O Massacre da Praça Nossa Senhora Salete, ocorrido no dia 29
de abril, pelas mãos do governador do Paraná contra os trabalhadores de
educação guarda traços de crueldade planejada.
Se na ditadura, lutávamos pelo restabelecimento da
institucionalidade democrática pelo direito de protestar e no 30 de agosto de
1988, o governador justificou o ocorrido como um equívoco, o que assistimos,
hoje, foi a profissionalização da tirania de Estado.
Beto Richa e seu secretário, longe de desculparem-se pelo
massacre, ostentam, com orgulho, o espetáculo que contou com helicópteros a
atirarem bombas em voos rasantes e tiros que não cessavam mesmo depois do recuo
dos educadores, estudantes e trabalhadores.
Ou seja, em tempos pretéritos, mesmo governadores
repressores ensaiavam certo pudor com suas atitudes. Hoje, apresentam o
autoritarismo como marketing.
Mas de tudo isto, um dos fatores mais preocupantes é o
possível descrédito com a democracia, de vez que mesmo com "garantias
institucionais" não é possível protestar.
O que vi, hoje, nos olhos de meus colegas educadores/as, de
meus ex alunos/as foi perplexidade, impotência e desespero diante de um
espetáculo minuciosamente planejado para faze-los calar e para tentar humilhar
a coragem de luta.
Só há um caminho para que esta tragédia não seja
"normalizada" como forma de arrefecer novas lutas: a denúncia, o grito
coletivo e o inconformismo.
Há contudo, outros atores que precisam manifestar-se,
urgentemente, diante da tirania monárquica que pretende ser instalada: o
Ministério Público, o Poder Judiciário ( que teve sua ordem de permissão de
ingresso às galerias da assembleia legislativa desrespeitada), o Parlamento e o
Ministério da Justiça.
Caso silenciem, estarão coroando um, entre muitos, dos
déspotas da nova república medieval.
Andrea Caldas
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