sábado, setembro 23, 2006

Riquezas
a carestia nas assimetrias
diferentes ausências de qualidades
Tremeluzindo atrás dos vidros das retinas
no óleo luminoso do olhar
queimando imagens de sonhos
incessantes incensos da memória.
Wilson R Nogueira
Quando vi o rosto do sertanejo ancião
vi todo o chão do meu nordeste
esturricado de sol
em cada sulco erodido.
Na face a cova rasa dos não-nascidos
na sepultura pedregoza dos sobreviventes
"os sertanejos antes de tudo são fortes"
"centauros do sertão" legando as pegadas
da retidão
no aço do caráter a lâmina
o poder da vontade na fé
chovendo de doer de alegria
arrasta-pé
bençãos rasgando os rios secos
com fios de água
ou uádis cantados no aboio
mais o beijo da mulher amada
Danou-se
A severa vida do Severino franzino
é salgar mais a terra desde menino.
"Deus seja louvado"
"e para sempre seja louvado"
Oxalá ele lá e eu cá abestado.
ôch.............
Wilson Roberto Nogueira
carnaval
aval da carne
festa mundana
fresta tropical
Wilson Roberto Nogueira
Um amanhecer de cêra derretendo
na manhã
vã esperança cedendo
a cera que escorre
gota á gota
Nada mais do que a fumaça de uma vela
velando a escuridão.
Wilson Nogueira
A prece do ciso
a filosofia dá intestinos
em desatino à escrita,
desossando na cripta a paLAVRA
preCISA.
Wilson Roberto Nogueira
A filosofia dá intestinos ao esqueleto do poema.
Wilson Roberto Nogueira
Reverberando o verbo na água gelada da verdade
viu cadente prego afundar
dando vêzo ao marulho da marujada
à gargalhar
malta de milhafres
voando alto para arremeter .
Bicos em facas cortar peixes prateados a voar entre
o azul do mar de boatos e os arrecifes
da falsa retorcida dança da mentira
enguia enrolada na garganta da caveira
do último pirata no fundo negro da
memória
entre ouros e pratas de urcas arreganhadas
em restos de esperanças rachadas
à sombra do abantesma cavalgando a arraia
wilson roberto nogueira
Mesmo que as veias se abram
a cada toque queimando chumbo
derretido,
mesmo assim vale a pena
penar tanto e de amores naúfragar.
martelando rochas ,
subindo montes
para depois descer
e subir e descer,despejado de sí
a cada derrota um novo impulso
de
apesar de saber-se sofrer,não frear
cair,rastejar e por fim l e v a n t a r
pondo-se de pé ,vivo sob o açoite da tempestade.
Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, setembro 22, 2006

A tatoo percorre a orla do jeans
na curva do precipicio
Um olhar navega na fumaça das luzes
rodando na correnteza do desejo
Barcos a deriva à procura de enseadas dançantes.
Wilson Roberto Nogueira
Franzino papel de arroz
de tanto plantar
na poça de carne,
arroz
começou a falar chin
virou honorável mandarim.
Wilson Roberto Nogueira
Gula à Veramar
A loura com o rosto solar ,de um sol incrivelmente belo cujas labaredas escorriam em finos fios de ouro pelos ombros nus,olhava o pantagruélico bagual,o qual devorava cadáveres naufragos de faunas entreocultas na lagoa negra;abandonado a titânica luta pela sua saciedade,provocava na beldade nórdica a saciez do nojo pleno.O imenso prato era a prova do poder da vontade,de não podendo vencer o pecado da carne ,comer com gôzo canino o suíno em suas piores esquartejadas partes. Da luxuria comia.E ela, num frêmito gozava imaginando a fúria com que no leito pudesse ser deflorada ou das carnes ser apreciada .Depois pensou m-u-i-t-o rápido.
Wilson Roberto Nogueira
A noz da Quinta Brasileira
Esparsos espasmos esparraman-se de amores
entre amoras e licores
Espigas pingando gotas doiradas sob cabelos de fogueiras
enquanto doidas aves vestidas de verde voam fagueiras
velando víuvas-negras
mui alegres víuvas faceiras
tecendo tramas o drama da cigarra
agarrada no cigarro
slims
roçando as patas nos fios pensando se soltar da solidão
a cantar como quem bebada bebe a música cálida da manhã
da janela espia o sotão na escuridão
esparramados ramos dançam samba na poeira
sem letra sem rumo na manhosa manhã
morna manhã de um quintal qualquer
na Quinta de um barão dos bares
brasão de um zeloso bronze.
Wilson Roberto Nogueira
Favela tur

Além daquele cadáver de mulher,estirada na calçada,com três buracos na blusa imunda .Nenhum outro som ,gritou mais alto do que os tiros nos olhos da madrugada.As calçadas de pedras soltas bebem o drink de sangue rublo daquela estória tão banal.Um flash espoucando nas luzes dos turistas.
Trocaram o verde das matas pela pedra da urbe seca ,de dentes arrancados a socos e os olhos vazados de luz
por.
Wilson Roberto Nogueira
Kaligyné
arremessar na escuridão
vidros repletos de diamantes
na água dos dias
amar-te é isso.
Wilson Roberto Nogueira
Desembainhando a dor de ser o que se é
uma larva trava no olho da fé
Quasimodo quase num irado viver
de sonho o suspiro da maré
Quase um talho no talhe sêco da memória
As ondas acariciando as pegadas da jangada
Viver é fluir travessia de tempestades
maremotos e calmarias
A vida não te bem-queria Quasimodo
Agora tu és um peixe no bico da gaivota
voa entre as nuvens o teu mirar
morto de tão vivo
semeie de sonhos as neves eternas das montanhas
Sêde um gigante.
Pescando perdas pardas.
Wilson Roberto nogueira

quarta-feira, setembro 20, 2006

Tropel de éguas árabes
Cimitarras ao vento
Poeira de sonhos
Alaúdes de sentimentos
Vertidos em sons de oliveiras ao vento
Semeando cedros na sede da seda das nuvens
Enquanto as veias de arame farpado
Fazem jorrar o leite e o mel dos mártires
Plantados palmo a palmo
Na pátria regada pelos abutres do ódio
Wilson Roberto Nogueira
Loucos Zingari

O louco da esquina do esquecimento
Vagava fantasma nas páginas de pergaminho
Caía e levantava
Em torno da lápide de cimento
Dançava
Flanando folhas e devorando heras
De tumbas entreabertas por sob o som dos violinos
À alma dos vinhos às vontades e virtudes desabridas
Levantaram os mortos a comerem da felicidade dos vivos.
Wilson Roberto Nogueira