sexta-feira, janeiro 30, 2009

Mais um dia na merda, estava tão acostumado com a coprofagia, que deglutia o dia saboreando com raro prazer o fedor que era seu viver. O tédio arrancava dias de sua vida, mas um ou outro assalto metia na sua cara o seu baixo-valor de mercado, era espancado pelos abutres das urbes por não ter nada ,era cobrado por não ser nada, não ter identidade social só moral, por enquanto .Seu rosto era lavado na lama da sarjeta mais próxima,ela ainda lhe sorria oferecendo os peitos murchos e a vagina podre ,ainda trepava com a náusea agarrando se nos ossos quebradiços,trocando hálitos de sepultura no cuspe quente
da miséria.
Que se foda !
Well, ele já foi parido fodido,foi expelido,CAGADO.
Wilson Roberto Nogueira

Sol Sobre o Deserto da Namíbia


só o que sobrou do sonhoé essa sombra no teu
pesadêlo trêmulo no teu caminhar
é o vacilar dançarino do demônio risonho
a busca por algo invisível que a razão não alcança
são os passos incertos dessa dança.
letras incertas
qual chuva de prateados gafanhotos
afastam chateados garotos
abreviados de sonhos de proletária vida
a morte renasce em cada sonho que assassina
essa é sua sina.
a sombra no teu olhar
é a alma que desaprendeu a dançar.
tua seda sua sem amar
o mar te convida mas
mas não há mais nada
nada
sobrou do sonho na razão do teu amar.

Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Nogueirice

Decididamente não sei se meu sobrenome é de cristão-novo ou mouro ou se é de novo- brasileiro descendente de afro alguma coisa,só sei que não viverei morrendo de preocupação por isso ou aquilo,Todos nós cristãos, somos judeus dissidentes e como bons lusos , miscigenados desde a pedra de molar a moleira.Ora pois não me importa embora alguns gajos e cachopas passem os ferros na pele escura ;e o cabelo improvisando lourices arianas.Só o sombra(vulgo racismo ) sabe!Sabe-mo-la irmãos de uma única raça ,a humana.
Primos não se matem !O espaço é pouco e um templo sobroutro não mereçe a fatura em sangue,nem Alá ou Y'veh assim o desejam.
Salam,Shalom ,Paz.

Wilson Roberto Nogueira
No teclado da tequila
ouço quadros de Frida Kahlo
nos gafanhotos de prata da Revolução
a rubra benção da utopia
colheita de bravos
petrifica
em cada detalhe do mural
a alma imortal doMéxico !

Wilson Roberto Nogueira
A vitrola do sonho engasga,risca a letra tramando sendas para apanhar moscas sacolejantes
sobe em nuvens de vapor-sonho sondando poetartistas .Sabem que ao acordar a corda da melodia rebentada estará, não lembrará sequer o olor do banquete, o sabor sensual da pele da flor;o lençol da alma encobrirá crime e o artista verá nos cinzentos dias,que as ruas e os prédios não protestam dilaceradas canções nos corações rotos de poetas em labirintos pesados de racionalidade.

Sonhos provocam poemas e a razão monstros.

Wilson Roberto Nogueira

Afegã

Não sei se o sonho saiu ou explodiu dentro do olho do imaginado.

Só o balançar do berço a tentar ninar a gata siamesa lambendo o nene-tigre listrado de sinta a chorar .

Uivando na noite uma mulher impotente tecia tramas no tear dos sonhos de princesa,cativa, escrava que era; acorrentada não se percebia;mesmo com o tigrinho de seu filho a miar por socorro e ela sem o ópio que entorpecia a fome e aplacava a dor de viver.seguia viveferarando
o silêncio e a sombra do seu dono no rasgar de suas costas o látego do ciúme de um crime ancestral.

Presa sepultava-se sob panos negros a espiar com olhos baixos o rês do chão a levantar pó no caminhar de seu Senhor e carcereiro.

Mas isso acabou quando seu marido tornou-se mártir explodindo-se ... ela de regozijo.Depois o sol gelado para ela não lhe cortava mais sua alma que desalumiada se refugiara no espelho do brilhozinho da gata fomezero a lamber a cria,digo o bebê.


Wilson Roberto Nogueira

Dialetics of Paintings

Reaktion Books 1990

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Naufragio

Enquanto o navio afunda
voçe vai vendo o que vai restando
do meu sofrimento
A música mais bela amanhece
quando o sol aparece
no olhar da lua espelhada na pele
do mar, enquanto
o navio afunda
enquanto voce vai sendo
na minha memória o firmamento
o lamento vai embora
no sorriso da aurora
Como é doce morrer no mar
beijando a tua lembrança
nossa eterna aliança.

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, janeiro 23, 2009

ars africans

África rica multicor
sons da alegria
explodem na dor
no largo sorriso de marfim
acolhedor sem fim
Tão perto da Bahia
do senhor do bonfim
Mais ainda as praias do Recife
Daquele Senegalesco sol
senéf cdf imigrante em cobre
pagando Paris apagando as dores
nos corredores dos cafés ao som dos tambores
sêne Senegal sê negão
Sonha em francês a alma telúrica dos ancestrais
afastando da escuridão dos diamantes germinados do sangue o som Grîot
some da tv a dor da Àfrica pilhada de esperança
Surge Obama mas no Congo a criança se afoga em meio as moscas.
a dor não é vista em lentes foscas
Wilson Roberto Nogueira

Wooman Miners Carry


quinta-feira, janeiro 22, 2009

Sampa

mais intensidade e calor
vida existência vivida
e não o morno mormaço
da rotina
sempre acontece uma ruptura na mente
por uma pedra inconsequente
do destino imprevidente
nada é previsivel
assim é São Paulo
INcrivel .

Wilson Roberto Nogueira

Num País Distante

O burocrata enfia a cabeça no jornal enquanto o subcidadão encolhe-se no soalho, no chão ,prensado na fila largado terminal lá está ele entre a troca dos ladrões seus patrões; o poder joga com suas bolas.
Apaga-se mais uma vida, paga-se mais uma propina ;livra-se a mão vulpina de quem doa e desvela aquela puta que se entrega ,pois a pátria está escancarada vendida a baixo preço no bordel do parlamento . O povo morre na fila sem lamento acostumado gado a ser carne pro abate na mesa do banqueiro que elege o politiqueiro; a lictação apadrinhada sepulta nas pedras o peão ,enquanto o empreiteiro nesse lamaçal sem firmamento o país vai se afundando em contentamento afinal é Carnaval !
Depois das luzes que cegam no frenesí de odores e cores apaga-se mais uma vida nas avenidas da agrestia sob as mesas fartas das negociatas , das trocas de favores sem pudores nem alma bebem o sangue do trabalhador. Economizam nos direitos para engordarem sob o sol dos Paraísos Fiscais. Entre uma eleição e outra são eles os eleitores. O vulgo povo em seus estertores muge feliz com as sobras do banquete.
Seria a Rússia ?

Wilson Roberto Nogueira. 1994

quarta-feira, janeiro 21, 2009

ampulheta

na ígnea hora
sonha a terra
poeira humana
cair.

Wilson Roberto Nogueira
No buraco do olho deus não enxerga que havia uma casa em Gaza.
Caiu em sí com que criou ,cabe saber com que construir o próximo Ser
que não seja tão humano.
Sua imagem no espelho trincada pingando sangue
È um outro sendo o mesmo.

Wilson Roberto Nogueira
ela mineral transparente ontem
orvalhado musgo rublo irrigado
pelo sal das lágrimas
prazer de veludo queimando
tenra comida velando.

Wilson Roberto Nogueira
Pagou dobrado
a dívida de viver

víveres escassos.

Wilson Roberto Nogueira
O que você tanto espera ?
a espora do tempo...

Wilson Roberto Nogueira
Segue plantando pastos de tuas letras sementes
alimentando mentes bovinas no oco das almas das gentes
ruminam projeções de certos voos de galinhas.

Wilson Roberto Nogueira

Magritte e o guarda-chuva


Ela olha seu reflexo no espelho e vê ruínas helenicas
Ele para ela o cadafalso do casamento,
quase lamenta;
depois ri da corda que o enforcou.

Olhos glaciais e coração tropical.

Haja vodka.

Wilson Roberto Nogueira
O rio estava poluido de pivetes
que a policia pariu
num grito de metal dissimulada
em bala perdida
encontrada
na nuca de uma criança de assassinada
infância
Liberta da vida flutua numa bolha de ar
respirada por um peixe gato.
O rio está prenhe de presuntos pivetes
o esperma dissimulado de uma bala perdida plantou.
Nasceu no olho negro da imprensa a verdade assassina:
O Estado da barbarie a abortar seus bastardos.

Wilson Roberto Nogueira

Cana de açucar


quinta-feira, janeiro 15, 2009

Na íris um arco pálido
esconde no baú dalma
arco íris tímido

Wilson Roberto Nogueira
Olha pro céu que fuma cadáveres
sobre as telhas que restam
A mão de mulher segura o que não vê
sem o verbo da vida a morte tenta poesia
caminhando sobre restos humanos os pés
ultrajados das crianças enlameadas de fome
pés de crianças dribladas infâncias
sorrisos abertos à lâmina de punhais
soldados visceras vorazes da guerra
sorriem dentes genocidas.
a sombra dos aviões sobre o espelho das lápides
que já não mais revelam seus nomes
A Paz dos Cemitérios profanada no despejo de seus moradores.
Chuva de ossos na colheita das oliveiras
seus frutos ainda sangram lágrimas de esperança
de morrerem para viverem melhor vida
no existir para alimento de gritos o chicote dos dias
onde os vivos caminham entre os mortos
tropeçando em seus ancestrais.
Paz dos Cemitérios para o Gueto de Gaza

Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Não lamenta
Não olha para trás
segue avante
atrás caminha a Noite
a desenhar as curvas
da alma.
A lembrança moribunda
seguir-te-á serpe até o anoitecer
dos teus olhos.

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, janeiro 09, 2009

Ano Novo

Esperança no impossível
fé na fluides da vida essência
de felicidade efêmera
chama plena de humana contradição
alimento de sonho e pesadelo ano novo.

Qual pássaro crescerá desse ovo?
Cegonha, abutre ou águia
não interessa para quem sonha sonhemos juntos
e talvez daí surja a transformação flor nascendo
por entre as fendas da muralha.
Ano de Paz ...Seja uma convenção ou não
que o ano novo seja um novo ano.

Wilson Roberto Nogueira

Cáustica Paz dos Cemitérios do gueto de Gaza

Uns lutam pela paz
outros anseiam a paz
dos cemitérios
Para alguns morrer
de inanição
é morrer duas vezes
humilhação
Por isso armados de desespero
que venham a prepotência dos
genocidas com seus Merkavas e f16.

Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Casal Grego

-Nós somos realmente amigos ?

-Não,temos uma convivência conveniente e convencional.Fabricamos fraternalmente a cova um do outro.

-Por isso precisamos ser amantes.

-Por quê ?

-Porque de fato nos odiamos com a mesmo intenso furor com que dissimulamos amor.Posto que sexo não tem nada relacionado a tal.

-Tal ?

-Amor.Sexo por outro lado a ti fortalece e a mim abrevia .

-Abrevia ?

-A vida. A qual nunca me foi simpática.

(Calados foram trepar.Ele pensando na cova ela no Anarkovas )

Wilson Roberto Nogueira

Duelo

Ivã olhou para Annette que agradada dele lhe sorriu promessas. Ela contudo, acompanhava as esperanças do financista Feelding que assaltado por suas dúvidas empregou meios para provar ao rival o poder de sua espada privando-lhe da vida de ousar desbravar objeto que julgara ser de seu exclusivo pertencimento, a alma e a vontade da flor em chamas que exalavam tesouro raro Annette.

Wilson Roberto Nogueira