domingo, outubro 31, 2010

Ela estava no supermercado e lhe perguntou se ele lembrava daquela música...


Absorto em seus pensamentos não respondeu; recordava que Anna outro dia insinuara para assistirem a uma película.Sutil convite desconversado por seu bolso vazio e orgulhoso.Puxando o carrinho conduzia para mais uma escada longe do coração dela,o qual resfriava-se à porta de saída, com um pé a sair e outro com pena de si por ter perdido tanto tempo.



Wilson Roberto Nogueira
Uma graciosa garça perdida entre gaivotas


de soslaio, bicadas na intrusa.

Outra, solitária e faminta gaivota

devora seu peixe temperando no sal do mar

seu amor por voar

longe do preconceito.

Sê bem vinda garça

mas o peixe é meu !



Wilson Roberto Nogueira
O corpo






caindo.



A dor

torcendo o



rosto do



bombeiro .





Uma mancha no asfalto.





Wilson Roberto Nogueira
Existem três tipos de vagabundos; a espécie que reportarei pode ser vista nos parques.


Aquele logo ali: um saco rasgado de estopa pleno de baratas à espera da morte, ela contudo, enojada, dele não se aproxima.Segue coberto pelo negror a esconder-se da luz ,o zumbi a escutar ,perseguido por um zumbido a suplicar em meio a algazarra de ecos de espelhos partidos à pedradas, por um cérebro ,enquanto caem mais pedras e mais sugado é sugado pelo vazio seu rosto.Resta a revolta cega por mais umas gramas de lápide anônima.a morte aguarda, o quê nem ela sabe.

"Só o sombra sabe!"

como está difícil encontrar neste pântano

alguma esperança na forma de uma flor.

sobram serpentes.

Wilson Roberto Nogueira
-Foi um tiro?


-Não, por que?

-Tarde demais, o velhinho enfartou.

-Cano de escape assassino !

-Quando não é a poluição é o terrorismo da notícia a invadir o bairro antes do criminoso ter o impulso de matar.

-Morre-se pagando antecipadamente a dívida de se morar morrendo de mêdo da cidadezinha virar metrópole.

-Prefiro assim, não pago prestação;sem previdência sou proibido de envelhecer.

-Só a sorte,sobrar esquecido da morte quão vaso bom serei pra trincar.Sabe Deus !

-Se existe, é surdo.

-Gato preto passou !

-Que felicidade na minha favela;gato mia em cima nos fios e embaixo nos becos e latas de lixo.Morre de fome ,nem espinha de sardinha encontra.Na pastelaria nem sombra.

- O chinês não tem mais pastel de carne.



Wilson Roberto Nogueira
Só a mente derruba ou levanta




só a vida tira a vida



a morte a coloca no lugar



no recomeço



tudo flui.



Está chovendo lá fora



na árvore uma forca



o passado reclama



o vento bate e as folhas...



assim é



Wilson Roberto Nogueira
Uma trama em chamas cercando de drama


a boléia das idéias ,enquanto a putinha

sobe sem ter noção se descerá.

Se alguém a verá um dia crescer livre

sem ser chamada de vadia.

Ser só uma menina e ter sonhos ainda.


E essa estrada tão curta ,não finda.


Sem flores nem guarida

êta vida pelo cão parida.



Wilson Roberto Nogueira
Noventa novenas para a névoa em forma de sombra


sobras de uma vida que dançava na tempestade

sonhando ser água pura fervendo no asfalto

marcas do silêncio no caminhar maldito da memória.

reza a estória que o fantasma sem nome alimentava-se

da fome, da guerra e da peste.Faminto de fome não passou;

da guerra bebeu todo o sangue; a peste sua assinatura nas crianças que não nasceram.



O espectro do esqueleto imortal perseguia a bruxa, a macróbia camponesa pelos campos radioativos e rios, que suplicavam água para viver.Voraz silêncio depois da chuva de metal semeando campas em aldeias- lápides

só o fogo iluminando a lua ausente ao entardecer.



Wilson Roberto Nogueira

Inquisição

Alcachofra

O alfange de chofre

corta a alga no alcool

tudo tem "al" no nome

uns nasceram árabes outra

alga alguma dá sabor ao saber

só arak com chocolate amargo

para adoçar o deserto da vida

haja tâmara na memória da miragem !



Wilson Roberto Nogueira

sábado, outubro 30, 2010

O dano na idéia tornou-se dono dos atos


explodindo a cada salto, o horizonte da paz.

Para pacificar a alma, cortaram-lhe as asas,

antes voava contra o sol,

cego de liberdade e escravo dos instintos,

agora tanto faz;



jaz.





Wilson Roberto Nogueira

A última con sorte ?

A vida dera-lhe tantos socos , que o tapete de pele de sua face


mal servia de testemunha à sua história.

As ruínas não passavam de um monturo onde pele e dentes

desertavam da palidez; a própria face fugia de si , afogava-se

nos poços negros de olhos sem espelho.

O sentimento não mais escorria, escorria apenas a baba bovina

no hálito de catacumba . Não mais a provar o néctar na seda úmida de uns lábios de mulher.

A carne já não lhe dizia, silenciara a espera dos passos balbuciantes da companheira; deitado e a incaroavel por mais uma noite lhe negara a visita.

Wilson Roberto Nogueira. A última consorte



Quando a margem esquerda do rio secar,

sonhará em mosaico

caminhos ao poente.



Wilson Roberto Nogueira

Amazoníada

I

redenção

na rede a ação

do sonho

embalado pelo mar

o navio-gaiola tristonho

a navegar.



Wilson Roberto Nogueira.

Africando Só

Vou ficando


Africando

só.

lapidando dor

para gerar diamante.

Olhos ainda brilham

perdidos nos buracos

do que foi verde um dia

Selva de pedra

carvão de gente

sofrer sorrindo

correndo a bola

esquecendo a bala

o machado achando

um braço

galho cortando

a mão invisível do mercado

exibindo a translúcidez do luxo

na mercenária colheita de corpos.

Olhos que sonham estrelas

sob o generoso céu africano

celebração de esperança

sobre o desespero vai ficando

africando só.



Wilson Roberto Nogueira .

Entre Tiros e Palavras

Se você disparar uma palavra à alguem, tenha certeza, ela chegará ao alvo. Como quem saca do coldre a pistola e atira, saiba, a bala não voltará ao cano da arma. Cuidado com as palavras ela faz nascer inimizades onde antes não haviam, ela assassina amizades.




Saque somente quando necessario, quando tiver bem nítido o alvo, não atire na penumbra, o ladrão poderá fugir e um filho teu poderá perecer pela tua própria mão. Ou palavra ferina.



Com a verborragia não se embriague, não se encante com a própria retórica catilina, agindo assim, agirá como o beberrão armado de valentia intoxicada e vazia, mata-se o inocente e faz gargalhar quem te alimenta o vicio, da bebida e da imprevidência.



Não te penses bacharel dos jargões indecifráveis para humilhar o cego que vagueia analfabeto, o humilde é nobre em sua franqueza, e, cordeiro não o imagines.



Agindo como o juíz da injustiça justiçando com o assassínio o empregado que da palavra pouca ousou te dizer NÃO, tão chão, mais quanta coragem cidadã; seguiu o destemido o valor das palavras diretas e enxutas, sem sinuosidades e sutis inferências, pobre, desconhecia o Olimpo que o silêncio, obsequioso das palavras difíceis exige. Pagou com a vida.



Embora soubesse, transpôs o muro do “você sabe com quem está falando”. O diploma marejado de doiradas palavras garante mais do que o privilégio, mais do que o berço e toda a acumulação, é em si mesmo um tesouro de poucos iniciados e assim foi no passado e será no futuro, diria algum empertigado, como no passado não sabe, um revólver não é uma parabellum com cabo de ouro ou cromo embora as duas tenham a mesma finalidade, o ouro distingue o coronel de posses mais avantajadas.



O domínio de uma língua estrangeira, o inglês preferencialmente, como o francês até um passado recente, denota poder e permite desenvolta circulação, conexões com um mundo desconhecido à massa,entretanto muitos conseguem atingir pleno grau de analfabetismo funcional em todas as línguas as quais domina.



Uma M16 produz mais resultados do que uma papo-amarelo, mas na mão de um chipanzé... O domínio do idioma pátrio forja as bases para o aprendizado das línguas, latinas, que línguas saborosas primas-irmãs da portuguesa, quão despetalada e cada vez mais cheirosa flor do Lácio mas quão pouca consideração te devotam.



Um tiro nas idéias e escorre o liquido vital,um cachorro sarnento veio beber a lembrança de seu dono que jaz(z).





Uma pro Santo. Axé.



Wilson Roberto Nogueira .1992.

Os Amantes

segunda-feira, outubro 25, 2010

A mulher no chão do terminal de ônibus;caidinha pelo sol! Ninguém despende olhar sequer.O desvelo do desfalecimento.(terá morrido?!babam curiosos enquanto cães fazem a siesta)Um carinho a impotência.Ninguém se mostra fraco diante do "arroz-de-festa" a morte.Ela bate a porta do coração e sorteia na veia da mão o destino ubíquo.Riem os manetas já paguei uma parcela !




Wilson Roberto Nogueira
Na sombra sobra poder


Na forma líquida da imagem

afoga na imaginação a coragem

afaga inflando o ego do rato

que ruge silenciosos temores

nos predadores presos às presas

da faminta angustia.

A pressa do olhar premia o vazio.

o oco do ratinho louco.



Wilson Roberto Nogueira
Estava a caminhar.


A sola apaixonou-se pelo asfalto,

grudou nele como que a beijá-lo,



e, seu dono lá de cima,pensou:



"tenho o que comer no almoço, que belo filé!"



Wilson Roberto Nogueira
Chovia lá fora e o gato até latia, como vira latas a espera de um troco de carinho; não, de teto,garantia de calor e afeto no inverno;afinal a vida é um osso um inferno.

nenhuma moeda de amor ,virou ensopado quente ,pelando !

Wilson Roberto Nogueira
Não só o seu suspiro me sustenta

a certeza da tua morte lenta
escreve legado apócrifo na lápide lamacenta.
só a sorte te sorri nesse seu passamento
sem uma única veia no corpo do sentimento.
O teu aqui jaz ,pra mim ,soa como música.



Wilson Roberto Nogueira

domingo, outubro 24, 2010

Óculos sobre a mesa.Mesa Posta.


Uma moeda na fronte do pensamento.

poeta de dois vinténs tens a vida

que te tira mais um dia.Mesa posta

de sonhos.Sombras circundam

a fome alimenta e se vai valsando

morrendo feliz.

" O prazer consome

o trabalho fortifica. "



Wilson Roberto Nogueira
Hoje eu sei;


lamento.

Quanto foi

em vão seu sofrimento.

Mas o sabor é agridoce.

Wilson Roberto Nogueira

Burocrata burgues

Caminhar entre altos prédios


preparar cada passo solene

avenidas vazias.

O poder é solitário

o simples funcionário

sai da repartição e para todos

os fantasmas atrás dos números

é um tirano ; ele sabe-se escravo.

caminha solene sobre as formigas

enquanto a sombra da repartição

bebe-lhe o sol dos dias.

prédios cinzentos almas em cinzas

o vento sopra para longe

O dever cumprido

dores nas costas

não mais.

Wilson Roberto Nogueira
Um soluço do espírito


um Mozart por um momento



surdo pelo menos ele era...

aí estava sua genialidade



aplaudia as vibrações de vida





no coração do chão do barraco

no pulmão do chão da fábrica



fabricava no silêncio cristais



de sons invisíveis.



Wilson Roberto Nogueira
O PM verificou o pente e o encontrou sem balas.Queria provar seu amor incondicional a amante.Ele a levou ao motel.Depois das preliminares,sacou a arma e disse que ia provar o quanto a amava.A bala estava na agulha.


Wilson Roberto Nogueira

Weberzug [March of the Weavers],

A Corte conta castiçais de finos cristais


Lá fora a fúria fulmina a razão.

Queremos pão!

O frio faz adormecer em canções brutais

enquanto o vento varre com neve o rubor,

a dádiva da vida.

A fome alimenta a revolução e dão agasalho ao espírito.

Serviçais não aceitam mais açoites na face

A fraternidade dos acorrentados desmontam sabres

Famílias favorecidas dentro de douradas redomas

agora quebradas, procuram pagar salvação às sombras

que saem dos esgotos;só puderam pagar o preço

de serem plantados na planície e servirem de banquete

àqueles que vivem das sobras

ricos adubos às futuras gerações

sem sonhos nem ilusões.

a opressão acabou!!

Viva a ditadura do Proletariado !!

O Conselho dos operários,camponeses e soldados a saudar o Novo Amanhecer Revolucionário !

Burocratas de todo mundo Uni-vos !!



Wilson Roberto Nogueira
A vida vale o vento no qual ela se dissipa. Nada vale a pena; a paga, o preço; não presta. A pressa opressa , insaciada despacificada fomenta o desperdício ,o despropósito de sentido para um mero quadro partido em dores de cores inconclusas gestadas na acidez de um Deus ocioso em caprichos distraído, resulta tortuoso no reto caminho e vesgo passo no destino cioso; sonho de fumaças e luzes, enquanto no cio da chuva com o vento o olor molhado do trigo triunfa na força de uma frágil mãe dando a luz no campo.




Wilson Roberto Nogueira

desentido

O filho de 22 anos do policial aposentado, foi surpreendido por uma saraivada de balas; morto por policiais. Filhos talvez de ex-colegas de seu pai. Ele, o elemento ,preparava-se para assaltar um empresário estrangeiro ,que despreocupado passeava com a amante no parque pouco iluminado. A polícia descobriu por intermédio de informante,o qual cobrara pela delação uma pedra de crack. O pai convalescente da químio aguarda para morrer.Tem pressa para inquirir o filho. Onde eu errei !




Wilson Roberto Nogueira

sábado, outubro 23, 2010

Ukiyo-E (Mundo Flutuante )

Depois da batalha

I


Em cada caveira , um vaso vela um ninho.

Em cada buraco do olho um caco de vidro

brilha com a força de um cristal. Em cada caveira,

restos de carvão sonhando diamante.

Em cada caveira um largo sorriso

faceira olha um vaso no crânio

aninha-se um passarinho à chocar

Esperança.



II

As caveiras sonham paz de porcelana quebradas por alcatéias de condenados e vulturinos homens à despojar os cadáveres de suas lembranças.



Wilson Roberto Nogueira jr
Calamidade,achei minha cara metade!uma é agora minha ; um dia já foi dela.


Agora sou só,

incompleto ente deficiente,

cego ceguei outrem para que não visse

o que eu não via.

Agora ela não desgruda de mim ;

eu dentro dela me perco e saio flácido e meio morto.

Ela era o céu e o inferno ao mesmo tempo.

Agora é mero buraco a sarjeta onde me deito.

O que eu fiz com ela !



Wilson Roberto Nogueira
Com medo do quê? Viver para sofrer; ganhar com a perda, da dor de alguém.


Quem?

Viver é morrer um pouco todos os dias .

Para que a pressa,

se é a solução, a poção mágica caindo, caindo na goela, lá, é Estar Junto!

Melhor sem ela .

Quem?

A Morte, a última consorte.

Com sorte, ela não me queira.

Só mesmo diante do túmulo de algum suicida sem sorte.

Sortilégios chovam na campa ao alvorecer !



Lençol sobre a planície negra.



Wilson Roberto Nogueira

Sombra sobre o cedro

Só uma sombra de uma folha soprada


sob a breve paz;

semente partida, ferida de esperança,

até o primeiro abraço do arame farpado.

sopra o vento sobre o silêncio.



Wilson Roberto Nogueira
A democracia é um conjunto de fascismos que se controlam ,acotovelando-se por mais espaço à mesa dos engodos .


Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, outubro 20, 2010

Existem tantas free-ways em Porto Rico que a ilha está presa ao carro!

Wilson Roberto Nogueira
Em casulos na tua seda úmida acoplados, percorremos o cosmos e incendiados

mergulhamos no firmamento da razão estiolante do lamento.



Wilson Roberto Nogueira
O ritmo é o silêncio.


O silêncio é a música da alma

se pensando até se ouvir

na voz enviesada da linguagem

Wilson Roberto Nogueira
Pioram as cores,


faltam-me dores.

enxergo a luz negra

na graça dos olhos seus.



Wilson Roberto Nogueira

Cidade Vigiada

na calçada um anel


enfim só

uma alma alada

ganhou a

liberdade

alçou vôo

ninguém viu

quando de dores

caiu .

Só a mesma calçada que

a recebeu fria

Segue adiante o cortejo

de ausências

Um trago de vida bêbada

encontrando no meio da rua

um anel de diAmantes...

Wilson Roberto Nogueira
Tocaram a campanhia


em companhia da solidão

naquela mansão lá fui atender

sem me ver ela foi entrando

nas entranhas a escuridão arrancou

um naco suculento de pranto

uma lâmina rasgava de vida o último lamento.

a criança enfim estava Morta.

Fome

não mais

Chagas

não mais

Dor

não mais

lembranças

não legara

Uma sombra feita carne

espectro trôpego da memória burguesa

Amanhã matarei o assassino dos meus sonhos

enquanto isso me farto de chouriço e flatos.

Wilson Roberto Nogueira
sentia-se um pinico no qual toda o clã defecara e escarrara.Hiper-down mesmo.Estressado pelo intenso trabalho na tediosa ociosidade ou a frustrada desilusão de um vegetal de pouca clorofila sob a ventania arenosa dos dias.Sob a pressão da gravidade voando na velocidade do vento na vontade sem asas vento soprando a efêmera fumaça.Soçobrando a nau das fantasias no fundo do mar repleto de cardumes de esqueletos .Sonhos,pesadelos.Sal no oceano um grão cósmico ou um ácaro gigante no carpete sujo de um quarto de cortiço na foto presa no arquivo morto da melancolia.


Wilson Roberto Nogueira
Pisca o semáforo


e os carros esperam a senhora pomba passar

passos de barquinho de penas em breve ondular

atravessa na faixa!

deixa sonhar

a poesia é criança.

Um breve piscar fugitivo

- É um assalto!

E

voaram as penas para todo lado

Ela conseguiu voar



Wilson Roberto Nogueira
Dizem que as guerras mais sangrentas são as fratricidas,as guerras civis;mas aqui ,onde crocita livre a gralha azul sob as últimas araucárias,nesta urbe leitosa de sabores inenarráveis,exalando merda no centro de sua artéria financeira,centro apodrecido que ora respira novos mofos singulares de sobejos fungos desta terra cinzenta e garoenta. Abrem a janela e vêem o sol e o calor de imensos pombais de aço e vidro,escondendo dos raios abrasadores o asfalto e a praça.

O Sol rompe aqui e ali abatendo o caminhar do industrioso curitibano burguês,tal carícia caliente não é benção ,apenas uma astúcia para melhor piorar a saúde dos curitibocas ,das saúvas uvinhas;nada como as crises de humor do clima deste canto do Paraná para entupir o nariz empinado da cidade.Quem nasceu na abençoada terra curitibana não estranha a personalidade volúvel de seu clima.

Wilson Roberto Nogueira
No seio da selva um suspiro de metralha


silenciam sonhos de uma estudante.

O que ela estava mesmo fazendo por lá?

Procurando transformar sonhos em realidade?

Quando todos bebem do mesmo sonho ele não azeda

ou vira mesmo realidade ?

No seio da floresta o fogo rasgou o verdor da inocência.

Compartilham agora seus ideais,

estendidos a alimentar jaguares,

sob as úmidas carícias da floresta das águas.



Wilson Roberto Nogueira
Era uma criança


uma criança de fato

as crianças que se criam,

crescem e se perdem crianças.

Ora, o tempo corre, escorre

giramundo na roda



e as crianças continuam crianças,


a brincar nos nossos olhos.

sem saber estarem cativos



velhos e altivos





Wilson Roberto Nogueira

sábado, outubro 16, 2010

Eldorados

A justiça no Pará

é muito justa

é tão justa que até sufoca a justiça

justíssima

prende a arma e solta o matador.

O jagunço foi só a arma que disparou.

Quem mandou ?

Quem pagou ?

Um juiz condena

e outro absolve

e a justiça cega

cala.

Vela a justiça a imponente

IMPUNIDADE.

quem tem os cobres cobre-a

de mimos.

No Pará os Direitos humanos

estão sepultados na terra rasa e vasta

ao som dos grilos .

Wilson Roberto Nogueira
Cheira a enxofre


sopra o olor

da víscera a arder

sofre junto a dor

de não sentir

sobre a antiga morada

a mordida do amor.

Wilson Roberto Nogueira
Encontrei com a Tamara


ela ainda estava doce

Oh ! Tâmara

Tomara que caia

do pé.

Wilson Roberto Nogueira
Parir uma não vida,um ser incompleto gerado para uma não


existência.Aonde estará a alma desta criança,criança que não nascerá ?



Mulher,queres continuar no de delírio um capricho para conduzir até

o final,até um caminho no qual não resultará florido, não germinará, não sentirá jamais o doce ou

o amargor do teu fruto.



Ao menos não nascerá nenhuma erva daninha.O que tens na forma de um bebe

sem cérebro é o resultado de um não -sentimento compartilhado.Querias tanto, talvez com

intensidade que não sobrara nada para a semente,consumida pelo fogo de um

sentimento egoísta , que mesmo diante da recusa da natureza , querias

prosseguir na posse do teu querer,capricho.

Não.



Sofrestes todas as dores,agora vai até o final,afinal tu gerastes e

sendo coisa tua ,o que tens a ti cabes.

Coisa.



Posse,mas era para ser uma vida e sentir que sente e

respira.Deveras,não sente que respira; não é mais para

Ele do que a coisa do que coisa ele é para você.



Continue caminhando trôpega de loucura o caminho,quer tu queiras ou

não ,não terminará diferente de um muro de concreto, de uma morte

encubada



A alma esta no cérebro não no coração.È no coração que esta a

sensação,a textura e o calor dos sentimentos?Quando nos queimamos de dor ou

prazer,ou os dois, è no cérebro que nos vem a lembrança ou não,lembrança

do que nos faz ferver ou gelar,a mãe erguer um carro para salvar a

filha.

Alma



È lá no pinico ósseo onde se acomoda todo aquele gnocci,que está a

alma.Não somos pagãos mas os gregos estão corretos. É na teia

eletroquímica,computador divino que reside o espírito conquanto intelecto e

natureza ,razão e carne.



Mas o que nós , homens, sabemos das dores que a mulher sente,as dores

do parto,vísceras se estiolando incendiadas, enquanto olhamos

impotentes,esmagados pelo sentimento de inutilidade passamos a sofrer pelos

sofrimentos de quem amamos,dor tamanha que pensamos sentir dores que não

sentimos,comungando a mesma alma em corpos diferentes,os nossos cérebros

trabalham nesse casamento e o fruto desse amor de tantas

dores,nasce,germina?mas o sofrimento acaba?Não houve a consumação do casamento entre

a alma do bebe ,sem cérebro,sem alma ,para com a dos pais.

Wilson Roberto Nogueira
Meu irmão negro, não diga que um branco pobre não sofre a mesma dor, a dor de ser sempre um imundo por mais alva esteja as roupas puídas. Sempre estará exalando o olor dos esgotos. Por mais fome passe para comprar o sabão. O escarro na porta da pensão. As portas batendo de ódio, pessoas despossuídas e tão esvaziadas de dignidade quanto. Alcatéias de chacais e hienas brancas e negras. A noite todos a eructar em sua face à despejar o lodo no espelhar. Olhares de nojo e pena navalham. E pensar que do espelho daqueles olhos, olhei a sombra arquejada do reflexo. "Nada do que é humano me é estranho"


Qual o valor que neste mercado tem oferta ? Tanto quanto a demanda exige. Encontrar a fuga no caminho a viagem roleta- russa já não me pertenço. Quão jamais me pertenci.

Meu irmão negro , embora sua cicatriz seja tão profunda quanto a inscrita na tua pele Testemunha e herança. Herdamos nós mestiços de não sei quantos sangues a maldição de sermos bastardos desidentificados sem rosto nem pátria ou mátria vomitados direto no moedor de carne renascidos em cada gota de sangue semeados na sarjeta em cada pedaço de corpo maná amaldiçoado da miséria efeitos colaterais da concentração da riqueza.

Wilson Roberto Nogueira. 2005..............Curitiba
Rumor de paz no meu país.




Sincera cêra derretida



Licor retido na retina da lágrima afogando-se na lagoa.


Gota de sal moura



raio de luz na polpa dos lábios.



Baila a língua sedenta de sal moura raio de sol.


Tu és tâmara doce ou amara?



Danças na sombra do crepúsculo.


És palmeira ou cimitarra?


Luz ancestral da cidade



Moura ou cigana, sefaradí



Tu és todas no casamento em Granada.



Explode o delírio e desperta no deserto do cotidiano.



A olhar o teto de estrelas.



Não há humor sem ela ou rumor de paz com ela.



Porta do não viver é acordar e viver no sonho dela.




Fogos fátuos de fantasmas



Maldição de não viver



Pesadêlo de dor sem sentir



viver na morte de não beber



a vida na polpa dos lábios dela.



Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, outubro 12, 2010

A Queda

O radar quebrou.Concertaram .Conserto velado de vozes faláciosas. O radar voltou-Vesgamente a vigiar. O combústivel não estava indo, recusava-se a se misturar no óleo. Esse avião quase descaiu na Amazônia (buraco verde do universo). È o que falaram.Falharam vozes nas folhas a furtar a verdade do olhar. O radar quebrou, e eles nos deram suco de maracujá chinês para ficarmos calminhos.Caminhos esburacados nos céus ,não são estrelas. Vá com fé que eu vou ver-te, verdes caminhos errantes ,vaporosos ,calmos caminhantes dos céus dos nossos brigadeiros e suas leite-moças .Nos espaços a certeza dos carinhos da fé e sucos de maracujás quentinhos ,estamos na agonia... calminhos. Montanhas-russas-cascatas diante do mar e a carruagem do ar, em queda livre, verdelhante destino até a raíz solta do imenso charco.




Wilson Roberto Nogueira
a vida com uma mulher


são várias vidas num dia

como espelhos de água

num salão de luzes e sombras

onde dançam os corpos com as almas.



Wilson Roberto Nogueira
Sorri o louco domando luzes


enquanto elas gritam marés

de amor .



Wilson Roberto Nogueira

Capela Sistina

Ora é só uma louca com a camisola suja de coco


A pele desbotada e os olhos desancorados de sí

olhos imensos e azuis presos no desamparo

procuram ,assim como suas mãos e braços abraçando o vazio

o filho que está à porta do manicômio,ajoelhado,chorando porque

não pode entrar.

O céu está colorido mas a criança esqueceu a língua das cores.



Dentro daqueles olhos um caledoscópio louco

a imagem que se forma dos fragmentos é pouco

para tantos anos de picotadas lembranças.

Wilson Roberto Nogueira
Uma manhã fritando felicidades.



Depois do espasmo

a rocha devorou as

pernas da garotinha.

Wilson Roberto Nogueira
No final da Guerra , ante o avanço das tropas soviéticas, as lideranças nacional-socialistas aceleraram o processo ,visando "concluir a solução final para o problema judeu ".A alva e gelada Varsovia de Chopin ficou cinza com o sangue em pó dos filhos do pai de Cristo.


"Que alternativa restara ao povo polonês senão dar a vida para salvar a alma da Europa,lutando ao lado do exército vermelho para expugnar a longa noite que se abatera sobre o velho continente?

O alvorecer da vitória sorriu esperanças em cada rosto e, o povo de Abraão cantava uma melodia onde,Jerusalem,finalmente ,viria a ser a sede de sua proteção na sua Pátria.Com ou sem a vinda do Messias .Nascia das cinzas do encarquilhado continente a têmpera da nova guardiã de D'us.Isra'El.

texto de Wilson Roberto Nogueira

foto de Andre kertesz
Camarão e uma coca-cola no lixão


é hora do negrão

cantar lá onde mora a solidão

despejada junto com a angústia

um pagode do Zé Pagodinho.

Mendigo comendo camarão...

Não vai querer um aí seu dotor?!



Wilson Roberto Nogueira
Ora veja que em sendo,


se pode clarear as tardanças

das idéias numa blague corisco.



Wilson Roberto Nogueira
Enquanto algumas pessoas carregam a alma na palma da mão


outras fabricam sorrisos nas sombras para simular espontaneidades

a fim de galgar plêiades de poder e poder arremessar do alto

pedras àquelas almas presas nas palmas das mãos sonhadoras.

Wilson Roberto Nogueira
No olho o desejo


da presa em perder-se.

Caminhos retos

levam a destinos

certos?



Na lojinha

Uma jóia atrás do caixa



São seis reais Senhor...



A faca é cega o dote não.





Wilson Roberto Nogueira
jamais o relógio horou pelas horas penitentes



presos em sua cela o tempo nas poeiras se evolou


 nas Sardas dos dias em cabelos ruivos


tufos de  virgindade restaurada

Um gole lendo lentamente sonhos em vos alta


tramas

transas

troças



sabe-se lá...



só as horas que passam

no compasso que presan

sem pressa não estando presas

voam as horas sobre os minutos

devorando penitentes segundos.



todos naquela casa dormem

em sonhos de travesseiros imundos.



até as ensopadas vísceras.

Uma noite canibalizando dias


Harpas de Harpias nas Brumas Frias


Wilson Roberto Nogueira

Catacumbes

um dia...escreverei


mas nos dias que são noites

meu caminhar turva e

não encontro a tinta para começar a pintar a vida

curva numa reta rumo aonde não sei

perdido procuro no porto a pausa da lei

escreverei um livro não sei

só o sonho que ainda não sonhei

sabe o quanto meu fusca capota na curva

nas curvas das gurias ria

que o riso não custa nada

só o amor a dar gozo a mau sinada

desdita vida das musas que fogem

na folhagem procurando serem miradas

fogem quando se querem pegar

riem quando querem chorar

e quando choram tal a força do riso

das veias a ferver

ferve também a alma no poeta

que se crê amante de uma musa

que ora ausente chora

pois o poeta cego se acovarda

teme atravessar a vida para a eternidade da pallavra

lavra a dor acostuma-se a semear o pranto

a principio apenas de si depois dos outros

irriga a vida e se afoga na bebida amarga.

Não sou e nunca serei autor de livros pois a vida

se me foge rápida demais para persegui-las

e acorrentá-las

em persona aragens.

Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, outubro 11, 2010

Ivan turguenev

Continuava fraudando flatulências


plagiando odores

envenenando sabores

atravessando sambas

e ainda posando de bamba

andando que estava na corda

caiu

não

quase

ficou com ela presa no pescoço

morreu

não

xerocou a vida numa nota de dois "real "

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, outubro 08, 2010

Certos dias de sol


escureço e só

consigo ver nas estrelas

estalos de esperança.

o sol cega e cego

vejo melhor.

Wilson Roberto Nogueira
Aquele som a fez sonhar


por um momento

pétalas ao vento.

Mas era só

mais uma criança nascendo

de outra morrendo.

Wilson Roberto Nogueira
Ecoa na semente



um buraco na mente

eclode desafios em desaforos

nos foros da alma afora

fiando dores

desatinos

envolvendo

indóceis sementes da relva

tentando tatear o tempo

no eco oco da prenha rocha

a dar a luz as trevas do silêncio.

Wilson Roberto Nogueira
A foto fala a verdade da circunstância


que circula ou circunda o fato corcunda

facto fato fac totum

A lente flerta com a verdade quando

o olho de quem olha

olha com a alma de quem lê

na imagem a letra daquela prece

no curso caudaloso do discurso

silencioso obsequioso da imagem

que pode ser quimera ou miragem

na imagem a letra da prece que se decifra

no apelo a possibilidade da dádiva.

Wilson Roberto Nogueira
Os estereótipos são as ondas que se destacam no horizonte


a superfície visível que não passa de uma miragem

confortadora de nossa aridez.

Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, outubro 07, 2010

Políticas

Pato manco promete o Paraíso


para poder Qua Qua em paz

seu último dourado grão de milho.

Wilson Roberto Nogueira
Na Rússia os hospitais não tem remédios


nos leitos crianças com metastases do quinto grau

choram de dor ,enquanto suas mães impotentes

se consomem em dar carinhos e tentam com o amor

vencer a dor.Sentindo nelas próprias rasgarem seus

corpos.Adormecem exaustas ao lado de suas crias.

Imploram que o sofrimento seja expulso

que o alívio piedoso beije a alma de seus anjos

gerados em seus ventres.

E

se culpam por desejarem a libertação de

seus nervos e sangue, e coração e alma

naquelas ameaçadas moradas criadas do amor

ou do longo e sinuoso percurso em direção a ele.

UUUrrrrram em revoltaaaaaaa nos pátios apinhados de espinhos

e almas penadas nos pátios infectos dos hospitais miseráveis da Rússia.

Sob o olhar do Prêmier,oculto no vidro sujo do quadro.

Enquanto um bêbado

atropela o muro do hospital

e a milícia , meio a contragosto, constrangida o prende

sabendo ser aquilo , os restos do orgulhoso marido

da mulher que foi sugada pelo desespero por ter perdido

a única filha para o orgulho da tecnologia russa

O Aprisionamento do átomo.Que se rebelara e cego

procurara a liberdade espalhando os raios invisíveis

nos mais indefesos filhos da Mãe Rússia.

Wilson Roberto Nogueira
De dentro da casca o caso


olha no canto do olho o sal do

segredo Esparramado

em espasmos

horas...

ora ora nada sobra da

salobra memória

ex

estória.

Wilson Roberto Nogueira
Não vejo nada


Além do desejo

A densa névoa

impregna o corpo

e incendeia

Wilson Roberto Nogueira
Uma placa caída no chão


a derrubaram só porque

ela queria mostrar

o correto caminho.

São os ventos

do descaminho

ou simplesmente

o traço do traço

torto do

traço do caráter.

Wilson Roberto Nogueira
Uma pausa na música da vida


partitura partida

sonho de rapadura

dura a dura vida

na linha sem letra

da partitura

partida rasgada vida

partida sem a Deus.

doce tão doce

amarga de tão doce.

Wilson Roberto Nogueira
O risco na vida é mais significativo do que o risco de giz


da tua calça de burocrata-padrão na trincheira da repartição;

usa o carimbo como quem arma a peça de artilharia contra o

mosquito.Tiranete atrás dos óculos,empoderado em seu troninho

atrás do guichê.

Wilson Roberto Nogueira
Ela é meu pequeno tesouro


minha tesourinha

Está dura mas é certinha

sem nenhum desdouro

já comestes o besouro?

Wilson Roberto Nogueira

Comida para quem tem fome de vida

Quando estou faminto de vida



Como

Como estou feliz !

Quando a escuridão


fecha as portas da alma

Como

Como preso na sela dos espíritos

Mas comer a vida que pulsa em ti

A fome de ti me liberta

me liberta

Mas jamais me dá a paz

só a fome que alimenta

a insaciável presença cortante

cortante de tão constante

da tua ausência

Chamo a tua chama distante

Churrasco de mim !

Wilson Roberto Nogueira
Do carro olhei


pela janela e vi

um par de Nikes

caiiindo

dentro do par

só um ladrão.

Wilson Roberto Nogueira
eu sou o meu sonho


sou a névoa onde navego.

Wilson Roberto Nogueira
Enquanto ela raspa as pernas


pernas longilíneas para o alto

cortam as nuvens

Corta !

novamente.

Wilson Roberto Nogueira
O que espero dessa vida que se alimenta dos meus ossos a cada dia


que o vento sopre para longe o pó ou o que restar.

No assoalho dos meus dias, sem precisar de lupa

vejo os vermes que neles se arrastam

despejados de uma garrafa de Tequila que se quebrara.

Depois de tirar a poeira dos lustros posso ver o mosaico bizantino

neles sepultado.

Agora nada mais vejo

um céu sem estrelas deitou sobre mim .

Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, outubro 06, 2010

O sol secou o sonho do girino preso na gota.


Da gota !

O sol secou

no girino o sonho de vir a ser um sapo.

Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, outubro 05, 2010

O uivar mundano ou despertem (Z)elites

O mundano nada muda,


fala o idioma da banalidade.

No pulmão a revolta não tem fôlego,

só espectóra o bom senso ou constata,

o que lhe parece (No olhar de ciclope míope),

a expressão dilacerante dos escombros da civilização;

dos restos mortais de toda moral humanista derrotada,

enterrada na cova da política da sociedade prostituída e

hipócrita,escondida atrás da porta da palavra vazia,

perdida na louca avenida da urbe,

das paisagens em forma de pesadelo

que ninguém mais com os olhos da reflexão olha

Não há tempo. Cão que dorme e devorado por outro cão

Winners and losers.

Perdida na louca avenida da urbe

clamando por uma nova avenida

Iluminada...limpa...dourada

de palacetes ,cafés e shoppings.



O mundano constata o que lhe parece óbvio

e repete vomitando dogmas da modernidade

carcomida e imortal.

O mundano é sobretudo urbano

cosmopolita astronauta de aldeias idênticas

mundos artificiais em exóticas e caras cores locais.

O mundano se arremessa em arremedo de bala

disparada na revolta a procurar cegamente

matar a angústia de slogans de sangue e ácido.

Mas o que conseguem tais apedeutas do espírito

é morrerem afogados no raso

porque não acreditam em seus próprios meios,

na força transformadora do espírito cultivado

verdadeiro alimento de que se nutre a liberdade

e real silencioso terremoto transformador da sociedade

Melhor do que uivos de chacais na madrugada

o uivo mundano perde-se na madrugada.

Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, outubro 04, 2010

Férias feéricas fizeram feridas


nos olhos vermelhos

injetados

projetados de suas órbitas

Tantas luzes e cores em carne viva

Férias fudidas fundidas na carne

na minha finada carne de sonhos

e sombras

Férias fugazes e intensas

queimaduras nas sedas

nas gazes rasgadas de aço alado

ferro fundido

panos úmidos

queimados

as dores da despedida das festas explosivas

em frestas ácidas elétricas

a dor da despedida das festas explosivas

nada restando ao ócio suculento da reflexão

Agir

Não pensar

o impulso na explosão do instante

implodindo o prédio da razão

por um instante que escorre

pela rede enquanto ela balança

Agir , não pensar ,no impulso do instante...

a começar pelo vinho tinto

até a última uva da tua vinha

viúva da tristeza tu quase freira

por um triz agora mera atriz

hoje a puta da vida te pariu

uma erupção de sangue e desejo

A chama é intensa

até onde houver por onde queimar .

Wilson Roberto Nogueira

-
Paizinho...!?


-Sim mãezinha ?!

-Vamos fazer um incestozinho?!

Com esse tempero o casal transou como não desde o momento em que ela dera a Luz, jazem lustros.Os gritos da mulher acordaram o filho que assustado,subiu para socorrer sua mãezinha;assim que se deparou ,emudeceu,correu até um cinzeiro no criado mudo e estava prestes a bater na cabeça do peludo que a estava machucando quando ela gritou o nome do menino e o pai virou-se ; recebeu o golpe na fronte e desmaiou .O menor ficou desesperado e chorava convulsivamente "papai,pai..."A mulher transtornada ,colérica urrava enquanto cobria-se e pegava a pesada cinta que vergastava com a fivela as costas do "parricida"."Você não é meu filho, aberração,não pode ter saído de mim,monstro!"Contudo não demorou de se cansar de bater e, agarrou aquela trouxinha humana largando-o dentro de um orfanato.O corpo da criança chorava o que seus olhos fundos já recusavam.

Quando ela voltou pra casa quase morreu ao ver o marido de pé ; sofrera apenas um desmaio ocasionado pelo esforço anterior e o susto de ver o filho pronto a agredi-lo, quanto a sangueira toda, o pivetinho acertara uma veia,já tratou (era médico ) .Agora sentia seu útero rasgar pelo que tinha dito e feito ao seu único filho, enquanto o pai perguntava onde o molequinho tinha se escondido, ele procuraria uma maneira de explicar que não estava "machucando " sua mãe.

Desesperada contou para ele o que tinha feito com seu primogênito .Levantou a mão para bater nela ,mas a trouxe para junto de si e entre os seus braços procurou confortá-la.


Foram ao orfanato.Manhã cinzenta ofegando fumaça.Bateu no portão o pai explicou a freira o ocorrido.Entraram no quarto onde a criança estava .Com os olhos afogados ,com as mãos vermelhas com róseas gotas de suor ela implorava balbuciando perdão para o filhinho que afirmava "Essa não é minha mãe , meu pai morreu ".

(O que uma mãe teria feito nessas circunstâncias ? )Seu peito sangrava , a dor era tanta que era ficara cega por alguns momentos ,dilacerada.O marido a carregou para fora daquele lugar.sem saber se um dia aquela fina lâmina cortara os laços de sangue.O garoto aceitara a 'orfandade " sem pesar.

Quando seus pais iam sendo engolfados pela névoa e o portão a se fechar...Jogou-se do leito para o chão e não sentiu mais nenhuma dor correu , correu atrás daquela possibilidade."ser adotado por uma nova Família " .

Wilson Roberto Nogueira
Por que se está no revertério da escuridão


na via dos despedimentos sigo no clarear



A saúde te assistirá beijando-te de bençãos-pomada

No despreendimento do saculejo te cairão todas as suas dores

e você as esmigalhará como "ruínas imaginárias"



É na capacidade da idéia que o fio corta a certeza do sofrer

despreze o zelo grudento do doer.



"Zelo de mim,dor ficará vendo navios lá da praia do Rastelo "



Wilson Roberto Nogueira e Deisi Perin
Sonhava com os lábios,os olhos, os seios,as coxas,...Quando sobresaltado acordara diante do olhar desconsolado de um prato,vazio de sonhos. O amar-gor na bôca e,nada mais.Só a companhia do silêncio,si...lên...cio,silencio. Só o sol e a sombra,a sobra abrasadora da lembrança,a lamber de doce ácido a sensação dos grandes lábios a múrmurar melodias marinhas de adormecidos naufragios.

Wilson Roberto Nogueira

RCG

Sonhei contigo


Que te acariciava

vagarosamente

bem de vagarinho

beijando-te o corpo

para com carinho

te levar ao platô

de serenos

extreme

cimentos.

Não te zangues

com o amiguinho

foi só um sonho doce

que saiu de ti.



Wilson Roberto Nogueira
Cai o pranto por um momento


lama ocultando sorriso de pérolas

falsas.

Pranto no ritual do enterro

da sinceridade adubada de cinismo

assim mesmo uma gargalhada

fez com que o queixo do defunto caísse

a piada ganhou o paraíso

sem virgens

um tédio

por isso levou o prêmio

presa nos dentes podres do falecido

de esquecível memória.



Wilson Roberto Nogueira
Nada daquela dantesca nódoa


era má nova ovação ao seu pré -

datamento.

Morto,

candidato a semente do novo.

Wilson Roberto Nogueira
A


prece da praça

não chega ao

Condor

O

povo pensa

que a praça é dele

A

presa pensa que é

povo

O povo é presa do

carro

abutre que voa baixo.

Condor

O povo pensa...


Wilson Roberto Nogueira

Coréias

Sobre o arame farpado um sorriso de primavera

voam folhas de esperança

apelo de papel-arroz

na vermelha tinta o coração pulsa partido em dois

tinta feita de sangue

sobre a pele do papel que faminto implora pela paz

que lhe sorri numa fina lâmina de aço e gelo.

O vermelho e o azul descobren-se irmãos sob o céu

a coroar montanhas mãos dadas cobrem velhas feridas.

Enquanto as tijelas de Kimchi se partem .


Na despedida a esperança furtiva furta o fogo do Dragão

que repousa à sombra da Águia.

Kimchi na tijela da tolerância é prato muito apimentado

prefere-se McJunkies foods.

no céu voa a Águia

uma pena para a coréia.

Wilson Roberto Nogueira

Warsóvia 1943

Respiro fumaça

cinza de corpos

muralhas em pó

de histórias e velhas

canções...

Wilson Roberto Nogueira
No nazismo as mulheres


eram fábricas

de parir punhais.

Wilson Roberto Nogueira
Um olho podre à expiar suas vítimas



só um ovo de serpe em tina de fél.

Wilson Roberto Nogueira
Em Esparta os partos deveríam ser perfeitos

senão precipicio.

a prece do abismo

um longo adeus aos Deuses...

Wilson Roberto Nogueira
A corrupção corre mais rápido


do que o teu coração inocente

quando come a "bala Cala-Boca"

do papaizinho?

Wilson Roberto Nogueira