terça-feira, maio 29, 2007

Um aparte?
A parte que te cabe neste latifundio.
A lápide partida-pedras à testemunhar
ruínas de ideais -as pedras protestam
em silêncio,
em nome das utopias-
pias batismais de infâncias perdidas
nas lides das casas de tolerância-
envilecidas artes da maturidade apodrecida da polis
Carvão restara do verdor da militância
em prol da vida que pulsara rubra nas bandeiras das artérias,
da pele da revolta sã da indignação cidadã.
Menos que o coração das ruas pulsando sóis.
Mais no diamante dos olhos das crianças
ao fitar o horizonte que em luto anoitecia.
Ideais em ruínas atrás das pinturas das Marinas,
dos mármores e cristais dos lustres e que tais !
A fachada soberba do Palácio-
pobre Versalhes!
E lá fora o povo faminto por justiça clama
e a chama da revolta espelha rios de sangue-Enquanto
a luz féerica dos fogos do derradeiro banquete da Côrte
cega os comensais parasitas
que prestes a perderem a seiva de seu hospedeiro
irmanan-se com a vítima à beira do abismo.
E a chama da revolta se confunde com o incêndio
dos milhões de fogos de artifício
enquanto os Nobres Colegas se empanturram.
De Quê?
Blá Blá Blá e meus cobres para cá!
Wilson Roberto Nogueira
Eu Sou só o sopro da Palavra
O Verbo vertendo a verde verdade
água cristalina do principio da vida
viscejando nas vísceras do tempo
temperado pela lava-seiva de fogo liquido
nas veias das selvas fósseis da alma
Sombras bravias de breves maldições
semeadas com o sêmen dos furacões
Agora deserto de pedra
onde se esgueirão
escorpiões à bailar com serpes sapientes
de ilusões.
Wilson Nogueira
A morte entrou nos ossos
e comeu-lhe todo o tûtano.
A vida estava se despindo para ele
e sorrindo ao sair sem se despedir
A vida nua estava vestida de luar
coroada de estrelas
tão iluminada e quente que
lhe queimava
na espinha o remorso.
Wilson Nogueira

sábado, maio 26, 2007

Encharcado de alccol-Fogo invisível
logo aluz de uma tocha

A vida de um réptil no charco
agora alma irmã da manhã-um incêndio doirado
e rubro -a pintura celeste sobre o trigal

Vento levando para longe a Boa Nova
Um escravo do vício alforriado

Mas o pântano continua imutável
E o Paraíso-engôdo de uma alma ébria
em concupscência com a nuvem

Inverno astral em perfeito carnaval
compor a vida escrachado.
Wilson Roberto Nogueira
No coração dela um diamante
-a lembrança de um amante,
ausente.
Deita a razão no cobertor quente,
mas no coração
-escorre lava incandescente.
Ela jaz mil mortes
e vive para se consumir na chama
sob a estátua impenetrável de dama.
Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, maio 15, 2007

EnconTRASTES o que vestir
na pele morta da urbe
Trastes de carne devorada
pela voraz rameira de seus becos
beijados pela língua da besta.
Abençoada maldição do sangue
que escorre como lava lavando-te dos pecados
apagando-te a consciência na erupção do teu vício

ENCONtrastes o que vestir no casaco que é a tua casca
a tua casa
onde habitam os teus pesadêlos e loucos devaneios.
como nos passos das tuas caminhadas
engolidas pela chuva de punhais das tuas lembranças
a escorrer seiva negra das escritas secretas do tempo
no teu corpo de fantasma.
Wilson Roberto Nogueira
flanando
Um voyeur do cotidiano a andar como quem navega
em calmaria no olho do huracán da meta metrópolis-
e nós daqui -dos seus escombros
ombros arcados
humanos encaixotados
ocos em nossas ocas pós qualquer coisa
coisificados no liquidificante urbaneurastenico
cotidiano
cotas de nosso couro a cada dia no mate douro
nas vitrines do big brother da Hipervelocida
vida escrava vagaba do travail soleil do circus
onde come-se e se come o pão do inferno
na esquina da putaria da padaria na banda esquerda
da bunda onde tu fodido foi chutado proleta de proveta
vai -corre robô pra fábrica de superfluos fluores de espíritos
empedrados nas paredes ocas de casas sem móveis sem janelas
sem luzes.
Wilson Roberto Nogueira
Zanzam zumbis nas quebradas da urbe cansada
empoeirados caminhos de destinos incertos(inocentes?)
tropeçam nos restos que vastejam em suas vielas escuras
Vastos ventos sopram em surdina,
espreitando
esperando o tropeço da razão no solilóquio de espíritos partidos.
Passos pesados arrastam ruínas
carregam mundos abandonados de sol
as trevas silenciam sobre as caixas de papelão
entorpecidas pedras humanas
não sangram nos sonhos
como sangram no cotidiano caminhar
Pedras que sangram iluminadas pelo sol
penetrados pela morte que sorri no açoitar da madrugada
Mais um dia a abrir-lhe os espelhos do labirinto,
onde curvado cata os restos da manhã.
Não é nada-
É um saco de lixo escondido na calçada.
Um sôco na boca do estomago de deus Pai.
Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, maio 14, 2007

O estrondo do trovão
vaza os ouvidos de emoção
eco longinquo das cavernas
cavas de vinhos dos mitos
tostados pelo fogo do espírito das eras.
Wilson Nogueira
O estrondo da queda
rugiu aos quatro cantos
abrindo no solo
assinatura da sola
na cova rasa de um pesado caminhar
Wilson Nogueira

quarta-feira, maio 09, 2007

Eu não como e a fome me come de pesadelos de bacanais
-maminhas,chuletas e que tais.A tortura das carnes
acabei por comer tal qual um porco,
comendo com uma dentada de angústia todos os lábios secretos ,
angústia por saber não poder voltar a comer naquela gargalhada de grelhas
de tua manga elétrica da qual acabei acorrentado.
kakosdamoiesteros