sábado, setembro 12, 2015
A novela como espelho invertido do não vivido
Projetar na tela o teatro das emoções humanas a velocidade do sonho e da angustia da volúvel, hesitante- nuvem ao sabor do vento das vogas- a sociedade urbana, vive nos desenhos e embalagens de autores que partilham ou arremessam o olhar por sobre os muros do real, do concreto.
A alma do folhetim ainda sobrevive nas tatuagens da memória presas indelevelmente à sociedade burguesa . Identidade ou projeção , sonhos ou impossibilidades tornadas vividas na vida explosiva das emoções da arte da telinha- das telenovelas brasileiras. Seu sucesso, como entretenimento ou alienação do peso de suas próprias pessoas na tela vestem-se com a persona de suas atrizes ou atores,damas, galã, vilãs ou vilões.
Segue a luz do engenho ou a pesquisa de opinião, segue na pegada da manada ou do reflexo invertido do não vivido cuspido numa pesquisa que vira onda pop que dita padrões, que reproduz rótulos ou os rasgam pelo sangue da polêmica , pelo voto de audiência pré- fabricada .
Wilson Roberto Nogueira.
A devolução do Furto
A anomia apagou as luzes sobre a cidade na abissal noite de um cruzar de braços policial. Nas sombras da massa que se espalha à rapina .O saque tornado de vendetta a exclusão. Lodo a deriva social na adrenalina cega. Uma vez nucleado , individualizado num rosto confrontado com o útero sangrado de vergonha, célula de seus próprios nervos, pele , sangue no açoite do espelho partido da família na lágima da mãe. O desmoronamento de um pai na vergonha de um legado pervertido.Aquela família pernambucana como uma cicatriz que não se fecha a fortalecer a consciência coletiva imaginada morta ressuscitada na hombriedade, da dignidade reconduzida as fibras , as pernas da vontade inquebrantável da honra nordestina arrastam as correntes até finalmente libertá-los na devolução não da propriedade, da mercadoria mas da Honra.
Wilson Roberto Nogueira
sexta-feira, setembro 11, 2015
Entrou na pedagogia um professor perguntando se a aluna diabética já morrera . Depois de ausências da sala de aula por errar a dosagem da insulina ou por abusar de refrigerantes e doces balas nas têmporas . O dedo no gatilho abrindo a porta entreaberta da morte. O ímpeto dispara ao abismo a noite nua a velar o espelho do olhar o amor que a afogava na ausência vagava .
Um dia a mais a amanhecer mater dolorosa a espera dos retalhos de um dia uma tentativa de pergaminho de pele de cicatrizes escrita deambulando passagens na memória coagulada.
Wilson Roberto Nogueira
Um dia a mais a amanhecer mater dolorosa a espera dos retalhos de um dia uma tentativa de pergaminho de pele de cicatrizes escrita deambulando passagens na memória coagulada.
Wilson Roberto Nogueira
Os mortais lamentam a escuridão que ameaça o sol
de suas vidas escorre gotas preciosas diante da sede de seus sonhos.
Raios que rasgam os céus das bocas com maldições cegas
enquanto rostos perdem-se na escuridão esplendida a velar precipícios
aguardando os primeiros trôpegos passos da desilusão
Reputam a planície deserta um oásis de bastarda miragem sem sol
delírio ou horizonte mar de naufrágios a afogar na areia a utopia.
Wilson Roberto Nogueira
de suas vidas escorre gotas preciosas diante da sede de seus sonhos.
Raios que rasgam os céus das bocas com maldições cegas
enquanto rostos perdem-se na escuridão esplendida a velar precipícios
aguardando os primeiros trôpegos passos da desilusão
Reputam a planície deserta um oásis de bastarda miragem sem sol
delírio ou horizonte mar de naufrágios a afogar na areia a utopia.
Wilson Roberto Nogueira
quarta-feira, setembro 09, 2015
Obrando pela Pátria
A democracia devora a massa depois da carne estar amaciada
pelo moedor do capital;
processa em seu intestino toda a razão social do que produz
.Obras .
Wilson Roberto Nogueira
A anulação do individuo pelo coletivo, a submissão à vontade
da maioria conduzem o pensamento à ideia de uma certa ditadura da maioria a qual
, paradoxalmente é a fonte de água sípida que bebe a democracia. Um solvente
universal que dissolve os interesses daqueles que mais sedentos anseiam por bebe-la .Tal água está em um oásis de
frases feitas e jogos de espelhos onde a fonte se oculta ao sol das promessas, ainda
que a democracia seja dos eupátridas e
dos patrícios .Só essa nossa caminhada no deserto com a cabeça fervilhando de
utopias , como acreditar que o mais revolucionário é ver cumpridas leis em
beneficio dos esfarrapados proletários , não importa de que tripas as leis
foram feitas . Democracia representativa mandatada por nós . Máscaras e cera escondendo crimes dos ratos e
vermes daqueles outros lobos, raposas e toda a fauna que matam nos hospitais e nas calçadas das
cidades podres do país.Governo do povo em nosso nome não é exercida, mas nós no
delírio da democracia somos seus cúmplices. A democracia de fato não é esta que
fabricada pela alma corrompida e putrefacta da burguesia nos humilha e rouba ,
a Democracia vem das ruas , do Povo , do Proletariado.
Wilson Roberto Nogueira
domingo, setembro 06, 2015
Pichação e grafite
A pichação nos anos noventa do século xx representava a
demarcação de territórios, disputas delimitadas por assinaturas .
A pichação é para seus praticantes a verdadeira
representação simbólica da marginalidade, desafiando os muros da cidade- a
propriedade privada e os símbolos da ordem
constituída, os obstáculos do sistema .Acreditarão ser libertários anarquistas
ou só zoam a repressão ; provando o quanto superiores são sobre o ego adversário
.Agirão movidos pela adrenalina ao escalarem os mais altos prédios deixando o resíduo
, o subproduto de sua ação ?
Ao mesmo tempo individualista e autópica passaram a se organizar em grupos onde
reafirmam as individualidades , a competição . Não existem fronteiras éticas,
violam outras expressões de arte urbana ,outros símbolos estéticos e políticos ,não
respeitam o grafiti por ser uma arte reconhecida pelo mercado da arte e
legitimada pela classe média e alta.As obras dos grafiteiros mais elaboradas
passaram a ser alvo dos pichadores , embora a conscientização esteja atingindo
as sombras e fazendo delas luzes de cores e significado para além da mera urina
de tinta. A pichação passa a ser para
alguns as primeiras pedras de suas obras na busca de refletir um meio mais
sofisticado de expressão e cuja mensagem atinge a consciência urbana fixando
melhor na memória a cicatriz da revolta para
além da vontade o talento cultivado nas quebradas da vida.Um papo mais reto, na
moral.
Parece mesmo não haver por parte do pichador interesse em
denunciar concreta e esteticamente o sistema para conscientizar os excluídos para
o seu discurso; cujo interesse é reafirmar a negação pela negação a toda obra que pareça
elaborada ,pensada, sofisticada. Isso é contracultura ou a pulsão tanática de voluntarismos patológico incapazes
de articular um discurso estético se limitando a grunhidos na direção que
supostamente representam – os marginalizados-ou essas pessoas representam só os seus egos ?
A própria situação de classe dos integrantes colocam a
questão a descoberto. São atletas do ócio , com muito vento e sem bússola ,sem
nenhum mapa de estrelas a mostrar um norte .Vivendo a ansiedade do nada até
escalar o mais alto pico da futilidade para que um dia eles próprios se tornem
a assinatura de sua maior obra em alguma cicatriz sebosa da
cidade. Imaginando Viverem um presente continuo de tempestade e ímpeto incensam
a barbárie .
Por outro lado a arte de rua Grafite também sofria a repulsa
da sociedade, da classe média, era outsider, underground mas atualmente artistas como Os gêmeos , JR, Banksy já
pertencem as artes reconhecidas pelo mainstream , embora denunciem as mazelas
sociais ou deem ao cinza do concreto, ao branco do mármore rostos, paisagens
urbanas alternativas . Não, a pichação não está interessada nessa forma de
reconhecimento, ela é a pletora a marcar , a julgar a arte, os movimentos, as
instituições do alto de sua” marginalidade autêntica “ ou que simbolizam o
poder da exclusão e da segregação social.
Nunca os não pichadores entenderão se essa manifestação de
agressão e protesto anônimo e secreto mas perfeitamente legível para os grupos
de vândalos fabricantes de vazios estéticos . A pichação será certamente a contracultura do século XXI,
tatuagens no corpo repleto de cicatrizes da Babilônia do deus consumo.
Wilson Roberto Nogueira
Sob o lençol de jornais embriagados sonhos repousam na cama
de papelão.
Entre assassinatos, estupros , e corrupção dorme o súdito da
escravidão
Correntes pesadas como o ar que não consegue tragar
quando corre trôpego em seus sonhos de liberdade
ao morrer a cada céu sem estrelas como essa noite
noite que só não
corta com lâminas de gelo porque os papeis
das lágrimas das almas dos anjos sem paradeiros Tornaram-se
um cobertor pesado
a amarelada e suja
mercadoria .
Wilson Roberto Nogueira
Anoitece no metal mais uma história
Caia a manhã , ela não consegue levantar-se. Mais um dia ao
sol do olhar adormecido ;Só as cercas contemplam o sol dos sonhos da alma a aguardar ter asas a liberdade
de voar sobre o arame farpado da voz do Pai. Vida de penas sem pernas à vontade
exangue a arrastar-se no lodo dos percalços.
Wilson Roberto Nogueira
Semeiam sonhos as sombras indolentes
No papel amarelado trôpegos ácaros tentam contar uma
história de cicatrizes e sangue seco sob o lençol amassado da face.
Wilson Roberto Nogueira
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