sábado, setembro 11, 2010

Sentado no banco da praça

O ancião volta à juventude ao construir a memória com o reboco do imaginário,imagens de valsas ao som do amor...lá diante do coreto da praça.


Finalmente imperador do próprio tempo -roubou de Kronos a coroa.Aguarda plácido quando suas lembranças tornarem carne no paraíso.

Wilson Roberto Nogueira
A ruína de um sorriso no rosto pálido



olhos inquietos.A voz fugitiva esgueirando-se

no surto inquieta musica

música agonica da flor deflorada

suando ácido de gozo  acre

ditar críticas em espinhos ocos

da louca vingança babando fel.



Wilson Roberto Nogueira
Essa chuva de água suja impregna toda a folha que recebe o liquido fétido da tua escrita.


 O liquido evapora-se mas o fedor permanece.

Na esperança de um dia de tempestade te limpar a alma e  levá-la para longe

para o inferno onde Fyodor renasce a cada esquina escura ou casebre no brejo das almas

escurraçadas do Paraíso.

Aguardo-te lá !

Wilson Roberto Nogueira

domingo, setembro 05, 2010

carregou o mala


abriu

a mala-suerte

lhe sorriu.

Wilson roberto Nogueira
Um olhar nos olhos


de quem chora

apaga a vela

de qualquer pranto.

Wilson Roberto Nogueira
Ela assistia a tv


quando sentiu uma

mão quente e pesada

sobre seu ombro

virou-se

e a solidão lhe deu

uma dentada no coração.

Wilson Roberto Nogueira
Passou a mão no telefone


à procura de um coração

do outro lado atendeu

um espelho refletindo

o diálogo opaco

de sua angústia.

Wilson Roberto Nogueira
Só o lamento do lamacento mormaço solapa a sola do pesado caminhar.


Ela , que não gosta de andar, a andar obriga-se.

O absesso dessa obsessão tormenta de receios

em seus devaneios suspira pétalas de seda a flutuar


com o vaporoso hálito de uma alma sem destino.

morna natureza lhe impregna e lhe foge nos poros

suor respirando a manhã.Em meio ao limbo a nuvem passa ,deita

e num mar de tépidas lembranças enquanto  caminha ,abrindo novos pergaminhos em sua pele




em seu destino vidas superpostas onde em meio ao receio ao recreio leio


em cada palavra uma esfinge geme enigmas e finalmente deita



e finalmente morre.


Wilson Roberto Nogueira

sábado, setembro 04, 2010

Crianças famintas

Urbe Bárbara

Os carros bufam enquanto as palavras agonizam nas bocas

 e a cólera em cólicas despeja rubra hera incandescente

Nas pausas malabares equilibram sonhos e sofrimento.


Num largo sorriso por um níquel de alívio;


vidros ocultam desprezo e revelam medo

medo da sombra que açoita e denuncia

no dia a noite das almas.

corre um negrinho, mas a bala perdida o encontra.


as bolas de plástico correm e se escondem nas bocas de lobo.


Um trovão no céu não lava de luzes a cidade

cilada sitiada soterrada de sombras

na selva de prédios e cavernas feéricas de consumo

vagam zumbis e feras insaciadas e cegas

entre um barraco e outro desmoronam ruínas

restos de barro renascem em novos vasos de humana forma

em mutirões de esperança bíblica e fome de seguir as pegadas

que morrem a cada criança que se perde da infância no tiroteio

da sobrevivência.



Um trovão no céu não lava de luzes a cidade

isolada,calada, dominada

minada

Nada a declarar .



Wilson Roberto Nogueira jr

Empregado da Grande Imprensa

A mídia joga luz sobre o que explode-a violência,escândalo,polêmica,sangue rubro da notícia.onde não existe sangue sangra-se na corrida pelo furo ,atropela-se a verdade factual apelando a comodidade da replicação ordinária,internética,não se aprofunda na investigação corre na presunção da certeza( o fragmento consumido frio,não traz substancia e facilmente se evapora da memória do leitor) e estatela-se no erro sem desmentido a altura do agravo.A Ética moribunda jaz(zz).No deserto insalubre dos fatos o tempero venenoso da versão,geralmente fornecida pela impávida opacidade oficialista,lustrosa de dourada impostura,fontes pelando proximidade do poder,das chamas de Mephistofeles onde toda alma tem um preço.

O que deveria ser regra è exceção,fóssil certeza da dúvida, busca pelo aprofundamento,humildade e generosidade intelectual foram esmagadas pela arrogância de “especialistas em generalidades “.Carrega o ego `as costas como Atlas,arroga-se onisciente acima de sua real condição de lâmina tão plana mas afiada na intriga mas tão chã,banal e medíocre,tão atenta a forma quanto negligente ao conteúdo.

Confortável na condição de mamulengo ignorante ou voluntário do Poder Econômico e ou político, quando ambos não são uno conforme os interesses da Empresa Jornalística.

A empresa jornalística, a corporação è a determinante do viés da imprensa,não è o arvorado Quarto Poder è parte do Capital e seus interesses são os mesmos da classe dominante,seus anunciantes o Sistema Financeiro e Industrial.Seus empregados j-o-r-n-a-l-i-s-t-a-s são funcionários privados da hipocracia não paladinos da verdade do antigo foca idealista,nefelibata.


Há de se Ter em conta contudo a necessário ressalva,enquanto as empresas jornalísticas estiverem nas rédeas dos sobrenomes Mesquita,Frias,levi...a luz de velhos ideais liberais ainda deitaram uma luz de vela de valores éticos não somente mercadológicos,mas cada vez mais se oferece menos as massas,as quais vão se acostumando a se alimentar do lixo rápido,resumido,mastigado, a luz está se apagando e o povo está comendo merda pensando estar se fartando de caviar.

A prova è o cadáver insepulto dos cadernos culturais(?) se comparados àqueles de vinte anos atrás.Problemas econômicos?O povo não se alimenta de cultura,prefere algo que não exija mais de dez minutos(tudo isso !)de atenção,Ter que ativar um cérebro cansado depois de horas diante da Caixa de fazer idiotas -os canais abertos ,comerciais e,cada vez mais os pagos também)onde o homem e a mulher são conduzidos a condição de legumes,repousando nos olhos desligando o cérebro e ativando os dedos zapeantes.

Cada vez mais o jornal,que se propunha ser a foto do fato mais trabalhado,e o telejornal a chamada para o jornal impresso,os tempos informacionais diferenciados tornam a Televisão,com suas noticias editadas,ancoradas transmitidas por um encadeamento de filtros e ótica shownalistica mais assimilável a esse processo de empobrecimento-Quando você vê,basta a imagem,redime os outros sentidos,não se percebe a imagem como a construção de uma peça ideológica ,do olhar de quem foca a lente.


Do outro ponto, a imagem invade o domínio da escrita e o papel da escrita,ora marginalizada “o papel aceita tudo “ora sacralizada como emanação da verdade pura cede a fuga escapista dos leitores cada vez mais sedentos por informações leves,cotidianas que sovem de pão e circo e seja tão dinâmica na estética quanto a televisão.

O jornal ganhou espaço no supermercado como mera mercadoria menor,quantos pãezinhos quentes saídos da gráfica você vê pessoas comprarem?Papel- jornal as gôndolas dos jornais deveriam estar mais próximas às de higiene pessoal ou para embrulhar peixe.

O jornal contaminado pela linguajem televisiva e o texto de fácil digestão e pouco nutritiva tornou-se um arremedo da mídia TV naquilo que ela a TV sabe fazer de melhor shownalismo.

As empresas jornalísticas a anos deixaram de lançar uma luz brasileira sobre as noticias,o empobrecimento geral das redações levaram a demitir jornalistas experientes e fechar sucursais no estrangeiro,agora os jornais são meros replicantes dos oligopólios das agências internacionais AFP,EFE,REUTERS,...Os chamados anos de chumbo inocularam o vírus da síndrome da aversão nacional dos fatos,o enfoque a partir dos interesses nacionais ,da nossa identidade(,assim como existe nos EEUU,na imprensa francesa(com as devidas nuances ideológicas)),.Nós abrimos mão de pensarmos a nós e o mundo, para procurar não no outro a nossa imagem mas a imagem que o outro constrói sobre nos,assim introjetamos valores e preconceitos sobre nos mesmos forjando uma identidade torta,débil,tal como o racismo assimilado pela própria vítima do preconceito, cego a riqueza de sua riqueza cultural.

Mais uma vez exige-se que se registre, que o século XXI está inundado pela imprensa segmentada,inclusive voltada para os leitores sem teto,democratizando o conhecimento,endereçada a interesses ideológicos e comportamentais específicos ,de tiragem reduzida porem constante.Alem dos jornais virtuais,dificilmente dimensionáveis assim como as comunidades virtuais,muito embora continentes inteiros estejam no escuro a este respeito,não consomem por isso não são cidadãos.Comunidades virtuais,há uma anarquia informacional onde tudo se converte em nada ,tanta informarão sem disciplina e método do leitor perde-se como areia entre os dedos .

Vemos , não apenas nas redações dos jornais convencionais mas em frente ao computador da faculdade,da biblioteca milhares de informais “especialistas em conhecimentos gerais’ como o burocrático empregado privado jornalista alienado de si e de seu em torno.

Wilson Roberto Nogueira
Dentro da leveza uma jóia de viver


mas não deixe de fazer um tour na favela

com direito a falar com um dealler local

por somente cem euros.

Evite os mosquitódromos e procure

 diluir-se  na pastosa multidão

não parecendo tão gringo.



Wilson Roberto Nogueira
Cai o pano sobre o pranto;


cobre de dentes a ausência

de sol  no sorriso.



Wilson Roberto Nogueira

sexta-feira, setembro 03, 2010

Tantas fechaduras


e uma única chave

olhar velado

desespero

é a tua herança.

Wilson Roberto Nogueira
Embaixo das pedras


a espera de uma lágrima do céu

sede de esperança.

Wilson Roberto Nogueira

O cigano e seu cavalo

carrega a mala


da mala - suerte

que te sorri

e te morde a má consorte.

Wilson Roberto Nogueira
As caveiras sonham


paz de porcelana

quebradas

por alcatéias

de condenados e vulturinos

homens à despojar os

cadáveres de suas lembranças.



Wilson Roberto Nogueira jr
Curto o tédio de morrer um pouco todos os dias


Quisera ser nuvem movendo pesadelos movediços.

Desses dias que são tão longos quanto curta é a vida.

Saio da couraça e corto-me com uma pena da asa.

Sangra o espírito.



Wilson Roberto Nogueira
O vapor invisível suga a água dos cântaros de carne,gota a gota até mumificar os olhos que rastejam


até alguma miragem, até a morte da jornada a jorrar água salobra e fétida dos poços do desengano.



Bebem desespero e seguem arrastando suas carcaças condenadas a sombra fugidia do último descanso.



Uma canção quando desce o pano rasgado de estrelas



nada além do cheiro nauseabundo das frituras nas secas gargantas gárgulas de sonhos.


A derradeira gota de lágrima secou na última gota de café.

(ao som de "Una furtiva lacrima..." )

e o calor garroteando continua cozinhando e saqueando a água vital.


Nenhum hidrante.

Todas as fontes,

Todas as torneiras,

Tem donos de dentes de aço e coleiras de diamantes.
Apressando o passo até o amanhecer,até a próxima página do pesadelo.




Um dia após a privataria de toda a água serão decantados os resíduos da sociedade.



Wilson Roberto Nogueira
Olho dentro do olho de kalimisos


E não encontro mais o brilho da chama.

Olho e vejo no olho de kalimisos

A imensidão negra do precipício,

Onde estará aquela criança que sorria

O sorriso da alma no olhar?

Que nadava nas águas de um amor pura chama.

Águas secaram chamas se apagaram.

Sal e fumaça ,um eco de um corpo sem vísceras,

Sem viço, sem vida.

Estará viva na vida que a violentou?

Restos rasgados de um olhar de penumbra

Num cântico de mortalha

Espírito partido do olhar estilhaçado,

Cacos de vida.

Amor para quê,qual a razão?

Não existe razão ou significado

Dor compartilhada,

Comer da mesma solidão

Lamber as cicatrizes sem nojo,

Ver no outro olhar uma lagoa

Refletindo o vidro opaco de sua existência.

Nada um imenso nada,

Vidro na água invisível de si

Olho dentro do precipício e não a vejo,

Não adianta tatear na escuridão de seu olhar

Qualquer sinal de Kalimisos.

Wilson R. Nogueira
a verve do verbo


sua sangue no verso

solitário no silêncio

grita para o griot

cante a minha saga

às areias que correm

o mundo.

Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, setembro 02, 2010

Como um fantasma vaga na epiderme da poesia


que é a própria alma a escorrer sem fronteiras

esta tapeçaria de nervo da surbe bêbada.

Como uma fumaça invade a treva sem ser vista


sem ser vetada pelas ventas dos ventos


segue flanando insone zanzando

sonhando vai sondando os sons silenciosos de outras almas

que saltam das esquinas com seus punhais de prata

no peito de outras calmas sangrando verdades oblíquas

nas reais veias da enrugada pele da cidade

espalhadas nesse arquipélago de carcaças

aí aos seus pés nos bairros de barro e trapos

da urbe oculta pela banalidade

essa  violência cristalizada na paisagem.

Wilson Roberto Nogueira
Correm os soldados

atrás do latido do cão

era só um osso sonhando

ser carne

Wilson Roberto Nogueira
Procura o cura a cura à doença da alma.

Alma que clama por mais chama

e menos sermão de saliva benta.

Wilson Roberto Nogueira
Dói a asa do pensamento


saudade doma o sofrimento

idade de tormento!



velhice

senil,ausente vigor

sandice,

se mil ais sente à rigor

um prego no ego.

a medonha morte

risonha e forte

rirá por vós o esquife infeliz

parvo pescado por uma meretriz.

Wilson Roberto Nogueira
Bimbalam os sinos nos corações


corações de surdos caminhos.



Wilson Nogueira
Silenciam os tiros


è hora de plantar

um cravo crava

esperança

como uma lança

no coração da guerra.

Wilson Roberto Nogueira
medo das sombras


brincam os fantasmas

a criança grita

o gato pula

eriçado miado



É só alegria.

Wilson Nogueira

quarta-feira, setembro 01, 2010

Na lâmina do lago


pousa uma lágrima.

A flauta celebra o sol

caminho dourado.

Wilson Roberto Nogueira
Sabe o sabre no frio fio cortante

corta o tenro trigo na semeadura

o aço prova o sabor doce

de mais uma geração.

Wilson Roberto Nogueira
Enganar a tristeza subornando o estomago com alimento para o corpo.


Afastar do espírito o maná da reflexão a qual se nutre da dor

e do sofrimento.Labor da vida

garrida , mais engajada à lançar o ser no escuro escrutínio do Vir a Ser.



Haja chocolate amargo com montilla.



Wilson Roberto Nogueira
O sol corre para dormirantes que a morte impeça seus passos,


antes que ele se perca.O tempo corre,escorre o relógio dos dias.



escorre

o
melado na mesa do café

vaporoso no copo.

A chuva passa a cobrir de fino lençol


vapor da tarde

um beijo na face

Só um sol sem calor.

Wilson Roberto Nogueira
Na sombra

braços ao céu
uma árvore clama
socorro !!

Wilson Roberto Nogueira