quinta-feira, novembro 09, 2017

Andarilhando sob os ladrilhos da noite vaga a sombra disforme de um fantasma faminto. Flanêur em farrapos soprado pelo bafo neblinoso da incerteza do sonho.
Cai a cortina sob o resíduo urbano que entorpecido visita a morte , paisagem urbana cinza , indiferenciada à parede  natureza despossuída e livre , morta para o capital, osso que alimenta a fidelidade do cão.
Despejado do paraíso do consumo desce ao Hades ácido que o corrói , que o consome

poeira na tempestade.

Wilson Roberto Nogueira
O humano na dorida reflexão da ação premonitória  e subversiva do inconsciênte ,em suas incontinentes animalidades ocultas nas personas ,fabricam discursos para serem o látego da alteridade
servindo de régua palmatória ,uma idealização de si e de sua tribo muralhada de certeza contra a ameaça   que simboliza a diferença ou a igualdade.

Comendo, reproduzindo, matando e morrendo como qualquer outro animal vivendo
dores  existenciais menos agudas sem o flagelo da consciência de ser humano juízo
jazendo na lápide o lamento de nossas iniquidades desertoras de nossa condição
de Semi Deuses.


Wilson Roberto Nogueira

A solidão de um beijo frio de perfume


Bela luz de telúrica esperança na imundície ,

A dádiva do charco flor de lótus  do Oriente

definha pús no ávaro paraíso do ocidente

amarga a apaixonada dor por ser flor

presa a pedra no drama de sua infima

imensidão

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, novembro 03, 2017



Magma sanguíneo escorre em lágrima das vísceras da terra a cicatriz aberta
na fronte do monte a morte responde no sofrimento do firmamento incerta
noite que cobre de luto incandescente  a manhã  de cinzas esculpindo
nas formas humanas a eternidade de um casal se cobrindo
Estremece em êxtase as entranhas da terra na cidade eterna de Pompéia.

Wilson Roberto Nogueira

sábado, outubro 28, 2017

À espera


Voou para longe minha procura
no mapa da rua do desengano

uma viela serpenteava de lama
meus passos

caminhavam por outras datas
memória dos pés no meu destino

Ele é um amigo ou  agora amigo não é?

Nós partilhamos um pouco.
A competitividade em  tudo.

Ele escolheu a estrada principal.
Eu  as vielas da periferia.

Sentado à minha toca,
 a viver nas sombras as

 as restantes  luzes da noite.

A noite é quente como um cobertor
que me transborda

Um veneno que vai paralisando e
libertando do mar devorador da angústia

Por que é que estáis com  agulhas?
Para saber, 


à espera do caixão.

Toda a minha vida foi vingança.

Por orgulho. Ele é surdo e mudo.




Fácil de se  ir uma última vez , inocente



Não para ninguém.

Não para ninguém.


Wilson Roberto Nogueira
Plum Bum !caí  na cama para ouvir  a ópera dos pobres cimentar meus ouvidos .
Fábrica de pálidos sonhos  labutando servitudes podres cinzelando as nuvens  dos
pingos de meus ossos ao vento.

Wilson Roberto Nogueira
As pessoas continuam vivas enquanto guardadas na  alma da memória
residência de corredores onde tramam neurônios fantasmas da estória

Wilson Roberto Nogueira
vou mandar a ti um naco de mim, está um pouco passado com um olor queijo
não é de chulé e sim suor de alma seca sal da vida que transborda num beijo
de adeus  no coração empolvilho de pólvora seca que nunca explodiu desejo
uma rajada de vida que metralhou os dias e sepultou sonhos na vazia arca
do barco à deriva em direção ao naufrágio destino  que abarca
a deslembrança insone da última queda no assoalho do abismo .

Wilson Roberto Nogueira
O céu está multicolorido roxo, laranja e azul e chove cheiro de orvalho nas praças calvas;
nas ruas ensopadas ao molho de lama , atolam sapatos sedentos de ar sob os quais
anfóteros  humanóides de baguete e queijo armados enfrentam o trovoar de suas entranhas.


Wilson Roberto Nogueira
Sorrisos de cinzas ocultas
punhaladas silentes na alma
cinzentas avenidas do pensamento
sob o lençol de brancas pérolas
punhal na alma sobre a lápide

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, outubro 27, 2017

significados

inércia sombria__________Depressão
Um grou pescava peixes que piscavam dentro do grou que engasgava de sonhos à  sangue frio.

enquanto a vida desertava do seu alimento o grou voava de vida sobre o charco.

deixando o olho do tempo fritar  sangrando água salgada e areia.

Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, outubro 26, 2017

Esses períodos de silêncio sangram  gotas de angústia
na ampulheta do destino os sonhos viram pó
.

Wilson Roberto Nogueira
Palavra de poeta - Cabo Verde e Angola
Denira Rozario
Bertrand Brasil

Inércia Sombria

Caiu o credo de crer em qualquer credo azêdo de fé por fiar , afiando a faca de pastores no altar do holocausto.
O cordeiro espera ser salvo em meio a salmos ditos por lobos cinzentos sedentos , babando o sangue de inocentes  crentes órfãos do Pai despejado dos templos vendilhões , imundos de ouro e do sangue seco do desespero.
Os falsos profetas ocos de alma  filhos de proveta do novo século vagam no vazio transbordante do milênio.


Wilson Roberto Nogueira
Morrer é fácil só estancar no meio da autopista e zás , a incaroável chega de auto à toda.
Viver é mais difícil ter que seguir trilhando a pedregosa via desta lida que nos assalta a
esperança a cada traiçoeira esquina de tortuosas dúvidas.
Pedreiras, abismos e pseudatalhos , perigos e dor na rota íngreme.É o que nos aguarda.
Subir e descer morros com pedras nas costas , quando pensamos descansar , ve-mo-nos presos em nossa letargia,com abutres a devorar  nossas entranhas . É o que nos espera.
Ela nos ensina com o chicote que parar é morrer sem ter morrido.
Existência zumbi ,de fracasso e decepção. Sangram as costas estóicas
Avançamos sob a tênue Utopia de anêmica esperança.O sangue que escorre se torna doce e a dor, a dor já não se sente.Ensina na lida do viver a vida é dura  mas recompensa , basta  ter olhos para ver .
Uma cama de mármore que nos liberta do conforto ; germina a têmpera e a fibra para vencer e ser recompensado através do  germe à terra fértil  brotando .
A escuridão baixa e nenhum auto na carroçavel a aldeia dorme com fome de prantos hoje.


Wilson Roberto Nogueira
Conversas cruzadas deram a luz  e ninguém assumiu o rebento do engano.


Wilson Roberto Nogueira
A bota nada até encontrar refúgio dentro do cação e voltar a ver o sol, só depois de libertado pelo arpão que abriu um olho no couro do peixe , que acabara refestelado no prato do chinês . E a bota
comendo o pé de um sem teto norueguês , o único do reino.

Wilson Roberto Nogueira
caiu o  credo de crer em qualquer credo
 azedou a fé de falsos pés de Louva-adeuses

por fiar na faca do desverbo de falsos pastores
tosquia de ovelhas no altar dos favores
ao Deus dinheiro.

Wilson Roberto Nogueira
Um velho cigano andava preocupado com o futuro de seu filho.
Com uma moeda de ouro em uma das mãos e uma rabeca em outra  ,estendeu ambas ao filho .
Pensou caso escolha a moeda será um ladrão  acorrentado na ilusão ,ou se outra uma alma sem fronteiras .
O pivete mais do que ligeiro pegou ambas.
O velho com suor seco da alma escorrendo pelo coração que transbordava  todo o sangue, disse:
"Será um Músico ! Será como o seu pai um zíngaro ! "
"mas___________________Pobre...))

Wilson Roberto Nogueira
nada sobra da salobra memória da ex   tória.

Wilson Roberto Nogueira
Um passo solitário
uma pegada na calcinada calçada
passagem de uma escrita enigmática
de quem escreve o próprio caminho
ao caminhar o próprio verbo
o próprio caminho.

Wilson Roberto Nogueira
surtos silenciosos inundam as luzes da  cidade

Wilson Roberto Nogueira

Boite Kiss


sob o carvão de corpos as caixas pretas
presas do destino  pedras em desatino esmagam pulmões
libertando vozes em agonia no humo anonimo da noite.
acorrentadas à voracidade da precificação da ética
caem mortos os sonhos no útero assassinado da dignidade
As adagas da agonia rasgam o coração da boate
As paredes guardam prantos assinados com o sangue do desviver
As vísceras  da  impunidade sovam os poderosos da cidade.

Wilson Roberto Nogueira



As folhas caem em silêncio enquanto outras bailam entre as chamas no céu.
nenhuma relva respira o orvalho da manhã .
no aço das espadas partidas dos corações
as ruínas das memórias ao léu.
Calam as baionetas no sorriso farpado das crianças de olhos de abismo.
Pedaços de pano cobrem uma história.


Wilson Roberto Nogueira

privatizaram a alma colocando preço no pensamento,
compraram consciências
etiquetaram personas mascarando pessoas.
Peças de carne no açougue das ilusões
alimentando as vanalidades das potestades
de pés de barro.

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, julho 07, 2017

sábado, julho 01, 2017

Procuro no esgoto um quilate de ouro.Não esgoto nenhum sonho que bate à porta até cair.
D'outro lado o lodo revela o peso d'uma morada de sórdidos escombros a morder
um'alma moribunda.
Procuro no esgoto o sol de um olhar que não seja de abismo tal qual este cá que estou a cair.
Quilate d'ouro está no dente dos meus dias.


Wilson Roberto Nogueira

sábado, abril 15, 2017


ANTES DA POSSE


O nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais.
para alcançar nossos ideais
Mostraremos que é grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo de nossa acção.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos nossos propósitos mesmo que
os recursos económicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
Compreendam que
Somos a nova política.
---
Autor lusitano anônimo
Fonte : Olinto   Simões


Voltando-se para a madrugada mais um caminhar
sob os olhos das estrelas nada a lamentar
a cidade numa prece silenciosa velava a si
sonhando solares liberdades queimava-se
na escuridão .



Wilson Roberto Nogueira

domingo, março 19, 2017

passeio de um burguês

Alguns  flanando  a consumir o tempo olvidando por completo as personas à paisagem.Interpretando saberes e seriedades, catando códigos, peneirando pedras preciosas  a procura do que desconhecem, apenas flanando nas veias expostas de cidades imaginárias nas  catedrais ou nos templos de corpos   ou na ruína de estórias anônimas flertando com precipícios famintos. Vísceras  explodindo em gargalhadas."Só um salgado , estou passando fome" . "Não tenho dinheiro só cartão "



Wilson Roberto Nogueira.2009/19/09
Alguns compenetrados, outros vagando pelos quadrantes da sala a consumir o tempo em lenta lenta agonia ou olvidando por completo os insondáveis caminhos das matérias .Outras personas a paisagem do teatro interpretando? Interpretando saberes e seriedades; outras profissionais catando códigos na busca por peneirar pedras preciosas de algum edital. Mais adiante zanzam a procura do que desconhecem, apenas flanando nas veias expostas de cidades imaginárias .Naquele canto alí , a natureza morta dos gestuais de sapiência dos abancados. "Oito horas a Biblioteca fechará suas portas . "Os livros ficaram presos e dentro deles leitores fantasmas. Essa catedral não recebe sem tetos e suas correntes de pedras.



Wilson Roberto Nogueira.2009/19/09
Forçando o olhar para encontrar outros símbolos nas letras tortas da folha de sentimentos em branco. A página de papel revela-se espelho do atropelo da alma bêbada que quer cair para ver se ainda é capaz de sentir dor. Quebrou-se e nada sentiu; queimaram-lhe o cabelo e teve que cortá-lo daquele jeito hitlerístico que nada tem de seu. Por isso força os olhos da alma no papel que lhe rejeita.
Procurando ao redor das cadeiras algum papel.Se os restos que encontro é o que procuro
nos silêncios das folhas rasgadas, documentos de vozes tortas nas bocas sujas de almas sebosas;leio nos símbolos várias expressões, as quais só explodem de vigor envenenadas sem direção ou valor organizadas.
Desatino no desalento crispadas nos olhos espadas rasgam a noite: o bando em loucas risadas chutando o vento ignorando espaço e tempo queimando a consciência.
O princípio da responsabilidade surdo e cego.Velho vaga no lamento enquanto o prazer reina escondendo no útero acéfalo o feto do futuro.
A semente utopia agora vazia  oca e plena de eco do pesadelo na agonia.
Amanhã a rebeldia esta poli-morta ,encontrará revolta o retorno à razão,à direção e ao sentido;e aí estaremos de fato perdidos.
Um tiro na surdes do sócio fascista umbiguismo burgues .

Wilson Roberto Nogueira


2009
o mel que provei um dia  dos lábios a saliva dela deu-me sede de vinhedos raros.
hoje o gosto de rolha avinagrou minhas lembranças . Estamos presos numa mesma masmorra
 o casamento.


Wilson Roberto Nogueira
Uma alma esfarrapada tenta cobrir o sebo que escorre por entre a putridez do verbo ácido ,
só restos de metal enferrujado da  vida opaca mediocritando desidratados sonhos em
sonolentos passos a desfraldar misérias nas navalhas dos  dias de inverno.
Assim desconjuntada possessão dalma  decrépita as derradeira  cicatrizes tornam-se signos
emudecidos de anônima história.

Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, março 06, 2017

Na Boca Maldita Dois nobres representantes da nossa augusta aristocracia togada, venerandos velhinhos operadores do direito. Devidamente aposentados  .humorados com a bílis translucida  divertiam-se galhofavam “Eu faço as leis. Eu mando. Eu tenho a carteira. “entre o degustar de um expresso fumarento.



Wilson Roberto Nogueira

sábado, março 04, 2017

Fim de um burocrata mediocre

O sol pálido da página não agasalha a ideia do tempo
escorrem famintos ácaros olhando um céu vasto
soprando para viagens épicas
contudo
invisíveis, anônimas
sem sinais.

Aventuras translucidas ensaiam serenatas
sonhos de nata

Copo com coca cola morna
Moscou-se a moscaria para Moscou.

escrivaninha anciã sozinha só
como aquele retrato da avozinha
oculto sob o véu da poeira mesquinha.

Partiu após o parto daquele sonho
sem sepultura numa cicatriz sequer
daquele quarto abandonado da pensão.

Os óculos da firma que se acorrentara à repartição
agora feliz repousa na masmorra da inação
 à porta desconjuntada de sua sacra cela
a aguardar o juízo chegar

a porta sempre esteve destrancada bastava abrir

mas essa barata  não sabia voar.

Wilson Roberto Nogueira




a janela sem pálpebras olha para dentro de si
de suas vísceras só o lodo de suas degradadas
lembranças.

Wilson Roberto Nogueira
A janela bateu as asas esmaecidas de poeira
janela cega de horizontes
um pulo no infinito
sonho que desperta no granito.

Wilson Roberto Nogueira