quarta-feira, abril 29, 2015

A ESPETACULARIZAÇÃO DA TIRANIA


O Massacre da Praça Nossa Senhora Salete, ocorrido no dia 29 de abril, pelas mãos do governador do Paraná contra os trabalhadores de educação guarda traços de crueldade planejada.
Se na ditadura, lutávamos pelo restabelecimento da institucionalidade democrática pelo direito de protestar e no 30 de agosto de 1988, o governador justificou o ocorrido como um equívoco, o que assistimos, hoje, foi a profissionalização da tirania de Estado.

Beto Richa e seu secretário, longe de desculparem-se pelo massacre, ostentam, com orgulho, o espetáculo que contou com helicópteros a atirarem bombas em voos rasantes e tiros que não cessavam mesmo depois do recuo dos educadores, estudantes e trabalhadores.

Ou seja, em tempos pretéritos, mesmo governadores repressores ensaiavam certo pudor com suas atitudes. Hoje, apresentam o autoritarismo como marketing.

Mas de tudo isto, um dos fatores mais preocupantes é o possível descrédito com a democracia, de vez que mesmo com "garantias institucionais" não é possível protestar.

O que vi, hoje, nos olhos de meus colegas educadores/as, de meus ex alunos/as foi perplexidade, impotência e desespero diante de um espetáculo minuciosamente planejado para faze-los calar e para tentar humilhar a coragem de luta.

Só há um caminho para que esta tragédia não seja "normalizada" como forma de arrefecer novas lutas: a denúncia, o grito coletivo e o inconformismo.

Há contudo, outros atores que precisam manifestar-se, urgentemente, diante da tirania monárquica que pretende ser instalada: o Ministério Público, o Poder Judiciário ( que teve sua ordem de permissão de ingresso às galerias da assembleia legislativa desrespeitada), o Parlamento e o Ministério da Justiça.

Caso silenciem, estarão coroando um, entre muitos, dos déspotas da nova república medieval.


Andrea Caldas 

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