domingo, março 06, 2011

Chuva fina na madrugada.Motorista perdido.Chegada no velório.

A nuquinha do velho pai acusava
a profecia de não ficar para semente
jamais ,entretanto, estaria ausente, avisava.

A chuva gelada e fina da madrugada disfarçava o tremor do filho em ver o pai no caixão, afinal era machão  e se tremia era de frio.Não havia por quê ver naquele boneco tão corado, tão mais corado do que jamais esteve em vida só a carcaça de um ritual .a piada seria dita pelo próprio defunto se pudessem ouví-lo ou se pudesse dize-lo.A viúva sorriu, deve ter escutado a piada,principalmente depois de terem entregue o corpo errado.
Coisas de cidade grande.O médico diz na lata que o marido, o pai vai morrer.Que na hora de enterrar demoram duzias de horas e depois entregam o presunto errado,parece que é assim que veem o corpo de nosso pai,como uma mercadoria "delivery".
Bom, isso morre por aqui.Só  a lembrança mora em algum lugar, até ser despejada do jazigo da memória por falta de pagamento.

Wilson Roberto Nogueira

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