,em neve e névoa .Na mente veste-se de menta mentira.Da mente de outrem se oculta .Olha a nuvem e a verdade flutua no olhar da gota de suor da tua pele e no teu olhar.Um fio de fogo ;a fumaça fuma a força do amor  e rasga o aço da razão .O Céu ficou nu de nuvens no repente repentino da serpe em ti.Uma queda, a dor ausente. Teus lábios abriram para um beijo e por breve desejo, ficaram as presas na janela ,fechada fumaça, vida pirraça, só soldando ferro a fera vai.



Wilson Roberto Nogueira

domingo, agosto 01, 2010

A hiena risonha ri mas não sonha
 

ri do que não sabe
ri quando contente e quando chora
ri um riacho de pus feito lágrima
ao comer fatias do rosto do soldado
expulso do corpo por um gafanhoto de prata
oculto no buraco de sangue enegrecido no peito
furo a tungar a alma e o sonho
à exibir num filme segundos de uma vida
gota de água a queimar o coração.

A hiena ri da paisagem a uivar fantasmas ocultos na poeira
na aragem das eras a semear secos soluços
terras obstinadas florestas de ossos e arbustos de fibras
onde cresce o humo humano gargalham as hienas
quando em bando se armam de coragem
sedentas pelo saque rondam palácios sem reis

Leões em ruínas onde densa tempestade levara para longe
os dias de honra e bravura restaram os ossos
sonhando carne sem mais os dentes
as hienas presentes retalham as imensas sombras

Densa poeira leva para longe os doirados dias
mas as crianças nada sabem e
trazem como crias-heranças a semente de sol iluminando de alegrias
enquanto as hienas nas sombras dos arbustos riem
pastosas babas da história
riem de ódio da esperança
na luta desigual da esperança sobre a esperiência.

Wilson Roberto Nogueira
Cantar na língua da portuguesa fados tristes de felicidade na rubra dor de seu segredo. No sabor de sua pétala o enigma de seu sofrimento , um doce lamento de gozo e prazer no chorar de alegria a estremecer . Eu cá sem ti em Lisboa e, tu daí a rir ,com quem rapariga? Cachopa ,saudades ,o coração a pluviar felicidades ,memória de fogo a consumir de mim o fado e cantá-la ,tua lembrança é tesouro que me naufraga. "Como é doce morrer no mar" Tendo tu como minha sereia.

Wilson Roberto Nogueira

Naufrágio

A juventude da esperança faleceu na cova da desilusão- a última ceia servida fria de cinismo.
A máscara de cêra a derreter hipocrisia , na asia dançante do derradeiro trago; goela cambaleante de desilusão tragado, fumado pela etérea lembrança , a lâmbida nalma marcada no semblante ,pálida e fumegante, humorejando a rastejar numar de violentas vogas gastrointestinais.
Abissais monstros marinhos sacodem o corpo franzino da fragata.Mas que gata, agaichada nua no meio da pista ,era mesma uma sombra esguia a naufragar na fragrancia do veneno de que vivia ; era o cio da tempestade com o mar; dela restaram a morada das enguias e tubarões e Bêbados abantesmas a cortejavam nas entranhas dos peixes à procurar segredos de sereias ,serenatas de sonhos de uma ébria magna mata.
Lambe o cão o caído saco de ossos ,na sargeta desperta pro pesadelo o próprio testemunho da derradeira derrota .
Na sargeta a vaga lembrança da máscara sem rosto.
Nau dos condenados.

Wilson Roberto Nogueira