quarta-feira, julho 21, 2010

Memória de um morto

Uma busca desenfreada rumo a lugar algum.


Assim começa o inicio do fim. Na esperança do dia finar assassinando qualquer luz. Pulando escuridões como quem salta carniças. Pressa...pressa e os minutos a escorrer, pingando sangue do nariz; olhos secos. Nada dói tanto quanto o tédio. Os urros do silêncio das pastosas horas diante da caixa de vozes estéreis e imagens nulas a sugar o sumo do cérebro, fazendo brotar, verdes sinistros apodrecimentos na lente entorpecida da memória. Acorrentado à gravidade da cama, serena sepultura que chama para o sono sem sonhos, um cálice de morte sabor de miséria e derrota.
"Sirenes soam lá fora!"
"É só a polícia."
"Tiros!"
"É só mais um assassinato."
Nada tem valor para ser guardado para quem não é ninguém.
Pelo menos os vermes e as baratas discordam. Presume-se.
Um prato saboroso na sepultura, madeira podre sem ser de lei. Também, nunca obedecera a norma nenhuma, a nenhuma ética. Só a etílica. Bom, não precisou de formol. Está exposto no Museu Schadenfreudeutsch de Arte Moderna, plastificado por algum artista pós-moderno da pós-arte ou pós-qualquer coisa. O rosto e as entranhas.
(A propósito o ingresso custa 30 Euros, serve uma romena)


Wilson Roberto Nogueira

Nenhum comentário: