quarta-feira, dezembro 25, 2013


deves deixar de ter as entranhas expostas
no açougue

falar em voz baixa para que meu coração
apenas seja ouvido pelas vísceras.

O coração é a luz intensa que dita os passos
da razão
É a luz que encobre as pedras dos ocasos
é a ração
diária de sangue que a vida cobra
daquele gauche que por hora veste
a armadura da razão


Wilson Roberto Nogueira

sábado, dezembro 14, 2013


Um pequeno sol escurecendo a visão.
Na escuridão do quarto o olho cego de uma lanterna.
A porta arrombada de uma morada.
Um sórdido quarto de pensão
testemunha a prisão de um insone ladrão
de sonhos.

Inocência ausente desertora precoce
prece silenciosa diante do abismo e seu sorriso.

Porta aberta sangrando histórias que só as sombras sabiam.

Sob o colchão mofado acorda como quem se livra de afogar-se
o morador da pensão olha no olho da lanterna
o cano de uma arma.

Esteja Preso !


Wilson Roberto Nogueira.

Dois sapatos encarnados de salto alto colados pelos calcanhares , são as suásticas capitalistas da grife McPuta feliz.Os homens públicos contudo, cansados da concorrência cobram multa dos clientes das esquinas perfumadas de flores do foder.

"As prostitutas francesas saem às ruas contra a lei que multa seus clientes " 

Wilson Roberto Nogueira

"Você,sair para gastar um dinheiro virtual,Um Dinheiro que Você Não Tem e ainda ficará Devendo Mais além do que Gastar?Cartão de Crédito (!?).Você tem café por que sair para um café em um Café ?"Não é só o café Babka, são as vozes , as Pessoas.Vida .compartilhar a fumaça de se estar vivo.Sentir se inspirado a continuar a viver .

Wilson Roberto Nogueira
"Você,sair para gastar um dinheiro virtual,Um Dinheiro que Você Não Tem e ainda ficará Devendo Mais além do que Gastar?Cartão de Crédito (!?).Você tem café por que sair para um café em um Café ?"Não é só o café Babka, são as vozes , as Pessoas.Vida .compartilhar a fumaça de se estar vivo.Sentir se inspirado a continuar a viver .

Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, novembro 29, 2013

Estava carregando um peixe que num salto triplo escorregou das mãos numa rampa de chuva e lá foi se fartar de girinos no bueiro.rezo para que um rato o  tenha comido .

Wilson Roberto Nogueira
O arbusto que atendia pelo nome de João,ganhara de presente de aniversário um caminhão do seu evadido painho.A Mãe resolveu acrescentar um adicional ao amarelo da caçamba , sua urina.Isso porque o pequeno lembrava muito do amado desertor .


Wilson Roberto Nogueira

É assim mesmo, a foto vai se apagando ou vamos dia a dia passando a borracha, virando a página...Viver é conviver ,fazer vínculos caso contrário é só existir.Se penso já tenho companhia.Embora seja tal um porre de vodka de fundo de quintal.O rato só aproximava-se da luz de suas lembranças para melhor conduzir as letras em suas fracas patas sujas de tinta e mesmo assim conseguia produzir um modesto verso que lhe agasalhava de sombras e sonhos.


Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, novembro 25, 2013

O Abantesma


Minha vida, se é que posso chamar minha existência de vida, está envolta por densa escuridão. onde Pisar?Somente as trevas conseguem ver o fim do caminho.Abismos famintos a espera de pé cegos. Que aguarde.As mãos da vontade está órfã de fé e o candeeiro do coração jaz apagado.Ainda sim, os pés insistem em apagar as pegadas da estória a cada pétreo passo .Ossos da alma vento de lamento murmurando entre os galhos secos dos arbustos neste inverno de Luas cegas .Viver é compartilhar o pão de se estar vivo é construir vínculos .A casca dura sufocou a semente .Nada brotou nos dias afogados na memória.Vasta planície sob o manto da noite sem estrelas.Sou um insone cadáver que não escuta suas próprias correntes que construídas elo por elo dia a dia com engenho e arte a cada renuncia,hesitação, cobardia agora são ossos sidereos que rasgam a pele da minha existência .Por ora aguardo no Limbo morno da desilusão.Essa é a minha pena vagar entre os vivos sem viver.

Wilson Roberto Nogueira

Na morgue ao desmaiar da noite


A noite na campa é mais presente. No suor das almas que caminham  na neblina sob o prateado olhar da Lua faz as caveiras sonharem com páginas amareladas na pele das lembranças .Em seus leitos livres de correntes ,vagam livres entre as lápides a saborear a canção do vento nos ramos secos dos arbustos.

Ali Jovens perseguidos por seus medos procuram se atirar contra eles como quem se atira contra o abismo para sentir a derradeira brisa na face.Jogam cartas com o destino no jogo do lenço ou da roleta russa.Sem resultado.A porta dos sentidos se fechara sobre os dois .

Na outra esquina do cemitério sombras aliviavam a última propriedade daqueles que não mais se alimentavam de amanheceres presos em catedrais de ossos e carne.Esqueletos, cadáveres para a ciência e obturações de ouro para tão dedicados lavoradores de corpos.

abutres pacientes esperam que sobre algo dessa festa e a coruja o alerta de que não há mais uma nesga se quer para o compadre funcionário público padrão lixeiro exemplar .Amanhece o dia e mais uma procissão tem inicio .Serão Turistas ?

Wilson Roberto Nogueira


Moribundas madrugadas que se arrastam até o amanhecer
Sol acuado na vaga liquida onda de tempestade o envelhecer
das horas cobras que se alimentam das serpentes da memória
onde está o candeeiro do meu coração nessa terra inglória?

Wilson Roberto Nogueira

A palma da mão desliza sobre a página
pausa a palma na página
dorme o tempo nas entranhas da palavra
germinam no silêncio frondosas árvores
de vastas florestas.
O tempo porém é o machado que se alimenta
das cinzas das horas .


Wilson Roberto Nogueira
Tropeçara em suas muletas e a partir da queda passou a ter uma visão mais concreta da vida.


Wilson Roberto Nogueira

Andava a  pisara seda de seus sentimentos.Um dia rasgaram e os fragmentos dançaram livres com o vento.


Wilson Roberto Nogueira
Ela procurava dissimular afeição ao seu coração espalhando espinhos com o olhar.


Wilson Roberto Nogueira
cai o pano e o palco apresenta O Farrapo.


Wilson Roberto Nogueira
No meio da multidão ela mergulhava naquelas páginas rasas e intermináveis.


Wilson Roberto Nogueira

domingo, novembro 17, 2013







Em cada pegada uma cova rasa
de dor regada
cava de vinho doce
semeada com bagas amargas
gargalhadas de vidro quebrando na escuridão.
Em cada passo sonolento
um pouco de morte e desalento
sonâmbula fome de viver o tormento
tormenta tocando alaúde em Sevilha
0 punhal daquele olhar de cigana
dançando flamenco
gotas de sangue e areia doce
digeridas com insaciedade de sol e sal.
Sevilha eterna

Wilson Roberto Nogueira.1997



Em cada pegada uma cova rasa de dores regada


Gargalhadas de vidro quebrando na escuridão
enquanto passos sonolentos sentem
o sabor da morte no desalento.

A fome de viver torna-se tormento
na navalha que corta com um sorriso
gotas de sangue temperam a areia dos sonhos.

Digeridas com insaciedade o sal e o sol dos dias
anoitece sob os escombros almas vazias.

Wilson Roberto Nogueira
Ni
nicotina
na rotina
rói a retina
da razão.

Ni
nicotina
cortina de fumaça
que embaça
o pulmão.

Ni
nicotina
da vida tira a tinta
restando
o carvão.

Wilson Roberto Nogueira




segunda-feira, novembro 11, 2013

O livro deitado de bruços na escrivaninha  coberta com  um papel vermelho onde letras discursavam para as massas de pão  e ácaros - O analfabeto politico de Brecht o silêncio embolorado da manhã encarcerava a esperança.

Wilson Roberto Nogueira
Comprara livros .Lia ?Eram vidas que o mantinham em pé.De si  só vidas dos outros.Pensamentos-velas e idéias  âncoras munição para o espírito.Até o jogarem no arquivo morto da repartição.

Wilson Roberto Nogueira
Pulava de financiamento em financiamento o professor trotskista."As condições objetivas !" faziam-lhe calos 'Ah , que apertado o sapato do capitalismo!"

Wilson Roberto Nogueira
bebia as lágrimas salgadas da pétala de sua amante até sugar-lhe o rubro botão.

Wilson Roberto Nogueira
O senhor polonês a cada chicotada no seu criado ,atirava com uma "Ave Maria."

Wilson Roberto Nogueira

A semente oca .

Ler no braço toda uma história - as placas de gordura , as pelancas, as casquinhas do ressecamento; tudo marcado pelas vírgulas das cicatrizes;cada letra com o devido  pingo  de sarna.Um pergaminho de deterioração, degeneração a espera do ponto Final.

O olhar perdia-se no opaco enredo de u'a estória  de desenganos.

Naquele café esfumaçado bebia a si próprio , a cada gole ,enquanto o tempo passava .Impreciso caminhar."Que horas 'serão' , será noite ou dia ?Não importava mais, sua juventude se fechara e só restara uma lâmina de luz cortando os pés da porta.

Chegou em sua sórdida morada embora não tenha lembrança de haver caminhado até lá .Pôs-se a descamar-se de suas roupas e a medida que se aliviava delas , não encontrava sinal de si.A sombra que o perseguia , perseguia o sobretudo que ora o cobre de seu derradeiro inverno .

Agora entre o pó e as teias  de seu quarto tornara-se o vulto translúcido de seu trincado espelho.

Wilson Roberto Nogueira

sábado, novembro 09, 2013

Sonhei com um ônibus que rodava sem motorista.Olhando para o banco preto e rasgado,
uma garrafa de conhaque lazarento.Não lembro do paradeiro da estória.Perdera-se na nuvem e por isso , não encontrou ponto final.Afinal aquela jardineira descarecia de viventes .

Wilson Roberto Nogueira
O convento está entre suas coxas .Uma cova ao relento.

WN






A suicida

Da janela uivava o vento vagando na noite  a alma acorrentada, que  enfim livre, voava no último sopro
da noite.No espelho do olhar da lua ,a pele qual nuvem de seda chovia ansiando o toque.O  último beijo
no sorriso  do asfalto.

Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, novembro 05, 2013

O rasta procurava Jah na fumaça que lhe falava às chamas do coração
Cantava com os pés as melodias dos espíritos entre os cornos da Babilônia
Mas era só névoa e sonho de seu último sono
nas trevas via cores e sentia o beijo da vida na caveira fria
tirava forças nas quebradas de seus pesadelos
sorvia loucura nas taças do pranto
só assim sentia-se vivo sendo sombra que nascia de si um
outro.
Na busca do Eu perdido no labirinto só encontrava a face rasgada da Babilônia
Efêmera fumaça que se dissipava na vertigem
último sopro na boca da morte virgem.

Wilson Roberto Nogueira

sábado, outubro 26, 2013


sábado, outubro 19, 2013

vendeta

Perdido entre as dunas sob o sol incremente
 atirando nos fantasmas da consciência
só a sombra testemunha os ecos da vergonha
na mancha da camisa o rubro olho do cadáver.

Wilson Roberto Nogueira
cada frase franze a testa do verbo abrindo sulcos
cicatriz do tempo a germinar rosas entre as pedras.
tateia o tempo o coração da memória
com espinhos a escrever uma nova estória.


Wilson Roberto Nogueira

Belarus


A Belarus dos bosques e pântanos.Um ramo de trigo para dar sorte e o sorriso de uma camponesa para alegrar a vida, seria russa,polonesa ou lituana?Qual a identidade desse povo?Bielo russa,eslava oriental como a fé inabalável na força da terra.
O bobo da aldeia desconcertando com sua sabedoria ingênua os espertos senhores;logo alí arrastando seu pesado casaco negro um judeu cofiando a barba anciã como um patriarca bíblico.
Eis os Flashes de uma Belarus mujique a sorrir para o breve sorriso do sol.
Uma aldeia que se esfumou e tornou-se nuvem no coração dos emigrados.


Wilson Roberto Nogueira

domingo, outubro 06, 2013


Alguns compenetrados, outros vagando pelos quadrantes da sala a consumir o tempo em lenta lenta agonia ou olvidando por completo os insondáveis caminhos das matérias .Outras personas a paisagem do teatro interpretando?Interpretando saberes e seriedades; outras profissionais catando códigos na busca por peneirar pedras preciosas de algum edital.Mais adiante zanzam a procura do que desconhecem, apenas flanando nas veias expostas de cidades imaginárias .Naquele canto alí , a natureza morta dos gestuais de sapiência dos abancados."Oito horas a Biblioteca fechará suas portas . "Os livros ficaram presos e dentro deles leitores fantasmas.Essa catedral não recebe sem tetos e suas correntes de pedras.


Wilson Roberto Nogueira.2009/19/09

quarta-feira, setembro 11, 2013

A  cada dia caía-lhe sobre os ombros pesados casacos de agonia
tão pesados que os passos das horas eram grilhões que apunhalavam
as veias da vontade de ser livre emfim .
Assim provava o sabor de saber-se vivo.

Wilson Roberto Nogueira

Na catedral da catarse

Uma vontade sem braços para erguer a ponte de um sorriso ,
mesmo tendo seus confrades, ébrios de alegria ,tentado a golpes de ariete
arremessado as mais infames piadas .Permaneceu lá no alto de sua sisudez .

Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, setembro 10, 2013

Ai de ti Haiti


Séria miséria baça lembrança, herança de grilhões.
Onde estará a luz da tua liberdade,presa na luz
dos teus olhos de enferrujadas baionetas?

A chama da alma presa em oferendas ,trancada na agonia.
Um povo enterrado vivo no esquecimento de estropiados farrapos de pele
de sangue sugado até a última gota pelo sacrossanto dólar.

Dilacerada cada vértebra dessa ilha em ruínas

À sombra do corpo fechado de Tontons-macoutes
terras e rochas,pneus e carne queimada
Fantasmas de ódio que se diluíram no alvorecer de um terremoto.
Manhã de sol que não trouxe esperança só o tremor das entranhas
das belas praias sangrando suas belezas de  criolles naîves.

Diáspora em botes banguelas bebendo água do mar
e saciando a fome de tubarões
guerreiros que fogem do medo se atirando no abismo.
Vinténs de vidas à deriva na vaga de almas espoliadas agarradas
com as garras do desespero a um naco de esperança.

Ai de tí Haiti você está aqui entre nós em nossos corações de trevas.
rindo com os alvos dentes da vingança dilacerando os sonhos da tua raça
de bravos Toussaints e Dessalines mirando as fazendas da Louisiana e mais além
num terrível brado de Liberdade.

Brado que ora se perde no pó de ossos soprados para ressuscitar na utopia chamada Brasil

Brasil pátria embrião mercadoria de aventureiros que se agigantou no sonho para se levantar
no Continente e jamais dormir, deitando sombra em suas feridas e em cujas cicatrizes
corre vermelho o sangue do seu povo de todas as gentes de cá e de ultramar.

Refugiados da desdita que procuraram amparo nos braços abertos da estátua
do American way of live e caíram nos guettos e nas prisões .
desertados pelas ilusões  procuram o calor e a verdade de dias menos açoitantes mais ao sul , no Brasil
evadidos da fome esses ébrios zumbis de introjetadas tiranias, entorpecidos pela superstição e
garroteados pela vilania de assassinos fardados, renascerão feitos de luz ,sentir-se -ão em casa
nessa terra chamada Brasil.

Bem vindos ...

Wilson Roberto Nogueira

Bala Perdida



envolvido até os ossos
na rosa de sangue o olho que nada vê
o coração sangrando na mão
o grito surdo da morte
num clarão de luz.
Na viela escura a bala perdida
pariu mais uma escuridão.


Wilson Roberto Nogueira
fura o olho do sol a ponta do guarda chuva
Sol que sua encasacado de nuvens.

Wilson Roberto Nogueira
Na íris um arco pálido oculta no baú da alma uma íris multi cinzas
mirando o passado esse lugar estrangeiro que se comunica com o presente
num alfabeto repleto de linhas de nanquim apagadas.

Wilson Roberto Nogueira



Que doce é a infância e como é sorvida pela vida.
a infância não é um sorvete mas derrete de alegria

ou perde o sabor

Wilson Roberto Nogueira 
a fome medra o medo enquanto brinca com o eco
coiceando as paredes brancas da abobada de ossos
tamborilando na pele da pobre caveira cavernosa.


Wilson Roberto Nogueira
risonho é o teu altaneiro sonho
expugnado foi o imaginado ideal
interroga a ti tua morada final
na mordida do ósculo ígneo da calçada
no leal olhar do luar a prateada pedra risonha
mera gota de sangue seco na cicatriz da cidade.

Wilson Roberto Nogueira
Os galhos secos sedentos queimam no rubro amanhecer
crepitam na cripta gritos tostados de ira
crispados estalos de ossos caminham quebrando o silêncio
saudando com o sal e pão o cimento das eras
os galhos secos das sombras gigantes deitam chamas dançantes
galhos secos lembranças de heranças de finas folhas de seda negra
beijando o sol nas manhãs vermelhas.


Wilson Roberto Nogueira
a roupa das lembranças guardada na última gaveta
só aquece a ninhada de ratos.

Wilson Roberto Nogueira
O inverno escuro abateu-se sobre a alma
os rigores dos dias cinzas congelam o luto
em pétreos corações
a mórbida moribunda amante presa
na voraz voz das farpas e flechas
dialoga com a morte em prósperas parcelas
de suculentos nacos de amaldiçoados beijos.
Enfim dorme.


Wilson Roberto Nogueira
a alma não ocultara a si diante do opaco espelho das opiniões
o caráter delineara mera sombra no empoeirado espelho
pálida vida velada de luares invernais sobre ruínas que prometiam sonhos
alicerces de nuvens
vidros partidos de janelas que não vêem o branco dos olhos dos dias
parindo da dilacerada visão cores onde apenas bruxuleiam fantasmas
janela aberta ao deserto nos olhos do abismo.


Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, agosto 28, 2013


sábado, agosto 24, 2013

mau humor


quer morder a sombra mas ela não tem carne
quer correr o cão para pegar o próprio rabo
a partir da sombra deste no chão.
Só mesmo depois de dar-lhe a si próprio
aquela dentada ,que percebe ser parte dele mesmo
aquela sombra atrás de si
mau humor só prejudica o maumorado.
Mourejando a dar sorrisos de cimitarras 
cortam numa mordida si próprio.
Só a sombra sabe na solidão velar
a escuridão do coração .

Wilson Roberto Nogueira

domingo, agosto 18, 2013

Só o que sobrou do sonho é essa sombra no teu olhar
o pesadelo trêmulo no teu caminhar dançarino de demônio risonho
à buscar por algo que a razão não alcança
passos de letras incertas qual chuva de prateados gafanhotos
a afastar garotas abreviadas de sonhos proletários re-mortos
de renascinzas vidas em cada  assassinado ideal de pés de barro na sina
da utopia fênix e a cada revida mais fraco o voo sob o horizonte

Só o que sobrou do sonho é essa sombra no teu olhar
Em cada sonho aliviado de vida brota uma pedra a mirar
a carcaça do abismo no teu olhar é a alma que desaprendeu a dançar
tua seda sua sem amar rasgada com o sabor do sal e do mar
és contudo alva pedra da razão que engoliu as cores do coração.

Wilson Roberto Nogueira

 .

sábado, agosto 17, 2013

cai um pingo de tinta e a palavra emudece de mistério.
na íris da ideia a palavra certa assassina os relâmpagos

Wilson Roberto Nogueira
Cumpre o rito sumário à sombra de uma vida
frutos podres dando cor a relva a esperar madurar nuvens.
Um grito ordinário de dilacerado pano
suspende no cadafalso a morna vida
entranhada de ruínas sob a névoa
vai a arrastar-se subindo cega seu destino
nobre corda para tal mister
dar ao dia a escuridão
vai descalça sobre pregos soltos sondar
o passado beijando amores não nascidos
vai se afogando de vida prenha de pregos
nesses segundos de farpas sídereas
no sorriso da amada
sol efêmero quer eterno que sorri
da noite íntima a cobrir-lhe a eviscerante esperança.


Wilson Roberto Nogueira
não lamenta
não olha para trás
não para
segue avante
voa na voragem
da noite desenha
as curvas das faces da alma
perfis de foice e lua
sua a lembrança moribunda
caminhando nas pegadas das ruas
serpes de luzes traiçoeiras dos autos
último estalo estrondo e silêncio.

Wilson Roberto Nogueira


sábado, julho 27, 2013

Quando o coração sangra se dança.Ele quis com paixão ela compaixão.Cúmplices no silêncio.Chamas negras nos olhos sóis acontecer no pranto dos corpos.Vontades sem braços. Só a areia  que não calça os passos. Sobre-passos  .balas no chão assinam a traição .


Não era de chocolate era Toft de café.



Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, julho 23, 2013

sol abraça a dor  abraçando o calor
refulge na alma o olhar solar a aquecer
com tanto amor que jaz adolescer.
Wilson Roberto Nogueira
a arte do amor
num velho provocou
a dor
depois o eterno silêncio
sem cor

Wilson Roberto Nogueira

Guerra

No memento o conhecimento envileceu a cimentar
searas de ossos quebradiços ao som de sereias
que sopram tempestades nas ventas invernais.
Sobre as rubras lágrimas na seara de Marte
quando mais sobram foices caminham crianças
de pés descalços e olhos de abismo
no sonho seco de vinho avinagrado
cegos sóis  nascem frios e a dor não acalenta
de vida os corpos desertores
de vida os corpos ausentes na lida

Wilson Roberto Nogueira

sábado, julho 13, 2013

Risonho era o teu altaneiro sonho a expugnar o que fora cidadela do imaginado ideal.
Interroga-te a ti a Razão ,sua morada final no ósculo ígneo da calçada sob olhar de prata
da cimitarra celeste a corcunda silente e leal  testemunha dessa gota de sangue seco
na cicatriz da anciã prostituta Babilônia.

Wilson Roberto Nogueira

sábado, julho 06, 2013

mordida

Mordera-lhe as vísceras os dentes da angústia.

Wilson Roberto

vida de andante

Ele viu a vida nos olhos negros da noite
que se aproximava para beijar-lhe
na vala comum de seus sonhos.


Wilson Roberto Nogueira

O suor dos dias

O suor dos dias percorriam as cordilheiras sombrias dos amanheceres de náusea.


Wilson Roberto Nogueira

gota

gota de chama pálida caminha entre cicatrizes
ósculo que se abandona ou um gozo que se perde em fumaça.
só uma lágrima numa lagoa negra .


Wilson Roberto Nogueira

A visita

A Morte veio visitar.Bateu na porta e não encontrou viv'alma que a atendesse.
Tinha ido já embora deixando aquela casa uma casca vazia.Móveis empoeirados nas entranhas do esquecimento.
Que a Morte encontre a ti bem vivo;não morra antes dela chegar.


Wilson Roberto Nogueira

terça-feira, julho 02, 2013

O escritor marginal

O escritor marginal tem por ofício a canalha original  comendo merda com um sorriso
sendo torto caminha direito caminha arcado mas altivo seu coração sem preço sem siso
a literatura é o seu caixão que carregas às costas como última morada
é o palacete por isso tão pesado é sua paixão sua amante adorada.
O escritor marginal não se prostitui  as letras são símbolos de sua religião
não se vende a fé no espírito livre que escraviza a razão.

Vida Longa aos ideais dos escritores marginais antes que todos morram de fome !


Wilson Roberto Nogueira

Aquele saco de Estopa


Aquele saco de estopa serviu de abrigo a carne moída que custava de sua vida uma dúzia de horas de chumbo nas costas .Voltava para casa e a morte que lhe emprestava o consolo da curta madrugada ,roubava-lhe do açoite da consciência.Sentia a fome devorar-lhe as vísceras e dava-lhe em troca a certeza de que estava enfim vivo mais um dia.Esse dia de chuva encharcou bandeiras de sangue e palavras de trovão.Caminhei entre árvores mortas muitas décadas minha vida um deserto de areia que me cegara agora a fábrica cemitério de nossos sonhos é NOSSA.

(E toca o hino da Internacional no coração dos espíritos puros sem correntes).

Todos subiram as escadas da utopia para o cadafalso da ideologia.


Wilson Roberto Nogueira

quarta-feira, junho 26, 2013


A mão pesada do Estado  desce sobre o lombo da multidão.
Basta de escravidão!Do silêncio e da resignação.
O brado se espraia pelas veias abertas do Brasil,
enquanto o Estado pensa com os músculos atrofiados da violência
pseudo legitimada que explode sua desrazão instrumental nos olhos da nação
a qual, longe de se estar cega se vê e vê que perdera tudo
até as correntes da alienação
entre a dor e a fumaça sua mirada atinge o céu sem estrelas da Pátria enlutada
que encarcerou no desalento as forças vivas da revolta ,
agora asas sobram nos pés da história desses heróis anônimos
que fazem tremer palácios e rachar as máscaras do poder.
As casas de tolerância dessas falidas democracias (auto)representativas
que chafurda  na impunidade imoral de prerrogativas
que estupram a igualdade e a liberdade e os ideais de democracia
utopia esmagada pela ideologia, pura demagogia
Aqueles roedores do bem público não mais passarão impunes
mas continuarão a não pegar ônibus,a não levar seus filhos às sucateadas  escolas públicas e a não morrerem nos corredores dos  hospitais públicos.
Seus corações não batem ao ritmo das angústias do povo.
Serão suicidas ao imaginar que seus mandatos realmente pertencem aos seus
clubes de interesses privados que insistimos em chamar de partidos ?
Partidos , qual parte da sociedade representam além de suas conveniências?
Seus mandatos são o aval de confiança daqueles que inundam as ruas de
indignação e revolta que por ora é pacifica
Hoje são gotas na multidão  amanhã poderão afogar a democracia plutocrática.

Wilson Roberto Nogueira.

Atravessando como punhal  a manifestação  entre cartazes, bandeiras de indignação e esperança.Uma sombra indiferente como metal imune ao sabor da carne viva que se espalha na cicatriz aberta da cidade.O sangue não está mais nas bandeiras , está no coração da multidão.
.Caminha sem pisar nas pegadas anônimas da cidadania .Fantasma das eras no amálgama do presente perpétuo mimetizado na escuridão do eterno vir-a-ser, não persegue a luz das promessas e não sente a dor das privações; sem ossos ,sem vértebra entre os vãos da história que explode nas palavras espalhando estilhaços de revolta que escrevem no aço da história o ator sem rosto da revolução , Nós O Povo. A marcha do povo parindo  um novo Brasil,a sociedade se ergue diante do Estado  e se põe a caminhar .

Wilson Roberto Nogueira

Bandeiras rasgadas das mesmas cores desbotadas jogadas pelas calçadas, pisadas pela multidão.Palavras de ordem sentidas na carne , nos ossos , na alma  sem a máscara  do discurso que paira sobre o refugo dos corredores abandonados da cidadania calcinada.
Renasce no peito o coração da utopia um Brasil do povo, pelo povo e para o povo chutando a indiferença daqueles parasitas que diante do povo saem pela porta dos fundos da pátria que nunca será mátria.
A pátria é o látego do pai feitor abençoado por Deus sob esse esplêndido e cúmplice céu sem fronteiras;a voz das ruas qual mar caudaloso,sangue se espalhando pelas artérias da nação inundando o Estado ausente de Cidadania.O Povo não se curvará jamais.

Wilson Roberto Nogueira

A uma guapa de olhos de condor e coração de montanha


não reparo a roupa e sim o corpo. 
se o corpo brilhar é porque tem alma.

em ritmo de um tango extraviado numa ruela sem lua.

a última consorte com olhos de noite eterna
bailar num fio suspenso entre o sonho e o pesadelo 
sem rede a resgatar um novo amanhã

seco e sem raízes  ,madeira podre sou
e imereço a chama do teu coração.

respirei as cinzas dessa cidade e fiquei com as cicatrizes dos seus becos.
uma noite para se sentir num único beijo o sabor de um coração desertor.

um coração que deserta do corpo e se perde num beijo, 
deixando vazio de vontade própria a alma do apaixonado,
escravo do sabor de uma perfídia.um tanguero desprovido
de bandoneon em rotas palavras de amor espalhado
entre uma e outra promessa nos contornos dos lábios de una argentina.
de prata e prata valia quedei-me sem elas. um farol de felicidade em letras tristes

fala meu Sol,amo a ti mais que as palavras a essa portenha que me levou as pratas
 e os ouros dos meus dias.

Wilson Roberto Nogueira



a catarata oculta-se na névoa
ribombando trovoadas de água.
Wilson Roberto Nogueira

a capivara solitária diante da lagoa que um dia foi parque.
chuvas julianas de Curitiba.
Wilson Roberto Nogueira

Casas de raízes trêmulas perdem-se no pântano
enquanto sorrisos choram promessas
que custam sal e suor do trabalho que prende
ao triturador de horizontes das carcaças sem rostos,
sem carne, sem sangue.
Wilson Roberto Nogueira

a solidão é sócia  sólida e leal, cúmplice dos crimes abissais contra a tentativa de se alçar voo os sonhos ideais.

Wilson Roberto Nogueira

A face, o corpo e a alma soterrada sob a pedra  do drama e da comédia nas entranhas da madrugada, sangram súplicas  ao revelar a alma do abismo  que habita em nós.
Wilson Roberto Nogueira

segunda-feira, junho 17, 2013



O homem é um animal a racionalizar o irracional.Predador de si,
consome o Ser por um Ideal que em metástase devora a mente
antes do vírus da consciência se instalar.Embriagado de ilusões, 
segue a poeira doirada das imagens das caixas de sonhos
no templo dos símbolos das glórias vãs e das verdades fáceis
a quem quiser comprá-las. As luzes se dissipam
e todos vêem na ausência das cores a soma de todas as possibilidades
abortadas, plantadas na alva e fria morgue .
Os rubros desejos da angustiada utopia envilecem em ideologias carcomidas
em pedras pontudas atiradas na vidraça opaca da democracia.Ideologia 
seu valor de face é a rota máscara da ilusão.
Quanto custa o sonho ? Liberdade voa nas palavras 
sem poder pousar na verdade.

Wilson Roberto Nogueira



Os rubros anseios da utopia
envileceram em ideologias 
que podem ser pagas
em dez prestações sem juros.

Se você ainda prestar
para o Trabalho libertador 
de sua Auschwitz particular.

Wilson Roberto Nogueira