terça-feira, março 03, 2015

A cada sapo que engolia o Joaquim , sentia o tempero da morte. Temperava com ácido suas vísceras  e provava de seu sabor dia à dia .O ser humano tem a vantagem de morrer muitas mortes  numa mesma vergada vida .Sob o peso dos dias a máscara burguesa da tragédia esconde um sorriso sarcástico .soda cáustica refrescando  o excesso de lâminas de aço das presas à mostra envoltas em abraços que cortam as jugulares dos corações que não aprenderam a ler.As caixas de carne e ossos não registram o silêncio do jazigo ,pois não tem ouvidos para ouvir o coaxar pútrido dos sapos ao lado de suas próprias lápides .
O cotidiano é um pântano habitado por anfíbios sociais, cobras e répteis de toda sorte  a engolir ratos e outros de sangue quente . Sangue frio é a couraça do cego engolidor de sapos que pretende ser um engolidor de serpes.

Wilson Roberto Nogueira

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