quarta-feira, janeiro 28, 2009

Afegã

Não sei se o sonho saiu ou explodiu dentro do olho do imaginado.

Só o balançar do berço a tentar ninar a gata siamesa lambendo o nene-tigre listrado de sinta a chorar .

Uivando na noite uma mulher impotente tecia tramas no tear dos sonhos de princesa,cativa, escrava que era; acorrentada não se percebia;mesmo com o tigrinho de seu filho a miar por socorro e ela sem o ópio que entorpecia a fome e aplacava a dor de viver.seguia viveferarando
o silêncio e a sombra do seu dono no rasgar de suas costas o látego do ciúme de um crime ancestral.

Presa sepultava-se sob panos negros a espiar com olhos baixos o rês do chão a levantar pó no caminhar de seu Senhor e carcereiro.

Mas isso acabou quando seu marido tornou-se mártir explodindo-se ... ela de regozijo.Depois o sol gelado para ela não lhe cortava mais sua alma que desalumiada se refugiara no espelho do brilhozinho da gata fomezero a lamber a cria,digo o bebê.


Wilson Roberto Nogueira

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