domingo, março 19, 2017

passeio de um burguês

Alguns  flanando  a consumir o tempo olvidando por completo as personas à paisagem.Interpretando saberes e seriedades, catando códigos, peneirando pedras preciosas  a procura do que desconhecem, apenas flanando nas veias expostas de cidades imaginárias nas  catedrais ou nos templos de corpos   ou na ruína de estórias anônimas flertando com precipícios famintos. Vísceras  explodindo em gargalhadas."Só um salgado , estou passando fome" . "Não tenho dinheiro só cartão "



Wilson Roberto Nogueira.2009/19/09
Alguns compenetrados, outros vagando pelos quadrantes da sala a consumir o tempo em lenta lenta agonia ou olvidando por completo os insondáveis caminhos das matérias .Outras personas a paisagem do teatro interpretando? Interpretando saberes e seriedades; outras profissionais catando códigos na busca por peneirar pedras preciosas de algum edital. Mais adiante zanzam a procura do que desconhecem, apenas flanando nas veias expostas de cidades imaginárias .Naquele canto alí , a natureza morta dos gestuais de sapiência dos abancados. "Oito horas a Biblioteca fechará suas portas . "Os livros ficaram presos e dentro deles leitores fantasmas. Essa catedral não recebe sem tetos e suas correntes de pedras.



Wilson Roberto Nogueira.2009/19/09
Forçando o olhar para encontrar outros símbolos nas letras tortas da folha de sentimentos em branco. A página de papel revela-se espelho do atropelo da alma bêbada que quer cair para ver se ainda é capaz de sentir dor. Quebrou-se e nada sentiu; queimaram-lhe o cabelo e teve que cortá-lo daquele jeito hitlerístico que nada tem de seu. Por isso força os olhos da alma no papel que lhe rejeita.
Procurando ao redor das cadeiras algum papel.Se os restos que encontro é o que procuro
nos silêncios das folhas rasgadas, documentos de vozes tortas nas bocas sujas de almas sebosas;leio nos símbolos várias expressões, as quais só explodem de vigor envenenadas sem direção ou valor organizadas.
Desatino no desalento crispadas nos olhos espadas rasgam a noite: o bando em loucas risadas chutando o vento ignorando espaço e tempo queimando a consciência.
O princípio da responsabilidade surdo e cego.Velho vaga no lamento enquanto o prazer reina escondendo no útero acéfalo o feto do futuro.
A semente utopia agora vazia  oca e plena de eco do pesadelo na agonia.
Amanhã a rebeldia esta poli-morta ,encontrará revolta o retorno à razão,à direção e ao sentido;e aí estaremos de fato perdidos.
Um tiro na surdes do sócio fascista umbiguismo burgues .

Wilson Roberto Nogueira


2009
o mel que provei um dia  dos lábios a saliva dela deu-me sede de vinhedos raros.
hoje o gosto de rolha avinagrou minhas lembranças . Estamos presos numa mesma masmorra
 o casamento.


Wilson Roberto Nogueira
Uma alma esfarrapada tenta cobrir o sebo que escorre por entre a putridez do verbo ácido ,
só restos de metal enferrujado da  vida opaca mediocritando desidratados sonhos em
sonolentos passos a desfraldar misérias nas navalhas dos  dias de inverno.
Assim desconjuntada possessão dalma  decrépita as derradeira  cicatrizes tornam-se signos
emudecidos de anônima história.

Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, março 06, 2017

Na Boca Maldita Dois nobres representantes da nossa augusta aristocracia togada, venerandos velhinhos operadores do direito. Devidamente aposentados  .humorados com a bílis translucida  divertiam-se galhofavam “Eu faço as leis. Eu mando. Eu tenho a carteira. “entre o degustar de um expresso fumarento.



Wilson Roberto Nogueira

sábado, março 04, 2017

Fim de um burocrata mediocre

O sol pálido da página não agasalha a ideia do tempo
escorrem famintos ácaros olhando um céu vasto
soprando para viagens épicas
contudo
invisíveis, anônimas
sem sinais.

Aventuras translucidas ensaiam serenatas
sonhos de nata

Copo com coca cola morna
Moscou-se a moscaria para Moscou.

escrivaninha anciã sozinha só
como aquele retrato da avozinha
oculto sob o véu da poeira mesquinha.

Partiu após o parto daquele sonho
sem sepultura numa cicatriz sequer
daquele quarto abandonado da pensão.

Os óculos da firma que se acorrentara à repartição
agora feliz repousa na masmorra da inação
 à porta desconjuntada de sua sacra cela
a aguardar o juízo chegar

a porta sempre esteve destrancada bastava abrir

mas essa barata  não sabia voar.

Wilson Roberto Nogueira




a janela sem pálpebras olha para dentro de si
de suas vísceras só o lodo de suas degradadas
lembranças.

Wilson Roberto Nogueira
A janela bateu as asas esmaecidas de poeira
janela cega de horizontes
um pulo no infinito
sonho que desperta no granito.

Wilson Roberto Nogueira