sexta-feira, novembro 29, 2019

Rios de lava lavam em fogo liquido meus amanheceres.
Sofrer é aprender.


Wilson Roberto Nogueira

madrugada

O amanhã surge em revoadas de lembranças baças e vãs

Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, novembro 06, 2019

O juridiquês

Fonte : Folha de São Paulo , 23 de janeiro de 2005

Queirais, desejais acima do que vos pertence a própria existência,
 viver em função de cortejar eternamente vossa felicidade,
 que eternamente ela não tenha feliz idade,
muito menos luz vida própria, sem vós ela inexiste
Se dissolvida de vossa vida ,divorciada de feridas  neste desditoso chiste
Acossado  e condenado vais seguindo a existir acorrentado na existência
Sem plenamente viver a vida amante fogosa da duração ordinária da vida
Partis na glacial existência sem o aquecer entre os seios da vida
Sem saber se o sabor é amargo ou doce ferida
Insipida , inodora e incolor cruel sina maldita
Tu pensas logo existes , mas existir somente te enlouqueces
Pensais portanto e sabeis o quanto sofreis por saberes
Saber que a vida não é só um passar de dias aguardando
O nascimento eminente da morte.

Wilson Roberto Nogueira

Ossos do ofício



Um cabra que saiu a cata de animais para a universidade ”Ao preço de trinta reais”,vê estudantes analisando fêmures e conta que, em sua terra, seus filhos brincavam com ossos simulando espadas até que, um dia, o dono veio do além, para reclamá-los.

- DEVOLVAM MINHA PERNA !

Daí os bacurís jamais tocaram em ossos , sequer aqueles de galinha .

Wilson Roberto Nogueira


Eis o que sois.
Ora pois , lusitano é o que sois na eterna contradição, entre o “fazeire” e o” falaire” do politico é o que a devorar vossas  entranhas te governa . Percebas tu  para não caíres em palpos de aranhas ;uma de vossas façanhas:  Direis que o melhor “a fazeire” é os anéis da mão a viajar para às do assaltante do que deixar no alagado chão a mão intransigente a convencer o meliante que tens razão .

Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, novembro 05, 2019

Os Pixotes (texto incompleto )



Destruídos pelo desemprego e pelo alcoolismo , os pais em muitas ocasiões descontam suas frustrações nos filhos , espancando-os . Um dia esses menores deixaram suas famílias em colapso para desaparecerem nas ruas . A violência das ruas torna-se menos contundente do que aquela recebida dos pais .

Nas ruas brincam como crianças , amam como adultos , cometem pequenos furtos e chegam a matar como bandidos . Neste meio, tornam-se revoltados e violentos , indiferentes à própria vida. Eles são frutos de um sistema social injusto, concentrador de riquezas e oportunidades. Parte de uma massa desassistida pelo Estado , renegada pela sociedade.

Esses pés descalços ,desnutridos  e embrutecidos meninos e meninas , parte considerável de milhões de brasileiros que em bandos cada vez maiores , vagam pelas metrópoles .
Nos cantos das calçadas , em baixo de pontes , nos bancos das praças , nos degraus das igrejas , encontram onde dormir , como cães sem dono . Se lavam nos chafarizes e nos rios , onde além de fazerem a higiene corporal , também urinam e tomam água .

Carentes de dignidade , de um lar , de instrução , saúde , alimento e afeto; sem poder entrar no mercado de trabalho , continuam tendo seus direitos vilipendiados por um Estado, o qual desobedece suas próprias leis sociais, o governo é hipócrita diante de seu próprio povo, mantêm como párias intocáveis estes marginais, estivessem eles sobre a legitima assistência e proteção, não teriam como destino serem vitimas dos esquadrões da morte , não iriam parar nas geladeiras do IML, teriam isto sim , suas vidas salvas por escolas dormitórios com canchas de esporte e ensino profissionalizante, alimentadas  e saudáveis , úteis a comunidade.

Enfim porque pagamos tantos impostos ?para sermos assaltados ?Quem nos rouba  mais , o ladrão comum ou um governo corrupto e incopetente ?

Wilson Roberto Nogueira  .
12/08/1991.



sexta-feira, novembro 01, 2019

Um dia de sol

        Uma casa com altos muros de pedra escondia um atormentado jovem, desiludido com a vida e sem perspectiva de futuro.Com o seu ar blasé ,deambulava pelo quarto após ter sido arremessado à  cama de um sonho mal sonhado, uma morte cortada com o despertar exaltado . No quarto  cinzelava os dias na penumbra esfumacenta de recordações mal postas, perscrutando o vazio pesado daquele instante .
        Coberto com os trapos transformados numa segunda pele , os chinelos calçaram seus pés um pouco mais reticentes que antes. a tenebrocitante  aventura de sair do quarto e reler as páginas pétreas de roseta de seus serparentes . Resmungos , grunhidos  e ausentes nas máscaras do dia, olvidaram no antanho suas personas.
       Antes da carcaça ,a sombra do humo pútrido imaginado pelo olor de urubu eviscerado ,vulturina criatura desavisada de si, deslembrada da gregária condição humana.Temperadas sensações inspiradas pelo mofo, bolor , suor e adjacências . Só a macróbia no canto do salão acendia uma estranha luz nos olhos negros de cadáver ,babava pedindo gorgonzola com linguiça na pizza que julgava estarem sonegando, "criminosos cruéis ."
      O vulto que desertara de sua catacumba ,com bigode tal qual pernas de barata e barba como raízes mortas de uma árvore arrancada , o rosto escondido entre feridas e cicatrizes  apontavam no corpo do hóspede involuntário do destino o próprio hoje daquela mansão em prantos  e daquela família em ruínas.
     Almoço como sexo prostituído ligeiro e comprado por droga barata cujo vôo ao inseto faria mercê.Comeu como quem vomita para alguma lata de lixo.Assim foi , espectro abissal de descoragem diante da incertitumbre do Ser que não se reconhece devedor do viver.
    Inúmeras vezes cego no desarazoado de idéias que o encarceravam até o momento, da chave do seu viver lembrava-se de si quando do outro lado do telefone ouvia a vós de Adela .Uma noite saiu no breu da noite iluminado pela chuva  e caminhou até a noite que o habitava transforma-se em um dia de sol embaixo das ferragens de um carro.


Wilson Roberto Nogueira
Guardar dias para o futuro
é sempre  a grande tolice 
o juro é sempre a velhice
e de que adianta  esse  juro
se o índio mais queixoduro
o tempo amassa no assédio
gastar é o  melhor  remédio
no repuxo e  na   descida
porque na conta  da vida
não adianta saldo médio.

Jayme Caetano Braun

A massa moldada na barbárie

O ato de refletir sobre a sociedade com o intuito de diagnosticá-lo ou para dar os insumos teóricos na luta para transformá-la requer que o tempo para tal não seja sequestrado e não esteja acorrentado a engrenagens do trabalho , o qual liberta o homem de sua liberdade.
O trabalho socialmente produtivo igualmente distribuído muito foi assassinado pelos liberticidas do Deus Mercado nos fornos crematórios da mais valia,  a qual  não mais acumula capital concretamente produzido, e sim  capital baseado na produção fictícia de valor , a rentista, operando buracos no valor de face do trabalho , esgarçando o tecido social até arrebenta-lo  em revolução .
Daí o Estado surge no exercício nefasto da necro-politica que é administrar quem deve ser triturado e virar resíduo social , eliminado da cidadania e de sua existência .O trabalho do Estado a serviço da casta rentista associada a aristocracia togada e os despachantes de luxo da engenharia econômica depuseram a burguesia domesticando o animal empreendedor liberal ou com responsabilidade social e sua narrativa desenvolvimentista , agora correm para , como suínos do passado engordarem de dinheiro virtual suas ganancias  sem perceber que eles próprios perecerão.
a própria estrutura do capitalismo se retroalimenta de crises que só evolui devorando as crises sociais e econômicas passadas , necessitando do Estado quando não das milicias e das frações de trabalhadores da morte e da repressão  lumpem ,algoz e vítima , a massa moldada na barbárie.

Wilson Roberto Nogueira

01/11/19 do segundo milênio cristão.

o prêmio Asnix com a obra de estréia do juíz Dagoberto Góis

Sucesso na Europa e no Brasil , o celebrado escritor Dagoberto Junqueira de Góis Amaral ,magistrado e membro da Academia  Uruburetamense dos Contrafortinos de Letras  é o entrevistado do jornal Maranhão do Amanhã.

  -Como te sentes por ter sido galardoado com o prêmio Asnix com a sua obra de estréia ?
  
-Bem , amigo Bezerra da Serra Linhares, credito a outorga do prestigioso Asnix à minha carreira junto ao "Judiciáriooô" da cidade de Uruburetama dos Contrafortes , data vênia , desta vivência extraí o manancial de que alimentara se minhas letras .Oportuno clarear para vós outros ,minha sobeja satisfação , honrabilíssimo que sinto-me  por ter sido agraciado.

  -Como surgiu a ideia do livro ?

  -Assaltou-me a razão na madrugada , após minha quarta ponte de safena quando julguei Ter com o Senhor, o livro seria o meu legado , minha contribuição à literatura do meu município , do meu glorioso estado, o  Maranhão e do meu país, o Brasil que nasceu com o nome de uma mercadoria mas é o ouro da minha existência  em nome da família Junqueira de Góis Amaral .

  - Quem o incentivou para a manufatura do mesmo ?

  - Primeiramente minha ponte e" talqualmente " o venerando desembargador Ramiro Fulgêncio dos Goitacases Linhares, meu genro, que em hora fortuita comentou sobre a  auspiciosa graça caso pudesse reunir minhas anotações em um livro de suspense policial , o livro seria denominado a fumaça do vulto na meia escuridão da vida emprestada.


 - Por que o senhor resolveu escrever um livro de temática policial?

  - Por estar mais familiarizado com o meio .

  - A reação da critica o incomoda ?

  - O julgamento do leitor é a melhor crítica , uma vez que terminamos o livro  ele se emancipa e voa para longe , e meu livro tem vendido bem, ontem na livraria Goulart Gonçalves no Shopping Góis Amaral faltou tinta para tantos autógrafos .

  - O senhor ...
   
- Linhares , podeis vós, amigo de longa data, chamar-me de Dagoberto Góis !
  
 - Ora pois , então assim será. Tu Dagoberto Góis , esperava este sucesso estrondoso  , já te acostumastes a ele ?
  
 -Minha já secular existência , ensinou a mim guiar rijo o timão da nau da vida , seja em águas calmas ou bravias . O sucesso e o fracasso são efêmeras chamas que dão a luz a espectros nas paredes mal iluminadas da desrazão da existência . A láurea não é mais do que o reconhecimento de um  trabalho bem feito, nós não buscamos o aplauso das massas  nem tememos suas pedras .

  "Ohhhhhhh, nosso prefeito !!! "
   
"Vote Juíz Góis é "nóis" no "pudê "!! "

  " Só que não...votem nos Queiróiz  "

 - Já existe projeto para um novo Livro ?
  
 - O próximo está aguardando um novo enfarte .

  - Quais são suas influências literárias , Hammet, Christie ?
  
 - Influências da literatura regional e realista , além do trabalho investigativo policial, as ocorrências registradas nos autos de infração e boletins de ocorrência e  pareceres jurídicos além da sábias análises de Nina Rodrigues e Lombroso a partir de uma ótica reversa de perspectiva é claro .

  -Em sua opinião o que faz o brasileiro não ser um consumidor de literatura ?

  - Nosso país possuí uma Argentina de párias, mais de setenta por cento sobrevivem; a classe média brasileira cada vez mais empobrecida e a elite intelectual compram livros , a econômica e a politica tantos quantos são, tais remédios do espírito é amargo para quem acostumara-se a alimentar seu cérebro a partir da caixa embotadora da televisão. Observamos nas escolas desprovidas de tudo e em nosso estado ,inclusive sem tetos, carteiras , portas imagine biblioteca ! O Maranhão do Amanhã é prioridade para ontem segundo o clã Ribamando Sarnaí há tantas décadas no (des)governo do estado .Nobre Bezerra , preciso voar para a capital agora , compromissos com o povo não são postergados .

  "Vote Juíz Góis é "nóis" no "pudê "!! "

  - Aos nossos ouvinte BOA NOITE !
  
 Wilson Roberto Nogueira

  
28 de novembro de 1995