quarta-feira, dezembro 25, 2013
deves deixar de ter as entranhas expostas
no açougue
falar em voz baixa para que meu coração
apenas seja ouvido pelas vísceras.
O coração é a luz intensa que dita os passos
da razão
É a luz que encobre as pedras dos ocasos
é a ração
diária de sangue que a vida cobra
daquele gauche que por hora veste
a armadura da razão
Wilson Roberto Nogueira
sábado, dezembro 14, 2013
Um pequeno sol escurecendo a visão.
Na escuridão do quarto o olho cego de uma lanterna.
A porta arrombada de uma morada.
Um sórdido quarto de pensão
testemunha a prisão de um insone ladrão
de sonhos.
Inocência ausente desertora precoce
prece silenciosa diante do abismo e seu sorriso.
Porta aberta sangrando histórias que só as sombras sabiam.
Sob o colchão mofado acorda como quem se livra de afogar-se
o morador da pensão olha no olho da lanterna
o cano de uma arma.
Esteja Preso !
Wilson Roberto Nogueira.
Dois sapatos encarnados
de salto alto colados pelos calcanhares , são as suásticas capitalistas da
grife McPuta feliz.Os homens públicos contudo, cansados da concorrência cobram
multa dos clientes das esquinas perfumadas de flores do foder.
"As prostitutas francesas saem às ruas contra a lei que multa seus clientes "
Wilson Roberto Nogueira
"As prostitutas francesas saem às ruas contra a lei que multa seus clientes "
Wilson Roberto Nogueira
"Você,sair para
gastar um dinheiro virtual,Um Dinheiro que Você Não Tem e ainda ficará Devendo
Mais além do que Gastar?Cartão de Crédito (!?).Você tem café por que sair para
um café em um Café ?"Não é só o café Babka, são as vozes , as Pessoas.Vida
.compartilhar a fumaça de se estar vivo.Sentir se inspirado a continuar a viver
.
Wilson Roberto Nogueira
Wilson Roberto Nogueira
"Você,sair para
gastar um dinheiro virtual,Um Dinheiro que Você Não Tem e ainda ficará Devendo
Mais além do que Gastar?Cartão de Crédito (!?).Você tem café por que sair para
um café em um Café ?"Não é só o café Babka, são as vozes , as Pessoas.Vida
.compartilhar a fumaça de se estar vivo.Sentir se inspirado a continuar a viver
.
Wilson Roberto Nogueira
Wilson Roberto Nogueira
sexta-feira, novembro 29, 2013
É assim mesmo, a foto vai se apagando ou vamos dia a dia
passando a borracha, virando a página...Viver é conviver ,fazer vínculos caso
contrário é só existir.Se penso já tenho companhia.Embora seja tal um porre de
vodka de fundo de quintal.O rato só aproximava-se da luz de suas lembranças
para melhor conduzir as letras em suas fracas patas sujas de tinta e mesmo
assim conseguia produzir um modesto verso que lhe agasalhava de sombras e
sonhos.
Wilson Roberto Nogueira
segunda-feira, novembro 25, 2013
O Abantesma
Minha vida, se é que posso chamar minha existência de vida, está envolta
por densa escuridão. onde Pisar?Somente as trevas conseguem ver o fim do
caminho.Abismos famintos a espera de pé cegos. Que aguarde.As mãos da vontade
está órfã de fé e o candeeiro do coração jaz apagado.Ainda sim, os pés insistem
em apagar as pegadas da estória a cada pétreo passo .Ossos da alma vento de
lamento murmurando entre os galhos secos dos arbustos neste inverno de Luas
cegas .Viver é compartilhar o pão de se estar vivo é construir vínculos .A
casca dura sufocou a semente .Nada brotou nos dias afogados na memória.Vasta
planície sob o manto da noite sem estrelas.Sou um insone cadáver que não escuta
suas próprias correntes que construídas elo por elo dia a dia com engenho e
arte a cada renuncia,hesitação, cobardia agora são ossos sidereos que rasgam a
pele da minha existência .Por ora aguardo no Limbo morno da desilusão.Essa é a
minha pena vagar entre os vivos sem viver.
Wilson Roberto Nogueira
Na morgue ao desmaiar da noite
A noite na campa é mais presente. No suor das almas que
caminham na neblina sob o prateado olhar
da Lua faz as caveiras sonharem com páginas amareladas na pele das lembranças .Em
seus leitos livres de correntes ,vagam livres entre as lápides a saborear a
canção do vento nos ramos secos dos arbustos.
Ali Jovens perseguidos por seus medos procuram se atirar
contra eles como quem se atira contra o abismo para sentir a derradeira brisa
na face.Jogam cartas com o destino no jogo do lenço ou da roleta russa.Sem
resultado.A porta dos sentidos se fechara sobre os dois .
Na outra esquina do cemitério sombras aliviavam a última
propriedade daqueles que não mais se alimentavam de amanheceres presos em
catedrais de ossos e carne.Esqueletos, cadáveres para a ciência e obturações de
ouro para tão dedicados lavoradores de corpos.
abutres pacientes esperam que sobre algo dessa festa e a
coruja o alerta de que não há mais uma nesga se quer para o compadre
funcionário público padrão lixeiro exemplar .Amanhece o dia e mais uma
procissão tem inicio .Serão Turistas ?
Wilson Roberto Nogueira
domingo, novembro 17, 2013
Em cada pegada uma cova rasa
de dor regada
cava de vinho doce
semeada com bagas amargas
gargalhadas de vidro quebrando na escuridão.
Em cada passo sonolento
um pouco de morte e desalento
sonâmbula fome de viver o tormento
tormenta tocando alaúde em Sevilha
0 punhal daquele olhar de cigana
dançando flamenco
gotas de sangue e areia doce
digeridas com insaciedade de sol e sal.
Sevilha eterna
Wilson Roberto Nogueira.1997
de dor regada
cava de vinho doce
semeada com bagas amargas
gargalhadas de vidro quebrando na escuridão.
Em cada passo sonolento
um pouco de morte e desalento
sonâmbula fome de viver o tormento
tormenta tocando alaúde em Sevilha
0 punhal daquele olhar de cigana
dançando flamenco
gotas de sangue e areia doce
digeridas com insaciedade de sol e sal.
Sevilha eterna
Wilson Roberto Nogueira.1997
Em cada pegada uma cova rasa de dores regada
Gargalhadas de vidro quebrando na escuridão
enquanto passos sonolentos sentem
o sabor da morte no desalento.
A fome de viver torna-se tormento
na navalha que corta com um sorriso
gotas de sangue temperam a areia dos sonhos.
Digeridas com insaciedade o sal e o sol dos dias
anoitece sob os escombros almas vazias.
Wilson Roberto Nogueira
segunda-feira, novembro 11, 2013
A semente oca .
Ler no braço toda uma história - as placas de gordura , as pelancas, as casquinhas do ressecamento; tudo marcado pelas vírgulas das cicatrizes;cada letra com o devido pingo de sarna.Um pergaminho de deterioração, degeneração a espera do ponto Final.
O olhar perdia-se no opaco enredo de u'a estória de desenganos.
Naquele café esfumaçado bebia a si próprio , a cada gole ,enquanto o tempo passava .Impreciso caminhar."Que horas 'serão' , será noite ou dia ?Não importava mais, sua juventude se fechara e só restara uma lâmina de luz cortando os pés da porta.
Chegou em sua sórdida morada embora não tenha lembrança de haver caminhado até lá .Pôs-se a descamar-se de suas roupas e a medida que se aliviava delas , não encontrava sinal de si.A sombra que o perseguia , perseguia o sobretudo que ora o cobre de seu derradeiro inverno .
Agora entre o pó e as teias de seu quarto tornara-se o vulto translúcido de seu trincado espelho.
Wilson Roberto Nogueira
O olhar perdia-se no opaco enredo de u'a estória de desenganos.
Naquele café esfumaçado bebia a si próprio , a cada gole ,enquanto o tempo passava .Impreciso caminhar."Que horas 'serão' , será noite ou dia ?Não importava mais, sua juventude se fechara e só restara uma lâmina de luz cortando os pés da porta.
Chegou em sua sórdida morada embora não tenha lembrança de haver caminhado até lá .Pôs-se a descamar-se de suas roupas e a medida que se aliviava delas , não encontrava sinal de si.A sombra que o perseguia , perseguia o sobretudo que ora o cobre de seu derradeiro inverno .
Agora entre o pó e as teias de seu quarto tornara-se o vulto translúcido de seu trincado espelho.
Wilson Roberto Nogueira
sábado, novembro 09, 2013
A suicida
Da janela uivava o vento vagando na noite a alma acorrentada, que enfim livre, voava no último sopro
da noite.No espelho do olhar da lua ,a pele qual nuvem de seda chovia ansiando o toque.O último beijo
no sorriso do asfalto.
Wilson Roberto Nogueira
da noite.No espelho do olhar da lua ,a pele qual nuvem de seda chovia ansiando o toque.O último beijo
no sorriso do asfalto.
Wilson Roberto Nogueira
terça-feira, novembro 05, 2013
O rasta procurava Jah na fumaça que lhe falava às chamas do coração
Cantava com os pés as melodias dos espíritos entre os cornos da Babilônia
Mas era só névoa e sonho de seu último sono
nas trevas via cores e sentia o beijo da vida na caveira fria
tirava forças nas quebradas de seus pesadelos
sorvia loucura nas taças do pranto
só assim sentia-se vivo sendo sombra que nascia de si um
outro.
Na busca do Eu perdido no labirinto só encontrava a face rasgada da Babilônia
Efêmera fumaça que se dissipava na vertigem
último sopro na boca da morte virgem.
Wilson Roberto Nogueira
Cantava com os pés as melodias dos espíritos entre os cornos da Babilônia
Mas era só névoa e sonho de seu último sono
nas trevas via cores e sentia o beijo da vida na caveira fria
tirava forças nas quebradas de seus pesadelos
sorvia loucura nas taças do pranto
só assim sentia-se vivo sendo sombra que nascia de si um
outro.
Na busca do Eu perdido no labirinto só encontrava a face rasgada da Babilônia
Efêmera fumaça que se dissipava na vertigem
último sopro na boca da morte virgem.
Wilson Roberto Nogueira
sábado, outubro 26, 2013
sábado, outubro 19, 2013
vendeta
Perdido entre as dunas sob o sol incremente
atirando nos
fantasmas da consciência
só a sombra testemunha os ecos da vergonha
na mancha da camisa o rubro olho do cadáver.
Wilson Roberto Nogueira
Belarus
A Belarus dos bosques e pântanos.Um ramo de trigo para dar
sorte e o sorriso de uma camponesa para alegrar a vida, seria russa,polonesa ou
lituana?Qual a identidade desse povo?Bielo russa,eslava oriental como a fé
inabalável na força da terra.
O bobo da aldeia desconcertando com sua sabedoria ingênua os
espertos senhores;logo alí arrastando seu pesado casaco negro um judeu cofiando
a barba anciã como um patriarca bíblico.
Eis os Flashes de uma Belarus mujique a sorrir para o breve
sorriso do sol.
Uma aldeia que se esfumou e tornou-se nuvem no coração dos
emigrados.
Wilson Roberto Nogueira
domingo, outubro 06, 2013
Alguns compenetrados, outros vagando pelos quadrantes da
sala a consumir o tempo em lenta lenta agonia ou olvidando por completo os
insondáveis caminhos das matérias .Outras personas a paisagem do teatro
interpretando?Interpretando saberes e seriedades; outras profissionais catando
códigos na busca por peneirar pedras preciosas de algum edital.Mais adiante
zanzam a procura do que desconhecem, apenas flanando nas veias expostas de
cidades imaginárias .Naquele canto alí , a natureza morta dos gestuais de
sapiência dos abancados."Oito horas a Biblioteca fechará suas portas .
"Os livros ficaram presos e dentro deles leitores fantasmas.Essa catedral
não recebe sem tetos e suas correntes de pedras.
Wilson Roberto Nogueira.2009/19/09
quarta-feira, setembro 11, 2013
Na catedral da catarse
Uma vontade sem braços para erguer a ponte de um sorriso ,
mesmo tendo seus confrades, ébrios de alegria ,tentado a golpes de ariete
arremessado as mais infames piadas .Permaneceu lá no alto de sua sisudez .
Wilson Roberto Nogueira
mesmo tendo seus confrades, ébrios de alegria ,tentado a golpes de ariete
arremessado as mais infames piadas .Permaneceu lá no alto de sua sisudez .
Wilson Roberto Nogueira
terça-feira, setembro 10, 2013
Ai de ti Haiti
Séria miséria baça lembrança, herança de grilhões.
Onde estará a luz da tua liberdade,presa na luz
dos teus olhos de enferrujadas baionetas?
A chama da alma presa em oferendas ,trancada na agonia.
Um povo enterrado vivo no esquecimento de estropiados farrapos de pele
de sangue sugado até a última gota pelo sacrossanto dólar.
Dilacerada cada vértebra dessa ilha em ruínas
À sombra do corpo fechado de Tontons-macoutes
terras e rochas,pneus e carne queimada
Fantasmas de ódio que se diluíram no alvorecer de um terremoto.
Manhã de sol que não trouxe esperança só o tremor das entranhas
das belas praias sangrando suas belezas de criolles naîves.
Diáspora em botes banguelas bebendo água do mar
e saciando a fome de tubarões
guerreiros que fogem do medo se atirando no abismo.
Vinténs de vidas à deriva na vaga de almas espoliadas agarradas
com as garras do desespero a um naco de esperança.
Ai de tí Haiti você está aqui entre nós em nossos corações de trevas.
rindo com os alvos dentes da vingança dilacerando os sonhos da tua raça
de bravos Toussaints e Dessalines mirando as fazendas da Louisiana e mais além
num terrível brado de Liberdade.
Brado que ora se perde no pó de ossos soprados para ressuscitar na utopia chamada Brasil
Brasil pátria embrião mercadoria de aventureiros que se agigantou no sonho para se levantar
no Continente e jamais dormir, deitando sombra em suas feridas e em cujas cicatrizes
corre vermelho o sangue do seu povo de todas as gentes de cá e de ultramar.
Refugiados da desdita que procuraram amparo nos braços abertos da estátua
do American way of live e caíram nos guettos e nas prisões .
desertados pelas ilusões procuram o calor e a verdade de dias menos açoitantes mais ao sul , no Brasil
evadidos da fome esses ébrios zumbis de introjetadas tiranias, entorpecidos pela superstição e
garroteados pela vilania de assassinos fardados, renascerão feitos de luz ,sentir-se -ão em casa
nessa terra chamada Brasil.
Bem vindos ...
Wilson Roberto Nogueira
Bala Perdida
envolvido até os ossos
na rosa de sangue o olho que nada vê
o coração sangrando na mão
o grito surdo da morte
num clarão de luz.
Na viela escura a bala perdida
pariu mais uma escuridão.
Wilson Roberto Nogueira
Os galhos secos sedentos queimam
no rubro amanhecer
crepitam na cripta gritos
tostados de ira
crispados estalos de ossos
caminham quebrando o silêncio
saudando com o sal e pão o
cimento das eras
os galhos secos das sombras
gigantes deitam chamas dançantes
galhos secos lembranças de
heranças de finas folhas de seda negra
beijando o sol nas manhãs
vermelhas.
Wilson Roberto Nogueira
a alma não ocultara a si diante
do opaco espelho das opiniões
o caráter delineara mera sombra
no empoeirado espelho
pálida vida velada de luares
invernais sobre ruínas que prometiam sonhos
alicerces de nuvens
vidros partidos de janelas que
não vêem o branco dos olhos dos dias
parindo da dilacerada visão cores
onde apenas bruxuleiam fantasmas
janela aberta ao deserto nos
olhos do abismo.
Wilson Roberto Nogueira
quarta-feira, agosto 28, 2013
sábado, agosto 24, 2013
mau humor
quer morder a sombra mas ela não tem carne
quer correr o cão para pegar o próprio rabo
a
partir da sombra deste no chão.
Só mesmo depois de dar-lhe a si próprio
aquela dentada ,que
percebe ser parte dele mesmo
aquela sombra atrás de si
mau humor só prejudica o maumorado.
Mourejando a dar sorrisos de cimitarras
cortam numa mordida si
próprio.
Só a sombra sabe na solidão velar
a escuridão do coração .
Wilson Roberto Nogueira
domingo, agosto 18, 2013
Só o que sobrou do sonho
é essa sombra no teu olhar
o pesadelo trêmulo no teu
caminhar dançarino de demônio risonho
à buscar por algo que a
razão não alcança
passos de letras incertas
qual chuva de prateados gafanhotos
a afastar garotas
abreviadas de sonhos proletários re-mortos
de renascinzas vidas em
cada assassinado ideal de pés de barro
na sina
da utopia fênix e a cada revida
mais fraco o voo sob o horizonte
Só o que sobrou do sonho
é essa sombra no teu olhar
Em cada sonho aliviado de
vida brota uma pedra a mirar
a carcaça do abismo no
teu olhar é a alma que desaprendeu a dançar
tua seda sua sem amar
rasgada com o sabor do sal e do mar
és contudo alva pedra da
razão que engoliu as cores do coração.
Wilson Roberto Nogueira
.
sábado, agosto 17, 2013
Cumpre o rito sumário à sombra de uma vida
frutos podres dando cor a relva a esperar madurar nuvens.
Um grito ordinário de dilacerado pano
suspende no cadafalso a morna vida
entranhada de ruínas sob a névoa
vai a arrastar-se subindo cega seu destino
nobre corda para tal mister
dar ao dia a escuridão
vai descalça sobre pregos soltos sondar
o passado beijando amores não nascidos
vai se afogando de vida prenha de pregos
nesses segundos de farpas sídereas
no sorriso da amada
sol efêmero quer eterno que sorri
da noite íntima a cobrir-lhe a eviscerante esperança.
Wilson Roberto Nogueira
sábado, julho 27, 2013
Quando o coração sangra se dança.Ele quis com paixão ela
compaixão.Cúmplices no silêncio.Chamas negras nos olhos sóis acontecer no
pranto dos corpos.Vontades sem braços. Só a areia que não calça os passos. Sobre-passos .balas no chão assinam a traição .
Não era de chocolate era Toft de café.
Wilson Roberto Nogueira
terça-feira, julho 23, 2013
Guerra
No memento o conhecimento envileceu a cimentar
searas de ossos quebradiços ao som de sereias
que sopram tempestades nas ventas invernais.
Sobre as rubras lágrimas na seara de Marte
quando mais sobram foices caminham crianças
de pés descalços e olhos de abismo
no sonho seco de vinho avinagrado
cegos sóis nascem frios e a dor não acalenta
de vida os corpos desertores
de vida os corpos ausentes na lida
Wilson Roberto Nogueira
searas de ossos quebradiços ao som de sereias
que sopram tempestades nas ventas invernais.
Sobre as rubras lágrimas na seara de Marte
quando mais sobram foices caminham crianças
de pés descalços e olhos de abismo
no sonho seco de vinho avinagrado
cegos sóis nascem frios e a dor não acalenta
de vida os corpos desertores
de vida os corpos ausentes na lida
Wilson Roberto Nogueira
sábado, julho 13, 2013
Risonho era o teu altaneiro sonho a expugnar o que fora cidadela do imaginado ideal.
Interroga-te a ti a Razão ,sua morada final no ósculo ígneo da calçada sob olhar de prata
da cimitarra celeste a corcunda silente e leal testemunha dessa gota de sangue seco
na cicatriz da anciã prostituta Babilônia.
Wilson Roberto Nogueira
Interroga-te a ti a Razão ,sua morada final no ósculo ígneo da calçada sob olhar de prata
da cimitarra celeste a corcunda silente e leal testemunha dessa gota de sangue seco
na cicatriz da anciã prostituta Babilônia.
Wilson Roberto Nogueira
sábado, julho 06, 2013
vida de andante
Ele viu a vida nos olhos negros da noite
que se aproximava para beijar-lhe
na vala comum de seus sonhos.
Wilson Roberto Nogueira
O suor dos dias
O suor dos dias percorriam as cordilheiras sombrias dos
amanheceres de náusea.
Wilson Roberto Nogueira
gota
gota de chama pálida caminha entre cicatrizes
ósculo que se abandona ou um gozo que se perde em fumaça.
só uma lágrima numa lagoa negra .
Wilson Roberto Nogueira
A visita
A Morte veio visitar.Bateu na porta e não encontrou viv'alma
que a atendesse.
Tinha ido já embora deixando aquela casa uma casca
vazia.Móveis empoeirados nas entranhas do esquecimento.
Que a Morte encontre a ti bem vivo;não morra antes dela
chegar.
Wilson Roberto Nogueira
terça-feira, julho 02, 2013
O escritor marginal
O escritor marginal tem por ofício a canalha original comendo merda com um sorriso
sendo torto caminha direito caminha arcado mas altivo seu
coração sem preço sem siso
a literatura é o seu caixão que carregas às costas como
última morada
é o palacete por isso tão pesado é sua paixão sua amante
adorada.
O escritor marginal não se prostitui as letras são símbolos de sua religião
não se vende a fé no espírito livre que escraviza a razão.
Vida Longa aos ideais dos escritores marginais antes que
todos morram de fome !
Wilson Roberto Nogueira
Aquele saco de Estopa
Aquele saco de estopa serviu de abrigo a carne moída que
custava de sua vida uma dúzia de horas de chumbo nas costas .Voltava para casa
e a morte que lhe emprestava o consolo da curta madrugada ,roubava-lhe do
açoite da consciência.Sentia a fome devorar-lhe as vísceras e dava-lhe em troca
a certeza de que estava enfim vivo mais um dia.Esse dia de chuva encharcou
bandeiras de sangue e palavras de trovão.Caminhei entre árvores mortas muitas
décadas minha vida um deserto de areia que me cegara agora a fábrica cemitério
de nossos sonhos é NOSSA.
(E toca o hino da Internacional no coração dos espíritos
puros sem correntes).
Todos subiram as escadas da utopia para o cadafalso da
ideologia.
Wilson Roberto Nogueira
quarta-feira, junho 26, 2013
A mão pesada do Estado
desce sobre o lombo da multidão.
Basta de escravidão!Do silêncio e da resignação.
O brado se espraia pelas veias abertas do Brasil,
enquanto o Estado pensa com os músculos atrofiados da
violência
pseudo legitimada que explode sua desrazão instrumental nos
olhos da nação
a qual, longe de se estar cega se vê e vê que perdera tudo
até as correntes da alienação
entre a dor e a fumaça sua mirada atinge o céu sem estrelas
da Pátria enlutada
que encarcerou no desalento as forças vivas da revolta ,
agora asas sobram nos pés da história desses heróis anônimos
que fazem tremer palácios e rachar as máscaras do poder.
As casas de tolerância dessas falidas democracias
(auto)representativas
que chafurda na
impunidade imoral de prerrogativas
que estupram a igualdade e a liberdade e os ideais de
democracia
utopia esmagada pela ideologia, pura demagogia
Aqueles roedores do bem público não mais passarão impunes
mas continuarão a não pegar ônibus,a não levar seus filhos
às sucateadas escolas públicas e a não
morrerem nos corredores dos hospitais
públicos.
Seus corações não batem ao ritmo das angústias do povo.
Serão suicidas ao imaginar que seus mandatos realmente
pertencem aos seus
clubes de interesses privados que insistimos em chamar de
partidos ?
Partidos , qual parte da sociedade representam além de suas
conveniências?
Seus mandatos são o aval de confiança daqueles que inundam
as ruas de
indignação e revolta que por ora é pacifica
Hoje são gotas na multidão
amanhã poderão afogar a democracia plutocrática.
Wilson Roberto Nogueira.
Atravessando como punhal
a manifestação entre cartazes,
bandeiras de indignação e esperança.Uma sombra indiferente como metal imune ao
sabor da carne viva que se espalha na cicatriz aberta da cidade.O sangue não
está mais nas bandeiras , está no coração da multidão.
.Caminha sem pisar nas pegadas anônimas da cidadania
.Fantasma das eras no amálgama do presente perpétuo mimetizado na escuridão do
eterno vir-a-ser, não persegue a luz das promessas e não sente a dor das
privações; sem ossos ,sem vértebra entre os vãos da história que explode nas
palavras espalhando estilhaços de revolta que escrevem no aço da história o
ator sem rosto da revolução , Nós O Povo. A marcha do povo parindo um novo Brasil,a sociedade se ergue diante do
Estado e se põe a caminhar .
Wilson Roberto Nogueira
Bandeiras rasgadas das mesmas cores desbotadas jogadas pelas
calçadas, pisadas pela multidão.Palavras de ordem sentidas na carne , nos ossos
, na alma sem a máscara do discurso que paira sobre o refugo dos
corredores abandonados da cidadania calcinada.
Renasce no peito o coração da utopia um Brasil do povo, pelo
povo e para o povo chutando a indiferença daqueles parasitas que diante do povo
saem pela porta dos fundos da pátria que nunca será mátria.
A pátria é o látego do pai feitor abençoado por Deus sob
esse esplêndido e cúmplice céu sem fronteiras;a voz das ruas qual mar
caudaloso,sangue se espalhando pelas artérias da nação inundando o Estado
ausente de Cidadania.O Povo não se curvará jamais.
Wilson Roberto Nogueira
A uma guapa de olhos de condor e coração de montanha
não reparo a roupa e sim o corpo.
se o corpo brilhar é porque tem alma.
em ritmo de um tango extraviado numa ruela sem lua.
a última consorte com olhos de noite eterna
bailar num fio suspenso entre o sonho e o pesadelo
sem rede a resgatar um novo amanhã
seco e sem raízes ,madeira
podre sou
e imereço a chama do teu coração.
respirei as cinzas dessa
cidade e fiquei com as cicatrizes dos seus becos.
uma noite para se sentir num
único beijo o sabor de um coração desertor.
um coração que deserta do corpo e se
perde num beijo,
deixando vazio de vontade própria a alma do apaixonado,
escravo do sabor de uma perfídia.um tanguero desprovido
de bandoneon em rotas
palavras de amor espalhado
entre uma e outra promessa nos contornos dos lábios
de una argentina.
de prata e prata valia quedei-me sem elas. um farol de
felicidade em letras tristes
fala meu Sol,amo a ti mais que as palavras a essa portenha que me levou as pratas
e os ouros dos meus dias.
Wilson Roberto Nogueira
segunda-feira, junho 17, 2013
O homem é um animal a racionalizar o irracional.Predador de
si,
consome o Ser por um Ideal que em metástase devora a mente
antes do vírus
da consciência se instalar.Embriagado de ilusões,
segue a poeira doirada das
imagens das caixas de sonhos
no templo dos símbolos das glórias vãs e das
verdades fáceis
a quem quiser comprá-las. As luzes se dissipam
e todos vêem na
ausência das cores a soma de todas as possibilidades
abortadas, plantadas na
alva e fria morgue .
Os rubros desejos da angustiada utopia envilecem em
ideologias carcomidas
em pedras pontudas atiradas na vidraça opaca da
democracia.Ideologia
seu valor de face é a rota máscara da ilusão.
Quanto custa
o sonho ? Liberdade voa nas palavras
sem poder pousar na verdade.
Wilson Roberto Nogueira
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