quarta-feira, maio 30, 2018
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sexta-feira, maio 25, 2018
quinta-feira, maio 24, 2018
quarta-feira, maio 23, 2018
Pego um livro e leio nas bordas outras vidas ,
em letras ora miúdas como mexilhão no coral ,
ora octopode oculto na tinta de seu corpo evaporado na
fuga
e me pergunto se velhos fantasmas
transaram no silêncio dos sonhos ;
outras vozes em mares revoltos ou na calmaria,
onde barcos pensam
outros destinos em outros mundos, portos a conhecer.
Veias em alva pele,
macia ou já amarelada, não importa ;
continentes ocultos que lançam sombras luminosas
na orla da praia das sensações .
Uma simples leitura mergulha em mares profundos,
onde em cada nível, novas leituras são possíveis.
Quando o fôlego não deserta para deixar ao sol,
nosso cadáver naufrago.
Wilson Roberto Nogueira
Tente e retente que a tinta sairá do cuore ou do cérebro ou
das cicatrizes ou da sombra
penso :equilibrar-se sobre um fio no alto do circo não tendo
rede embaixo e ser franco e honesto consigo mesmo e com a morte.Usar o
discernimento e o bom senso sempre senão cataplaft...
pode não ter nada a ver com a gíria parece uma erupção sem
barulho de algo que assisti nas sombras dos sonhos.
levantar peso, a vida já faz; lançá-lo à distancia meu rapaz
é o que satisfaz.A jóia do saber viver é aproveitar os detalhes da vida , focar
na claridade sempre , mesmo no escuro...
preciso de drágeas de auto-engano para convencer a sombra
que sou que sou sol
só sabendo ler na sombra que sou que existe sim a
possibilidade da luz.
Wilson Roberto Nogueira.
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Wilson Roberto Nogueira.
a alma não ocultara a si diante do opaco espelho das
opiniões
o caráter delineara mera sombra no empoeirado espelho
pálida vida velada de luares invernais sobre ruínas que
prometiam sonhos
alicerces de nuvens
vidros partidos de janelas que não vêem o branco dos olhos
dos dias
parindo da dilacerada visão cores onde apenas bruxuleiam
fantasmas
janela aberta ao deserto nos olhos do abismo.
Wilson Roberto Nogueira
Alguns compenetrados, outros vagando pelos quadrantes da
sala a consumir o tempo em lenta lenta agonia ou olvidando por completo os
insondáveis caminhos das matérias .Outras personas a paisagem do teatro
interpretando?Interpretando saberes e seriedades; outras profissionais catando
códigos na busca por peneirar pedras preciosas de algum edital.Mais adiante
zanzam a procura do que desconhecem, apenas flanando nas veias expostas de
cidades imaginárias .Naquele canto alí , a natureza morta dos gestuais de
sapiência dos abancados."Oito horas a Biblioteca fechará suas portas .
"Os livros ficaram presos e dentro deles leitores fantasmas.Essa catedral
não recebe sem tetos e suas correntes de pedras.
Wilson Roberto Nogueira.2009/19/09
Naquele café esfumaçado bebia a si próprio , a cada gole
,enquanto o tempo passava .Impreciso caminhar."Que horas 'serão' , será
noite ou dia ?Não importava mais, sua juventude se fechara e só restara uma
lâmina de luz cortando os pés da porta.
Chegou em sua sórdida morada embora não tenha lembrança de
haver caminhado até lá .Pôs-se a descamar-se de suas roupas e a medida que se
aliviava delas , não encontrava sinal de si.A sombra que o perseguia ,
perseguia o sobretudo que ora o cobre de seu derradeiro inverno .
Agora entre o pó e as teias de seu quarto tornara-se o vulto
translúcido de seu trincado espelho.
Wilson Roberto Nogueira
Ler no braço toda uma história - as placas de gordura , as
pelancas, as casquinhas do ressecamento; tudo marcado pelas vírgulas das
cicatrizes;cada letra com o devido pingo de sarna.Um pergaminho de
deterioração, degeneração a espera do ponto Final.
O olhar perdia-se no opaco enredo de u'a estória de
desenganos.
Um pequeno sol escurecendo a visão.
Na escuridão do quarto o olho cego de uma lanterna.
A porta arrombada de uma morada.
Um sórdido quarto de pensão
testemunha a prisão de um insone ladrão
de sonhos.
Inocência ausente desertora precoce
prece silenciosa diante do abismo e seu sorriso.
Porta aberta sangrando histórias que só as sombras sabiam.
Sob o colchão mofado acorda como quem se livra de afogar-se
o morador da pensão olha no olho da lanterna
o cano de uma arma.
Esteja Preso !
Wilson Roberto Nogueira.
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Wilson Roberto Nogueira.
É assim mesmo, a foto vai se apagando ou vamos dia a dia
passando a borracha, virando a página...Viver é conviver ,fazer vínculos caso
contrário é só existir. Se penso já tenho companhia. Embora seja tal um porre
de vodka de fundo de quintal. O rato só aproximava-se da luz de suas lembranças
para melhor conduzir as letras em suas fracas patas sujas de tinta e mesmo
assim conseguia produzir um modesto verso que lhe agasalhava de sombras e
sonhos.
Wilson Roberto Nogueira
só o que sobrou do sonho
é essa sombra no teu olhar
o pesadelo trêmulo no teu caminhar
é o vacilar dançarino do demônio risonho
a busca por algo invisível que a razão não alcança
são os passos incertos dessa dança.
letras incertas qual chuva de prateados
gafanhotos
afastam chateados garotos abreviados
de sonhos de proletária vida
a morte renasce em cada sonho que assassina
essa é sua sina.
a sombra no teu olhar
é a alma que desaprendeu a dançar.
tua seda sua sem amar
o mar te convida mas
mas não há mais nada
nada sobrou do sonho
na razão do teu amar.
Wilson Roberto Nogueira
2009
Cai um pingo de tinta
e a palavra se cobre
de mistério.
Nada tema com o trema
não trema com a reforma
da Língua
Ela é carne viva
e não é só portuguesa
brasileira
afrolusobrasilofona
deixem morrer de fome
os cães de pedra da tradição
tais jazem no chão.
só o sombra sabe
onde desabrolhou
feliz Deisi.
Está deisiando olor alí
aqui agora acola
lelé legal
tri humus do humor.
Wilson Roberto Nogueira
Noventa novenas para a névoa em forma de sombra
sobras de uma vida que dançava na tempestade
sonhando ser água pura fervendo no asfalto
marcas do silêncio no caminhar maldito da memória.
reza a estória que o fantasma sem nome alimentava-se
da fome, da guerra e da peste.
Faminto de fome não passou
da guerra bebeu todo o sangue
a peste sua assinatura nas crianças que não nasceram.
O espectro do esqueleto imortal perseguia a bruxa,
a macróbia camponesa pelos campos radioativos e rios
que suplicavam água para viver.
Voraz silêncio depois da chuva de metal
semeando campas em aldeias- lápides
só o fogo iluminando a lua ausente ao entardecer.
Wilson Roberto Nogueira
2009
deves deixar de ter as entranhas expostas
no açougue
falar em voz baixa para que meu coração
apenas seja ouvido pelas vísceras.
O coração é a luz intensa que dita os passos
da razão
É a luz que encobre as pedras dos ocasos
é a ração
diária de sangue que a vida cobra
daquele gauche que por hora veste
a armadura da razão
Wilson Roberto Nogueira
Entre u'a novela e outra.Pausa para o comercial
telejornal.no mercado do entretenimento a noticia é show.mercadoria embalada a
ouro de tolos alimentando de pedras de luz a angustia de mergulhar no
vazio;alugando o tempo à névoa densa da ideologia onde a reflexão não encontra
os próprios pés e segue informa(ta)da,fidelizada manada de consumidores tocada
pelos apelos do carisma do olho luminoso da tele-visão, do galã e da mocinha.O
IBOPE atesta a audiência da hipnótica força do dogma do verossímil travestido
de verdade, na máscara do sorriso fácil ou da calculada expressão de seriedade
.Seguimos contudo a desligar a caixa de ilusões e procuramos aquela edição do
Hommo Videns de Giuseppe Sartori e caímos a larga na Sociedade do espetáculo
mais uma vez .
Wilson Roberto Nogueira
Revestida de cinza e brancas rotas vestes
voam plácidos no abismo olhos de luz negra.
Cinzas voam livres e velhas prisões famintas
agora são ossos morada de flores.
flores de pétalas doces .
Janelas em prantos esperam horizontes
cicatrizes costuradas no aço arames são caminhos
veias da liberdade.Bebe a paz no elmo caído da guerra.
Todos nossos ossos secos ao sol são brancos.
Wilson Roberto Nogueira
fantasmas flutuam pálidos na meia da luz
cortina de sonhos na janela da alma.
pisca o vento murmurando antigas orações
coração do tempo bate aflito pulsão de morte
temperando a vida parindo da ferida uma semente de sangue.
Bate a porta e a morte desejada escapa deixando queimada
a morada da vida num beijo de aço e pus .
Na guerra a arma de destruição duradoura é o estupro.
No rosto da inocência a culpa eterna de ter nascido
a herança queimando na espinha a cada olhar
o silêncio estalando como um chicote
Passos na escuridão e no trovão uma bota no rosto
pegadas sonâmbulas na neve
velhos fantasmas da guerra
Ruínas de igrejas,mesquitas, sinagogas
Tantas casas vazias onde está o Senhor !!
Wilson Roberto Nogueira
O que respondo à flor dourada de pétalas prateadas
meu caule de carvalho velho curvou-se ao seu olor
Quão breve brisa soprou alento ao tronco enrugado
dores de juventude hoje não pesam na nova morada
amores de esquilos na alma inquieta
tronco grávido de
felicidade na madeira velha
a qual não se curva ante a tempestade...
Wilson Roberto Nogueira
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A vida é um presságio
cobra ágio
da alma que nela não mergulha.
A vida é uma agulha cujo olho um lago olha.
Cega a lua vida que bebe de si o fél .
A vida é uma agulha cujo olho um lago olha.
Cega a lua vida que bebe de si o fél .
Wilson Roberto Nogueira
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terça-feira, maio 01, 2018
A seca
Sol, a seca que seca o chão, que aos poucos sufoca até a morte o gado e apresenta a mãe de Jesus aos natimortos do sertão.Aldeias , vilas de poeira e caldeira a tudo o sol consome mas os "ome", estes não passam a dor da fome .
A cidade grande é temperada com a brisa de um beijo quente
O sol não arde na negra fornalha e não seca na alma o sonho
não testemunha a pesada corrente do arrastado sofrimento
do vivente teimoso e bravo nordestino.Lá o sol não seca o chão
como no coração do meu sertão onde deixei enterrado o meu coração
Vou para capital por que lá é o porto do meu destino.
Wilson Roberto Nogueira
A cidade grande é temperada com a brisa de um beijo quente
O sol não arde na negra fornalha e não seca na alma o sonho
não testemunha a pesada corrente do arrastado sofrimento
do vivente teimoso e bravo nordestino.Lá o sol não seca o chão
como no coração do meu sertão onde deixei enterrado o meu coração
Vou para capital por que lá é o porto do meu destino.
Wilson Roberto Nogueira
Fome
Dormi famintos do povo, e que os Deuses da comida vos guardem.
E se o verbo não sacia a vossa fome, que seja o sonho
Dormi sobre a nata das promessas e o liquido das palavras.
E que nas trevas as noivas de sonho vos deliciem
com fatias de pão reluzente como a lua cheia.
Mohammed al Jawari
E se o verbo não sacia a vossa fome, que seja o sonho
Dormi sobre a nata das promessas e o liquido das palavras.
E que nas trevas as noivas de sonho vos deliciem
com fatias de pão reluzente como a lua cheia.
Mohammed al Jawari
Brasil 90
Como toda nação ainda não chegou a perfeição, mas persevera no coração.
Para que o ideal não se torne inatingível devemos acreditar no impossível
pois somos um povo incrível , disposto a lutar tanto quanto a amar
nunca cessaremos de amar a esse nosso Paraíso que a todos e todas
recebe com um imenso sorriso solidário.
Wilson Roberto Nogueira. 1989
Para que o ideal não se torne inatingível devemos acreditar no impossível
pois somos um povo incrível , disposto a lutar tanto quanto a amar
nunca cessaremos de amar a esse nosso Paraíso que a todos e todas
recebe com um imenso sorriso solidário.
Wilson Roberto Nogueira. 1989
Brasil 2018
Sobe sobre sua singular ética e nela navega na ilusão de levar vantagem afunda na fumaça que pouco a pouco vai pesando até esmaga-lo , ri do outro e não vê que seu destino não é diferente.
célula zumbi de uma nação de identidades múltiplas, e nenhuma , a própria frondosa fresta tropical .
nada preservado das fibras do coração arrebentado ,segue patriota verde amarelo quando a vingança e o ódio lhe caí tão bem .Venalizado ideal do homem mercadoria é o consumo até consumir a si no mercado das glórias vãs ou do vir a ser fugidio .
Wilson Roberto Nogueira
célula zumbi de uma nação de identidades múltiplas, e nenhuma , a própria frondosa fresta tropical .
nada preservado das fibras do coração arrebentado ,segue patriota verde amarelo quando a vingança e o ódio lhe caí tão bem .Venalizado ideal do homem mercadoria é o consumo até consumir a si no mercado das glórias vãs ou do vir a ser fugidio .
Wilson Roberto Nogueira
Noite
Da tua matriz
eu subo sem memória
e choro
caminham anjos, mudos
comigo, são imóveis as coisas,
em pedra mudada cada voz,
silêncio de cèus sepultados
teu primeiro homem
não sabe, mas padece.
Salvatore Quasimodo .
eu subo sem memória
e choro
caminham anjos, mudos
comigo, são imóveis as coisas,
em pedra mudada cada voz,
silêncio de cèus sepultados
teu primeiro homem
não sabe, mas padece.
Salvatore Quasimodo .
Fábula VIII As duas cadelas
De emprestar a casa, foge
todos vêm com pés de lã,
Porém o hospede de hoje
Sai-te o patrão de amanhã.
La Fontaine
todos vêm com pés de lã,
Porém o hospede de hoje
Sai-te o patrão de amanhã.
La Fontaine
um único pensamento
Nas formas resplandescentes,
nos sinos das sete cores,
e na física verdade
escrevo teu nome
Paul Éluard
nos sinos das sete cores,
e na física verdade
escrevo teu nome
Paul Éluard
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