sexta-feira, setembro 03, 2010

Olho dentro do olho de kalimisos


E não encontro mais o brilho da chama.

Olho e vejo no olho de kalimisos

A imensidão negra do precipício,

Onde estará aquela criança que sorria

O sorriso da alma no olhar?

Que nadava nas águas de um amor pura chama.

Águas secaram chamas se apagaram.

Sal e fumaça ,um eco de um corpo sem vísceras,

Sem viço, sem vida.

Estará viva na vida que a violentou?

Restos rasgados de um olhar de penumbra

Num cântico de mortalha

Espírito partido do olhar estilhaçado,

Cacos de vida.

Amor para quê,qual a razão?

Não existe razão ou significado

Dor compartilhada,

Comer da mesma solidão

Lamber as cicatrizes sem nojo,

Ver no outro olhar uma lagoa

Refletindo o vidro opaco de sua existência.

Nada um imenso nada,

Vidro na água invisível de si

Olho dentro do precipício e não a vejo,

Não adianta tatear na escuridão de seu olhar

Qualquer sinal de Kalimisos.

Wilson R. Nogueira

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