quinta-feira, outubro 05, 2006

A flor da cerejeira voa ao vento da manhã
enquanto a adaga repousa na alva sêda
olhos perdem-se no horizonte
O Sol Nascente mira o espelho do mar revolto
O dragão está tonto pela fumaça de suas próprias labaredas.
A história só se repete como farsa.
Wilson Roberto nogueira
Como olhar por tanto tempo o precipício,
sem ser invadido por ele?
Como não ter os olhos devorados pela escuridão ?Sem o sol dos sorrisos como não perder a luz do nosso mirar?
As crianças correndo atrás da bola de couro
entre os cobertores de escombros.
O sol aquecendo de bençãos depois da noite gelada.
A bandeira dançando sobre a lápide.
Pedra sobre pedra sonhando prédio pálido.
A cidade voltará a ter o sabor de café e tabaco
A força da fé força a vida renascer
mas alí tomando sombra está o fuzil.
Wilson Roberto nogueira
O vidro opaco dos olhos não suam
almas evaporando em corações que chovem fogo
velhos atabaques marcando ponto para a chegada
o gado no engodo
ô boi Oiê
Chovem fagulhas na palha da choça
morada de nêgo grato
capitão do mato
Os escravos estão livres
para morrerem livres e ricos
de fome na faina da exclusão.
Wilson Roberto Nogueira
Os olhos dela chovem quando a alma sua no coração
o jade adernando abraço abrasador
dança de acalanto.
Comendo as bordas de um sorriso
enquanto conta tamarindos
sob a lâmina de gêlo que perscruta a sua raíz
despe-se de pétalas de mel da flor seu perfume.
Wilson Roberto Nogueira