terça-feira, agosto 03, 2010

Acordar. Sol da manhã -a luz à cegar.

Pássaros cantam e voam. Sombras bravias
contra o céu.
Levantar, tomar banho voltar à placenta
ao útero liquido da banheira. Não! Água gelada-
vida. Realidade gelo queimando a bunda.
Nascimento é dor, dor é vida tapa na cara
da manhã. O Sol traz esperança; essa é sua herança.
Mais um dia ao lado da minha vadia!
Bom dia, mais um dia cheirando...a café
e o tempero das ruas da cidade invadindo o oco
do meu estômago de "eca", quente vapor urbano.
Ruas sonolentas se zumbis caminhantes. A
cidade desperta ressuscitando trapos humanos.Vagam
com o vento folhas secas sopradas, correm para longe.
O rato corre o rato foge, gabiru come do lixo e cobre o rosto.
O rosto sem rosto. Cara. A cara , o resto rasteja para longe,vaga.
A Urbe desperta e estica seus tentáculos, gesticula e Vive.
Nas suas veias corre feérica fome por sangue, dinheiro e vida
devora vida, e, sonhos mastiga e vomita exclusão.
O ébrio despenca, apaga de morrer em parcelas - para que a pressa?!
Pressa de ônibus e carros disputando caminhos às formigas,
sem espaços nas calçadas, abandonadas ou dominadas por cadeiras,
lojas, restaurantes e cavernas - templos do consumo e do voyeurismo.
O comércio abre suas mandíbulas na vitrine
cinema de cachorro no açougue
na loja cinema de párias,
com os cérebros sendo devorados de ilusões
e ódios besuntados de desespero.
O começo do caos: a polícia prende e o juíz solta na sombra
enquanto a polícia quando solta o faz ás claras.
A escuridão desce o pano e só o preto é preso e espancado e o
pobre cara de contínuo apanha irmanado da vida e do guarda
que também está mocado na Favela.
A vida que engendra o sistema expele, elimina ainda mais imunda
de despossuídos em procissão celebrando o cadáver do próximo ídolo de ouro
O mercado de almas mortas nos olhos das crianças
furando o fígado das senhoras, cortando a garganta dos bem-nascidos
por uma griffe, estourando em seus olhos.
Onipresentes símbolos de opressão cegando como deuses
Onipresentes facas do vício a retalhar-lhes as almas vagando
fantasmas em meio tonto de tanto neon e ouro
Compre ,Ter é ser, ter é Poder. Posses acima de Tudo.
Ser cidadão é ser consumidor. Compre,Compre,...com o quê
Com o veneno de qual droga?
A faca da fome corta o meu pensamento
turvando as frases do meu caminhar.
Na frente do templo Deus está á venda para quem puder pagar.
Por suas palavras de fogo do inferno ao Demônio do desespero.
As putas em arrobas envelheciam lutando para fugirem de sí ao Sol
de seus delírios.
Todos nós somos mercadorias não somente nossa força de trabalho,
nosso ócio inclusive, é escravo desta caixa germinadora de legumes humanos,
geladeira urbana de leites pasteurizados.
Noite na urbe iluminando de trevas o espírito do sobrevivente.

Wilson Roberto Nogueira

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