Cidade Deserto
Wilson Roberto Nogueira
O significado sinistro da imensidão vazia pulveriza o
individuo e inibe a atuação do ator politico
do povo , o qual alienado, circunscreve sua relação à dimensão privada ,
sem as praças- que praças .Ou esquinas .
A sociedade não se emancipa, apenas
assiste as máquinas do poder, seu aparelho repressivo.
O povo preso vê os prédios de aço e vidro onde o público e o
privado se fundem sem a intermediação da protetora das aparências a parede dos
prédios públicos os quais refletem o próprio paradoxo da modernidade.
Cidade sem identidade que vincula a polis em sua ágora
cercada de aço a funcionalidade instrumental no silêncio ensurdecedor da
cidadania roubada .Desde os carros que violentam as calçadas expulsando os
pedestres até o assassinato de
direitos básicos a um teto , esta
propriedade do capital árido de
humanidade.
Cidade despersonalizada oculta sobre a sombra das placas,
violenta a paisagem com a onipresença
naturalizada da miséria animalizada dos resíduos expelidos da sociedade .A
mercadoria força de trabalho abundante e esterilizada pelo rentismo e a
especulação jogam-no lixo os triturados
seres do capital , agora mais parasitário posto que não cria .
Na Urbe , as caixas onde barnabés e altos funcionários atuam no cenário decadente do drama da produção pretérita fazem sombras
que só testemunham os fantasmas que virão a assombrar os altos muros das
fortalezas e dos caminhos vedados dos
bairros exclusivos dos eupátridas do
século XXI.
A sede e a voracidade das vísceras expostas das cidades
estão com sede de sangue. A disfuncionalidade
distópica cobrará seu naco de
pseudo salvação e não será nas Instituições ,estruturas de poder
tumorado em suas metástases de
anomia assassina da civilização pela
anti-pedagogia de suas práticas os
discursos da desagregação criadora no
cemitério dos discursos do nós contra eles.
A máscara de uma
identidade junto às massas , ao lumpesinato e ao fanatismo religioso e secular
fragmentam e fragilizam o esfarrapado tecido social, a manipulação a partir da
pulsão tanática do ódio e do rancor
contra a elite intelectual progressista
e aos movimentos sociais cujo imperativo é a radicalização dos direitos humanos contribuem para a desintegração social , terra
arrasada semeadora da barbárie .
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