quarta-feira, outubro 08, 2008

Traças e Lagartixas

Não encontrei a camiseta listrada, as traças se prenderam nela. Elas se amarram em listras. Vivem à margem e a espreita. São muito cultas e tímidas, não gostam de luzes fugazes. A vida delas é breve, então para que tantas luzes?

Embora elas amem as palavras, as devoram, como umas "alfacinhas" , qual lisboetas da Alfama.

As pessoas só se ocupam delas quando encontram caminhos indesejáveis e "buracos negros " naquele livro tão precioso. Viva os e-books e notebooks ! ? Existem formigas que apreciam o "tempero " dos conduítes e chips.

Quanto aos meus bolsos...

Há muito tempo que elas comeram o fundo dos meus bolsos. Bom, eu nunca tive fundos para depositar, mesmo no raso dos bolsilhos.

Famintas essas leitoras de Flaubert, as vezes flertando com Dostoievsky.Elas não recusam as saborosas letras imortais.Gostavam de nanquim agora qualquer tinta fast-food made in China está servindo.

Naftalina!? Não! Sou contra toda forma de genocídio,não mato uma mosca,quanto mais uma aplicada traça burocrata. Ela só quer um papel,um pano ou uma célula morta,Não é muito.

Até a visita da lagartixa. Agora os passos, os traços da traça estão mudos. Nenhum mistério novo na página do romance, nenhum caminho de ausências nos panos e nos papéis. A fome ficou ágrafa.

A lagartixa fica ali, com sua presença verde mas quando precisa e lhe apetece fica da cor da parede,principalmente quando namora,mas na maior parte do tempo,fica lá no teto,muda, lagarteando perto da lâmpada dando uma de "João Sem- Braço" para comer uma incauta mariposa.Olha para baixo curiosa com as humanas insanidades do escrivinhador, agora sem suas fiéis leitoras, as traças, assassinadas pela sanha insaciável da nova moradora, a qual não lê mas filosofa num estilo... meio zen... meio existencialista,uma observadora do cotidiano...
Wilson Roberto Nogueira

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