Olho dentro do olho de kalimisos
E não encontro mais o brilho da chama.
Olho e vejo no olho de kalimisos
A imensidão negra do precipício,
Onde estará aquela criança que sorria
O sorriso da alma no olhar?
Que nadava nas águas de um amor pura chama.
Águas secaram chamas se apagaram.
Sal e fumaça ,um eco de um corpo sem vísceras,
Sem viço, sem vida.
Estará viva na vida que a violentou?
Restos rasgados de um olhar de penumbra
Num cântico de mortalha
Espírito partido do olhar estilhaçado,
Cacos de vida.
Amor para quê,qual a razão?
Não existe razão ou significado
Dor compartilhada,
Comer da mesma solidão
Lamber as cicatrizes sem nojo,
Ver no outro olhar uma lagoa
Refletindo o vidro opaco de sua existência.
Nada um imenso nada,
Vidro na água invisível de si
Olho dentro do precipício e não a vejo,
Não adianta tatear na escuridão de seu olhar
Qualquer sinal de Kalimisos.
Wilson R. Nogueira
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